“E se, às vezes,
os nossos esforços e o nosso trabalho parecem gorar-se e não dar fruto, estamos
a trilhar a mesma via de Jesus Cristo; a sua vida, humanamente falando, acabou
com um fracasso: o fracasso da cruz”. Essas palavras cheias de
sabedoria foram ditas pelo Papa Francisco em sua homilia em Nova Iorque
(24/09). Algumas pessoas – por ódio, maldade ou por pura ignorância – estão tirando a frase de seu contexto e
distorcendo o seu sentido.
Em um dos muitos sites furrecas evangélicos que
estão distorcendo essa homilia e xingando o Papa de “Besta do Apocalipse”, tive
a alegria de encontrar entre os comentários de leitores esse prudente comentário de um irmão evangélico:
Em meio a tantas criaturas com o cérebro
embotado e a língua cheia de veneno, é bom saber que há pessoas
intelectualmente honestas e atentas, que não servem como instrumentos de
Satanás – o pai da mentira – para a difusão de inverdades.
Afinal, o
Papa não disse nada diferente do que Isaías e São Paulo proclamam na Bíblia:
o Messias é desprezado, é visto como “escória da humanidade”; a cruz é um
escândalo, é loucura, DO PONTO DE VISTA HUMANO.
“Era desprezado,
era a escória da humanidade, homem das dores, experimentado nos sofrimentos;
como aqueles, diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e não fazíamos
caso dele.” – Is 53,3
“Já que o mundo,
com a sua sabedoria, não reconheceu a Deus na sabedoria divina, aprouve a Deus
salvar os que creem pela loucura de sua mensagem. Os judeus pedem milagres, os
gregos reclamam a sabedoria; mas nós pregamos Cristo crucificado, escândalo
para os judeus e loucura para os pagãos. – I Cor 1, 21-23
Acaso Isaías chamou o Messias de “escória da
humanidade”? Claro que não! Ele estava dizendo que, com sua visão limitada, as
pessoas O veriam assim. Acaso São Paulo afirmou a mensagem de Deus é uma
“loucura”? Óbvio que não! Ele quis dizer que tal mensagem é loucura
somente do ponto de vista humano.
Da mesma forma, o Papa Francisco não disse que a
cruz de Cristo é um fracasso. Reparem na expressão que o Papa usa: “HUMANAMENTE
FALANDO”. Ou seja, a morte na cruz é um fracasso sob o olhar dos homens, não de
Deus.
E o Papa
continua, nessa homilia, convidando os cristãos a imitar Cristo, tomando a sua
cruz. Pois muitas vezes parece que a nossa missão não dá frutos, não é
eficiente; aos olhos do mundo, é como se não tivéssemos sucesso. Mas Deus nos
chama a ver as coisas de outro modo. Confiram:
“Podemos ficar encastrados
quando medimos o valor dos nossos esforços apostólicos pelo critério da
eficiência, do funcionamento e do sucesso externo que governa o mundo dos
negócios. Não digo que estas coisas não sejam importantes! Foi-nos confiada uma
grande responsabilidade e o povo de Deus, justamente, espera
resultados. Mas o verdadeiro valor do nosso apostolado é medido pelo valor
que o mesmo tem aos olhos de Deus. Ver e avaliar as coisas a partir da
perspectiva de Deus chama-nos para uma conversão constante ao primeiro tempo da
nossa vocação e – nem é preciso dizê-lo – a uma grande humildade. A cruz
mostra-nos uma maneira diferente de medir o sucesso: a nós cabe-nos semear, e
Deus vê os frutos do nosso trabalho. E se, às vezes, os nossos esforços e o
nosso trabalho parecem gorar-se e não dar fruto, estamos a trilhar a mesma via
de Jesus Cristo; a sua vida, humanamente falando, acabou com um fracasso: o
fracasso da cruz.
“Sei que muitos de vós estais a enfrentar o
desafio que supõe a adaptação a um programa pastoral em evolução. Como São
Pedro, peço-vos que, perante qualquer prova que tenhais de enfrentar, não
percais a paz e respondei como fez Cristo: deu graças ao Pai, tomou a sua cruz
e seguiu em frente.” – Homilia completa: aqui.
Portanto, o Papa falou com clareza e em plena
conformidade com as Escrituras. Ninguém é obrigado a gostar do sucessor de
Pedro, mas quem sair espalhando infâmias com seu nome terá que responder por
isso no Dia do Juízo. São Tiago disse que a língua, mesmo sendo um órgão
pequeno, é capaz de levar o corpo todo para o inferno. Calúnia é pecado grave,
pessoal!
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O Catequista
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