A pedagogia litúrgica, no decorrer do mês de
janeiro, divide-se em dois momentos. No primeiro, a conclusão do Tempo
Natalino, que acontece com a celebração da festa do Batismo de Jesus. No
segundo, inicia-se a primeira parte do Tempo Comum que, neste Ano Litúrgico,
constará de apenas cinco Domingos.
Tempo
Natalino
Dentro do contexto Natalino, a primeira celebração
de janeiro acontece no início do ano civil de 2016, com a celebração de Maria,
Mãe de Deus. Uma celebração que professa a fé da Igreja na maternidade divina
de Maria. Celebra também, em Maria, a contribuição da humanidade em favor da
encarnação. Na prática, trata-se de uma celebração natalina que manifesta a
misericórdia divina, agindo em favor da humanidade e, por isso e para isso, o
caminho da encarnação. Maria torna-se assim modelo da humanidade acolhedora do
Verbo feito carne.
Ainda no contexto do Tempo Natalino, a Liturgia
ajuda os celebrantes a ir ao encontro do Senhor a exemplo dos Reis Magos, na
Epifania; a manifestação de Deus em Jesus Cristo. Como os Reis Magos, a Igreja
se coloca a caminho para buscar o Rei que acaba de nascer. Com esta finalidade
de peregrinação, neste ano, estamos propondo refletir a Epifania a partir da
Teologia Paulina, presente na 2ª leitura, para compreender e para participar do
Mistério divino, manifestado na pessoa do Menino Jesus, como a luz que veio ao
mundo para iluminar a vida humana e social.
Por fim, a terceira celebração do Tempo Natalino, e
aquela que conclui o Tempo Natalino, o Batismo do Senhor. Nesta celebração João
Batista anuncia a promessa de Jesus batizará que se fizer discípulo e discípula
dele no Espírito Santo. Não mais viver guiado pelo espírito do mundo, mas pelo
Espírito Santo de Deus. É neste sentido que Jesus se torna a referência
existencial de cada celebrante e de toda a sociedade. Em Jesus, no Evangelho
que ele prega e propõe, existe um modelo de vida a ser vivenciado e uma estrada
que conduz à realização pessoal, iniciada no Batismo. Pelo Batismo, além do
mais, cada cristão se compromete a favor do projeto divino; para que o projeto
divino aconteça nele e na sociedade.
Tempo Comum
Como dito, uma vez concluído o Tempo
Natalino, que conduz os celebrantes a se comprometerem com o projeto divino, o
Tempo Comum tem a finalidade de aprofundar cada celebrante no caminho do
discipulado. Um caminho feito passo a passo, em cada momento da vida e em todos
os momentos existenciais. Isto tem início com um conselho e uma orientação da
Mãe de Jesus “Fazei tudo o que ele vos disser” (2DTC-C).
O símbolo do casamento, presente no 2º Domingo do
Tempo Comum, é um dos símbolos mais expressivos da Bíblia para indicar o
relacionamento amoroso de Deus com a humanidade. Deus tanto ama a humanidade
que a desposa, que a toma como esposa para derramar nela todo seu amor. Por
isso, como membros da humanidade amada por Deus, somos convidados a celebrar e
saborear o vinho novo oferecido por Jesus, com sabor de vida plena e de muita
alegria interior. Isto acontece com que se coloca no caminho do discipulado e
faz do Evangelho a luz da sua vida.
O início das atividades de Jesus como evangelizador
e como Mestre de vida, acontece com uma mensagem programática, da parte de
Jesus: "Para proclamar um ano da graça do Senhor" (3DTC-C). Uma
frase programática que nos remete diretamente ao Ano Jubilar que estamos
vivendo agora, com o Ano Santo da Misericórdia. Por isso, considerando este Ano
Santo da Misericórdia que estamos vivendo e celebrando, sugerimos para o 3º
Domingo do Tempo Comum – C um contexto próprio de reflexão sobre o sentido e a
finalidade de um tempo especial dedicado à Misericórdia, enfatizando a
libertação e o perdão em vista da vida digna; da vida vivida na liberdade de
Deus.
Este projeto divino, na vida pessoal, que tem
início no Batismo, passa pela recomendação da Mãe para fazer o que Jesus pede,
ingressando assim no discipulado passa, no 4º Domingo do Tempo Comum – C, pela
experiência do chamado vocacional. Inicialmente, o chamado a ser profeta,
testemunhando a caridade. A vocação do profeta Jeremias e a narrativa do
episódio de Jesus, na conclusão do Evangelho deste Domingo, destacam o destino
dos profetas, mas destacam também o poder divino, capaz de transformar tudo,
até mesmo o deserto, em caminho de Salvação.