sexta-feira, 8 de maio de 2015

Papa explica parábola de Jesus sobre a videira e os ramos.


PAPA FRANCISCO

REGINA COELI
Praça São Pedro
Domingo, 3 de Maio de 2015


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho de hoje apresenta-nos Jesus durante a Última Ceia, no momento em que sabe que a morte já está perto. Tinha chegado a sua «hora». Pela última vez Ele estava com os seus discípulos, e então quis deixar bem claro nas suas mentes uma verdade fundamental: também quando Ele não estiver fisicamente no meio deles, ainda assim eles poderão permanecer unidos a Ele de um modo novo, e produzir muitos frutos. Todos podemos estar unidos a Jesus de um modo novo. Se, ao contrário, alguém perdesse esta união com Ele, esta comunhão com Ele, tornar-se-ia estéril, aliás, prejudicial para a comunidade. Para exprimir esta realidade, este modo novo de estar unido a Ele, Jesus usa a imagem da videira e dos rebentos, dizendo: «Como o ramo não pode dar fruto por si mesma se não estiver na videira, assim acontecerá convosco se não estiverdes em Mim. Eu sou a videira, vós os ramos» (Jo 15, 4-5). Com esta imagem ensina-nos o modo como permanecer n’Ele, estar unidos a Ele, mesmo que não esteja fisicamente presente.

Jesus é a videira, e através d’Ele — como a linfa na árvore — passa para os rebentos o amor de Deus, o Espírito Santo. Eis, então: somos os rebentos, e através desta parábola Jesus quis que entendêssemos a importância de permanecer unidos a Ele. Os rebentos não são auto-suficientes, dependem totalmente da videira na qual se encontra a fonte da sua vida. Assim é também para nós, cristãos. Enxertados em Cristo com o Baptismo, recebemos gratuitamente d’Ele o dom da vida nova; e podemos permanecer em comunhão vital com Cristo. É preciso que nos mantenhamos fiéis ao Baptismo e cresçamos na amizade com o Senhor mediante a oração diária, a escuta e a docilidade à sua Palavra — lendo o Evangelho — a participação nos Sacramentos, especialmente na Eucaristia e na Reconciliação.

Se alguém estiver intimamente unido a Jesus, usufruirá dos dons do Espírito Santo, que — como nos diz são Paulo — são: «caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, temperança» (cf. Gl 5, 22); e por conseguinte faz muito bem ao próximo e à sociedade, é uma pessoa cristã. De facto, a partir destes comportamentos reconhece-se se uma pessoa é um cristão verdadeiro, como dos frutos se reconhece a árvore. Os frutos desta união profunda com Jesus são maravilhosos: toda a nossa pessoa é transformada pela graça do Espírito: alma, inteligência, vontade, afectos e até o corpo, porque somos unidade de espírito e corpo. Recebemos um novo modo de ser, a vida de Cristo torna-se nossa: podemos pensar, agir, ver o mundo e a realidade com os seus olhos, como Ele. Consequentemente, podemos amar os nossos irmãos, a partir dos mais pobres e sofredores, como Ele fez, amando-os com o seu coração e assim produzir frutos de bondade, caridade e paz.

Cada um de nós é um rebento da única videira e todos juntos somos chamados a produzir os frutos desta comum pertença a Cristo e à Igreja. Confiemo-nos à intercessão da Virgem Maria, a fim de podermos ser rebentos vivos na Igreja e testemunhar de modo coerente a nossa fé — precisamente coerência de vida e pensamento, de vida e fé — cientes de que todos, de acordo com as nossas vocações particulares, participam na única missão salvífica de Cristo.

Carta Encíclica Laborem Exercens do Papa João Paulo II


CARTA ENCÍCLICA
LABOREM EXERCENS
DO SUMO PONTÍFICE
JOÃO PAULO II
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS NO EPISCOPADO
AOS SACERDOTES
ÀS FAMÍLIAS RELIGIOSAS
AOS FILHOS E FILHAS DA IGREJA
E A TODOS OS HOMENS DE BOA VONTADE
SOBRE O TRABALHO HUMANO
NO 90º ANIVERSÁRIO DA RERUM NOVARUM


Veneráveis irmãos e dilectos filhos e filhas:
Saúde e bênção Apostólica!

É MEDIANTE O TRABALHO que o homem deve procurar-se o pão quotidiano 1 e contribuir para o progresso contínuo das ciências e da técnica, e sobretudo para a incessante elevação cultural e moral da sociedade, na qual vive em comunidade com os próprios irmãos. E com a palavra trabalho é indicada toda a actividade realizada pelo mesmo homem, tanto manual como intelectual, independentemente das suas características e das circunstâncias, quer dizer toda a actividade humana que se pode e deve reconhecer como trabalho, no meio de toda aquela riqueza de actividades para as quais o homem tem capacidade e está predisposto pela própria natureza, em virtude da sua humanidade. Feito à imagem e semelhança do mesmo Deus 2 no universo visível e nele estabelecido para que dominasse a terra, 3 o homem, por isso mesmo, desde o princípio é chamado ao trabalho. O trabalho é uma das características que distinguem o homem do resto das criaturas, cuja actividade, relacionada com a manutenção da própria vida, não se pode chamar trabalho; somente o homem tem capacidade para o trabalho e somente o homem o realiza preenchendo ao mesmo tempo com ele a sua existência sobre a terra. Assim, o trabalho comporta em si uma marca particular do homem e da humanidade, a marca de uma pessoa que opera numa comunidade de pessoas; e uma tal marca determina a qualificação interior do mesmo trabalho e, em certo sentido, constitui a sua própria natureza.


I.     INTRODUÇÃO

1. O trabalho humano a noventa anos da « Rerum Novarum »

Dado que a 15 de Maio do corrente ano se completaram noventa anos da data da publicação — que se ficou a dever ao grande Sumo Pontífice da « questão social », Leão XIII — daquela Encíclica de importância decisiva, que começa com as palavras Rerum Novarum, eu desejo dedicar o presente documento exactamente ao trabalho humano; e desejo mais ainda dedicá-lo ao homem, visto no amplo contexto dessa realidade que é o trabalho. Efectivamente, conforme tive ocasião de dizer na Encíclica Redemptor Hominis, publicada nos inícios da minha missão de serviço na Sede Romana de São Pedro, se o homem « é a primeira e fundamental via da Igreja », 4 e isso precisamente sobre a base do imperscrutável mistério da Redenção de Cristo, então é necessário retornar incessantemente a esta via e prossegui-la sempre de novo, segundo os diversos aspectos, nos quais ela nos vai desvelando toda a riqueza e, ao mesmo tempo, tudo o que de árduo há na existência humana sobre a terra.

O trabalho é um desses aspectos, perene e fundamental e sempre com actualidade, de tal sorte que exige constantemente renovada atenção e decidido testemunho. Com efeito, surgem sempre novas interrogações e novos problemas, nascem novas esperanças, como também motivos de temor e ameaças, ligados com esta dimensão fundamental da existência humana, pela qual é construída cada dia a vida do homem, da qual esta recebe a própria dignidade específica, mas na qual está contido, ao mesmo tempo, o parâmetro constante dos esforços humanos, do sofrimento, bem como dos danos e das injustiças que podem impregnar profundamente a vida social no interior de cada uma das nações e no plano internacional. Se é verdade que o homem se sustenta com o pão granjeado pelo trabalho das suas mãos 5 — e isto equivale a dizer, não apenas com aquele pão quotidiano mediante o qual se mantém vivo o seu corpo, mas também com o pão da ciência e do progresso, da civilização e da cultura — então é igualmente verdade que ele se alimenta deste pão com o suor do rosto; 6 isto é, não só com os esforços e canseiras pessoais, mas também no meio de muitas tensões, conflitos e crises que, em relação com a realidade do trabalho, perturbam a vida de cada uma das sociedades e mesmo da inteira humanidade.

Celebramos o nonagésimo aniversário da Encíclica Rerum Novarum em vésperas de novos adiantamentos nas condições tecnológicas, económicas e políticas, o que — na opinião de muitos peritos — irá influir no mundo do trabalho e da produção, em não menor escala do que o fez a revolução industrial do século passado. São vários os factores que se revestem de alcance geral, como sejam: a introdução generalizada da automação em muitos campos da produção; o aumento do custo da energia e das matérias de base; a crescente tomada de consciência de que é limitado o património natural e do seu insuportável inquinamento; e o virem à ribalta, no cenário político, povos que, depois de séculos de sujeição, reclamam o seu legítimo lugar no concerto das nações e nas decisões internacionais. Estas novas condições e exigências irão requerer uma reordenação e um novo ajustamento das estruturas da economia hodierna, bem como da distribuição do trabalho. E tais mudanças poderão talvez vir a significar, infelizmente, para milhões de trabalhadores qualificados o desemprego, pelo menos temporário, ou a necessidade de um novo período de adestramento; irão comportar, com muita probabilidade, uma diminuição ou um crescimento menos rápido do bem-estar material para os países mais desenvolvidos; mas poderão também vir a proporcionar alívio e esperança para milhões de homens que hoje vivem em condições de vergonhosa e indigna miséria.

Não compete à Igreja analisar cientificamente as possíveis consequências de tais mutações para a convivência humana. A Igreja, porém, considera sua tarefa fazer com que sejam sempre tidos presentes a dignidade e os direitos dos homens do trabalho, estigmatizar as situações em que são violados e contribuir para orientar as aludidas mutações, para que se torne realidade um progresso autêntico do homem e da sociedade.


2. Na linha do desenvolvimento Orgânico da acção e do Ensino Social da Igreja

É fora de dúvida que o trabalho, como problema do homem, se encontra mesmo ao centro naquela « questão social », para a qual se têm voltado de modo especial, durante os quase cem anos decorridos desde a publicação da mencionada Encíclica, o ensino da Igreja e as múltiplas iniciativas tomadas em continuidade com a sua missão apostólica. Dado que é meu desejo concentrar as reflexões que se seguem no trabalho, quero fazê-lo não de maneira deforme, mas sim em conexão orgânica com toda a tradição deste ensino e destas iniciativas. Ao mesmo tempo, porém, quero fazê-lo segundo a orientação do Evangelho, para extrair do património do mesmo Evangelho « coisas novas e coisas velhas ». 7 O trabalho, certamente, é uma coisa « velha », tão antiga quanto o homem e a sua vida sobre a face da terra. A situação geral do homem no mundo contemporâneo, diagnosticada e analisada nos vários aspectos geográficos, de cultura e de civilização, exige todavia que se descubram os novos significados do trabalho humano e, além disso, que se formulem as novas tarefas que neste sector se deparam indeclinavelmente a todos os homens, à família, a cada uma das nações e a todo o género humano e, por fim, à própria Igreja.

Neste espaço dos noventa anos que passaram desde a publicação da Encíclica Rerum Novarum, a questão social não cessou de ocupar a atenção da Igreja. São testemunho disso os numerosos documentos do Magistério, emanados quer dos Sumos Pontífices, quer do II Concílio do Vaticano; são testemunho disso, igualmente, as enunciações dos diversos Episcopados; e é testemunho disso, ainda, a actividade dos vários centros de pensamento e de iniciativas concretas de apostolado, quer a nível internacional, quer a nível das Igrejas locais. É difícil enumerar aqui, de forma pormenorizada, todas as manifestações da viva aplicação da Igreja e dos cristãos no que se refere à questão social, porque elas são muito numerosas. Como resultado do Concílio, tornou-se o principal centro de coordenação neste campo a Pontifícia Comissão « Justitia et Pax ». A mesma Comissão encontra Organismos seus correspondentes no âmbito das Conferências Episcopais singularmente consideradas. O nome desta instituição é muito significativo. Ele indica que a questão social deverá ser tratada no seu aspecto integral e complexo. O empenhamento em favor da justiça deve andar intimamente unido à aplicação em prol da paz no mundo contemporâneo. Constitui, certamente, um pronunciamento a favor deste dúplice empenhamento a dolorosa experiência das duas grandes guerras mundiais que, ao longo dos últimos noventa anos, abalaram muitos países, tanto do continente europeu, quanto, ao menos parcialmente, dos outros continentes. E pronuncia-se a seu favor, especialmente desde o fim da segunda guerra mundial para cá, a ameaça permanente de uma guerra nuclear e, a emergir por detrás dela, a perspectiva de uma terrível autodestruição.

Se seguirmos a linha principal de desenvolviménto dos documentos do supremo Magistério da Igreja, encontramos neles a confirmação explícita precisamente de um tal modo de enquadrar o problema. Pelo que diz respeito à questão da paz no mundo, a posição-chave é a da Encíclica Pacem in Terris do Papa João XXIII. Por outro lado, se se considera o evoluir da questão da justiça social, deve notar-se o seguinte: enquanto no período que vai desde a Rerum Novarum até à Quadragesimo Anno de Pio XI, o ensino da Igreja se concentra sobretudo em torno da justa solução da chamada questão operária no âmbito de cada uma das nações, na fase sucessiva o mesmo ensino alarga o horizonte às dimensões do mundo inteiro. A distribuição desproporcionada de riqueza e de miséria e a existência de países e continentes desenvolvidos e de outros não-desenvolvidos exigem uma perequação e que se procurem as vias para um justo desenvolvimento de todos. Nesta direcção procede o ensino contido na Encíclica Mater et Magistra do Papa João XXIII, bem como na Constituição pastoral Gaudium et Spes do II Concílio do Vaticano e na EncíclicaPopulorum Progressio do Papa Paulo VI.

Esta direcção seguida no desenvolvimento do ensino e também da aplicação da Igreja, quanto à questão social, corresponde exactamente ao reconhecimento objectivo do estado das coisas. Com efeito, se em tempos passados se punha em relevo no centro de tal questão sobretudo o problema da « classe », em época mais recente é posto em primeiro plano o problema do « mundo ». Por isso, deve ser tomado em consideração não apenas o âmbito da classe, mas o âmbito mundial das desigualdades e das injustiças; e, como consequência, não apenas a dimensão da classe, mas sim a dimensão mundial das tarefas a assumir na caminhada que há-de levar à realização da justiça no mundo contemporâneo. A análise completa da situação do mesmo mundo dos dias de hoje manifestou de maneira ainda mais profunda e mais cabal o significado da anterior análise das injustiças sociais; e é o significado que hoje em dia se deve atribuir aos esforços que tendem a construir a justiça na terra, não encobrindo com isso as estruturas injustas, mas demandando a revisão e a transformação das mesmas numa dimensão mais universal. 

É correto usar a mão esquerda para fazer o sinal da cruz? Por quê?


É correto usar a mão esquerda para fazer o sinal da cruz? Sou canhota e às vezes o faço com a esquerda. Quando eu era criança, minha mãe me ensinou que só se faz com a mão direita. É verdade ou mito?

Resposta

“O cristão começa o seu dia, as suas orações, as suas atividades, pelo sinal da cruz ‘em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém’. O batizado consagra o dia à glória de Deus e apela para a graça do Salvador, que lhe permite agir no Espírito, como filho do Pai. O sinal da cruz fortalece-nos nas tentações e nas dificuldades” (Catecismo da Igreja Católica, 2157).

A primeira pessoa a fazer o sinal da cruz foi o próprio Jesus, que estendeu seus braços na cruz. E seus braços estendidos entre o céu e a terra traçaram o sinal indelével da Aliança.

Nos primeiros séculos, era costume fazer o sinal da cruz sobre a testa. Pouco a pouco, o costume se transformou no que conhecemos hoje: fazer uma grande cruz sobre nós mesmos, da testa ao peito e do ombro esquerdo ao direito.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Em nome da laicidade, justiça manda cidade francesa retirar monumento ao Papa


A Justiça francesa ordenou a retirada de um monumento em homenagem ao papa João Paulo II instalado em uma praça pública de uma pequena cidade do oeste do país. O tribunal avaliou que a obra contraria a lei sobre a laicidade, que determina a separação entre a religião e os espaços públicos na França.

A obra, composta por uma estátua de bronze do papa cercado por um arco e uma cruz de 8 metros, está exposta desde 2006 na cidade de Ploërmel, na região da Bretanha. A praça na qual o monumento é exibido ganhou o nome de São João Paulo II, depois que o pontífice foi canonizado.

O tribunal administrativo de Rennes determinou que o monumento, “pela sua disposição e suas dimensões, apresenta um caráter ostentatório” que fere a Constituição francesa. Para a Justiça, o problema é a existência da cruz, “símbolo da religião cristã”, e não a estátua do papa em si. A decisão judicial ressalta o caráter laico da República francesa e lembra a lei de 1905, que instituiu a separação entre o Estado e a Igreja.

“Este julgamento implica, necessariamente, que o monumento, tal como ele está instalado, seja retirado do seu local atual”, afirma a decisão, que deve ser cumprida nos próximos seis meses pela prefeitura. 

Carta Encíclica Redemptor Hominis do Papa João Paulo II


CARTA ENCÍCLICA
REDEMPTOR HOMINIS
 DO SUMO PONTÍFICE
 JOÃO PAULO II
 AOS VENERÁVEIS IRMÃOS NO EPISCOPADO
 AOS SACERDOTES
 E ÀS FAMÍLIAS RELIGIOSAS
AOS FILHOS E FILHAS DA IGREJA
E A TODOS OS HOMENS DE BOA VONTADE
 NO INÍCIO DO SEU MINISTÉRIO PONTIFICAL



Veneráveis Irmãos e caríssimos Filhos
Saúde e Bênção Apostólica!


I.    HERANÇA

No final do segundo Milénio

O Redentor do homem, Jesus Cristo, é o centro do cosmos e da história. Para Ele se dirigem o meu pensamento e o meu coração nesta hora solene da história, que a Igreja e a inteira família da humanidade contemporânea estão a viver. Efectivamente, este tempo, no qual, depois do predilecto Predecessor João Paulo I, por um seu misterioso desígnio Deus me confiou o serviço universal ligado com a Cátedra de São Pedro em Roma, está muito próximo já do ano Dois Mil. É difícil dizer, neste momento, o que aquele ano virá a marcar no quadrante da história humana, e como é que ele virá a ser para cada um dos povos, nações, países e continentes, muito embora se tente, já desde agora, prever alguns eventos. Para a Igreja, para o Povo de Deus que se estendeu — se bem que de maneira desigual — até aos mais longínquos confins da terra, esse ano virá a ser o ano de um grande Jubileu. Estamos já, portanto, a aproximar-nos de tal data que — respeitando embora todas as correcções devidas à exactidão cronológica — nos recordará e renovará em nós de uma maneira particular a consciência da verdade-chave da fé, expressa por São João nos inícios do seu Evangelho: « O Verbo fez-se carne e veio habitar entre nós »; 1 e numa outra passagem « Deus, de facto, amou de tal modo o mundo, que lhe deu o Seu filho unigénito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna ». 2

Estamos também nós, de alguma maneira, no tempo de um novo Advento, que é tempo de expectativa. « Deus, depois de ter falado outrora aos nossos pais, muitas vezes e de muitos modos, pelos Profetas, falou-nos nestes últimos tempos pelo Filho ... », 3 por meio do Filho-Verbo, que se fez homem e nasceu da Virgem Maria. Com este acto redentor a história do homem atingiu, no desígnio de amor de Deus, o seu vértice. Deus entrou na história da humanidade e, enquanto homem, tornou-se sujeito à mesma, um dos milhares de milhões e, ao mesmo tempo, Único! Deus, através da Encarnação, deu à vida humana aquela dimensão, que intentava dar ao homem já desde o seu primeiro início e deu-lha de maneira definitiva — daquele modo a Ele somente peculiar, segundo o seu eterno amor e a sua misericórdia, com toda a divina liberdade — e, simultaneamente, com aquela munificência, que, perante o pecado original e toda a história dos pecados da humanidade e perante os erros da inteligência, da vontade e do coração humano, nos dá azo a repetir com assombro as palavras da Sagrada Liturgia: « Ó ditosa culpa, que tal e tão grande Redentor mereceu ter ». 4 


2. Primeiras palavras do novo Pontificado

A Cristo Redentor elevei os meus sentimentos e pensamentos a 16 de Outubro do ano passado, quando, após a eleição canónica, me foi feita a pergunta: « Aceitais? » E eu respondi então: « Com obediência de fé em Cristo, meu Senhor, e confiando na Mãe de Cristo e da Igreja, não obstante as muitas dificuldades, eu aceito ». Quero hoje dar a conhecer publicamente aquela minha resposta a todos, sem excepção alguma, tornando assim manifesto que está ligado com a verdade primeira e fundamental da Encarnação o ministério que, com a aceitação da eleição para Bispo de Roma e para Sucessor do Apóstolo Pedro, se tornou meu específico dever na sua mesma Cátedra.

Escolhi os mesmos nomes que havia escolhido o meu amadíssimo Predecessor João Paulo I. Efectivamente, quando a 26 de Agosto de 1978 ele declarou ao Sacro Colégio (dos Cardeais) que queria ser chamado João Paulo — um binómio deste género não tinha antecedentes na história do Papado — já então reconheci nisso um eloquente bom auspício da graça sobre o novo Pontificado. E dado que esse Pontificado durou apenas trinta e três dias, cabe-me a mim não somente continuá-lo, mas, de certo modo, retomá-lo desse mesmo ponto de partida. Isto precisamente é confirmado pela escolha, feita por mim, desses dois nomes. E ao escolhê-los assim, em seguida ao exemplo do meu venerável Predecessor, desejei como ele também eu exprimir o meu amor pela singular herança deixada à Igreja pelos Sumos Pontífices João XXIII e Paulo VI; e, ao mesmo tempo, manifestar a minha disponibilidade pessoal para a desenvolver com a ajuda de Deus.

Através destes dois nomes e dos dois pontificados, quero vincular-me a toda a tradição desta Sé Apostólica, com todos os Predecessores no espaço de tempo deste século vinte e dos séculos precedentes, ligando-me gradualmente, segundo as diversas épocas até às mais remotas, àquela linha da missão e do ministério que confere à Sé de Pedro um lugar absolutamente particular na Igreja. João XXIII e Paulo VI constituem uma etapa, à qual desejo referir-me directamente, como a um limiar do qual é minha intenção, de algum modo juntamente com João Paulo I, prosseguir no sentido do futuro, deixando-me guiar por confiança ilimitada e pela obediência ao Espírito, que Cristo prometeu e enviou à sua Igreja. Ele, efectivamente dizia aos seus Apóstolos, na véspera da sua Paixão: « É melhor para vós que eu vá; porque, se Eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei ». 5 « Quando vier o Consolador, que Eu vos hei-de enviar da parte do Pai, o Espírito da verdade que do Pai procede, ele dará testemunho de Mim. E vós também dareis testemunho de Mim, porque estais comigo desde o princípio ». 6 «Quando, porém, Ele vier, o Espírito da verdade, Ele guiar-vos-á para a verdade total, porque não falará por Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e anunciar-vos-á as coisas vindouras ». 7 

Capitalismo ou socialismo? Leão XIII aponta a solução para esta briga interminável.


No início do filme “Coração Valente”, Mel Gibson diz que “a história é escrita por aqueles que enforcaram os heróis”. Will Durant, no primeiro dos 11 volumes da sua “Story of Civilization” [História da Civilização], observa que “a maior parte da história é adivinhação e o resto é preconceito”. O escritor Mark Twain endossa esta visão, dizendo que “a própria tinta com que toda a história é escrita é puro preconceito líquido”. E Voltaire declarava que os historiadores eram apenas “fofoqueiros que provocam os mortos”.

Todos nós já ouvimos dizer que “a história é escrita pelos vencedores” e desconfiamos (ou deveríamos desconfiar) que os vencedores contam a sua própria versão dos fatos.

O que nem sempre admitimos é que isto não é diferente quando se narra a história do capitalismo e do socialismo.

Comecemos pelo relato que o capitalismo contaria sobre si próprio:

“O capitalismo é o herói da civilização. É a melhor teoria econômica já inventada, responsável pela era da tecnologia e por um grau sem precedentes de bem-estar, liberdade e conforto. O capitalismo tornou a vida melhor em todos os lugares. No entanto, apareceu um propagandista radical chamado Karl Marx. Ele era um idealista utópico, semeador da discórdia, que procurava acabar com a propriedade privada por meio do controle estatal dos meios de produção. Felizmente, Marx foi derrotado pelo próprio sucesso: as nações que acolheram a sua ideologia se tornaram exemplos assustadores de fracasso para o resto do mundo, provando, de uma vez por todas, que o capitalismo é O Caminho”.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Divulgado calendário do Jubileu da Misericórdia.



Os detalhes foram apresentados pelo Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella – responsável pela organização do evento.

De acordo com o Arcebispo, a ideia do Jubileu nasceu em 29 de agosto do ano, quando Francisco lhe manifestou o desejo de convocá-lo. “Conseguimos manter um segredo pontifício”, declarou satisfeito, pois o anúncio “da surpresa” foi feito somente no dia 14 de março deste ano.

Dom Fisichella recordou que o Jubileu da Misericórdia “não é e não deseja ser o Grande Jubileu do Ano 2000. Qualquer comparação, portanto, não tem sentido, porque cada Ano Santo tem as suas peculiaridades e as próprias finalidades”. Trata-se, sobretudo de um Jubileu temático, que assenta fortemente no conteúdo central da fé e pretende recordar à Igreja a sua missão prioritária de ser sinal e testemunho da misericórdia em todos os aspectos da sua vida pastoral.

O Arcebispo explicou que o Papa deseja que este Jubileu não seja vivido somente em Roma, mas também nas Igrejas locais. Pela primeira vez na história dos Jubileus, é oferecida a possibilidade de abrir a Porta Santa – Porta da Misericórdia – nas próprias dioceses, particularmente na Catedral ou numa igreja especialmente significativa ou num Santuário nomeadamente importante para os peregrinos.

Abril 2015


Sábado, 11 de Abril de 2015
Vigília do Domingo da Divina Misericórdia

Leitura da Bula de proclamação do Jubileu.
  

Dezembro 2015


Terça-feira, 8 de Dezembro de 2015
Solenidade da Imaculada Conceição

Abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro.


Domingo, 13 de Dezembro de 2015
III Domingo de Advento

Abertura da Porta Santa da Basílica de São João em Latrão e nas Catedrais do Mundo.

Sacramento do matrimônio é ato de fé e de amor, diz Papa


CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 6 de maio de 2015


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

No nosso caminho de catequese sobre família, tocamos hoje diretamente na beleza do matrimônio cristão. Esse não é simplesmente uma cerimônia que se faz na igreja, com flores, roupas, fotos…O matrimônio cristão é um sacramento que se realiza na Igreja e que também faz a Igreja, dando início a uma nova comunidade familiar.

É aquilo que o apóstolo Paulo resume na sua célebre expressão: “Este mistério é grande, quero dizer com referência a Cristo e à Igreja” (Ef 5, 32). Inspirado pelo Espírito Santo, Paulo afirma que o amor entre os cônjuges é imagem do amor entre Cristo e a Igreja. Uma dignidade impensável! Mas na realidade, está inscrita no desígnio criador de Deus e com a graça de Cristo inumeráveis casais cristãos, mesmo com seus limites, seus pecados, realizaram-na!

São Paulo, falando da nova vida em Cristo, diz que os cristãos – todos – são chamados a se amar como Cristo os amou, isso é, “sujeitando-se uns aos outros” (Ef 5, 21), que significa a serviço uns dos outros. E aqui introduz a analogia entre o casal marido-mulher e aquela Cristo-Igreja. É claro que se trata de uma analogia imperfeita, mas devemos colher o sentido espiritual que é altíssimo e revolucionário, e ao mesmo tempo simples, ao alcance de cada homem e mulher que se confiam à graça de Deus.

O marido – diz Paulo – deve amar a esposa “como ao próprio corpo” (Ef 5, 28); amá-la como Cristo “amou a Igreja e se entregou por ela” (v. 25). Mas vocês maridos que estão aqui presentes entendem isso? Amar as suas esposas como Cristo ama a Igreja? Isso não é brincadeira, mas coisa séria! O efeito deste radicalismo da dedicação pedida ao homem, para o amor e a dignidade da mulher, a exemplo de Cristo, deve ter sido enorme, na própria comunidade cristã.

Esta semente da novidade evangélica, que restabelece a originária reciprocidade da dedicação e do respeito, amadureceu lentamente na história, mas no final prevaleceu.