segunda-feira, 6 de abril de 2015

Cristo ressuscitou: o amor e a vida venceram!


A proclamação da Páscoa, na solene liturgia da Vigília Pascal, anuncia que Jesus Cristo, o Ressuscitado, é vencedor da morte, vencedor do mal. “Eis a luz de Cristo”, canta-se ao ingressar na igreja. No meio da escuridão, uma luz brilha. As trevas foram vencidas. É um alegre anúncio de que o amor nunca se deixa vencer. Afirmamos com esperança: a última palavra está com Deus e, então, o amor vencerá.

Mas quem é este que ressuscitou e é luz para a humanidade? É o Crucificado! Não é possível compreender a vida de Jesus Cristo sem sua cruz. Não podemos esquecer: Ele não teve morte natural, mas foi morto, e “morte de cruz” (Fl 2,8). Ao acompanharmos o desenrolar dos acontecimentos da via crucis, exclamamos com pesar: mais uma vez o amor foi vencido! E a injustiça prevaleceu. Será que esta direção nunca será mudada? A maldade, a injustiça e o pecado humanos venceram e fizeram escurecer aquela tarde de sexta-feira. Mas, e Ele, o Crucificado, como viveu sua paixão e morte? A Sagrada Escritura nos mostra Jesus sofrendo solidão, angústia, tristeza profunda e até sentido abandono daquele em quem confiou plenamente sua vida, o Pai. Por outro lado, os mesmos relatos da Paixão nos fazem ver que naquele que foi entregue de mão em mão, flagelado e obrigado a carregar sua cruz, havia serenidade, fruto de uma entrega interior ao Pai e à humanidade. Todo o brutal processo que ele viveu não lhe tirou a paz. Não o fez mudar de direção ou desesperar. Continuou a confiar no Pai e amar aqueles que o acompanhavam. Por isso, podemos afirmar que mesmo no Crucificado o amor venceu! Sim, na cruz, o amor venceu! Com uma liberdade interior extraordinária, Jesus só amou, inclusive quando era torturado. É este amor que é redentor! A violência que sofre não encontra vingança, mas devolve o perdão: “perdoai-os, eles não sabem o que fazem” (Lc 23,34). A Páscoa nos diz que quem ama sofre, mas só o amor permanece. 

domingo, 5 de abril de 2015

Jesus Cristo Ressuscitou Verdadeiramente, Aleluia, Aleluia!


Páscoa (do hebraico Pessach) significa passagem. É uma grande festa cristã para nós, é a maior e a mais importante solenidade. Reunimo-nos como povo de Deus para celebrar a Ressurreição de Jesus Cristo, Sua vitória sobre a morte e Sua passagem transformadora em nossa vida.

O Tempo Pascal compreende cinquenta dias, a partir do Domingo da Ressurreição até o Domingo de Pentecostes, vividos e celebrados com grande júbilo. A oitava da Páscoa (oito dias) vivemos como se fosse um só e único dia festivo, como um grande domingo. A Páscoa é o centro do Ano Litúrgico e de toda a vida da Igreja. Celebrá-la é celebrar a obra da redenção humana e da glorificação de Deus, que Cristo realizou quando, morrendo, destruiu a morte, e, ressuscitando, renovou a nossa vida.

A Páscoa cristã é a celebração da paixão e morte do Senhor, acontecimento mais importante da obra salvadora de Deus. Assim, a Ressurreição de Jesus, além de ser a realização plena das profecias bíblicas, é a prova definitiva e irrefutável de que o Senhor Jesus é realmente Deus, o messias enviado pelo Pai. A páscoa de Jesus expressa o infinito amor e total generosidade do Filho de Deus para com a humanidade. É, portanto, a festa da gratuidade, do amor (doação) e da bondade sem limites. Deus nos ama não porque somos bons ou porque merecemos, mas porque Ele é a essência do amor, da bondade sem limites que se irradia e que se manifesta em Jesus para todos os homens, sobretudo, para os pecadores.

A vida é a expressão do amor de Deus! Por isso, hoje somos chamados a retribuir este amor, vivendo na obediência a Deus, na humildade e generosidade, a exemplo de Jesus. Numa sociedade mercantilista e consumista marcada pelo “toma lá dá cá”, precisamos cultivar a espiritualidade da gratidão a Deus na gratuidade das ações. Todo bem que fazemos para os irmãos neste mundo, é pouco diante daquilo que Deus fez por nós. Ele nos amou primeiro, nos criou, nos deu o seu Filho que morreu na cruz e, ainda, cuida de nós com tanto carinho na cotidianidade da vida. O salmista confirma esta verdade da gratuidade, rezando: “vendo a lua e estrelas brilhantes, perguntamos: Senhor, que é o homem, para dele assim vos lembrardes e o tratardes com tanto carinho”? (SL8,5). Portanto, devemos ser pessoas agradecidas, louvando o Senhor pela Sua misericórdia e Seu Amor para conosco. 

Em mensagem de Páscoa, Papa pede paz para a humanidade


MENSAGEM URBI ET ORBI
DO PAPA FRANCISCO

PÁSCOA DE 2015

Sacada Central da Basílica Vaticana
Domingo, 5 de Abril de 2015
  

Queridos irmãos e irmãs,

Feliz Páscoa

Jesus Cristo ressuscitou!

O amor venceu o ódio, a vida venceu a morte, a luz afugentou as trevas!

Por nosso amor, Jesus Cristo despojou-Se da sua glória divina; esvaziou-Se a Si próprio, assumiu a forma de servo e humilhou-Se até à morte, e morte de cruz. Por isso, Deus O exaltou e fê-Lo Senhor do universo. Jesus é Senhor!

Com a sua morte e ressurreição, Jesus indica a todos o caminho da vida e da felicidade: este caminho é a humildade, que inclui a humilhação. Esta é a estrada que leva à glória. Somente quem se humilha pode caminhar para as «coisas do alto», para Deus (cf. Col 3, 1-4). O orgulhoso olha «de cima para baixo», o humilde olha «de baixo para cima».

Na manhã de Páscoa, informados pelas mulheres, Pedro e João correram até ao sepulcro e encontraram-no aberto e vazio. Então aproximaram-se e «inclinaram-se» para entrar no sepulcro. Para entrar no mistério, é preciso «inclinar-se», abaixar-se. Somente quem se abaixa compreende a glorificação de Jesus e pode segui-Lo na sua estrada.

A proposta do mundo é impor-se a todo o custo, competir, fazer-se valer… Mas os cristãos, pela graça de Cristo morto e ressuscitado, são os rebentos duma outra humanidade, em que se procura viver ao serviço uns dos outros, ser não arrogantes mas disponíveis e respeitadores.

Isto não é fraqueza, mas verdadeira força! Quem traz dentro de si a força de Deus, o seu amor e a sua justiça, não precisa de usar violência, mas fala e age com a força da verdade, da beleza e do amor.

Papa na Vigília: Entrar no mistério significa ir além da comodidade das próprias seguranças.


VIGÍLIA PASCAL
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Basílica de São Pedro
Sábado, 4 de Abril de 2015

Esta é uma noite de vigília.

Não dorme o Senhor, vigia o Guardião do seu povo (cf. Sl 121/120, 4) para fazê-lo sair da escravidão e abrir-lhe a estrada da liberdade.

O Senhor vigia e, com a força do seu amor, faz passar o povo através do Mar Vermelho; e faz passar Jesus através do abismo da morte e da mansão dos mortos.

Foi uma noite de vigília para os discípulos e as discípulas de Jesus. Noite de desolação e de medo. Os homens permaneceram fechados no Cenáculo. As mulheres, ao contrário, ao alvorecer do dia depois do sábado foram ao sepulcro para ungir o corpo de Jesus. Tinham o coração cheio de angústia e perguntavam-se: «Como faremos para entrar? Quem nos fará rolar a pedra do sepulcro?». Mas eis o primeiro sinal do Evento: a grande pedra já fora removida e o túmulo estava aberto!

«Entrando no sepulcro, viram um jovem sentado à direita, vestido com uma túnica branca» (Mc 16, 5). As mulheres foram as primeiras a ver este grande sinal: o túmulo vazio; e foram as primeiras a entrar nele.

«Entrando no sepulcro». Faz-nos bem, nesta noite de vigília, deter-nos a reflectir sobre a experiência das discípulas de Jesus, que nos interpela a nós também. Realmente é para isto que estamos aqui: para entrar, entrar no Mistério que Deus realizou com a sua vigília de amor.

Não se pode viver a Páscoa, sem entrar no mistério. Não é um facto intelectual, não é só conhecer, ler... É mais, é muito mais! 

Sobre a Ressurreição de Cristo, segundo São Marcos


A ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo lê-se estes dias, como é costume, segundo cada um dos livros do santo Evangelho. Na leitura de hoje ouvimos Jesus Cristo censurando os discípulos, primeiros membros seus, companheiros seus: porque não criam estar vivo aquele mesmo por cuja morte choravam. Pais da fé, mas ainda não fiéis; mestres - e a terra inteira haveria de crer no que pregariam, pelo que, aliás, morreriam - mas ainda não criam. Não acreditavam ter ressuscitado aquele que haviam visto ressuscitando os mortos. Com razão, censurados: ficavam patenteados a si mesmos, para saberem o que seriam por si mesmos os que muito seriam graças a ele.

E foi deste modo que Pedro se mostrou quem era: quando iminente a Paixão do Senhor, muito presumiu; chegada a Paixão, titubeou. Mas caiu em si, condoeu-se, chorou, convertendo-se a seu Criador.

Eis quem eram os que ainda não criam, apesar de já verem. Grande, pois, foi a honra a nós concedida por aquele que permitiu crêssemos no que não vemos! Nós cremos pelas palavras deles, ao passo que eles não criam em seus próprios olhos.

A ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo é a vida nova dos que crêem em Jesus, e este é o mistério da sua Paixão e Ressurreição, que muito devíeis conhecer e celebrar. Porque não sem motivo desceu a Vida até a morte. Não foi sem motivo que a fonte da vida, de onde se bebe para viver, bebeu desse cálice que não lhe convinha. Por que a Cristo não convinha a morte. 

sábado, 4 de abril de 2015

Sermão da Vigília Pascal


O bem-aventurado apóstolo Paulo, exortando-nos a que o imitemos, dá entre outros sinais de sua virtude o seguinte: "freqüente nas vigílias" 1.

Com quanto maior júbilo não devemos também nós vigiar nesta vigília, que é como a mãe de todas as santas vigílias, e na qual o mundo todo vigia?

Não o mundo, do qual está escrito: "Se alguém amar o mundo, nele não está a caridade do Pai, pois tudo o que há no mundo é concupiscência dos olhos e ostentação do século, e isto não procede do Pai" 2.

Sobre tal mundo, isto é, sobre os filhos da iniqüidade, reinam o demônio e seus anjos. E o Apóstolo diz que é contra estes que se dirige a nossa luta: "Não contra a carne e o sangue temos de lutar, mas contra os principados e as potestades, contra os dominadores do mundo destas trevas" 3.

Ora, maus assim fomos nós também, uma vez; agora, porém, somos luz no Senhor. Na Luz da Vigília resistamos, pois, aos dominadores das trevas.

Não é, portanto, esse o mundo que vigia na solenidade de hoje, mas aquele do qual está escrito: "Deus estava reconciliando consigo o mundo, em Cristo, não lhe imputando os seus pecados" 4.

E é tão gloriosa a celebridade desta vigília, que compele a vigiarem na carne mesmo os que, no coração, não digo dormirem, mas até jazerem sepultos na impiedade do tártaro. Vigiam também eles esta noite, na qual visivelmente se cumpre o que tanto tempo antes fora prometido: "E a noite se iluminará como o dia" 5. Realiza-se isto nos corações piedosos, dos quais se disse: "Fostes outrora trevas, mas agora sois luz no Senhor". Realiza-se isto também nos que zelam por todos, seja vendo-os no Senhor, seja invejando ao Senhor. Vigiam, pois, esta noite, o mundo inimigo e o mundo reconciliado. Este, liberto, para louvar o seu Médico; aquele, condenado, para blasfemar o seu Juiz. Vigia um, nas mentes piedosas, ferventes e luminosas; vigia o outro, rangendo os dentes e consumindo-se. Enfim, ao primeiro é a caridade que lhe não permite dormir, ao segundo, a iniqüidade; ao primeiro, o vigor cristão, ao segundo o livor diabólico. Portanto, pelos nossos próprios inimigos sem o saberem eles, somos advertidos de como devamos estar hoje vigiando por nós, se por causa de nós não dormem também os que nos invejam. 

Sábado Santo


Hoje, é o dia alitúrgico por excelência. Ontem, Sexta-feira Santa da Paixão do Senhor, houve ao menos a Solene Ação Litúrgica, com Adoração da Cruz, Liturgia da Palavra, Oração Universal e Comunhão. Hoje, Sábado Santo, nem isso! Até a Comunhão nos é tirada, tamanha a dor e profundo o luto pela morte de Nosso Senhor Jesus Cristo!

A Quaresma é toda pedagógica em suas perdas... Já na Septuagésima (que só existe na forma extraordinária), o Aleluia e o Glória nos são tirados. Na Quaresma, em si, também as flores e o solo de órgão, relegando a música ao mero sustentar do canto. Depois, no V Domingo da Quaresma (antigamente, I Domingo da Paixão, como ainda é chamado na forma extraordinária), até as imagens sacras perdemos, pois são veladas com um manto. Cessa, então, no Tríduo, mesmo o órgão para acompanhar o canto é suprimido, com exceção da Missa in Coena Domini até o Glória, quando volta a não mais ser tocado até o Glória da Solene Vigília Pascal. Na Sexta-feira Santa, então, nem mais a Missa temos, ainda que nos reste a Comunhão, e, enfim, no Sábado Santo, hoje, nem ela... Ficamos no vazio, fora a Liturgia das Horas, esperando o Aleluia romper na Vigília! 

Papa aos presidiários de Rebibbia: Jesus nos ama sem limites.


SANTA MISSA NA CEIA DO SENHOR

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Igreja "Padre Nosso"
Novo Pavilhão do Presídio de Rebibbia, Roma
Quinta-feira Santa, 2 de Abril de 2015


Nesta quinta-feira, Jesus estava à mesa com os discípulos, celebrando a festa da Páscoa. A passagem do Evangelho que escutamos contém uma frase que é justamente o centro daquilo que Jesus fez por todos nós: «Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim» (Jo 13,1). Jesus nos amou. Jesus nos ama. Sem limites, sempre, até o final. O amor de Jesus por nós não tem limites: sempre mais, sempre mais. Nunca se cansa de amar ninguém. Ama todos nós, ao ponto de dar a sua vida por nós. Sim, dar a vida por nós; sim dar a vida por todos nós, dar a vida por cada um de nós. E cada um de nós pode dizer: “Ele deu a vida por mim”. Cada um. Deu a vida por ti, por ti, por ti, por mim, por ele... por cada um, com nome e sobrenome. O seu amor é assim: pessoal. O amor de Jesus nunca decepciona, porque Ele nunca se cansa de amar, como não se cansa de perdoar, não se cansa de nos abraçar. Esta é a primeira coisa que queria vos dizer: Jesus nos amou, cada um de nós, até o final.

Em seguida, faz isto que os discípulos não entendiam: lavar os pés. Naquele tempo, isso era um costume, era um hábito, pois quando uma pessoa chegava numa casa, estava com os pés imundos com o pó da estrada; não existiam os paralelepípedos naquele tempo... Havia o pó da estrada. E na entrada da casa, os seus pés eram lavados. Mas isso não era o dono da casa que fazia, eram os escravos que o faziam. Era um trabalho de escravos. E Jesus, como escravo, lava os nossos pés, os pés dos discípulos, e por isso diz: «Agora, não entendes – se dirigia a Pedro - o que estou fazendo; mais trade compreenderás» (Jo 13,7). Jesus: tão grande é o seu amor que se fez escravo para nos servir, para nos curar, para nos limpar.