O “domínio” do homem sobre as criaturas de Deus não
é "destinado a seu próprio interesse", mas "ao das criaturas que
ele cria e conserva”. Disse o o Pe. Raniero Cantalamessa, Pregador da Casa
Pontifícia, em sua homilia durante a Liturgia da Palavra, celebrada ontem à
tarde na basílica de São Pedro, por ocasião da Jornada Mundial para o Cuidado
da Criação.
"Para a Bíblia, o modelo final do dominus, do
senhor, não é o soberano político que explora seus súditos, mas o próprio Deus,
Senhor e Pai", disse Cantalamessa, acrescentando que "a fé em um Deus
criador e no homem feito à imagem de Deus, não é, portanto, uma ameaça, mas sim
uma garantia para a criação, e a mais forte de todas”.
Não só o homem não é o "senhor absoluto das
outras criaturas", mas deve "dar conta" dos talentos recebidos,
antes de todos, a "terra".
A Bíblia não incentiva “o abuso do homem sobre a
criação”. Tanto é assim que “o mapa da poluição não coincide com o da difusão
da religião bíblica ou de outras religiões, mas coincide com a de uma
industrialização selvagem, que busca só o lucro, e com aquela corrupção que
fecha a boca de todos os protestos e resiste a todos os poderes”, continuou o
Pregador da Casa Pontifícia.
O que, pelo contrário, afirma a Escritura é a
"hierarquia da vida", segundo a qual os minerais nutrem os vegetais,
estes, os animais, e, por fim, “todos os três servem à criatura racional, que é
o homem”.