terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Seleção de perguntas e respostas (verdadeiras) sobre normas litúrgicas


É realmente necessário, na hora de rezar o Pai-Nosso, erguer as mãos como o sacerdote? Se sim, pq?

Pelo contrário! Não se deve erguer as mãos.

Na hora da comunhão o sacerdote deve sempre comungar primeiro?

Sim, e só a comunhão do celebrante é necessária para a licitude da Missa. Se os fiéis não comungarem, não há problema, mas o celebrante é obrigado.

O sacerdote pode, antes de comungar (logo após o Cordeiro de Deus), alertar os fiéis que estiverem em pecado que eles não poderão comungar?

Claro! Porque não poderia?

Nas missas durante a semana, é permitido trocar a primeira leitura por um trecho da vida de um santo? Pq eu fui até uma Igreja de São Francisco e lá eles leram a vida desse santo no lugar da primeira leitura...Eu achei muito estranho.

Estranho e ERRADO! É preciso fazer o que está no Missal, ler o que está no Missal... As leituras são as propostas, pelo Lecionário, para o dia (exceto em dias feriais do Tempo Comum, quando outras, em ocasião especial, podem ser escolhidas; ou nas Missas Votivas e Rituais, quando há Lecionário específico).

Aqui no Rio não se costuma levantar as mãos durante o Pai Nosso, mas é costume dar as mãos. Isto é errado?

Sim. O que não está previsto, não se deve fazer. Não há sentido litúrgico no ato, além disso.

Quando se ora: Por Cristo, com Cristo...levanta-se a mão ou não?

A chave para entender as normas litúrgicas é se perguntar: pra que serve tal ato? Aplica nesse caso: qual o sentido de levantar a mão, estendendo-a ao altar? É tornarmo-nos participantes do oferecimento que o padre faz, não? Ora, se não se pode dizer a oração com ele, justamente porque o oferecimento é algo específico de sua condição sacerdotal, porque iríamos fazer a mesma coisa que dizer a oração, só que de outro modo (levantando as mãos)?

--> Neste ponto, um interlocutor tenta contra-argumentar: "Levantar as mãos é uma atitude orante. Pode significar súplica, louvor e entrega a Deus." - Assim definem alguns autores.

É sabido que o Batismo e a Crisma conferem o Sacerdócio Comum dos fiéis (1Pd2,4-6); todos os fiéis são cooferentes do sacrifício do Cristo Sacerdote e são cooferecidos com Cristo Hóstia em cada Eucaristia. É sabido também que a Doxologia Final é o verdadeiro e próprio ofertório da missa. Logo, o gesto de levantar as mãos nesse momento tem sentido. Pode não estar previsto no Missal, mas sentido tem. Por essa tua definição, o sacerdócio comum dos fiéis em nada se diferencia do sacerdócio hierárquico.

Reitero que não há sentido em elevar as mãos no "Por Cristo", nem em nome do sacerdócio comum dos fiéis, dado que tal ato é próprio do sacerdócio hierárquico. O "Por Cristo" nada mais é do que o oferecimento do sacrifício recém-efetuado. Ora, é próprio do sacerdócio oferecer o sacrifício da Missa, que com a Cruz possui uma identidade substancial.

Entender que o gesto tem sentido à luz do sacerdócio comum dos fiéis é desvalorizar o sacramento da Ordem, e dessacralizar a Missa, já tão pouco crida e entendida como sacrifício. Os ritos da Missa devem apontar para a sua substância sacrifical e, para tal, colabora a previsão de palavras, gestos e cerimônias que ressaltem o sacerdócio hierárquico, o poder de tornar presente a Cruz durante a Missa, a ação in Persona Christi.

O modo pelo qual oferecemos, com o sacerdote, o sacrifício da Missa, é distinto. Tanto é assim que, em latim, o celebrante convida os fiéis, antes da Oração sobre as Oferendas: "Ora, irmãos, para que o meu e o vosso sacrifício sejam aceitos por Deus Pai onipotente." Não bastaria dizer "nosso" em vez de "meu"+"vosso"? Não. Pois essa distinção de termos implica na distinção de sacrifícios, na distinção de modos de participação no sacrifício. O padre sacrifica, oferecendo a substância do sacrifício da Cruz, tornando-a realmente presente. Nós sacrificamos pelo sacrifício de louvor, i.e., pela união com os sentimentos, a inteligência e a vontade de Cristo que no altar renova, de modo incruento, seu sacrifício. 

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Santa Margarida da Hungria


Margarida era uma princesa, filha do rei da Hungria, de origem bizantina. Ela nasceu em 1242, logo foi batizada, pois os reis eram fervorosos cristãos. Aos dez anos, o casal real a entregou para viver e ser preparada para os votos religiosos.

Dois anos depois, fez a profissão de fé de religiosa e em 1261, tomou o véu definitivo, entregando seu coração e sua vida a serviço do Senhor. Tinha especial devoção pela Eucaristia e Paixão de Cristo. Ela foi um exemplo de humildade e virtude para as outras religiosas. Rezava sempre e fazia muitas penitências.

Margarida, ainda que fosse princesa, não teve uma formação intelectual primorosa. Sua instrução se limitou ao conhecimento primário da escrita e da leitura. Ela pedia que lhe lessem as Sagradas Escrituras e confiava sua direção espiritual ao seu confessor.

Amava a pobreza e nada possúia de seu. Sua vida contemplativa a fez receber o dom das visões. Ela se tornou uma das grandes místicas medievais da Europa, respeitada e amada pelas comunidades religiosas, pela corte e população. Morreu em 18 de janeiro de 1270.

ORAÇÃO


Ó Deus de misericórdia e de bondade, compadecei-vos de todos os que sofrem, os que choram, os que passam por duras provações. Eu vos peço, Senhor, fortalecei-os na fé, para que busquem vossa vontade e estejam dispostos a acolhê-la. Amém.

Pastor Adventista Reconhece Santidade e Virgindade de Maria


Trecho do Sermão de Alejandro Bullón, o pastor mais respeitado entre os Adventistas do Sétimo Dia, no Programa de TV “Está Escrito”, palestra “Enchei as Vasilhas":

[...]

Vou tratar agora de um assunto muito delicado: a Santa Virgem Maria.

Como todos sabemos, o inimigo é muito astuto. Ele não quer cristãos equilibrados. Ele quer nos levar ao fanatismo ou ao liberalismo. Isto é certo com relação a qualquer assunto da Bíblia.

Vejam, o inimigo leva muitos cristãos que têm a Bíblia nas mãos, a pensar do seguinte modo: A virgem Maria não é importante. Ela foi uma mulher como qualquer outra. Não temos que ficar reverenciando-a; não temos que falar muito dela, porque isso é idolatria.

Meu amigo, se um cristão, com a Bíblia aberta, diz isso, ele não sabe o que está dizendo. Porque a virgem Maria foi um ser humano sim, mas não foi um ser humano comum. Ela foi uma mulher com uma experiência maravilhosa com Deus. Ela foi uma mulher de vida piedosa, exemplar.

Hoje, a figura da virgem Maria se levanta como um exemplo de vida, de entrega e de comunhão com Deus. Por isso, ela merece todo o nosso respeito e a nossa reverência. Merece que a amemos e que ensinemos mais da vida maravilhosa que viveu. Mas como já disse, o inimigo não quer pessoas equilibradas. Ele tanto leva os cristãos ao extremo de serem desrespeitosos com ela, como as engana e as leva para outro extremo.

Existe muita gente sincera e maravilhosa que pensa assim: A virgem Maria é a nossa salvadora. Temos que ir a ela porque talvez ela possa nos salvar, possa resolver nossos problemas. Estamos passando por dificuldades? Vamos nos ajoelhar perante ela... ela pode resolver nossos problemas.

Estas pessoas agem desse modo com toda a sinceridade. No momento de desespero, procuram a ajuda da santa virgem Maria. E os cristãos do outro extremo olham para elas com olhos acusadores e dizem:

- Vocês são idólatras. Adoram um ser humano.

Eles ignoram a sinceridade com que estas pessoas estão procurando chegar a Deus.

No casamento de Caná da Galiléia, as pessoas tinham Jesus presente, mas em lugar de ir a Ele, foram à virgem Maria, e ela, com todo carinho lhes disse:

- Filhos, eu não posso resolver esse problema, mas conheço a única pessoa que pode fazer isso para vocês. E os levou a Jesus. Se hoje ela estivesse viva, com certeza faria a mesma coisa. [...] 

domingo, 17 de janeiro de 2016

Marcha para Satanás reúne 150 pessoas em SP e católicos fazem ato em desagravo.


Durante o último dia do Acampamento Revolução Jesus na Canção Nova, em Cachoeira Paulista, SP, o coordenador do evento, Adriano Gonçalves, teve uma inspiração de pedir aos jovens que caminhassem com uma imagem de Jesus Crucificado pelo Rincão em desagravo à "Marcha de Satanás" que aconteceu neste domingo, no Brasil, em honra ao inimigo de Deus.


“Marcha para o inimigo e o que faremos? Marcharemos com a nossa vida para o céu”, disse Adriano que é uma das mais expressivas lideranças católicas no país. O consagrado da Canção Nova conduziu um comovente momento de oração encerrando o Acampamento que transforma radicalmente a vida de muitos jovens e ainda divulgou o tema para o próximo ano, “Quero voltar ao primeiro amor”.

Jesus não é um comandante que nos obriga a seguir cegamente suas ordens, diz Papa


ANGELUS

Praça de São Pedro
Domingo, 17 de janeiro de 2016

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho deste domingo apresenta o prodigioso evento ocorrido em Cana, um vilarejo da Galiléia, durante uma festa de casamento em que participam também Maria e Jesus, com seus primeiros discípulos (cf. Jo 2,1-11). A Mãe faz notar ao Filho que o vinho acabou, e Jesus, apesar de ter dito que sua hora não havia chegado, atende o pedido da Mãe e dá aos cônjuges o melhor vinho de toda a festa. O evangelista destaca que “este foi o início dos sinais realizados por Jesus; Ele manifestou a sua glória e os seus discípulos creram nele “(v. 11).

Milagres, portanto, são sinais extraordinários que acompanham a pregação da Boa Nova, a fim de despertar ou reforçar a fé em Jesus. No milagre de Caná, podemos ver um ato de benevolência por parte de Jesus para com os recém-casados, um sinal da bênção de Deus sobre o matrimônio. O amor entre o homem e a mulher é, portanto, uma boa maneira de viver o Evangelho, isto é, percorrer com alegria no caminho da santidade.

Mas o milagre de Caná não diz respeito apenas aos esposos. Toda pessoa humana é chamada a encontrar o Senhor de sua vida. A fé cristã é um dom que recebemos no Batismo e que nos permite encontrar Deus. A fé passa por momentos de alegria e de tristeza, de luz e de escuridão, como em toda experiência autêntica do amor. A narração das bodas de Cana convida-nos a redescobrir que Jesus não se apresenta a nós como um juiz pronto a condenar as nossas culpas, nem como um comandante que nos obriga a seguir cegamente suas ordens, se manifesta como Salvador da humanidade, como nosso irmão mais velho, filho do Pai, como aquele que responde às expectativas e promessas de alegria que habitam no coração de cada um de nós.

Então, podemos nos perguntar: realmente conheço o Senhor assim? Eu o sinto próximo a mim e à minha vida? Lhe estou respondendo à altura daquele amor esponsal que Ele, todos os dias, manifesta a mim e a todos os seres humanos? Trata-se de perceber que Jesus nos busca e nos convida a dar-lhe espaço no fundo do nosso coração. E neste caminho de fé com Ele, não estamos sozinhos: recebemos o dom do Sangue de Cristo. As grandes ânforas de pedra cheias de água que Jesus transforma em vinho (v. 7) são um sinal da passagem da antiga para a nova aliança: em vez da água utilizada para o ritual de purificação, recebemos o Sangue de Jesus, derramado sacramentalmente na Eucaristia e de maneira cruenta na Paixão e na Cruz. Os Sacramentos que emanam do Mistério pascal, infundem em nós a força sobrenatural e nos permitem experimentar a infinita misericórdia de Deus.

A Virgem Maria, modelo de meditação das palavras e das obras do Senhor, nos ajude a redescobrir com fé a beleza e a riqueza da Eucaristia e dos outros Sacramentos, que tornam presente o amor fiel de Deus por nós. Podemos assim enamorar-nos sempre mais e mais do Senhor Jesus, nosso Esposo, e encontrá-Lo com as lâmpadas acesas da nossa fé alegre, tornando-se suas testemunhas no mundo.

Depois do Angelus

Católicos e luteranos reúnem-se para o aniversário da Reforma


Católicos e luteranos deram mais um outro passo em direção à comemoração conjunta do 500º aniversário da Reforma em 2017 emitindo orientações litúrgicas comuns para as celebrações ecumênicas que marcarão a ocasião. As orientações, publicadas em uma cartilha chamada “Common Prayer” [orações em comum], fornece um modelo para as celebrações ecumênicas, com rezas sugeridas, hinos e temas para os sermões.

As lideranças católicas no país natal de Lutero, a Alemanha, onde o interesse pelo aniversário é mais forte, rejeitaram, primeiramente, a ideia de “celebrar” o que os luteranos locais já haviam dado o nome de “Reformationsjubiläum” (Jubileu da Reforma). Mas diálogos detalhados entre a Federação Luterana Mundial e o Vaticano produziram um relatório com 93 páginas intitulado “Do Conflito à Comunhão” em 2013 que anunciava que as duas tradições religiosas marcariam o aniversário conjuntamente e apresentariam a Reforma como o começo de uma caminhada compartilhada de 500 anos, em vez de um evento histórico singular e divisor.

As orientações dizem que todas as celebrações devem ressaltar os conceitos de ações de graças, arrependimento e compromisso comum, com o foco principal em Jesus. Elas foram apresentadas em 11 de janeiro pela sede da Federação Luterana Mundial em Genebra e pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidades dos Cristãos.

A Reforma, iniciada com a publicação das 95 Teses de Martinho Lutero em 1517, dividiu o cristianismo ocidental na medida em que os protestantes se distanciaram do catolicismo romano e formaram as suas próprias igrejas. Até cerca de 50 anos atrás, os dois lados viam-se com suspeitas em uma divisão teológica profunda. Porém os debates ecumênicos travados nas últimas décadas alcançaram uma tal reconciliação que os teólogos recentemente sugeriram se explorar a possibilidade de uma comunhão compartilhada, o que a Igreja Católica não se permite com outros cristãos.

Quando uma luterana casada com um católico perguntou ao Papa Francisco sobre a comunhão compartilhada em sua visita à comunidade religiosa dela em Roma no último mês de novembro, ele disse que não poderia decidir a questão, mas deu a entender que a apoia. “É uma questão que as pessoas devem responder por si mesmas (…) Há Um só batismo, um só Senhor, uma só fé. Fale com o Senhor e, em seguida, vá para frente”, disse ele à congregação reunida, que rompeu em aplauso.

A cartilha “Common Prayer” salienta as crenças partilhadas entre o 1,2 bilhão de católicos romanos e os 75 milhões de luteranos de todo o mundo, e aconselha os seus leitores a que as suas recomendações sejam ser ajustadas de acordo com o país e o idioma em que serão usadas.

A seção sobre o arrependimento admite que as guerras religiosas pós-Reforma causaram “mortes de centenas de milhares de pessoas” e enfraqueceram a mensagem evangélica. “Nós lamentamos profundamente as coisas más que os católicos e luteranos fizeram mutualmente uns aos outros”, lê-se. 

Santo Antão (Antônio)


Antão nasceu no Egito, em 251. Era o primogênito de uma família cristã de camponeses abastados e tinha apenas uma irmã. Numa missa foi tocado pela mensagem do Evangelho: "Vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro nos céus. Depois, vem e me segue". Foi exatamente o que ele fez. Distribuiu tudo o que tinha aos pobres, consagrou sua irmã ao estado de virgem cristã e se retirou para um deserto. 

Passou a viver na oração e na penitência, dedicado exclusivamente à Deus. Como era muito procurado, decidiu se retirar ainda para mais longe, vivendo numa gruta abandonada, por dezoito anos.

Aos cinqüenta e cinco anos, atendeu o pedido de seus discípulos, abandonando o isolamento do deserto. Com isto, nasceu uma forma curiosa de eremitas, os discípulos viviam solitários, cada um em sua cabana, mas todos em contato e sob a direção espiritual de Antonio.Passou a ser o modelo do monge recluso e chamado, até hoje, de "pai dos monges cristãos".

Ele também profetizou sua morte, depois de uma última visão de Deus com seus santos, que ocorreu aos cento e cinco anos, em 17 de janeiro de 356.


ORAÇÃO


Deus, doador da vida verdadeira, permite-me perseverar sempre na prática de tua palavra, e já que te conheci pela pregação do Evangelho, dá-me a graça de amar-te cada dia mais intensamente. Amém.

Diáconos: Chamados a ser servidores nas núpcias


Caros candidatos à ordenação! Caros irmãos e irmãs no Senhor!

É o mesmo evangelista João, com as primeiras palavras do Evangelho de hoje, a nos oferecer a chave para entender o misterioso relato das núpcias de Caná. Inicia, de fato, dizendo que aconteceram “no terceiro dia”. Os conhecedores da Terra Santa dizem que lá, segundo um costume que pode chegar à época de Jesus, o dia habitualmente escolhido para as núpcias era o terceiro dia da semana, a terça-feira, assim como para nós geralmente é o sábado. E assim essa notícia nos diz antes de tudo algo de muito comum: como de costume, as núpcias aconteceram no terceiro dia.

Todavia, em João, até mesmo as coisas habituais e simplesmente humanas deixam transparecer o que há de mais elevado, o mistério de Deus e de Jesus Cristo. E assim as palavras sobre esse usual “terceiro dia” são esclarecedoras, levando-nos antes de tudo à Antiga Aliança, onde, sobretudo na relação do Sinai, o terceiro dia é o dia da teofania, do manifestar-se de Deus, do ingresso da sua glória na história dos homens. E em segundo lugar se começa a entrever a luz do Mistério Pascal, que a cristandade, desde o tempo da Igreja primitiva, confessa com essas palavras: “no terceiro dia ressuscitou dos mortos”. A cristandade está persuadida de que só com o Mistério Pascal ocorreu a autêntica, verdadeira e própria teofania de Deus neste mundo, o ingresso da Sua potência e da Sua glória: a Sexta-feira Santa, com a humildade do seu amor que se esquece de si até o abandono total; e o Domingo de Páscoa, com a potência deste amor que destroça as portas da morte e apaga, assim, a lei primária deste mundo, a lei do Stirb und Werde (a “morte como criação” de Goethe), por meio da potência de uma vida não voltada para a morte. O primeiro sinal de Jesus aponta para este Mistério Pascal. Indica o sinal por excelência, que ao mesmo tempo é uma realidade nova que transforma o mundo.

Com este episódio e com a imagem que ele nos oferece, João nos põe diante daquilo que Marcos, ao início do seu Evangelho, sintetiza com poucas palavras, quando diz: “O tempo se completou e o Reino de Deus está próximo: convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 14 s.). Núpcias, comida e vinho são sinais do Mistério Pascal e, por isso, sinais do Reino de Deus. As núpcias e a comida significam que o mundo está em festa, que vem abaixo a cotidianidade cinza. Ocorre a irrupção de um amor que renova as barreiras entre os homens e libera o caminho para uma nova liberdade, para uma nova forma de estar juntos. E o vinho significa a superação das mesmas barreiras do humano, a remoção das barreiras existentes entre o homem e o mundo, assim como indica a riqueza e o refinamento dos dons. Em tudo isso se percebe que haverá um dia a festa de Deus com este mundo.

Na descrição do episódio do Evangelho de hoje é importante também um outro sinal: a abundância. Segundo o que nos indica João, Jesus colocou à disposição dos convidados entre quinhentos e setecentos litros de vinho; portanto, muito mais do que podia ser necessário naquele ponto avançado da festa. Entretanto, exatamente nisto se faz evidente a lei de Deus, a lei do amor: abundância que não tem medida, que não faz cálculos e não se pergunta ainda por quanto seria necessário, mas doa com as mãos cheias, sem perguntar, tornando assim evidente a grandeza, a liberdade festiva do amor. A superabundância é a lei de Deus, a lei do amor e aquela da Nova Aliança. A Nova Aliança inicia só onde cresce uma disposição parecida, que não faz cálculos, não mede, não pesa dizendo: “o que devo fazer ainda para que seja suficiente? ”.