sábado, 4 de abril de 2015

Sábado Santo


Hoje, é o dia alitúrgico por excelência. Ontem, Sexta-feira Santa da Paixão do Senhor, houve ao menos a Solene Ação Litúrgica, com Adoração da Cruz, Liturgia da Palavra, Oração Universal e Comunhão. Hoje, Sábado Santo, nem isso! Até a Comunhão nos é tirada, tamanha a dor e profundo o luto pela morte de Nosso Senhor Jesus Cristo!

A Quaresma é toda pedagógica em suas perdas... Já na Septuagésima (que só existe na forma extraordinária), o Aleluia e o Glória nos são tirados. Na Quaresma, em si, também as flores e o solo de órgão, relegando a música ao mero sustentar do canto. Depois, no V Domingo da Quaresma (antigamente, I Domingo da Paixão, como ainda é chamado na forma extraordinária), até as imagens sacras perdemos, pois são veladas com um manto. Cessa, então, no Tríduo, mesmo o órgão para acompanhar o canto é suprimido, com exceção da Missa in Coena Domini até o Glória, quando volta a não mais ser tocado até o Glória da Solene Vigília Pascal. Na Sexta-feira Santa, então, nem mais a Missa temos, ainda que nos reste a Comunhão, e, enfim, no Sábado Santo, hoje, nem ela... Ficamos no vazio, fora a Liturgia das Horas, esperando o Aleluia romper na Vigília! 

Tudo isso para nos preparar para a Páscoa. A Ressurreição é tão única e humanamente surreal, que, para bem a compreendermos, e para bem a celebrarmos, é preciso uma série de sinais e símbolos que nos apontem para essa celestial realidade. A escuridão litúrgica do Sábado Santo, na esteira de toda uma Quaresma em que nos fomos despojando, gradualmente, de elementos da liturgia (canto, imagens, flores etc), prepara-nos para que a Luz do Ressuscitado brilhe ainda mais!

Ainda que sem Missa nem Comunhão, hoje é dia de reflexão. Se na Quinta-feira Santa os temas foram o sacerdócio, a Eucaristia, a traição de Judas, a agonia no Getsêmani, o lava-pés, e na Sexta-feira Santa o julgamento de Cristo, a Via Crucis, o encontro com a Virgem das Dores, a Paixão e Morte de Nosso Senhor e o seu enterro, no Sábado Santo, os grandes temas para refletir são o silêncio da terra sem o Deus-homem, a visita de Cristo aos infernos para desafiar Satanás e mostrar-lhe sua vitória na Cruz, a pregação, nos infernos, aos justos para os libertar e levar ao céu, e a preparação para a Ressurreição.


Rafael Vitola Brodbeck
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Salvem a Liturgia

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