MENSAGEM
DA CNBB PARA AS ELEIÇÕES 2016
“Quero ver o direito brotar como fonte e correr a
justiça qual riacho que não seca” (Amós 5,24)
Neste ano
de eleições municipais, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB
dirige ao povo brasileiro uma mensagem de esperança, ânimo e coragem. Os
cristãos católicos, de maneira especial, são chamados a dar a razão de sua
esperança (cf. 1Pd 3,15) nesse tempo de profunda crise pela qual passa o
Brasil.
Sonhamos
e nos comprometemos com um país próspero, democrático, sem corrupção,
socialmente igualitário, economicamente justo, ecologicamente sustentável, sem
violência discriminação e mentiras; e com oportunidades iguais para todos. Só
com participação cidadã de todos os brasileiros e brasileiras é possível a
realização desse sonho. Esta participação democrática começa no município onde
cada pessoa mora e constrói sua rede de relações. Se quisermos transformar o
Brasil, comecemos por transformar os municípios. As eleições são um dos
caminhos para atingirmos essa meta.
A
política, do ponto de vista ético, “é o conjunto de ações pelas quais os homens
buscam uma forma de convivência entre indivíduos, grupos, nações que ofereçam
condições para a realização do bem comum”. Já do ponto de vista da organização,
a política é o exercício do poder e o esforço por conquistá-lo1, a
fim de que seja exercido na perspectiva do serviço.
Os
cristãos leigos e leigas não podem “abdicar da participação na política”
(Christifideles Laici, 42). A eles cabe, de maneira singular, a exigência do
Evangelho de construir o bem comum na perspectiva do Reino de Deus. Contribui
para isso a participação consciente no processo eleitoral, escolhendo e votando
em candidatos honestos e competentes. Associando fé e vida, a cidadania não se
esgota no direito-dever de votar, mas se dá também no acompanhamento do mandato
dos eleitos.
As
eleições municipais têm uma atração e uma força próprias pela proximidade dos
candidatos com os eleitores. Se, por um lado, isso desperta mais interesse e
facilita as relações, por outro, pode levar a práticas condenáveis como a
compra e venda de votos, a divisão de famílias e da comunidade. Na política, é
fundamental respeitar as diferenças e não fazer delas motivo para inimizades ou
animosidades que desemboquem em violência de qualquer ordem.
Para
escolher e votar bem é imprescindível conhecer, além dos programas dos
partidos, os candidatos e sua proposta de trabalho, sabendo distinguir
claramente as funções para as quais se candidatam. Dos prefeitos, no poder
executivo, espera-se “conduta ética nas ações públicas, nos contratos
assinados, nas relações com os demais agentes políticos e com os poderes
econômicos”2. Dos legisladores, os vereadores, requer-se “uma ação
correta de fiscalização e legislação que não passe por uma simples presença na
bancada de sustentação ou de oposição ao executivo”3.
É
fundamental considerar o passado do candidato, sua conduta moral e ética e, se
já exerce algum cargo político, conhecer sua atuação na apresentação e votação
de matérias e leis a favor do bem comum. A Lei da Ficha Limpa há de ser, neste
caso, o instrumento iluminador do eleitor para barrar candidatos de ficha
suja.