domingo, 13 de março de 2016

Se os católicos dizem que não adoram imagens, por que adoram a cruz?


Em primeiro lugar, é preciso diferenciar a cruz de Cristo (a real, ainda que esteja espalhada pelo mundo inteiro em pequenas lascas) das cruzes que vemos e tocamos.

Na celebração da Sexta-Feira Santa, de fato, há um momento litúrgico em que os fiéis vão “adorar” a cruz: ajoelham-se diante dela, com uma simples inclinação de cabeça, ou a beijam. Este gesto simboliza a adoração à cruz de Jesus, aquela na qual Ele foi pregado (Suma Teológica III, 25, 4).

O que veneramos não é o objeto, mas a verdadeira cruz de Jesus, que o objeto representa. A cruz de Jesus forma uma unidade com Ele, ao estar impregnada do seu sangue precioso. Não podemos separar Cristo da sua cruz na redenção.

É verdade que a cruz foi um instrumento de tortura, mas também é verdade que, unida ao Corpo de Cristo, ela adquire para nós uma conotação totalmente diferente. A cruz adquire um novo significado pela presença de Jesus nela.

Se não podemos separar Jesus da cruz e da obra redentora, tampouco podemos separar o cristão da cruz. Jesus nos pede que carreguemos nossa cruz, e é por isso que não se pode conceber um cristão sem cruz.

Quando a Igreja nos apresenta a cruz para veneração, o que ela nos propõe é que adoremos Jesus sofredor em sua cruz, esse mesmo Jesus no ato da sua imolação.

Adorar a cruz de Jesus é um gesto inclusive de gratidão, de agradecimento ao Senhor Jesus pelo seu amor extremo, redentor e concreto, não só a favor da humanidade em termos coletivos, mas por cada pessoa, individualmente. 

Santa Eufrásia


Santa Eufrásia foi mais ilustre pelas virtudes do que pela nobreza. Nasceu em Constantinopla, por volta de 380. Seus pais eram membros da corte imperial, mas dedicaram a vida de sua filha a Deus pois haviam convertido ao cristianismo.

A mãe de Eufrásia gastava longas horas ensinando à filho o amor a Jesus e o horror ao pecado. Tão interessada era Eufrásia que com apenas cindo anos já causava a admiração de todos.

Com a morte do pai, foi acolhida pelo imperador, que não tardou a procurar-lhe um pretendente para o casamento. Mas a mãe, que queria pureza da filha, levou-a consigo para o Egito, buscando um lugar calmo onde pudessem viver para a total dedicação a Deus. Foram acolhidas em um convento de religiosas, onde puderam cantar louvores diários ao Senhor.

Com dez anos de idade, Eufrásia manifestou a vontade de permanecer naquele convento por toda a vida. Abraçando o crucifixo exclamava: “Eu me consagro para sempre todo a vós, meu doce Jesus. Não quero outro esposo a não ser vós mesmo”. Criou então coragem e escreveu ao imperador para romper os compromissos de matrimônio.

Logo após esta decisão, Eufrásia acompanhou a morte de sua mãe, que abraçada a ela louvou a Deus pela decisão da filha.

Os dias de vida de Eufrásia converteram-se em momentos de oração e penitência, servia a todas as irmãs com humildade e nunca cansava de expressar seu amor a Jesus Cristo.

Eufrásia não comia carne, nem ovos ou óleo; raramente bebia leite e nunca provava vinho ou coisa alguma que lhe agradasse o paladar. Passava dias inteiros em jejum. Trazia o estômago vazio e alma cheia de virtudes.

Sua dedicação ao Cristo trouxe-lhe inúmero desafios no convento. Precisou enfrentar os desmandos de uma abadessa doentia e as acusações infundadas de uma companheira de convento.

Em 410 Eufrásia adormeceu em Cristo e colocou seu nome no rol dos santos. Para todos ela foi um anjo que havia descido do céu.

ORAÇÃO


Querido Deus de bondade, fizeste-nos capazes da amar e de servir. Ajudai-nos a viver esta nossa vocação, seguindo os passos de santa Eufrásia e aprendendo com ela a virtude de servir sem jamais exigir nada em troca. Isso vos pedimos em comunhão com Cristo e com o Espírito Santo.

sábado, 12 de março de 2016

Diante do Pretório de Pilatos


O Pretório de Pilatos ficou conhecido na história por ter sido o local físico onde Jesus foi condenado. O fato se deu, por volta de meio-dia, às vésperas da Páscoa dos Judeus, a maior de suas celebrações litúrgicas (cf. Jo 19,14). 

Pretório era o nome dado pelo Império Romano à residência oficial dos Pro Cônsules, governadores das províncias espalhadas pela enorme extensão territorial ao redor do Mar Mediterrâneo que os romanos chamavam de Mare Nostrum. Pretor, palavra latina que significa líder, era a mais alta patente entre os comandantes da República Romana, posteriormente, substituída pela dignidade de Cônsul.

Dizem a Sagradas Escrituras que, depois de ser julgado por autoridades religiosas dos judeus, Jesus foi apresentado à autoridade máxima do Império na Judéia que era Pôncio Pilatos, sendo acusado de ameaçador do poder imperial, porque se apresentava como rei. Incitando as multidões contra o Mestre de Nazaré, os fanáticos líderes judaicos o acusavam no campo doutrinal de se fazer filho de Deus. Porém este argumento não interessava às autoridades romanas que pouco valorizavam as religiões em suas províncias, uma vez que era um império politeísta, e para seus proveitos políticos, apenas era-lhes muito útil ter boas relações com as lideranças religiosas. Por esta razão, era necessário encontrar um motivo político para a condenação de Jesus. 

Pôncio Pilatos governou a Província da Judéia, como Praefectus, entre os anos 26 a 36 d.C. Os evangelhos não comentam sobre sua personalidade, porém historiadores da época o apresentam com pessoa de caráter forte, violento e bajulador do Imperador. Flavio José, historiador pagão, expõe tal caráter de Pilatos, afirmando que, quando entrou solenemente em Jerusalém para tomar posse de seu cargo, exibia consigo um medalhão com o rosto do Imperador, provocando a ira dos judeus que chegavam a ser fanáticos contra o uso de esculturas. Há registros históricos de uso abusivo da força no combate a sedições e revoltas de populares. Exorbitando seu poder, teria confiscado bens do templo para construir um aqueduto. Euzébio de Cesárea, primeiro historiador da igreja, afirma que no governo de Calígula, Pilatos não teria conseguido a simpatia do Imperador e que cometeu suicídio no ano 37 d.C.  

Convidados para o Sacramento da Penitência


O Sacramento da Penitência é o sacramento da conversão profunda, porque realiza, de maneira sacramental, o apelo de Jesus à conversão e o esforço de regressar à casa do Pai, do qual o pecador se afasta pelo pecado. Pode, também, ser chamado de Sacramento da Confissão, porque o penitente reconhece diante do sacerdote ser pecador e confessa os seus pecados, reconhecendo o delito e pedindo a santidade de Deus e a sua infinita misericórdia pelo perdão de seus pecados. Pode, ainda, ser chamado de Sacramento do Perdão, porque pela absolvição sacramental do sacerdote o penitente recebe da parte de Deus e da Igreja o perdão e a paz. Por fim, é chamado de Sacramento da Reconciliação, porque no ato de se confessar o pecador recebe o amor generoso do Pai e reconcilia-se com Deus, com a comunidade e com os irmãos.

Durante a experiência das “24 horas para o Senhor” pedida pelo Papa Francisco, que veio se juntar aos “mutirões de confissões” que já existem em nossas Dioceses vimos como o povo veio buscar a reconciliação e o perdão. O abraço da Igreja anunciando o Pai Misericordioso que enviou o seu Filho para nos salvar trouxe a cada um a vida nova. É a experiência do perdão e da reconciliação que transforma as vidas.

Aproximar-se do confessionário, depois de um acurado exame de consciência, é viver o apelo de Jesus à conversão e à penitência. Sim, uma conversão profunda de dentro para fora, do coração. O Catecismo da Igreja Católica no seu número 1432 ensina que “o coração do homem é pesado e endurecido. É necessário que Deus dê ao homem um coração novo (20). A conversão é, antes de mais, obra da graça de Deus, a qual faz com que os nossos corações se voltem para Ele: ‘Convertei-nos, Senhor, e seremos convertidos’ (Lm 5, 21). Deus é quem nos dá a coragem de começar de novo. É ao descobrir a grandeza do amor de Deus que o nosso coração é abalado pelo horror e pelo peso do pecado, e começa a ter receio de ofender a Deus pelo pecado e de estar separado d'Ele. O coração humano converte-se, ao olhar para Aquele a quem os nossos pecados trespassaram”.

A praxe de confessar faltas ao sacerdote já estava em vigor no Antigo Testamento. O livro do Levítico mostra vários casos em que o perdão do pecado era realizado por meio de confissão. Um caso de confissão pública: “Aquele que se tornar culpado de uma destas três coisas (recusa de testemunho, contatos impuros, juramentos levianos), confessará o pecado cometido, e o sacerdote fará por ele o rito de expiação” (Lv 5,5s).

Em outros casos a confissão era feita diretamente ao sacerdote, como em Lv 5,23-25: “Se alguém pecar recusando devolver ao próximo algo extorquido ou roubado, deverá restituir o valor ao proprietário respectivo. Depois levará ao Senhor, como sacrifício de reparação, um carneiro, sem defeito, do seu rebanho. Será avaliado segundo o valor estabelecido pelo sacerdote para um sacrifício de reparação”. 

Católicos aumentam mais rápido do que população mundial


O número de católicos aumentou com um ritmo mais rápido que o resto da população, segundo as estatísticas reveladas recentemente pela Santa Sé.

O Vaticano divulgou no último sábado que em breve estarão à venda o Anuário Pontifício 2016 e o Annuarium Statisticum Ecclesiae 2014, redigidos pelo Escritório Central de Estatísticas da Igreja que revelam, entre outras coisas, que entre 2005 e 2014 o número de católicos a nível mundial aumentou em 17,8 por cento (de 1.115 milhões a 1.272 milhões), comparado com a população mundial que aumentou em 17,3 por cento.

Segundo os dados, durante estes nove anos, os católicos cresceram em 41 por cento na África, enquanto sua população cresceu 23,8 por cento. Na Ásia, os católicos cresceram em 20 por cento, enquanto o número de habitantes só aumentou 9,6 por cento.

Na América, o aumento de fiéis foi de 11,7 por cento, frente aos 9,6 de crescimento demográfico.

Um cenário diferente é visto na Europa, onde os católicos cresceram apenas em 2 por cento, uma percentagem “ligeiramente superior ao crescimento da população”. Na Oceania, os católicos cresceram menos que a população: 15,9 por cento frente aos 18,2 por cento.

Segundo a Santa Sé, para 2014, a América reúne a maior percentagem de católicos com quase 48 por cento. Em seguida, aparece a Europa com 22,6 por cento, África com 17 por cento, Ásia com 10,9 e Oceania com 0,8.

Bispos e sacerdotes

As estatísticas indicam que entre 2005 e 2014 os bispos aumentaram 8,2 por cento, passando de 4.841 a 5.237. O maior crescimento aconteceu na Ásia, com 14,3 por cento, África com 12,9 por cento; enquanto a América registrou um aumento de 6,9 por cento, Europa 5,4 e Oceania com 4 por cento.

Durante estes nove anos, aconteceram 9.381 ordenações sacerdotais diocesanas e religiosas, passando de 406.411 a 415.792 presbíteros no total. O maior aumento ocorreu na África com 32,6 e na Ásia com 27,1 por cento. Mas na Europa e na Oceania os sacerdotes diminuíram de 8 e 1,7 por cento, respectivamente.

Aumentam diáconos e diminuem religiosos

Segundo a Santa Sé, os diáconos permanentes passaram de 33.000 em 2005 para 44.566 em 2014. Isto significa um aumento de 33,5 por cento. A grande maioria está presente na América do Norte e na Europa (97,5 por cento), mas sua presença é mínima na África e na Ásia (1,7 por cento).

Mas, registraram uma pequena redução dos religiosos professos não sacerdotes. Em 2005 eram 54.708, enquanto em 2014 a cifra era de 54.559.

No caso das religiosas professas, seu número diminuiu em 10,2 por cento durante estes nove anos. Em 2014 eram 682.729. Entretanto, enquanto na Europa e na América diminuíram em 70,8 e 63,5 por cento; na África e na Ásia aumentaram em 27,8 e 35,3 por cento, respectivamente. 

Via-Sacra: origem e finalidade


Você já deve ter se perguntado: O que significa Via-sacra? Como surgiu? Pra que serve? Dentre estas e outras indagações, iremos pincelar respostas para tais de forma rápida e objetiva. Começando a entender um pouco o significado e origem.

O que significa?

VIA-SACRA, ou, VIA CRUCIS é um exercício religioso muito usual no tempo da Quaresma, no qual medita em 14 Estações, a Via Dolorosa, ou seja, a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Como surgiu?

Teve origem na época das Cruzadas, por volta dos séculos XI e XIII. Os fiéis que percorriam os lugares sagrados da Paixão de Cristo na Terra Santa, quiseram reproduzir no Ocidente a peregrinação feita ao longo da Via Dolorosa em Jerusalém.

Das Estações

O número de Estações ou etapas dessa caminhada foi sendo definido paulatinamente, chegando à forma atual, de quatorze estações, no século XVI. O Papa João Paulo II introduziu, em Roma, a mudança de certas cenas desse percurso não relatadas nos Evangelhos por outros quadros narrados pelos evangelistas. 

Advogados pedem 2 anos de prisão para feministas que profanaram Catedral de Almudena em Madri


A Associação Espanhola ‘Abogados Cristianos’ (Advogados Cristãos) pediu dois anos de prisão para as duas ativistas feministas que ficaram seminuas no dia 13 de junho de 2014 no altar maior da Catedral de Almudena, em Madri (Espanha), a fim de protestar em favor do aborto.

Fontes jurídicas informaram que a Associação apresentou seu escrito de acusação ante o Tribunal de Instrução número 29 de Madri, o qual investiga a causa contra as duas jovens que se amarraram ao crucifixo do altar do templo com o lema “Altar para abortar” escrito em seu colo nu.

Através deste protesto, pretendiam “mostrar seu desacordo de forma político-artística”.

A Associação ‘Abogados Cristianos’ as acusa de ter provocado a discriminação, o ódio e a violência por motivos religiosos, contra os sentimentos religiosos e por interromper atos das confissões religiosas.

Também acrescentaram a este ato um delito de profanação e outro de ofensa aos sentimentos religiosos com agravante, pois, segundo as fontes, o protesto foi realizado com fins lucrativos, como o evidenciam as fotos que vendiam no site das feministas. 

Toda a atividade humana deve ser purificada no mistério pascal


A Sagrada Escritura, confirmada pela experiência dos séculos, ensina à família humana que o progresso, grande bem para o homem, traz também consigo uma enorme tentação. De fato, quando a hierarquia de valores é alterada e o bem e o mal se misturam, os indivíduos e os grupos consideram somente seus próprios interesses e não o dos outros.

Por esse motivo, o mundo deixa de ser o lugar da verdadeira fraternidade, enquanto o aumento do poder da humanidade ameaça destruir o próprio gênero humano.

Se alguém pergunta como pode ser vencida essa miserável situação, os cristãos afirmam que todas as atividades humanas, quotidianamente postas em perigo pelo orgulho do homem e o amor desordenado de si mesmo, precisam ser purificadas e levadas à perfeição por meio da cruz e ressurreição de Cristo.

Redimido por Cristo e tornado nova criatura no Espírito Santo, o homem pode e deve amar as coisas criadas pelo próprio Deus. Com efeito, recebe-as de Deus; olha-as e respeita-as como dons vindos das mãos de Deus.

Agradecendo por elas ao divino Benfeitor e usando e fruindo das criaturas em espírito de pobreza e liberdade, é introduzido na verdadeira pose do mundo, como se nada tivesse e possuísse: Tudo é vosso, mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus (1Cor 3,22-23).

O Verbo de Deus, por quem todas as coisas foram feitas, que se encarnou e veio habitar na terra dos homens, entrou como homem perfeito na história do mundo, assumindo-a e recapitulando-a em si. Ele nos revela que Deus é amor (1Jo 4,8) e ao mesmo tempo nos ensina que a lei fundamental da perfeição humana, e, portanto, da transformação do mundo, é o novo mandamento do amor.

Aos que acreditam no amor de Deus, ele dá a certeza de que o caminho do amor está aberto a todos os homens e não é inútil o esforço para instaurar uma fraternidade universal. Adverte-nos também que esta caridade não deve ser praticada somente nas grandes ocasiões, mas, antes de tudo, nas circunstâncias ordinárias da vida.

Sofrendo a morte por todos nós pecadores, ele nos ensina com o seu exemplo que devemos também carregar a cruz que a carne e o mundo impõem sobre os ombros dos que procuram a paz e a justiça.

Constituído Senhor por sua ressurreição, Cristo, a quem foi dado todo poder no céu e na terra, age nos corações dos homens pelo poder de seu Espírito. Não somente suscita o desejo do mundo futuro, mas anima, purifica e fortalece por esse desejo os propósitos generosos com que a família humana procura melhorar suas condições de vida e submeter para este fim a terra inteira.

São diversos, porém, os dons do Espírito. Enquanto chama alguns para testemunharem abertamente o desejo da morada celeste e conservarem vivo esse testemunho na família humana, chama outros para se dedicarem ao serviço terrestre dos homens e prepararem com esse ministério a matéria do reino dos céus.

A todos, porém, liberta para que, renunciando ao egoísmo e empregando todas as energias terrenas em prol da vida humana, se lancem decididamente para as realidades futuras, quando a própria humanidade se tornará uma oferenda agradável a Deus.


Da Constituição pastoral Gaudium et Spes sobre a Igreja no mundo de hoje, do Concílio Vaticano II
(N.37-38)
(Séc.XX)