Quando eu era um jovem evangélico, fazia uma clara
distinção entre católicos e cristãos. Não eram sinônimos e, na minha opinião,
um católico não era um cristão. Quando os católicos apareciam em nossa exegese
evangélica do Novo Testamento, eram identificados diretamente como um grupo
concreto de pessoas: os fariseus. Os fariseus com sua religião.
“Estúpidos
fariseus – pensávamos. Não
reconheceriam o Messias nem que lhes fosse tirado o barro dos olhos!”
O que fazíamos era o típico erro protestante:
identificávamos os fariseus com a religião, e a religião com algo ruim. Jesus
condenou os fariseus. Os fariseus eram religiosos. Então, a religião era ruim.
A lógica parecia esmagadora.
O catolicismo não é atrativo para os evangélicos,
penso eu, por dois motivos.
Em primeiro lugar, eu e muitos dos meus conhecidos
evangélicos desconfiávamos implicitamente da religião. Isso se deve, em grande
medida, a uma falta de compreensão das interações de Jesus com os fariseus e às
raízes históricas da Reforma.
Uma leitura mais acertada da relação entre Jesus e
os fariseus mostra que o que Cristo condena é a religião vazia, a falsa
piedade. Mas os evangélicos generalizaram isso e acham que a religião em si é
ruim. Têm medo de cair na armadilha dos fariseus.
Em segundo lugar, os evangélicos acham os católicos
pouco convincentes em seu testemunho. Faltam católicos com uma relação pessoal
com Cristo.
Quando eu era evangélico, achava a fé católica
pouco atrativa, muito anticristã, pois os católicos que eu conhecia não tinham
uma relação de amizade real com Jesus. Não eram, como costumam dizer os
evangélicos, “discípulos”.
Estes dois aspectos que comentei caminham juntos,
porque a prática de uma religião vazia acaba substituindo a relação com Cristo.
Então, os evangélicos pensam: vamos tirar a religião e ficar com Jesus.
Eu fui evangélico e devo confessar que concordo com
isso: a religião vazia é perigosa, é um obstáculo para uma vida em Cristo.
Mas depois me tornei católico. Nós, católicos, não
precisamos dar argumentos. Precisamos demonstrar. Demonstrar o poder
vivificante da Eucaristia. Demonstrar a incrível e encarnada vida que começa no
Batismo e que se fortalece na Confirmação.
Precisamos demonstrar a bênção sacerdotal que Deus
nos deu. Celebrar a beleza do matrimônio sacramental.
Por que o catolicismo é tão pouco atrativo para os
evangélicos?
Porque os evangélicos não veem uma vida espiritual
católica vivida, celebrada e abraçada de todo coração. E será que podemos jogar
a culpa neles por achar que muitos católicos vivem uma religião vazia?
Quantos bancos das nossas igrejas estão cheios de
católicos que vão à missa por inércia? Quantas pessoas passam pela catequese e
não entendem sequer a presença real de Jesus na Eucaristia? Quantos católicos
dão mais importância à justiça de Deus que à sua misericórdia?
No momento em que compreendi a história da Igreja
Católica, a beleza dos sacramentos, e que os católicos podiam estar tão perto
de Jesus, não resisti e me tornei católico. Mas o que nós, católicos,
precisamos fazer?
Precisamos ser católicos. De verdade. Pedir ao
Espírito Santo que nos dê uma vida mais autêntica. Ter uma amizade pessoal com
Jesus, esse Jesus que nos alimenta com seu próprio Corpo na Eucaristia.
Se nós, católicos, vivermos realmente a vida a que
estamos destinados, a vida que nossa fé nos mostra, estaremos mais centrados em
Cristo, em uma vida maravilhosa.
Infelizmente, a imagem que eu tinha dos católicos
quando eu era evangélico, em grande medida, é real. Não estou satisfeito com
isso, e nenhum de nós deveria estar.
Se temos, como professa a Igreja Católica, a
“plenitude” de Cristo, então, nossos irmãos e irmãs evangélicos deveriam ver
algo diferente do que veem. Deveríamos passar uma imagem diferente.
Finalmente, como católicos, temos o trio ganhador:
a realidade histórica de uma Igreja de mais de dois mil anos, uma grande quantidade
de rigor intelectual de peso, e o atrativo da beleza da nossa fé.
Mas sem viver isso na realidade, demonstrando que
amamos Jesus, não seremos diferentes dos fariseus. E isso não é atrativo.
K. Albert
Little
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Aleteia / Adaptado
de The Cordial Catholic, de K. Albert Little
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