A proclamação da Páscoa, na solene liturgia da
Vigília Pascal, anuncia que Jesus Cristo, o Ressuscitado, é vencedor da morte,
vencedor do mal. “Eis a luz de Cristo”, canta-se ao ingressar na igreja. No
meio da escuridão, uma luz brilha. As trevas foram vencidas. É um alegre
anúncio de que o amor nunca se deixa vencer. Afirmamos com esperança: a última
palavra está com Deus e, então, o amor vencerá.
Mas quem é este que ressuscitou e é luz para a
humanidade? É o Crucificado! Não é possível compreender a vida de Jesus Cristo
sem sua cruz. Não podemos esquecer: Ele não teve morte natural, mas foi morto,
e “morte de cruz” (Fl 2,8). Ao acompanharmos o desenrolar dos acontecimentos da
via crucis, exclamamos com pesar: mais uma vez o amor foi vencido! E a
injustiça prevaleceu. Será que esta direção nunca será mudada? A maldade, a
injustiça e o pecado humanos venceram e fizeram escurecer aquela tarde de
sexta-feira. Mas, e Ele, o Crucificado, como viveu sua paixão e morte? A
Sagrada Escritura nos mostra Jesus sofrendo solidão, angústia, tristeza
profunda e até sentido abandono daquele em quem confiou plenamente sua vida, o
Pai. Por outro lado, os mesmos relatos da Paixão nos fazem ver que naquele que
foi entregue de mão em mão, flagelado e obrigado a carregar sua cruz, havia
serenidade, fruto de uma entrega interior ao Pai e à humanidade. Todo o brutal
processo que ele viveu não lhe tirou a paz. Não o fez mudar de direção ou
desesperar. Continuou a confiar no Pai e amar aqueles que o acompanhavam. Por
isso, podemos afirmar que mesmo no Crucificado o amor venceu! Sim, na cruz, o
amor venceu! Com uma liberdade interior extraordinária, Jesus só amou,
inclusive quando era torturado. É este amor que é redentor! A violência que
sofre não encontra vingança, mas devolve o perdão: “perdoai-os, eles não sabem
o que fazem” (Lc 23,34). A Páscoa nos diz que quem ama sofre, mas só o amor
permanece.