quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Onde foram parar todos aqueles padres pedófilos?


Você reparou que a avalanche de denúncias de abusos sexuais cometidos por clérigos praticamente desapareceu da mídia nos últimos meses? Você não acha estranho que, quase de repente, não se toque mais no assunto?

UMA ONDA CONCENTRADA

É inegável e tragicamente verdadeiro que houve, sim, uma quantidade escandalosa de comprovados abusos sexuais praticados por religiosos - um único abuso sexual já teria sido escandaloso e trágico, afinal. Também é fato que, ao longo de décadas, esses crimes cometidos por sacerdotes, religiosos e freiras ficaram escondidos sob uma camada complexa de medo e vergonha por parte das vítimas, chantagem e ameaças por parte dos criminosos, pressão e hipocrisia por parte de cúmplices poderosos.

Mesmo assim, é chamativo que, num espaço relativamente curto de tempo, tenham explodido milhares de denúncias contra padres a ponto de o assunto se transformar num escândalo global de dimensões inéditas. Chegou-se a produzir uma onda de generalizações que reduziu a palavra “sacerdote” a sinônimo de “pedófilo”, como se todos os padres cometessem “por natureza” esse crime, e os seminários e conventos católicos a antros de homossexualismo e orgias, como se tivessem ocorrido esses casos escabrosos dentro de todos eles.

UMA ONDA “SELETIVA”

Mais chamativo ainda, porém, é que não houve o mesmo frenesi na hora de abordar a realidade do abuso sexual em outras confissões cristãs, como as evangélicas ou a anglicana, só por citar dois exemplos, nem nas religiões não-cristãs, muito embora várias delas acumulem um histórico milenar de cumplicidade e incentivo à exploração sexual de crianças (meninas e meninos) e de mulheres adultas, inclusive dentro do casamento (monogâmico ou poligâmico), ou convivam com estupros em massa quase que com naturalidade.

Igualmente chamativa é a mínima intensidade com que se tratou e se trata da recorrência de abusos e assédios sexuais no âmbito corporativo, no mundo do esporte e da moda, no universo do cinema e da televisão e, principalmente, no dia-a-dia das famílias, que concentram a esmagadora maioria dos casos de abuso sexual. Nas ocasiões em que foram destapados alguns desses escândalos em contextos alheios à Igreja católica, a repercussão midiática foi notavelmente menor e mais breve do que no caso dos clérigos acusados de pedofilia. E isso que há casos envolvendo senadores, deputados e vereadores, governadores e prefeitos, juízes e autoridades policiais e do exército, além de figurões do mundo das finanças internacionais e dos impérios da mídia, no Brasil e fora dele. O silêncio é quase tão grande quanto o poder de silenciar que esses personagens exercem.

Falso primeiro selfie do Papa viraliza na internet: este NÃO é o primeiro selfie do Papa.


Diversos meios de comunicação caíram no truque de uma conta que falsamente se apresenta como o perfil oficial do Vaticano no Insta00gram e difundiram em redes sociais uma curiosa imagem do Papa Francisco como se se tratasse de seu primeiro “selfie oficial”.

A imagem não corresponde a uma fotografia do Pontífice mas a uma captura de tela de uma videoconferencia difundida em 2014 na que o Papa Francisco solta uma gargalhada ante o comentário de um menino com quem conversava através da plataforma Google Hangouts.


A conta falsa do Instagram @Vatican__ se apresenta como oficial do Vaticano sem sê-lo. A única conta da Santa Sé na popular rede social é @Newsva. O Papa Francisco não tem conta no Instagram.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Na mensagem para o Dia Mundial da Paz 2016, Papa destaca a indiferença como ameaça à  paz e convida a manter esperança mesmo em meio a conflitos


Mensagem do Papa Francisco para o 49º Dia Mundial da Paz
– 1º de janeiro de 2016
Terça-feira, 15 de dezembro de 2015


VENCE A INDIFERENÇA E CONQUISTA A PAZ

1. Deus não é indiferente; importa-Lhe a humanidade! Deus não a abandona! Com esta minha profunda convicção, quero, no início do novo ano, formular votos de paz e bênçãos abundantes, sob o signo da esperança, para o futuro de cada homem e mulher, de cada família, povo e nação do mundo, e também dos chefes de Estado e de governo e dos responsáveis das religiões. Com efeito, não perdemos a esperança de que o ano de 2016 nos veja a todos firme e confiadamente empenhados, nos diferentes níveis, a realizar a justiça e a trabalhar pela paz. Na verdade, esta é dom de Deus e trabalho dos homens; a paz é dom de Deus, mas confiado a todos os homens e a todas as mulheres, que são chamados a realizá-lo.

Conservar as razões da esperança

2. Embora o ano passado tenha sido caracterizado, do princípio ao fim, por guerras e actos terroristas, com as suas trágicas consequências de sequestros de pessoas, perseguições por motivos étnicos ou religiosos, prevaricações, multiplicando-se cruelmente em muitas regiões do mundo, a ponto de assumir os contornos daquela que se poderia chamar uma «terceira guerra mundial por pedaços», todavia alguns acontecimentos dos últimos anos e também do ano passado incitam-me, com o novo ano em vista, a renovar a exortação a não perder a esperança na capacidade que o homem tem, com a graça de Deus, de superar o mal, não se rendendo à resignação nem à indiferença. Tais acontecimentos representam a capacidade de a humanidade agir solidariamente, perante as situações críticas, superando os interesses individualistas, a apatia e a indiferença.

Dentre tais acontecimentos, quero recordar o esforço feito para favorecer o encontro dos líderes mundiais, no âmbito da Cop21, a fim de se procurar novos caminhos para enfrentar as alterações climáticas e salvaguardar o bem-estar da terra, a nossa casa comum. E isto remete para mais dois acontecimentos anteriores de nível mundial: a Cimeira de Adis-Abeba para arrecadação de fundos destinados ao desenvolvimento sustentável do mundo; e a adopção, por parte das Nações Unidas, da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que visa assegurar, até ao referido ano, uma existência mais digna para todos, sobretudo para as populações pobres da terra.

O ano de 2015 foi um ano especial para a Igreja, nomeadamente porque registou o cinquentenário da publicação de dois documentos do Concílio Vaticano II que exprimem, de forma muito eloquente, o sentido de solidariedade da Igreja com o mundo. O Papa João XXIII, no início do Concílio, quis escancarar as janelas da Igreja, para que houvesse, entre ela e o mundo, uma comunicação mais aberta. Os dois documentos – Nostra aetate e Gaudium et spes – são expressões emblemáticas da nova relação de diálogo, solidariedade e convivência que a Igreja pretendia introduzir no interior da humanidade. Na Declaração Nostra aetate, a Igreja foi chamada a abrir-se ao diálogo com as expressões religiosas não-cristãs. Na Constituição pastoral Gaudium et spes – dado que «as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo»[1] –, a Igreja desejava estabelecer um diálogo com a família humana sobre os problemas do mundo, como sinal de solidariedade, respeito e amor.[2]

Nesta mesma perspectiva, com o Jubileu da Misericórdia, quero convidar a Igreja a rezar e trabalhar para que cada cristão possa maturar um coração humilde e compassivo, capaz de anunciar e testemunhar a misericórdia, de «perdoar e dar», de abrir-se «àqueles que vivem nas mais variadas periferias existenciais, que muitas vezes o mundo contemporâneo cria de forma dramática», sem cair «na indiferença que humilha, na habituação que anestesia o espírito e impede de descobrir a novidade, no cinismo que destrói».[3]

Variadas são as razões para crer na capacidade que a humanidade tem de agir, conjunta e solidariamente, reconhecendo a própria interligação e interdependência e tendo a peito os membros mais frágeis e a salvaguarda do bem comum. Esta atitude de solidária corresponsabilidade está na raiz da vocação fundamental à fraternidade e à vida comum. A dignidade e as relações interpessoais constituem-nos como seres humanos, queridos por Deus à sua imagem e semelhança. Como criaturas dotadas de inalienável dignidade, existimos relacionando-nos com os nossos irmãos e irmãs, pelos quais somos responsáveis e com os quais agimos solidariamente. Fora desta relação, passaríamos a ser menos humanos. É por isso mesmo que a indiferença constitui uma ameaça para a família humana. No limiar dum novo ano, quero convidar a todos para que reconheçam este facto a fim de se vencer a indiferença e conquistar a paz. 

O mal do catolicismo no Brasil


Querem saber qual o grande mal do catolicismo no Brasil? Ele tem nome, endereço, CEP, CPF, etc. Tem identidade! O grande mal se chama "'teologia' da libertação" (com letras minúsculas mesmo), entendida como tem sido entendida por muitos, no Brasil.

Tudo deriva deste câncer. Muitos homens e mulheres da Igreja fizeram e ainda fazem ouvidos de mercador aos Documentos oficiais sobre a correta impostação desta "teologia": "Libertatis Nuntio", de 06 de agosto de 1984 e "Libertatis conscientia" de 22 de março de 1986. Este mal esteve, de certa forma, dissimulado durante os pontificados de João Paulo II e Bento XVI. Agora, ressurge com sua monstruosidade, produzindo as mais extravagantes situações, causando confusão entre os fiéis católicos. Especialmente a primeira Instrução (Libertatis Nuntio) é de uma clareza meridiana. Vale a pena reproduzir um parágrafo da Introdução:

“A Congregação para a Doutrina da Fé não pretende tratar aqui o vasto tema da liberdade cristã e da libertação em si mesmo. Propõe-se fazê-lo num documento posterior, no qual porá em evidência, de maneira positiva, toda a sua riqueza, tanto para a doutrina como para a prática.

A presente Instrução tem uma finalidade mais precisa e mais limitada: quer chamar a atenção dos pastores, dos teólogos e de todos os fiéis, para os desvios e perigos de desvio, prejudiciais à fé e à vida cristã, inerentes a certas formas da teologia da libertação que usam, de maneira insuficientemente crítica, conceitos assumidos de diversas correntes do pensamento marxista. 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Padre Cícero é reconciliado com a Igreja Católica


A Solenidade de abertura da Porta Santa realizada domingo, 13 de dezembro, na Catedral Nossa Senhora da Penha, em Crato- CE, teve para os fiéis da Diocese de Crato e romeiros do Padre Cícero Romão Batista um significado ainda maior. Neste dia o Bispo Dom Fernando Panico comunicou ao povo, durante sua homilia, que o Papa Francisco havia enviado uma carta, assinada pelo Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado de Sua Santidade, na qual autoriza a reconciliação do “Padim Ciço”, como é carinhosamente chamado pelos devotos, com a Igreja Católica.

As palavras aguardadas há décadas pelos fiéis foram recebidas com júbilo. Fogos de artificio, palmas e expressões de alegria era o que se notava no rosto dos que participavam da celebração. Um quadro com a imagem do padre foi introduzida não no altar, pois ele ainda não foi canonizado, mas dentro da Igreja, próximo ao altar. “Ele vai entrar como romeiro. Seu lugar não será ainda o Altar, mas ficará no meio do Povo, invocando e cantando conosco a misericórdia do Pai”, disse Dom Fernando.

Além de destacar a fé simples e a devoção a Nossa Senhora que o Padre Cícero teve em sua existência, o Papa ainda caracterizou o seu modo de evangelização, vivido no final do século XIX e início do XX, como atual. “Atitude de saída, ao encontro das periferias existenciais, a atitude do Padre Cícero em acolher a todos, especialmente aos pobres e sofredores, aconselhando-os e abençoando-os, constitui sem dúvida, um sinal importante e atual”, afirmou.

Assista ao momento do anúncio da reconciliação:


Padre Cícero morreu em 1934 suspenso de ordem. A partir da data de seu falecimento o número de fiéis que realizam romarias a cidade que ele fundou, Juazeiro do Norte, só cresce. Diante desta realidade ao chegar na Diocese de Crato, em 2001, Dom Fernando Panico colocou esta reconciliação como prioridade de seu episcopado.

O Bispo formou uma comissão e deu entrada, em 2006, na Congregação para Doutrina da Fé, no Vaticano, ao processo de REABILITAÇÃO, porém o Papa Francisco foi além. A partir dos estudos realizados pela Equipe de Direito Canônico do Vaticano, foi decidido que a Igreja deveria conceder a RECONCILIAÇÃO do padre com a Igreja, permitindo assim que os fiéis realizem sua devoção com a aprovação da Santa Sé.

Dom Fernando, diante da realização de um dos seus maiores sonhos, afirmou que toda a Diocese de Crato foi justificada pela ação do Papa Francisco, e que não houve equivoco em assumirem a opção pastoral em favor das romarias e o acolhimento aos romeiros. “Como Bispo Diocesano dessa Igreja particular, fico feliz por poder receber essa grande graça, em nome do Padre Cícero e de seus romeiros e romeiras, em nome de todos aqueles bispos – Dom Quintino, Dom Delgado – que alguma vez pediram que a Igreja e Padre Cícero se reconciliassem, em nome de todas as pessoas que queriam ver o Seu Padrinho ser, de novo, acolhido pela Igreja Católica da mesma forma que sempre foi acolhido por seus afilhados!”, disse.

Na Igreja onde foi batizado e realizou a primeira missa, neste ano 2015, ao Padre Cícero foi concedida uma reconciliação histórica mostrando que a misericórdia de Deus está acima das ações humanas.

Homilética: 4º Domingo do Advento - Ano C: "Maria, a Mãe do Príncipe da Paz".


No tempo de preparação para o Natal (Advento), a Liturgia nos fala e nos ensina por meio de três grandes guias: Isaías, João Batista e Maria; o profeta, o precursor e a mãe.

Hoje é a vez de Maria; ela nos ajuda a intensificar e a concentrar nossa espera: “Aquele que deve vir” já chegou; o mistério escondido desde séculos em Deus (Ef 3,9) faz nove meses se encontra no seio de Maria!

Maria é a Mãe bendita do Senhor. Por sua fé, vivida em profundidade, ela é realmente modelo dos cristãos. Pela missão que recebeu de ser Mãe da humanidade, ela intercede para que o plano de Deus se realize em nossa vida. Esse é um plano de amor que – por meio do Filho encarnado, que assumiu a história com todas as suas contradições – traz a todos o perdão, a comunhão com Deus. Cumpre-se, assim, a profecia de Miqueias acerca de um chefe que instaurará a paz.

Se Advento significa espera de Cristo, Maria é a espera em pessoa; a espera teve para ela o sentido realista e delicado que esta palavra tem para cada mulher que espera o nascimento de uma criança. É assim que devemos imaginar Nossa Senhora na iminência do Natal: com  aquele olhar amável, dirigido mais para dentro do que para fora de si, que se nota numa mulher que carrega no seio uma criatura e parece que já a contempla e com ela dialoga. Maria manteve com seu filho uma comunhão ininterrupta de amor, como uma pessoa que recebeu a Eucaristia.

A devoção a Nossa Senhora é a maior garantia de que não nos faltarão os meios necessários para alcançarmos a felicidade eterna a que fomos destinados. Maria é verdadeiramente “porto dos que naufragam, consolo do mundo, resgate dos cativos, alegria dos enfermos” (Santo Afonso M. de Ligório). Nestes dias que precedem o Natal e sempre, peçamos-Lhe a graça de saber permanecer, cheios de fé, à espera do seu Filho Jesus Cristo, o Messias anunciado pelos Profetas.


“A Virgem Maria é ela mesma o caminho real pelo qual veio a nós o Salvador. Devemos procurar ir ao encontro do Salvador pelo mesmo caminho pelo qual ele veio a nós” (São Bernardo). Haja em cada um de nós a alma de Maria para engrandecer a Deus; esteja em cada um o espírito de Maria para exultar em Deus” (Santo Ambrósio).

Neste tempo de Natal saibamos imitar Maria, e com a mesma alegria e disposição que a levou a ir às pressas para estar com Isabel (cf. Lc 1,39), possamos também nós ir ao encontro do Senhor que vem.  À Maria, Arca da Nova e Eterna Aliança, confiemos o nosso coração, para que o torne digno de acolher a visita de Deus no mistério do seu Natal.


Que o Senhor encontre um abrigo no nosso coração e na nossa vida. Na verdade, não devemos apenas levá-lo no coração, devemos também levá-lo ao mundo, de forma que também nós possamos gerar Cristo para as pessoas do nosso tempo. Assim seja.

Igreja Católica se reconcilia com o Padre Cícero


O bispo da diocese de Crato, dom Fernando Panico, divulgou neste domingo, durante missa na Catedral de Crato, que o Padre Cícero Romão Batista foi perdoado pelo Vaticano das punições impostas pela igreja Católica entre 1892 a 1916. A reconciliação é um passo definitivo para a reabilitação de padre Cícero na Igreja Católica

Durante a homilia na Sé do Cariri, dom Fernando Panico informou que "Hoje, por ocasião da abertura solene da Porta Santa da Misericórdia nesta Catedral de Nossa Senhora da Penha, quero anunciar com alegria, à querida Diocese de Crato e aos romeiros e romeiras do Juazeiro do Norte, um gesto concreto de misericórdia, de atenção e de carinho por parte do Papa Francisco para nós: a igreja Católica se reconcilia historicamente com o padre Cícero Romão Batista".

Segundo a carta, assinada pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, “A presente mensagem foi redigida por expressa vontade de Sua Santidade o Papa Francisco, na esperança de que Vossa Excelência Reverendíssima não deixará de apresentar à sua Diocese e aos romeiros do Padre Cícero a autentica interpretação da mesma, procurando por todos os meios apoiar e promover a unidade de todos na mais autentica comunhão eclesial e na dinâmica de uma evangelização que dê sempre e de maneira explicita o lugar central a Cristo, principio e meta da História”.

A comunicação da reconciliação da igreja com Padre Cícero "é mais que uma reconciliação. É um pedido de perdão da igreja pelo o que aconteceu o sacerdote brasileiro", afirmou Armando Rafael, assessor de comunicação de dom Fernando Panico.

Na mensagem enviada à diocese do Crato, o papa Francisco exalta várias virtudes de evangelizador de padre Cícero, fundador de Juazeiro do Norte e primeiro prefeito do município.

Sobre a Reconciliação histórica da Igreja Católica com a memória do Padre Cícero Romão Batista

Em longa correspondência enviada ao Bispo Diocesano de Crato, Dom Fernando Panico, o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, afirmou que: “A presente mensagem foi redigida por expressa vontade de Sua Santidade o Papa Francisco, na esperança de que Vossa Excelência Reverendíssima não deixará de apresentar à sua Diocese e aos romeiros do Padre Cícero a autentica interpretação da mesma, procurando por todos os meios apoiar e promover a unidade de todos na mais autentica comunhão eclesial e na dinâmica de uma evangelização que dê sempre e de maneira explicita o lugar central a Cristo, principio e meta da História”.

A mensagem lembra, inicialmente, as festas pelo centenário de criação da Diocese de Crato acrescentando “que (essas comemorações) põem em realce a figura do Padre Cícero Romão Batista e a nova Evangelização, procurando concretamente ressaltar os bons frutos que hoje podem ser vivenciados pelos inúmeros romeiros que, sem cessar, peregrinam a Juazeiro atraídos pela figura daquele sacerdote. Procedendo desta forma, pode-se perceber que a memória do Padre Cícero Romão Batista mantém, no conjunto de boa parte do catolicismo deste país, e, dessa forma, valoriza-la desde um ponto de vista eminentemente pastoral e religioso, como um possível instrumento de evangelização popular”.

Lembrando que Deus sempre se serve de pobres instrumentos para realizar suas maravilhas e que todos nós somos “vasos de argila” (2Co 4,7) em Suas mãos, o texto afirma, sem dúvida alguma, que Padre Cícero, pelo seu intenso amor pelos mais pobres e por sua inquebrantável confiança em Deus, foi esse instrumento escolhido por Ele. O Padre respondeu a este chamado, movido por um desejo sincero de estender o Reino de Deus.

Na correspondência constam vários tópicos, dos quais alguns são reproduzidos, a seguir, textualmente:

Natal Missionário


Sempre que se aproxima o Natal refletimos sobre este evento de salvação, nos comovemos com a humildade do Filho de Deus no presépio. Deus amou tanto o mundo que enviou seu filho para salvá-lo (cf. Jo 3,16). Jesus nasce pobre, em meio aos pobres. Numa manjedoura foi colocado, junto aos animais. Fez-se humano, como homem tomou o último lugar, o lugar de servo.

Escapa-nos a maioria das vezes a consideração do natal no seu aspecto missionário. O que é este envio do Filho pelo Pai a não ser a missão original? Deus envia seu Filho e Ele vem neste grande “êxodo”, a saída do Pai para nós. Jesus é o missionário primordial. No natal nós contemplamos o “êxodo do Pai”; o “êxodo de si mesmo” e o “êxodo para o Pai” (cf. Fl 2, 6-11). Jesus vem do Pai, se torna homem, sai de si e se torna servo, mas volta ressuscitado para o Pai. E nesta volta quer levar-nos consigo para o Pai: na casa do Pai há muitas moradas e eu vos prepararei um lugar para vós, a fim de que onde eu esteja estejais também (cf. Jo 14,2).

É à luz deste tríplice êxodo que se quebra o círculo fechado da razão ideológica e o niilismo que tenta fechar-nos na prisão de um mundo sem Deus. Em Jesus se revela o Amor de Deus que, tendo nos amado, amou-nos até o fim (cf. Jo 13,1). Somente o amor liberta, porque no amor está a verdade. Assim no natal se coloca para a Igreja a questão da missão.

A Igreja, assim como Jesus Cristo, é missionária por sua própria natureza. “A Igreja peregrina é por sua natureza missionária. Pois ela se origina da missão do Filho e da missão do Espírito Santo, segundo o desígnio de Deus Pai” ( Vat. II - AA n.2).O papa Francisco não se cansa de exortar a Igreja para que seja uma Igreja Missionária, Igreja em saída: “Cada cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar este chamado: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho” (Papa Francisco in EG n. 20).