Acolhimento e misericórdia
O início do Tempo Pascal, que coincide com o início do mês de abril, neste ano de 2016, não é uma simples lembrança dos primeiros tempos do cristianismo, relatada nos Atos dos Apóstolos sobre a formação da Igreja, nos dias que sucederam à Ressurreição de Jesus. Mais que isso, o Tempo Pascal é uma memória viva da criatividade evangelizadora dos primeiros cristãos para que a Igreja, em todos os tempos e em todas as terras, não se deixe vencer pelos desafios, pelos confrontos e até mesmo pelos erros.
A descrição da porta fechada do Cenáculo, no 2º Domingo da Páscoa - C, é um símbolo indicativo de uma Igreja fechada em si mesma, medrosa e distante do povo. Uma Igreja que não vive misericordiosamente no meio do povo. A presença de Jesus ressuscitado na comunidade abre as portas da Igreja e a transforma em Igreja que misericordiosamente promove transformações sociais. Por isso, no Domingo dedicado especialmente à misericórdia divina (2DTP), nos deparamos com o modo misericordioso da Igreja estar no mundo: de portas abertas e testemunhando a Ressurreição de Jesus pelo acolhimento de todos os necessitados de misericórdia. De fato, Jesus não edificou uma Igreja para encarcerar pessoas entre paredes e com portas fechadas, mas para viver “a bem-aventurança da fé mesmo sem ver”, no meio da sociedade.
A partir deste enfoque, entende-se a atividade eclesial em sua missão evangelizadora, no 3º e 4º Domingo do Tempo Pascal – C em vista da transformação social a partir do Mandamento Novo (5DTP-C).
Missão evangelizadora
Lemos, no encontro de Jesus com os Apóstolos, na praia, narrado no 3º Domingo da Páscoa - C um simbolismo da missão da Igreja. O barco é a Igreja conduzida por Pedro, que não pescará nada se não ouvir a Palavra de Jesus para aprender a pescar diferente; só então a pesca será abundante. A evangelização não depende unicamente da boa-vontade humana e nem do desejo de abandonar a noite triste de um mundo que teima matar o Evangelho, mas depende da Palavra de Jesus. Diante dos desafios e das dificuldades de evangelizar, a Igreja não pode voltar para a praia do passado, com tentativas de pescarias que deram certo uma vez. É preciso entrar mar adentro – “duc in altum” – ouvindo a Palavra de Jesus para corajosamente testemunhar sua Ressurreição.