Maria
é redimida como todos os outros, mas o é de maneira particular, fundada na sua
missão de tornar-se a mãe de Jesus. Ela é “pré-redimida”, a fim de poder dar à
luz o Redentor.
E
Jesus faz questão de sublinhar o efeito: “Quem
é minha mãe?... os que fazem a vontade de meu Pai” [1].
E Ele responde à mulher que exalta Sua mãe: “Sim,
bem-aventurados os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” [2].
Então
a única prioridade seria a da maternidade física? Sim e não. Não, porque
ninguém como ela tinha necessidade de receber e de fato recebeu tal plenitude
de fé e disponibilidade com relação de se tornar fisicamente mãe. E justamente
tal plenitude a coloca em primeiro lugar, numa posição exemplar também nas
palavras libertadoras de Jesus. Ninguém como ela “ouviu e pôs em prática a Palavra de Deus”, até as últimas fibras
do corpo, de modo que nela a fá de Abraão na promessa Divina foi levada à plena
realização: a sua fé realizou a encarnação da Palavra de uma promessa;
naturalmente só porque o próprio Deus, em Sua soberana liberdade, quis
tornar-se homem nela, a humilde serva.
Com,
efeito, Maria, enquanto serva do Senhor, se encontra de certa forma nivelada no
interior da Igreja – todo aquele que como ela for servo ou escravo de Deus pode
ser mãe de Jesus, pode permitir à Palavra Divina que se torne Corpo e Carne -,
e, contudo não pode ser perfeitamente nivelada aos outros crentes, porque só
ela foi mãe corpórea de Jesus, e, portanto, a “pré-redimida”.
Voltemos
mais uma vez à imagem das ondas concêntricas que se sobrepõem: entre os demais
círculos, Maria é o maior, aquele cujo raio se sobrepõe e contém todos os
outros; em outras palavras ela é coextensiva à Igreja na medida em que esta é a
Igreja dos Santos, “esposa sem mácula e
sem ruga” [3].
Isto
é verdade desde o primeiro instante da encarnação. A conseqüência que deriva
disso é extremamente importante para o nosso tema e para toda a concepção da
Igreja: esta existiu desde a encarnação, certamente não em sua forma
institucional – somente muito mais tarde Jesus chamará os doze e os enviará com
plenos poderes para pregar e administrar os Sacramentos -, mas numa forma tão
perfeita (“imaculada”) como jamais se registrará depois.