sábado, 2 de abril de 2016

“É prova de uma submissão pouco sincera estabelecer uma oposição entre um Pontífice e outro”, Papa Leão XIII


O blog “Tradição em Foco com Roma” publicou a tradução de uma interessante carta do Papa Leão XIII ao Cardeal Guibert, então arcebispo daFrança. Buscando o original, encontrei a Lettre de Sa Sainteté a Son Em. Le Cardinal Guibert aqui (a partir da página 12). As admoestações do Papa feitas em 17 de junho de 1885 são bastante atuais e podem servir para lançar luzes sobre a situação atual da Igreja: se é verdade que passamos por uma crise talvez sem precedentes na história da Igreja, não é menos verdadeiro que Cristo instituiu sobre esta terra uma Igreja Indefectível e, por mais que as coisas nos pareçam difíceis, não podemos perder de vista a força daquele vigoroso NON PRAEVALEBUNT que a tantos séculos Nosso Senhor decretou na Cesaréia.

É claro que a infalibilidade da Igreja é restrita e não ampla: ela engloba os atos do Magistério Supremo entendidos como tais, e não todo pronunciamento de qualquer prelado. No entanto, o contrário de “ser infalível” não é “errar”, como alguns parecem gostar de concluir em um exercício totalmente heterodoxo de lógica proposicional. É bem verdade que há, em princípio, situações nas quais o católico – mesmo o leigo – tem mesmo o dever de desobedecer às ordens da autoridade legítima; inobstante, transformar uma hipótese extraordinária na regra de fé ordinária é uma interpretação tão perigosamente elástica da doutrina católica que deveria ao menos provocar um certo incômodo naqueles que se sabem feridos pelo Pecado Original. Deveria pelo menos lhes deixar com alguma dificuldade de consciência. Como eu escrevi aqui lá no primeiro ano do Deus lo Vult!:

Sempre é possível inventar exemplos e mais exemplos de situações hipotéticas nas quais o homem estaria realmente dispensado da obediência e ainda nas quais obedecer cegamente seria um pecado; mas quando esta hipótese é aplicada amiúde em situações concretas que não guardam com os exemplos aventados senão uma vaga e forçada semelhança, então nós temos um sério problema: nós temos a repetição do non serviam primordial sob uma nova roupagem. Afinal, aquele que é capaz de “se transfigura[r] em anjo de luz” (2Cor 11, 14) também é capaz de dar ao seu brado rebelde uma aparência de virtude.

Abaixo, um excerto da supracitada carta de Leão XIII, com grifos meus. Para uma leitura na íntegra, remeto aos links que foram colocados no início deste post.

* * *

Por certos índices que se observam, não é difícil constatar que, entre os católicos, certamente em razão da infirmeza do tempo, existem os que, pouco contentes com sua situação de súditos que têm na Igreja, creem poder ter alguma parte em seu governo ou pelo menos imaginam que lhes é permitido examinar e julgar à sua maneira os atos da autoridade. Se isto prevalecesse, seria um grande dano na Igreja de Deus, na qual, pela vontade manifesta de seu divino Fundador, distingue-se no seu pessoal os que são ensinados e os que ensinam, o rebanho e os pastores, entre os quais um é o chefe e o pastor supremo de todos.

Apenas aos pastores foi dado poder de ensinar, de julgar, de corrigir, aos fiéis foi imposto o dever de seguir os ensinamentos, de submeter-se com docilidade ao julgamento e de deixar-se governar, corrigir, conduzir à salvação. Assim é absolutamente necessário que os simples fiéis se submetam de espírito e de coração a seus próprios pastores, e esses com eles ao Chefe e Pastor supremo; é nesta subordinação e dependência que gira a ordem e a vida da Igreja; é nela que se funda a condição indispensável do bem fazer e tudo levar a bom porto. Ao contrário, se ocorre que os simples fiéis se atribuem autoridade, se eles a pretendem como juízes e senhores; se os subordinados, no governo da Igreja universal, preferem ou tentam fazer prevalecer uma diretriz diversa daquela traçada pela autoridade suprema, é uma subversão da ordem; leva-se dessa forma a confusão a muitos espíritos, e sai-se do caminho.

E não é necessário, para faltar a um dever tão santo, fazer ato de oposição manifesta, seja aos bispos, seja ao chefe da igreja, é bastante que tal oposição se faça por meios indiretos, tão mais perigosos quanto mais ocorre a preocupação de escondê-los por aparências contrárias. Desta forma, falta-se a esse dever sagrado desde que, ao mesmo tempo que se manifesta zelo pelo poder e as prerrogativas do Supremo Pontífice, não se respeitam os bispos que a ele estão unidos, não se tem em conta suficiente a sua autoridade, e se interpretam lamentavelmente seus atos e suas intenções sem aguardar o julgamento da Sé Apostólica. 

"Enquanto Jesus lava os pés, Judas o vende por dinheiro", diz Papa


SANTA MISSA  IN COENA DOMINI

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

C.A.R.A. Auxilium
 Castelnuovo di Porto (Roma)
Quinta-feira Santa, 24 de março de 2016

Os gestos falam mais do que as imagens e as palavras. Os gestos. Há, nestas Palavra de Deus que lemos, dois gestos: Jesus que serve, que lava os pés. Ele, que era o chefe, lava os pés aos outros, aos seus, aos mais pequeninos. O segundo gesto: Judas que vai ter com os inimigos de Jesus, com aqueles que não querem a paz com Jesus, para receber o dinheiro com o qual o atraiçoou, as 30 moedas. Dois gestos. Também hoje há dois gestos: o primeiro é o desta tarde: todos nós, juntos, muçulmanos, hindus, católicos, coptas, evangélicos, mas irmãos, filhos do mesmo Deus, que desejamos viver em paz, integrados. O outro gesto é o de há três dias: um gesto de guerra, de destruição numa cidade da Europa, de gente que não quer viver em paz. Mas por detrás daquele gesto, como por detrás de Judas, havia outros. Por detrás de Judas estavam aqueles que deram o dinheiro para que Jesus fosse entregue. Por detrás daquele gesto de há três dias naquela capital europeia, estão os fabricantes, os traficantes de armas que querem o sangue, não a paz; querem a guerra, não a fraternidade.

São Francisco de Paula


No dia 27 de março de 1416, nasceu, numa família de lavradores, um menino que recebeu o nome de Francisco, em homenagem ao Pobrezinho de Assis. Sua família, muito religiosa, foi o berço de uma esplendorosa vocação.

Aos onze anos, Francisco foi viver no convento dos franciscanos. Francisco começou a observar a regra com tanta exatidão, que se tornou modelo até para os frades mais experimentados nas práticas religiosas.

Dois anos depois vestiu o hábito. Sua vida no convento franciscano foi cercada de prodígios. Encarregado da cozinha, Francisco colocou os alimentos na panela e esta sobre o carvão, esquecendo-se contudo de acendê-lo. Foi depois para a igreja rezar e entrou em êxtase, esquecendo-se da hora. Quando alguém, que passara pela cozinha e vira o fogo apagado, chamou-o perguntando se a refeição estava pronta, Francisco, sem titubear, respondeu que sim. E chegando à cozinha, encontrou o fogo aceso e os alimentos devidamente cozidos.

Algum tempo depois nosso jovem teve de retornar para a família pois estava com uma grave enfermidade nos olhos. Junto com seus pais pediu para que São Francisco de Assis o ajudasse a ficar curado. Assim, aos treze anos, curado de sua enfermidade, Francisco foi se dedicar à oração contemplativa e à penitência, nas montanhas da região.

Viveu por cinco anos alimentando-se de ervas silvestres e água, dormindo no chão, tendo como travesseiro uma pedra. Fundou primeiro um mosteiro e com isso consolidou uma nova Ordem religiosa, que deu o nome de "Irmãos Mínimos". Seu lema era: "Quaresma perpétua", o que significava a observância do rigor da penitência, do jejum e da oração contemplativa durante o ano todo, seguida da caridade aos mais necessitados e a todos que recorressem à eles.

Francisco passava as noites em prece. Seu hábito era de um tecido grosseiro, que ele portava de dia e de noite. Seu rosto, sempre tranquilo e ameno, parecia não se ressentir das austeridades que praticava nem dos efeitos da idade, pois era cheio, sereno e rosado.

Sua fama de possuir dons de cura, prodígios e profecia chegaram ao Vaticano, e o Papa Paulo II resolveu mandar um comissário pessoalmente averiguar se as informações estavam corretas. Sabiamente o comissário papal constatou-se que Francisco de Paula era portador de todos esses dons.

Depois, o Papa mandou que Francisco de Paula fosse à França, pois o rei, Luís XI, estava muito doente e desejava se preparar para a morte ao lado do famoso monge. A conversão do rei foi extraordinária. Antes de morrer restabeleceu a paz com a Inglaterra e com a Espanha e nomeou Francisco de Paula, diretor espiritual do seu filho, o futuro Carlos VIII, rei da França.

Ele morreu, aos noventa e um anos de idade. A fama de sua santidade só fez aumentar, tanto que doze anos depois, em 1519, o Papa Leão X autorizou o culto de Santo Francisco de Paula, cuja festa litúrgica ocorre no dia de sua morte.

Suas devoções particulares consistiam em cultuar o mistério da Santíssima Trindade, da Anunciação da Virgem, da Paixão de Nosso Senhor, bem como os santíssimos nomes de Jesus e Maria. 


Ó Deus, só vós sois santo e sem vós ninguém pode ser bom. Pela intercessão de São Francisco de Paula, dai-nos viver de tal modo, que não sejamos despojados da vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

A unção do Espírito Santo


Batizados em Cristo e revestidos de Cristo, vós vos tomastes semelhantes ao Filho de Deus. Com efeito, Deus que nos predestinou para a adoção de filhos tornou-nos semelhantes ao corpo glorioso de Cristo. Feitos, portanto, participantes do corpo de Cristo, com toda razão sois chamados "cristãos", isto é, ungidos; pois foi de vós que Deus disse: Não toqueis nos meus ungidos (Sl 104,15).

Tomastes-vos "cristãos" no momento em que recebestes o selo do Espírito Santo; e tudo isto foi realizado sobre vós em imagem, uma vez que sois imagem de Cristo. Na verdade, quando ele foi batizado no rio Jordão e saiu das águas, nas quais deixara a fragrância de sua divindade, realizou-se então a descida do Espírito Santo em pessoa, repousando sobre ele como o igual sobre o igual.

O mesmo aconteceu convosco: depois que subistes da fonte sagrada, o óleo do crisma vos foi administrado, imagem real daquele com o qual Cristo foi ungido, e que é, sem dúvida, o Espírito Santo. Isaías, contemplando profeticamente este Espírito, disse em nome do Senhor: O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu; enviou-me para dar a boa-nova aos humildes (Is 61,1).

Cristo jamais foi ungido por homem, seja com óleo ou com outro unguento material. Mas o Pai, ao predestiná-lo como Salvador do mundo inteiro, o ungiu com o Espírito Santo. É o que nos diz Pedro: Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo (At 10,38). E o profeta Davi cantava: Vosso trono, ó Deus, é eterno, sem fim; vosso cetro real é sinal de justiça: vós amais a justiça e odiais a maldade. É por isso que Deus vos ungiu com seu óleo, deu-vos mais alegria que aos vossos amigos (Sl 44,7-8).

Cristo foi ungido com o óleo espiritual da alegria, isto é, com o Espírito Santo, chamado óleo de alegria, precisamente por ser o autor da alegria espiritual. Vós, porém, fostes ungidos com o óleo do crisma, tornando-vos participantes da natureza de Cristo e chamados a conviver com ele.

Quanto ao mais, não julgueis que este crisma é um óleo simples e comum. Depois da invocação já não é um óleo simples e comum, mas um dom de Cristo e do Espírito Santo, tornando-se eficaz pela presença da divindade. Simbolicamente unge-se com ele a fronte e os outros membros. E enquanto o corpo é ungido com óleo visível, o homem é santificado pelo espírito que dá a vida. 



Das Catequeses de Jerusalém

(Cat. 21, Mystagogica 3,1-3; PG 33,1087-1091) (Séc. IV)

Coroinhas: 3 erros que seu grupo está provavelmente cometendo


1. Dar mais importância ao serviço que à formação e à oração

Esse é o maior erro que a maioria dos grupos comete. E em nossa época de secularismo e de materialismo, dá até para entender. Mas se um grupo quer realmente ser bom, ele precisa antes de tudo se doar à vida interior. O apostolado do serviço do altar é sublime, mas sem vida interior ele não produz frutos.

E o que é a vida interior? A vida interior, ou a vida sobrenatural, é a íntima ligação com Deus através da Oração, da Meditação, das Leituras Espirituais, do estudo das coisas santas e sobretudo na busca sincera pela santidade. A vida interior é a alma do apostolado. É o pavio que faz a vela dar luz e calor. Sem a vida interior, tudo o que fazemos é inútil. Um grupo sem vida interior, isto é, sem oração e sem o aprofundamento no estudo das coisas de Deus pode ter o melhor cerimonial do mundo, as melhores batinas, ser constituído dos coroinhas mais famosos e bem treinados do mundo. Sem vida interior, tudo isso será apenas pura vaidade.

Diz S. Boaventura: O segredo do apostolado encontra-se aos pés do crucifixo, e não na ostentação de qualidades brilhantes

Do mesmo modo dizemos: O segredo de um bom grupo está aos pés do crucifixo. Na oração. A formação, o serviço e a oração são importantes num grupo de coroinhas, mas desses três a oração é superior. E entre o serviço e a formação, é mais importante um grupo bem formado. Antes um grupo que reze o rosário que um grupo que saiba servir!

2. Dar pouca ou muita importância a algumas coisas

O ser humano é constituído de corpo e alma, e com o corpo e a alma deve adorar a Deus. Por isso, é importante colocar regras mínimas quanto às coisas exteriores. Mas nem sempre isso acontece. Ou às vezes acontece de uma maneira exagerada.

Algumas coisas que provavelmente seu grupo dá mais importância do que deveria:

§  A veste dos membros. Certo que devemos ter cuidado e zelo para com as vestes, mas tem grupo que poderia bem se chamar “pastoral da veste”.

§  O papel do coordenador. O coordenador deve, sem dúvidas, se destacar como o líder do grupo. Um grupo sem um bom líder não vai pra frente. Mas tem muito coordenador que transformou o grupo numa panelinha de seus admiradores. Pior que um coordenador ruim é um coordenador orgulhoso!

§  O papel do cerimoniário. Para muitos, parece que ser cerimoniário é um troféu. Alguns ainda enchem a boca e dizem “Eu sou cerimoniário a x anos!”, como se isso fosse grande coisa. Um cerimoniário conforme o Espírito da Liturgia já percebeu que, na verdade, é um “servo inútil” da Liturgia, jamais seu senhor.

§  A diferença entre coroinhas e acólitos. Exceto se estivermos falando de acólitos instituídos, não há nenhuma diferença natural entre coroinhas e “acólitos”. Algumas paróquias diferenciam pela idade ou pela experiência, mas na prática são ambos a mesma coisa: Servidores do altar. Então paremos de ficar falando “o que precisa ser para se tornar acólito?” ou “sou coroinha há dois anos, sonho em um dia ser acólito” ou ainda o absurdo: “Sou acólito há um ano, mas nunca fui coroinha. 

Santo Hugo de Grenoble


Hugo nasceu numa família nobre em 1053 em Castelnovo, na França. Seu pai, Odilon de Castelnovo era um soldado da corte que depois de viúvo se casou de novo. Hugo era filho da segunda esposa. Sua mãe ocupou-se pessoalmente da educação dos filhos, conduzindo-os pelos caminhos da caridade, oração e penitência, conforme os preceitos cristãos.

Aos vinte e sete anos, Hugo foi ordenado padre e nomeado cônego. Na arquidiocese de Lião trabalhou como secretário do arcebispo. Nessa época recebeu a primeira de uma série de missões apostólicas que o conduziriam para a santidade. Foi designado, por seu superior, para trabalhar na delegação do Papa Gregório VII. Reconhecendo sua competência, inteligência, prudência e piedade, o Papa o nomeou para uma missão mais importante ainda: renovar a diocese de Grenoble.

Grenoble era uma diocese muito antiga, situada próxima aos Alpes, entre a Itália e a França, possuía uma vasta e importante biblioteca, rica em códigos e manuscritos antigos. A região era muito extensa e tinha um grande número de habitantes, mas suas qualidades terminavam aí. Há tempos a diocese estava vaga, a disciplina eclesiástica não mais existia e até os bens da Igreja estavam depredados.

Hugo foi nomeado bispo e começou o trabalho, mas eram tantas as resistências que renunciou ao cargo e retirou-se para um mosteiro. Mas, sua vida de monge durou apenas dois anos. O Papa insistiu porque estava convencido que ele era o mais capacitado para executar essa dura missão e fez com que o próprio Hugo percebesse isso também, reassumindo o cargo.

Cinco décadas depois de muito trabalho, árduo mas frutífero, a diocese estava renovada e inclusive abrigava o primeiro mosteiro da Ordem dos monges cartuchos. Foram cinquenta e dois anos de um apostolado profundo que uniu o povo na fé em Cristo.

Hugo morreu com oitenta anos de idade, cercado pelos seus discípulos monges cartuchos que o veneravam pelo exemplo de santidade em vida.



São Hugo de Grenoble, alcançai-me uma vida de contemplação, oração, escuta de Deus, trabalho e disciplina, a fim de que eu não desperdice meu tempo com coisas levianas e passageiras que comprometam minha salvação. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

quinta-feira, 31 de março de 2016

O Batismo, sinal da paixão de Cristo


Fostes conduzidos à santa fonte do divino Batismo, como Cristo, descido da cruz, foi colocado diante do sepulcro. 

A cada um de vós foi perguntado se acreditava no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Vós professastes a fé da salvação e fostes por três vezes mergulhados na água e por três vezes dela saístes; deste modo, significastes, em imagem e símbolo, os três dias da sepultura de Cristo. 

Assim como nosso Senhor passou três dias e três noites no seio da terra, também vós, na primeira emersão, imitastes o primeiro dia em que Cristo esteve debaixo da terra; e na imersão, a primeira noite. De fato, como aquele que vive nas trevas não enxerga nada, pelo contrário, aquele que anda de dia está envolvido em plena luz. Assim também vós, na imersão, como que mergulhados na noite, nada vistes; mas na emersão, fostes como que restituídos ao dia. Num mesmo instante, morrestes e nascestes, e aquela água de salvação tornou-se para vós, ao mesmo tempo, sepulcro e mãe. 

Apesar de situar-se em outro contexto, a vós se aplica perfeitamente o que disse Salomão: Há um tempo para nascer e um tempo para morrer (Ecl 3,2). Convosco sucedeu o contrário: houve um tempo para morrer e um tempo para nascer. Num mesmo instante realizaram-se ambas as coisas e, com a vossa morte, coincidiu o vosso nascimento.  

Ó fato novo e inaudito! Na realidade, não morremos nem fomos sepultados nem crucificados nem ainda ressuscitamos. No entanto, a imitação desses atos foi expressa através de uma imagem e daí brotou realmente a nossa salvação. 

Cristo foi verdadeiramente crucificado, verdadeiramente sepultado e ressuscitou verdadeiramente. Tudo isto foi para nós um dom da graça, a fim de que, participando da sua paixão através do mistério sacramental, obtenhamos na realidade a salvação. 

Ó maravilha de amor pelos homens! Em seus pés e mãos inocentes, Cristo recebeu os cravos e suportou a dor; e eu, sem dor nem esforço, mas apenas pela comunhão em suas dores, recebo gratuitamente a salvação. 

Ninguém, portanto, julgue que o batismo consista apenas na remissão dos pecados e na graça da adoção filial. Assim era o batismo de João que concedia tão-somente o perdão dos pecados. Pelo contrário, sabemos perfeitamente que o nosso batismo não só apaga os pecados e confere o dom do Espírito Santo, mas é também o exemplar e a expressão dos sofrimentos de Cristo. É por isso mesmo que Paulo exclama: Será que ignorais que todos nós, batizados em Jesus Cristo, é na sua morte que fomos batizados? Pelo batismo na sua morte, fomos sepultados com ele (Rm 6,3-4).



Das Catequeses de Jerusalém

(Cat. 20, Mystagogica 2, 4-6: PG 33,1079-1082)     (Séc.IV)

Os três antecessores de Lutero


1º -SATANÁS:

O pai da divisão causou uma cisão no corpo celeste convertendo ao animo rebeliônico um terço dos habitantes do céu. Ap,12,4: “Varria com sua cauda uma terça parte das estrelas do céu”. A maldade da terra é incitada pelo animo dos espíritos caídos (Dn 10.12-13; Ef 6.12), sua expedição é frustrar os planos de Deus sob a regência do príncipe desse mundo, Satanás, o “deus deste século” (2 Co 4.4).

2º-CORÉ:

Pondo-se contra o patriarcado de Moisés o qual foi instituído por Deus, Coré propôs uma reforma causando uma ruptura no corpo do tabernáculo da lei (Nm 16,1-3), mas Deus devorou a todos que seguiram a reforma proposta por ele. Nm 16,31: “[...] fendeu-se a terra debaixo de seus pés”. Nm 16,32: “e, abrindo sua boca, os devorou com toda a sua família, todos os seus bens e TODOS OS HOMENS DE CORÉ”. Nm 16,33: “Desceram vivos à morada dos mortos [...]”.

3º-JUDAS ISCARIOTES:

Nascido em Queriote-Ezron (Js 15,21) que segundo São Jerônimo era um conjunto de aldeias localizada na judeia no território da tribo de Judá, Judas o traidor, foi o primeiro a abandonar o corpo da Igreja apostólica. Curiosamente, assim como São Pedro era o primeiro citado na lista de Apóstolos (Mt 10,2; Lc 6,13-16) Judas era o último (Mt 10,2-4; Mc 3,16-19; Lc 6,13-16). Sua ação subversiva segundo os dois primeiros evangelhos foi movida por avareza (Mt 26,14-16; Mc14,10-11) e segundo os dois últimos, por influência de Satanás ((Lc 22,3; Jo 13,2-27) o que coincide com o pai do protestantismo.