Hoje (04/05) de manhã eu li no facebook a seguinte
frase: "Deus é fiel e fará acontecer os planos dele na minha vida".
De correta esta frase só tem uma afirmação: "Deus é fiel". Todo o
resto é um grande erro teológico e antropológico. Este pensamento está presente
na atual pregação neopentecostal tanto dentro da Igreja Católica por meio da
R.C.C. quanto fora, nas seitas ditas cristãs. É cantada em verso e prosa nas canções
dos atuais cantores, cantoras e "ministérios". Ou seja: esta frase
exemplifica um pensamento corrente, mágico, intervencionista e determinista da
parte de Deus.
Em primeiro lugar, as pessoas colocam tudo na conta
de Deus: se são infelizes, Deus vai dar a felicidade; se são pobres, Deus vai
dar riqueza; se são mal amadas, Deus vai dar o casamento perfeito; se estão
doentes, Deus vai dar a cura, etc. Lidam com Deus de maneira infantil, como uma
criança que não pode lidar com os problemas da vida e precisa do super-pai para
colocar-se entre a pessoa e o tal problema e evitar que a pessoa sofra. Este
pensamento mágico é infantilizante. Não prepara a pessoa para enfrentar o
sofrimento com fé, mas, fá-la sofrer ainda mais esperando uma intervenção de
Deus que pode nunca vir, porque uma coisa é a vontade da pessoa e outra é a
vontade de Deus. De vez em quando ambas coincidem, outras vezes não. Aqui
chega-se a outro problema: e quando a intervenção divina não ocorre? Quando a
dívida é cobrada? Quando a doença ceifa a vida da pessoa? Quando não aparece o
príncipe encantado? O mais provável é que a pessoa antes fervorosa, por causa
da motivação dos pregadores da teologia da prosperidade, agora arrefeça na fé e
afaste-se da Igreja ou da seita. Caridade aqui nem se cogita. Esta espécie de
fé é de tipo individualista, intimista e egoísta. É a fé do inferno, como
falava padre Léo numa de suas memoráveis palestras.
Não há nada mais anti-cristão do que o
neopentecostalismo que para mim é paganismo puro. A fé cristã genuína baseia-se
na Revelação de Deus aos homens por meio de seu Filho Jesus Cristo imolado,
ressuscitado e glorificado. Ele ensina que o culto em espírito e verdade que é
a Santa Missa glorifica a Deus e santifica o homem. Tal culto é o ato litúrgico
da fé, por parte do homem, e é a dispensação da graça por parte de Deus. É uma
ação teândrica: o homem vai a Deus porque Deus veio ao homem! Esta sempre foi a
compreensão da Igreja. A lei da fé é a regra da oração: Lex orandi, lex
credendi. As obras da fé - que também se transformam em oração - são a
segunda parte da vida cristã. Logo, a fé cristã genuína tem dois traços. Um
horizontal e um vertical, como a cruz. A fé e o culto, que é a Missa, ligam o
homem a Deus por meio de Jesus o nosso mediador; a seiva da vida divina é doada
do tronco da videira aos ramos, os homens, os liga entre si e aumenta o vínculo
da caridade: É a eucaristia que alimenta a caridade. Logo, fé, Missa (oração
pessoal) e caridade são marcas indeléveis do ser cristão. O paganismo
neopentecostal das "promessas" solapa tudo isso. Nele não há
sacerdócio ordenado pelos sucessores dos apóstolos, que são os Bispos, porque
os pastores a si mesmos outorgam o grau/título do que quiserem. Assim, não há
Eucaristia; não havendo sacerdócio nem eucaristia não há o Corpo Místico
presente sacramentalmente. Não havendo o corpo místico, o culto neopentecostal,
pentecostal, evangélico e protestante (em grande parte) é apenas um juntamento
de pessoas com a mesma finalidade, como acontece num show de rock, por exemplo.
Não sendo Corpo Místico de Cristo - Igreja - o ato de orar do neopentecostal é
fundamentalmente individual, ainda que ladeado por milhares de pessoas. Não
bastasse isso, a prática do culto neopentecostal é uma sucessão de histeria,
emocionalismos, sentimentalismos e reforço da presença do mal na vida das
pessoas com a finalidade explícita de ganhar dinheiro com isso tudo. Assim, não
restou nada de cristão ao culto/oração neopentecostal para requererem esta
identidade. A marca da Igreja desde o princípio foi a eclesialidade, a comunhão
dos santos, a dimensão eclesial da fé. São pagãos travestidos de cristãos que
usam a bíblia para justificar as suas práticas individualistas.