quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Não existe cristianismo sem cruz


A cruz possui um significado inegociável para o cristianismo. É somente por meio do Cristo crucificado que se pode compreender “o poder de Deus" (cf. 1 Cor 1, 24) e a sua ação salvífica entre os homens. Por isso, na pregação evangélica de Jesus, tudo se resume a esta exortação: “Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me" (cf. Mt 16, 24). Não se trata de mera retórica, mas da apresentação de um dado incontestável: não há redenção sem cruz. O homem que quiser se salvar, deverá, necessariamente, apegar-se às cruzes do dia a dia, renunciando-se a si mesmo, tal qual o Filho do Homem fez no lenho da salvação.

Após aquele encontro fatídico na estrada para Damasco, São Paulo pôde perscrutar o significado autêntico da renúncia anunciada por Jesus. Viu que a lógica da cruz consiste num abandono confiante no “Evangelho da graça", o qual nos apresenta a salvação não como prêmio que se conquista por meio de esforços puramente humanos. É dom gratuito; Deus confunde a “sabedoria" humana ao doar-se inteiramente ao homem — “o que é tido como debilidade de Deus é mais forte que os homens" (cf. 1 Cor 1, 24). São Paulo, por sua vez, fazendo frente às tendências de sua época, não deixou de anunciar aos seus interlocutores a “loucura" e o “escândalo" do madeiro santo: “Porque a linguagem da Cruz é loucura para aqueles que se perdem; mas poder de Deus para os que se salvam, isto é, para nós" (cf. 1 Cor 1, 18-23).

Nas pegadas do Apóstolo das gentes, a Igreja sempre procurou incutir na sociedade o necessário e urgente apelo do Crucificado, sobretudo quando estes esforços sofriam oposição da mentalidade pagã e autossuficiente do período. Ela testemunhou pelo derramamento de sangue — tal qual São Pedro, que se deixou crucificar de cabeça para baixo, achando-se indigno de ter uma morte igual à de Jesus —, pela vida abastada e longe das comodidades do mundo — a exemplo dos monges eremitas e dos irmãos e irmãs do Carmelo —, como também pela atualização diária e milagrosa do próprio sacrifício de Jesus, através da celebração da Santa Eucaristia. Em poucas palavras, pode-se dizer que a pregação da Igreja se fundamentou ordinariamente neste pequeno, mas não menos verdadeiro, princípio: “Quando vires uma pobre Cruz de madeira, só, desprezível e sem valor... e sem Crucificado, não esqueças que essa Cruz é a tua Cruz" [1]. 

O Papa e a homilia do “fracasso” da Cruz: um evangélico inteligente explica


“E se, às vezes, os nossos esforços e o nosso trabalho parecem gorar-se e não dar fruto, estamos a trilhar a mesma via de Jesus Cristo; a sua vida, humanamente falando, acabou com um fracasso: o fracasso da cruz”. Essas palavras cheias de sabedoria foram ditas pelo Papa Francisco em sua homilia em Nova Iorque (24/09). Algumas pessoas – por ódio, maldade ou por pura ignorância – estão tirando a frase de seu contexto e distorcendo o seu sentido.

Em um dos muitos sites furrecas evangélicos que estão distorcendo essa homilia e xingando o Papa de “Besta do Apocalipse”, tive a alegria de encontrar entre os comentários de leitores esse prudente comentário de um irmão evangélico:


O Dia do Nascituro - 8 de outubro


Por determinação da 43ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, em 2005, celebra-se, em todo o Brasil, de 1 a 8 de outubro, a Semana Nacional da Vida e no dia 8 de outubro o Dia do Nascituro, ou seja, o Dia pelo direito de nascer. “A Semana Nacional da Vida e o Dia do Nascituro são ocasiões para que toda a Igreja continue afirmando sua posição favorável à vida desde o seio materno até o seu fim natural, bem como a dignidade da mulher e a proteção das crianças” (Dom Leonardo Ulrich Steiner, secretário geral da CNBB). Uma data esquecida, mas que vale a pena recordar. Nascituro, o que está para nascer, é o que todos fomos um dia, no útero de nossa mãe, onde teve início nossa existência, graças a Deus.

Foi escolhido o dia 8 de outubro, por ser próximo ao dia em que se celebra a Padroeira do Brasil (12 de outubro), cujo título, ao evocar a concepção, lembra o fruto correspondente: Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Mãe de Deus que se fez homem, Jesus Cristo, nascituro em seu seio, que faz João Batista exultar de alegria no ventre de Isabel (Lc 1,39-45).

A propósito, diante da atual banalização da vida e de opiniões favoráveis ao aborto, defendido por inúmeras pessoas influentes, é importante lembrar que a Igreja compreende as situações difíceis que levam mães a abortar, mas, por uma questão de princípios, defende com firmeza a vida do nascituro, como bem nos ensina S. João Paulo II na Carta Encíclica "Evangelium Vitae" (Sobre Valor e a Inviolabilidade da Vida Humana): “É verdade que, muitas vezes, a opção de abortar reveste para a mãe um caráter dramático e doloroso: a decisão de se desfazer do fruto concebido não é tomada por razões puramente egoístas ou de comodidade, mas porque se quereriam salvaguardar alguns bens importantes como a própria saúde ou um nível de vida digno para os outros membros da família. Às vezes, temem-se para o nascituro condições de existência tais que levam a pensar que seria melhor para ele não nascer. Mas essas e outras razões semelhantes, por mais graves e dramáticas que sejam, nunca podem justificar a supressão deliberada de um ser humano inocente” (n. 58). E, usando da prerrogativa da infalibilidade, o Papa define: “Com a autoridade que Cristo conferiu a Pedro e aos seus sucessores, em comunhão com os Bispos – que de várias e repetidas formas condenaram o aborto e que... apesar de dispersos pelo mundo, afirmaram unânime consenso sobre esta doutrina - declaro que o aborto direto, isto é, querido como fim ou como meio, constitui sempre uma desordem moral grave, enquanto morte deliberada de um ser humano inocente. Tal doutrina está fundada sobre a lei natural e sobre a Palavra de Deus escrita, é transmitida pela tradição da Igreja e ensinada pelo Magistério ordinário e universal”(n. 62). 

Campanha Missionária 2015


O mês de outubro é, para a Igreja, o período no qual são intensificadas as iniciativas de animação e cooperação em prol das Missões em todo o mundo. O objetivo é sensibilizar, despertar vocações missionárias, bem como realizar a Coleta no Dia Mundial das Missões, penúltimo domingo de outubro (este ano dias 17 e 18).

Missão é servir. Este é o tema da Campanha Missionária de 2015. Com isso destacamos a essência da mensagem de Jesus. Ele veio “para servir” (cf. Mc 10,45). Diante da tentação do poder Jesus dá uma grande lição: “Quem quiser ser o primeiro, seja o servo de todos” (Mc 10,44). Essa sabedoria é o lema da Campanha e nos lembra que, diante da tentação do poder e do prestígio, a Missão do cristão é serviço, entrega e doação. E com a Campanha Missionária somos convidados a alargar os horizontes do nosso serviço até os confins do mundo.


As Pontifícias Obras Missionárias (POM) têm a responsabilidade de organizar, todos os anos, a Campanha Missionária, na qual colaboram a CNBB por meio da Comissão para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial, a Comissão para a Amazônia e outros organismos que compõem o Conselho Missionário Nacional (Comina). Todos os itens da Campanha já foram enviados às 276 dioceses e prelazias do Brasil para serem distribuídos entre as paróquias e comunidades.

Para uma Campanha bem sucedida é importante verificar se o material chegou à diocese e se foi distribuído nas paróquias e comunidades. Além disso, os materiais estão disponíveis nesta Página para baixar e multiplicar livremente.

Oração do Mês Missionário 2015

Pai de infinita bondade,
que enviaste Jesus Cristo para servir,
ilumina, com o teu Espírito, a Igreja discípula missionária
para testemunhar o Evangelho a partir das periferias e,
com a proteção de Maria servidora,
manifestar o teu Reino em todo o mundo. Amém. 

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Papa: "A aliança fecunda entre homem e mulher é a resposta para o grande desafio do mundo".


PAPA FRANCISCO

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 30 de Setembro de 2015


Locutor:

Nestes dias, pude visitar Cuba e os Estados Unidos da América, tendo a visita como ponto culminante o Encontro Mundial das Famílias, em Filadélfia. Com o povo cubano, partilhei a esperança de ver plenamente realizada a profecia de São João Paulo II: que Cuba se abra ao mundo e o mundo se abra a Cuba. Não mais fechamento, nem exploração da pobreza, mas liberdade na dignidade. Este é o caminho a seguir e que vai buscar força às raízes cristãs daquele povo que tanto sofreu. Símbolo desta unidade profunda da alma cubana é a Virgem da Caridade do Cobre, Padroeira da Nação e sua guia pelos caminhos da justiça, da paz, da liberdade e da reconciliação. De Cuba fui para os Estados Unidos, passagem emblemática duma ponte que, graças a Deus, se está reconstruindo. Deus sempre quer construir pontes: somos nós que construímos muros. O exemplo de São Junípero Serra encoraja-nos a seguir pela estrada de cada ser humano que conheceu o amor: não guardar o amor para si mesmo, mas reparti-lo pelos outros. Sobre esta base religiosa e moral, nasceram e cresceram os Estados Unidos da América, tendo alcançado, no século passado, o máximo desenvolvimento econômico e tecnológico sem renegar as suas raízes religiosas. Agora estas mesmas raízes pedem que se recomece da família – como aliança fecunda e vitalícia entre um homem e uma mulher –, para se rever e ajustar o modelo de desenvolvimento, de modo que este possa beneficiar a família humana inteira. 

30 de setembro: Dia da Bíblia


Celebra-se a 30 de setembro o Dia da Bíblia. A data foi escolhida por ser festa litúrgica de São Jerônimo, o Padroeiro dos biblistas. Jerônimo, cujo nome exato é Eusebius Sophronius Hieronymus, nasceu em Strídon,possivelmente no ano de  347 e faleceu em Belém, a 30 de setembro de419 ou 420. Sua maior obra foi fazer a primeira tradução da Bíblia, dogrego e do hebraico, para o latim, tradução esta conhecida como ‘vulgata’ que serve para a Bíblia Católica e para a Protestante.

Sobre Jerônimo, um dos maiores doutores da Igreja, disse o Papa Bento XVI: “a preparação literária e a ampla erudição permitiram que Jerônimo fizesse a revisão e a tradução de muitos textos bíblicos: um precioso trabalho para a Igreja latina e para a cultura ocidental. Com base nos textos originais em grego e em hebraico e graças ao confronto com versões anteriores, ele realizou a revisão dos quatro Evangelhos em língua latina, depois o Saltério e grande parte do Antigo Testamento. Tendo em conta o original hebraico e grego, dos Setenta, a versão grega clássica do Antigo Testamento que remontava ao tempo pré-cristão, e as precedentes versões latinas, Jerônimo, com a ajuda de outros colaboradores, pôde oferecer uma tradução melhor: ela constitui a chamada “Vulgata”, o texto “oficial” da Igreja latina, que foi reconhecido como tal pelo Concílio de Trento que, depois da recente revisão, permanece o texto “oficial” da Igreja de língua latina”.(Audiência geral, Roma, em 7 de novembro de 2007). 

A obra de São Jerônimo é de tal importância, que qualquer estudo bíblico que não levasse em consideração suas pesquisas, ficaria certamente falho. Ele teve o cuidado de ser totalmente fiel ao texto original.  

O Católico médio perdido entre o relativismo moral e a má fé.


"Não resistiria aos embates do tempo uma fé católica reduzida a uma bagagem, a um elenco de algumas normas e de proibições, a práticas de devoção fragmentadas, a adesões seletivas e parciais das verdades da fé, a uma participação ocasional em alguns sacramentos, à repetição de princípios doutrinais, a moralismos brandos ou crispados que não convertem a vida dos batizados. Nossa maior ameaça “é o medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja, no qual, aparentemente, tudo procede com normalidade, mas na verdade a fé vai se desgastando e degenerando em mesquinhez”. A todos nos toca recomeçar a partir de Cristo, reconhecendo que “não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva”. (Documento de Aparecida, nº 12)

1. Os embates do nosso tempo: O relativismo moral, porque religioso, a degenerescência da razão e por consequência, do homem.

O católico médio contemporâneo é aquele que vai à missa uma vez ou outra, frequenta alguns sacramentos, afirma-se e reconhece-se católico e não vê maiores problemas em manter um affair com o espiritismo, o budismo ou outras religiões ou seitas. Todo católico filo*-espírita, filo-budista, filo-protestante, filo-umbandista, filo-nova era, filo-pagão, etc, não vê maiores problemas em sustentar ambiguidades doutrinais e morais. Esta ambiguidade de confissão religiosa tem uma raiz que se chama relativismo. O relativismo abdica de qualquer Verdade absoluta em nome das "verdades" parciais, particulares. O site "Presbíteros" traz esta definição:

O relativismo é uma corrente que nega toda verdade absoluta e perene assim como toda ética absoluta, ficando a critério de cada indivíduo definir a sua verdade e o seu bem. Opõe-se-lhe o fundamentalismo, que afirma peremptoriamente a existência de algumas verdades e algumas normas fundamentais. O indivíduo se torna o padrão ou a medida de todas as coisas. Tal atitude está baseada em fatores diversos, entre os quais o historicismo: com efeito a história mostra que tudo evolui e se tornam obsoletas coisas que em tempos passados eram plenamente válidas. A Igreja rejeita o relativismo, mas também não aceita o fundamentalismo: ao lado de verdades e normas perenes, existem outras, de caráter contingente e mutável. Ao cristão toca o dever de testemunhar ao mundo de hoje que a profissão da fé e a Moral católicas nada têm de obscurantista e de recusa dos autênticos valores da civilização contemporânea. Fonte aqui.

O relativismo está presente na concepção religiosa de muitos católicos. O "tanto faz" é ouvido constantemente, assim: "tanto faz ser católico e isto ou aquilo, porque o nosso Deus é o mesmo não é?" e o jargão "só é preciso amar, e nada mais, amar o próximo como a si mesmo" também. Ambas as afirmações são relativistas, ou seja, negam que possa haver uma verdade absoluta, revelada por Deus. e consignada à Igreja e afirmam a prevalência da autonomia subjetiva sobre a Verdade. Toda a permissividade imoral dos nossos dias e todo relativismo religioso está sendo jogado nas contas de um tal "amor ao próximo" aguado e sem nenhuma coesão com o Evangelho ou alguma exigência de mudança de vida, conversão e santidade. Ao que parece, a única frase do evangelho que os católicos relativistas conhecem é essa "amarás o teu próximo como a ti mesmo". Igualmente, parece notório que se esqueceram todo o resto: "vá e não peques mais"; "tome a tua cruz e siga-me"; "quem não está comigo, dispersa"; "amai-vos como Eu vos amei"; entre outros trechos importantes. 

O relativismo moral acompanha o relativismo religioso em virtude do parvo conhecimento de doutrina de que padecem os católicos relativistas. Em geral, o católico mediano vivencia um catolicismo muito superficial, com conteúdos da fé guardados da catequese de primeira eucaristia - se tanto - e, por força da crescente presença protestante em solo brasileiro, uma mal dissimulada doutrina do sola scriptura. Em virtude disso, o católico mediano faz transparecer uma falsa contraposição entre o que há escrito na Sagrada Escritura e a Doutrina da Igreja. Assim, por exemplo, é comum vermos um tal argumento: "a Igreja ensina assim, mas eu vivo deste outro modo". Isso no tocante, por exemplo, à questão moral da camisinha, da fornicação, do adultério, da fertilização in vittro, da prática da homossexualidade, do incesto, da pedofilia, da eutanásia, entre tantos outros exemplos. 

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Homilética: 27º Domingo Comum - Ano B: "O que Deus uniu".


As leituras bíblicas deste domingo levam à reflexão sobre o tema da família. No Antigo Testamento, em Gn 2,18-24, lê-se que Deus faz desfilar perante o homem “todos os animais dos campos e todas as aves do céu”, para que desse o nome a cada um deles e visse se entre eles encontrava “uma auxiliar semelhante a ele.” Adão põe o nome a cada um dos animais, mas nenhum deles satisfaz a sua necessidade de companhia e amor.

Então diz o Senhor Deus: “Não é bom que o homem esteja só. Vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele.” E Deus cria a mulher e quando esta é apresentada ao homem, este prorrompe numa exclamação de alegria, reconhecendo nela a companheira ideal: “Desta vez, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne!” O texto termina por afirmar: “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne.” A indissolubilidade do matrimônio encontra nestas palavras o seu fundamento, a sua razão de ser profunda e sagrada.

O Evangelho (Mc 10, 2-16) apresenta os fariseus que se aproximam de Jesus para tentá-Lo, para fazê-Lo entrar em conflito com a Lei de Moisés. Perguntam a Jesus se era lícito ao marido repudiar a sua mulher. Jesus retoma o texto de Gn 2 (citado acima) e declara que o casamento é indissolúvel; isto desde a origem, conforme fora instituído por Deus, no princípio da criação.

Diz Jesus: Quem repudia sua mulher e se casa com outra comete adultério contra a primeira (Mc 10,11). Não há porque duvidar: Jesus, com essas palavras, exclui precisamente aquilo que nós chamamos de divórcio.

O divórcio! Não falar disso, neste caso, somente porque o assunto se tornou melindroso, seria fugir do Evangelho. Terríveis são os males do divórcio jurídico: mulheres condenadas à solidão, filhos destruídos psicologicamente pela escolha penosa que devem fazer entre a própria mãe e o próprio pai. Conheço crianças nesta situação; depois que vi seus olhos, não preciso ouvir mais conferências sobre os males do divórcio: os vi todos estampados naqueles olhos de passarinho ferido.

“O homem não separe” significa sim: a lei humana não separe; mas significa também, e antes de tudo: o marido não separe a mulher de si; a mulher não separe de si o marido.

Jesus lembra a unidade: “… e os dois formarão uma só carne.” (Mc. 10,8), isto é, quase uma só pessoa, com a concórdia nos mesmos projetos e sentimentos; implicitamente inculca a construir sobre a unidade e renová-la cada dia. Como? Procurando resolver logo que surgem os problemas, as incompreensões, as friezas. Depois a confiança recíproca; esta é como um lubrificante; falar, comunicar as próprias dificuldades e também tentações. Enquanto há confiança recíproca, o divórcio fica longe.

Devemos nos convencer de que tudo isto não basta e que são necessários os meios espirituais: sacrifício e oração. Se o matrimônio encontra tanta dificuldade de se manter unido, é porque enfraqueceu o espírito de sacrifício e se quer só receber do outro antes de dar ao outro.

A dignidade do matrimônio e a sua estabilidade é um dos temas que mais importa defender e fazer com que muitos compreendam. Pois, a saúde moral dos povos está ligada ao bom estado do matrimônio. Quando este se corrompe, podemos afirmar que a sociedade está doente, gravemente doente. Por isso, todos temos que rezar e velar pelas famílias com tanta urgência!

Os que se casam iniciam juntos uma vida nova que devem percorrer na companhia de Deus. É o próprio Senhor que os chama para que cheguem a Ele por esse caminho, pois o matrimônio é uma autêntica vocação sobrenatural. Sacramento grande em Cristo e na Igreja (Ef. 5,32), diz São Paulo; sinal sagrado que santifica, ação de Jesus que se apossa da alma dos que se casam e os convida a segui-Lo, transformando toda a vida matrimonial num caminhar divino sobre a terra.

Não esqueçamos que a primeira coisa que o Messias quis santificar foi um lar. O primeiro milagre que Jesus fez foi no Casamento, em Caná da Galiléia (Jo 2, 1-11). E que é precisamente nas famílias alegres, generosas, cristãmente sóbrias, que nascem as vocações para a entrega plena a Deus na virgindade ou no celibato. Todas elas representam um dom que Deus concede muitas vezes aos pais que rezam pelos filhos de todo o coração e com constância.

Que as famílias possam manter-se fiéis à sua vocação em cada época da vida, “na alegria e no sofrimento, na saúde e na doença”, como prometeram no rito sacramental. Conscientes da graça recebida, possam os cônjuges cristãos construir uma família aberta à vida e capaz de enfrentar unida os numerosos e complexos desafios deste nosso tempo. Hoje, há particularmente necessidade do seu testemunho. Há necessidade de famílias que não se deixem arrastar pelas modernas correntes culturais inspiradas no hedonismo e no relativismo, e estejam prontas a realizar com generosa dedicação a sua missão na Igreja e na sociedade

A família, tal como Deus a quis, é o lugar idôneo para tornar-se, com o amor e o bom exemplo dos pais, dos irmãos e dos outros membros do círculo familiar, uma verdadeira escola de virtudes em que os filhos se formem para serem bons cidadãos e bons filhos de Deus. É no meio da família firmemente voltada para Deus que cada um pode encontrar a sua própria vocação, aquela a que Deus o chama.

Numa época, em que muitos procuram destruir ou desfigurar a família, é urgente proclamar o Plano de Deus sobre o Matrimônio e a Família. Não é uma norma da Igreja, é Plano de Deus, reafirmado por Cristo.

A Missão dos pais é repetir o gesto das mães israelitas: levar seus filhos a Jesus, para que, abençoados por Ele e crescendo na sua escola, conservem a inocência e sejam um dia recebidos no reino dos Céus, preparado para eles. A família é insubstituível para a serenidade pessoal e para a educação dos filhos.

A família é um dos tesouros mais importantes dos povos, é patrimônio da humanidade inteira. “O futuro da humanidade passa pela família” (São João Paulo II).

A melhor oração, é aquela feita juntos, marido e mulher. Rezemos pelos casais e para aqueles que estão se encaminhando ao matrimônio; que o Senhor afaste deles o divórcio do coração e o divórcio jurídico. Sobre todas as famílias, especialmente sobre as que estão em dificuldade, invoquemos a proteção materna de Nossa Senhora e do se esposo São José. Maria, Rainha da família, rogai por nós.