sábado, 16 de abril de 2016

“Construir paz onde a guerra levou destruição e morte”, diz Papa em Lesbos




VISITA APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO A LESBOS (GRÉCIA)

ENCONTRO COM AS AUTORIDADES E A POPULAÇÃO.
MEMÓRIA DAS VÍTIMAS DAS MIGRAÇÕES
DISCURSO DO SANTO PADRE

Presídio da Guarda Costeira
Sábado, 16 de abril de 2016



Senhor Chefe do Governo,
Distintas Autoridades,
Queridos irmãos e irmãs!

Desde que Lesbos se tornou uma meta para tantos migrantes à procura de paz e dignidade, senti o desejo de vir aqui. Agradeço a Deus que me concedeu fazê-lo hoje. E agradeço ao Senhor Presidente Paulopoulos por me ter convidado, juntamente com o Patriarca Bartolomeu e o Arcebispo Hieronymos.

Quero expressar a minha admiração ao povo grego, que, apesar das graves dificuldades que enfrenta, soube manter abertos os corações e as portas. Muitas pessoas simples puseram à disposição o pouco que tinham, partilhando-o com quem estava privado de tudo. Deus recompensará esta generosidade, tal como a doutras nações vizinhas que, desde os primeiros momentos, receberam com grande disponibilidade inúmeros migrantes forçados.

E abençoada é também a presença generosa de tantos voluntários e numerosas associações que, juntamente com as várias instituições públicas, prestaram a sua ajuda, e continuam a fazê-lo, expressando de modo concreto uma proximidade fraterna.

Quero hoje, perante uma situação tão dramática, lançar de novo um veemente apelo à responsabilidade e à solidariedade. Muitos refugiados, que se encontram nesta ilha e em várias partes da Grécia, estão a viver em condições críticas, num clima de ansiedade, medo e por vezes de desespero, devido às limitações materiais e à incerteza do futuro.

As preocupações das instituições e da população, aqui na Grécia como noutros países da Europa, são compreensíveis e legítimas. Mas nunca devemos esquecer que, antes de ser números, os migrantes são pessoas, são rostos, nomes, casos. A Europa é a pátria dos direitos humanos, e toda a pessoa que ponha pé em terra europeia deverá poder experimentá-lo; assim tornar-se-á mais consciente de dever, por sua vez, respeitá-los e defendê-los. Infelizmente alguns, incluindo muitas crianças, nem sequer conseguiram chegar: perderam a vida no mar, vítimas de viagens desumanas e sujeitos às tiranias de ignóbeis algozes.

Vós, habitantes de Lesbos, dais provas de que nestas terras, berço de civilização, ainda pulsa o coração duma humanidade que sabe reconhecer, antes de tudo, o irmão e a irmã, uma humanidade que quer construir pontes e evita a ilusão de levantar cercas para se sentir mais segura. Na verdade, em vez de ajudar o verdadeiro progresso dos povos, as barreiras criam divisões e, mais cedo ou mais tarde, as divisões provocam confrontos.

Para sermos verdadeiramente solidários com quem é forçado a fugir da sua própria terra, é preciso trabalhar para remover as causas desta dramática realidade: não basta limitar-se a resolver a emergência do momento, é preciso desenvolver políticas de amplo respiro, não unilaterais. Em primeiro lugar, é necessário construir a paz nos lugares aonde a guerra levou destruição e morte e impedir que este câncer se espalhe noutros lugares. Para isso, é preciso opor-se firmemente à proliferação e ao tráfico das armas e às suas teias muitas vezes ocultas; há que privar de todo e qualquer apoio quantos perseguem projetos de ódio e violência. Por outro lado, promova-se incansavelmente a colaboração entre os países, as Organizações Internacionais e as instituições humanitárias, não isolando mas sustentando quem enfrenta a emergência. Nesta perspetiva, renovo os meus votos de bom sucesso à I Cimeira Humanitária Mundial que terá lugar, em Istambul, no próximo mês.

Tudo isto só se pode fazer em conjunto: juntos, podemos e devemos procurar soluções dignas do homem para a complexa questão dos refugiados. E, nisto, é indispensável também a contribuição das Igrejas e das Comunidades Religiosas. A minha presença aqui, juntamente com o Patriarca Bartolomeu e o Arcebispo Hieronymos, é testemunho da nossa vontade de continuar a cooperar para que este desafio epocal se torne ocasião, não de confronto, mas de crescimento da civilização do amor.

Queridos irmãos e irmãs, perante as tragédias que se abatem sobre a humanidade, Deus não permanece indiferente, não está longe. É o nosso Pai, que nos sustenta na construção do bem e rejeição do mal. E não só nos sustenta, mas em Jesus mostrou-nos o caminho da paz: face ao mal do mundo, fez-Se nosso servo e, com o seu serviço de amor, salvou o mundo. Este é o verdadeiro poder que gera a paz, só quem serve com amor, constrói a paz. O serviço faz cada um sair de si mesmo para cuidar dos outros: não deixa que as pessoas e as coisas caiam em ruína, mas sabe guardá-las, superando o espesso manto da indiferença que ofusca as mentes e os corações.

A vós, eu digo obrigado, porque sois guardiões da humanidade, porque cuidais ternamente da carne de Cristo, que sofre no menor dos irmãos, faminto e forasteiro, que acolhestes (cf. Mt 25, 35).

Συχαριστώ! 

Declaração Conjunta manifesta a preocupação pela situação trágica dos numerosos refugiados




VISITA APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO A LESBOS (GRÉCIA)

DECLARAÇÃO CONJUNTA
DE SUA SANTIDADE BARTOLOMEU I,
PATRIARCA ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA,
DE SUA BEATITUDE HIERONYMOS, ARCEBISPO DE ATENAS E DE TODA A GRÉCIA
 E DO PAPA FRANCISCO

Sábado, 16 de abril de 2016


Nós, Papa Francisco, Patriarca Ecumênico Bartolomeu e Arcebispo Hieronymos de Atenas e de toda a Grécia, reunimo-nos na Ilha grega de Lesbos para manifestar a nossa profunda preocupação pela situação trágica de numerosos refugiados, migrantes e requerentes asilo que têm chegado à Europa fugindo de situações de conflito e, em muitos casos, ameaças diárias à sua sobrevivência. A opinião mundial não pode ignorar a crise humanitária colossal, criada pelo incremento de violência e conflitos armados, a perseguição e deslocamento de minorias religiosas e étnicas e o desenraizamento de famílias dos seus lares, violando a sua dignidade humana, os seus direitos humanos fundamentais e liberdades.

A tragédia da migração e deslocamento forçados afeta milhões de pessoas e é, fundamentalmente, uma crise da humanidade, clamando por uma resposta feita de solidariedade, compaixão, generosidade e um compromisso econômico imediato e prático. Daqui, de Lesbos, fazemos apelo à comunidade internacional para responder com coragem a esta maciça crise humanitária e às causas que lhe estão subjacentes, por meio de iniciativas diplomáticas, políticas e caritativas e através de esforços de cooperação simultaneamente no Médio Oriente e na Europa.

Como líderes das nossas respectivas Igrejas, estamos unidos no nosso desejo de paz e na nossa disponibilidade para promover a resolução de conflitos através do diálogo e da reconciliação. Enquanto reconhecemos os esforços que já se vão fazendo para fornecer ajuda e assistência aos refugiados, migrantes e requerentes asilo, apelamos a todos os líderes políticos para que usem todos os meios possíveis a fim de garantir que os indivíduos e as comunidades, incluindo os cristãos, permaneçam nos seus países de origem e gozem do direito fundamental de viver em paz e segurança. Há necessidade urgente de um consenso internacional mais amplo e um programa de assistência para sustentar o Estado de direito, defender os direitos humanos fundamentais nesta situação insustentável, proteger minorias, combater o tráfico humano e o contrabando, eliminar rotas inseguras como as do Egeu e de todo o Mediterrâneo, e desenvolver procedimentos seguros de reinstalação. Deste modo seremos capazes de ajudar os países diretamente envolvidos na resposta às necessidades de inúmeros irmãos e irmãs nossos que sofrem. De modo particular, afirmamos a nossa solidariedade ao povo da Grécia que, não obstante as suas próprias dificuldades econômicas, tem respondido generosamente a esta crise.

Juntos, solenemente, imploramos o fim da guerra e da violência no Médio Oriente, uma paz justa e duradoura e o regresso honroso daqueles que foram forçados a abandonar as suas casas. Pedimos às comunidades religiosas que aumentem os seus esforços para receber, assistir e proteger os refugiados de todas as crenças, e que os serviços religiosos e civis de assistência se empenhem por coordenar os seus esforços. Enquanto perdurar a necessidade, pedimos a todos os países que alarguem o asilo temporário, ofereçam o estatuto de refugiado a quantos se apresentarem idôneos, ampliem os seus esforços de socorro e colaborem com todos os homens e mulheres de boa vontade para um rápido fim dos conflitos em curso.

Papa pede aos refugiados que não percam a esperança




VISITA APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO A LESBOS (GRÉCIA)

VISITA AOS REFUGIADOS
DISCURSOS DE SUA BEATITUDE HIERONYMOS,
ARCEBISPO DE ATENAS E DE TODA A GRÉCIA,
DE SUA SANTIDADE BARTOLOMEU, 
PATRIARCA ECUMÉNICO DE CONSTANTINOPLA, 
E DO SANTO PADRE FRANCISCO

Campo de Refugiados de Moira, Lesbos
Sábado, 16 de abril de 2016

ARCEBISPO DE ATENAS E DE TODA A GRÉCIA

It is with unique joy that we welcome today to Lesvos the Head of the Roman-Catholic Church, Pope Francis.

We consider his presence in the territory of the Church of Greece to be pivotal. Pivotal because together we bring forward before the whole world, Christian and beyond, the current tragedy of the refugee crisis.

I warmly thank His All-Holiness, and my beloved brother in Christ, Ecumenical Patriarch Bartholemew; who blesses us with his presence as the First of Orthodoxy, uniting through his prayer, so that the voice of the Churches can be more vocal and heard at the all the ends of the civilized world.

Today we unite our voices in condemning their uprooting,  to decry any form of depreciation of the human person.

From this island, Lesvos, I hope to begin a worldwide movement of awareness in order for this current course to be changed by those who hold the fate of nations in their hands and bring back the peace and safety to every home, to every family, to every citizen.

Unfortunately it is not the first time we denounce the politics that have brought these people to this impasse. We will act however, until the aberration and depreciation of the human person has stopped.

We do not need to say many words. Only those who see the eyes of those small child that we met at the refugee camps will be able to immediately recognize, in its entirety, the “bankruptcy” of humanity and solidarity that Europe has shown these last few years to these, and not only these, people.

I take pride in the Greeks, who even though going through there own struggles, are helping the refugees make their own Calvary (Golgotha) a little less ponderous, their uphill road a little less rough.

The Church of Greece and myself, personally, mourn the so many souls lost in the Aegean. We have already done a great deal, and we will continue to do so, as much as our abilities allow for us to undertake in handling this refugee crisis. I would like to close this declaration by making one request, a single call, a single provocation: for the agencies of the United Nations to finally, using the great experience that they offer, address this tragic situation that we are living. I hope that we never see children washing up on the shores of the Aegean. I hope to soon see them there, untroubled, enjoying life.

PATRIARCA ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA

Dearest brothers and sisters,
Precious youth and children,

We have traveled here to look into your eyes, to hear your voices, and to hold your hands. We have traveled here to tell you that we care. We have traveled here because the world has not forgotten you.

With our brothers, Pope Francis and Archbishop Ieronymos, we are here today to express our solidarity and support for the Greek people, who have welcomed and cared for you. And we are here to remind you that – even when people turn away from us – nevertheless “God is our refuge and strength; God is our help in hardship. Therefore, we shall not be afraid” (Ps 45: 2-3).

We know that you have come from areas of war, hunger and suffering. We know that your hearts are full of anxiety about your families. We know that you are looking for a safer and brighter future.

We have wept as we watched the Mediterranean Sea becoming a burial ground for your loved ones. We have wept as we witnessed the sympathy and sensitivity of the people of Lesvos and other islands. But we also wept as we saw the hard-heartedness of our fellow brothers and sisters – your fellow brothers and sisters – close borders and turn away.

Those who are afraid of you have not looked at you in the eyes. Those who are afraid of you do not see your faces. Those who are afraid of you do not see your children.

They forget that dignity and freedom transcend fear and division. They forget that migration is not an issue for the Middle East and Northern Africa, for Europe and Greece. It is an issue for the world.

The world will be judged by the way it has treated you. And we will all be accountable for the way we respond to the crisis and conflict in the regions that you come from.

The Mediterranean Sea should not be a tomb. It is a place of life, a crossroad of cultures and civilizations, a place of exchange and dialogue. In order to rediscover its original vocation, the Mare Nostrum, and more specifically the Aegean Sea, where we gather today, must become a sea of peace. We pray that the conflicts in the Middle East, which lie at the root of the migrant crisis, will quickly cease and that peace will be restored. We pray for all the people of this region. We would particularly like to highlight the dramatic situation of Christians in the Middle East, as well as the other ethnic and religious minorities in the region, who need urgent action if we do not want to see them disappear.

We promise that we shall never forget you. We shall never stop speaking for you. And we assure you that we will do everything to open the eyes and hearts of the world.

Peace is not the end of History. Peace is the beginning of a History tied to the future. Europe should know that better than any other continent.

This beautiful island we stand right now is just a dot in the map.

To dominate the wind and the rough sea Jesus, according to Luke, called a halt to the blow outright when the ship He and His disciples embarked was in danger. Eventually calm succeeded the storm.

God bless you. God keep you. And God strengthen you.


Queridos irmãos e irmãs!

Desejei vir estar convosco hoje. Quero dizer-vos que não estais sozinhos. Ao longo destes meses e semanas, sofrestes inúmeras tribulações na vossa busca duma vida melhor. Muitos de vós sentiram-se obrigados a escapar de situações de conflito e perseguição, sobretudo por amor dos vossos filhos, dos vossos pequeninos. Suportastes grandes sacrifícios por amor das vossas famílias. Experimentastes a amargura de ter deixado para trás tudo o que vos era querido e – o que é talvez mais difícil – sem saber o que o futuro vos reservava. Há ainda muitos outros, como vós, que se encontram à espera, em campos de refúgio ou na cidade, ansiando construir uma nova vida neste continente.

Vim aqui com os meus irmãos, o Patriarca Bartolomeu e o Arcebispo Hieronymos, apenas para estar convosco e ouvir os vossos dramas. Viemos a fim de chamar a atenção do mundo para esta grave crise humanitária e implorar a sua resolução. Como pessoas de fé, desejamos unir as nossas vozes para falar abertamente em vosso nome. Esperamos que o mundo preste atenção a estas situações de trágica e verdadeiramente desesperada necessidade e responda de modo digno da nossa humanidade comum.

Deus criou o género humano para ser uma única família; quando sofre algum dos nossos irmãos ou irmãs, todos nos ressentimos. Todos sabemos por experiência como é fácil, para algumas pessoas, ignorar as tribulações dos outros e até aproveitar-se da sua vulnerabilidade; mas sabemos também que estas crises podem fazer despontar o melhor de nós mesmos. Viste-lo em vós próprios e no povo grego, que, apesar de imerso nas suas próprias dificuldades, respondeu generosamente às vossas necessidades. Viste-lo também em muitas pessoas, sobretudo jovens originários de toda a Europa e do mundo, que vieram ajudar-vos. É verdade que ainda há muitíssimo a fazer; mas damos graças a Deus porque, nos nossos sofrimentos, nunca nos deixou sozinhos. Há sempre alguém que pode dar uma mão para nos ajudar.

Esta é a mensagem que, hoje, vos quero deixar: não percais a esperança! O maior presente que podemos oferecer uns aos outros é o amor: um olhar misericordioso, a solicitude por nos ouvirmos e compreendermos, uma palavra de encorajamento, uma oração. Oxalá possais partilhar este presente uns com os outros. Nós, cristãos, gostamos de contar o episódio do Bom Samaritano, um estrangeiro que viu um homem necessitado e, imediatamente, se deteve para o socorrer. Para nós, é uma parábola alusiva à misericórdia de Deus, que se destina a todos (Ele é o Misericordioso); mas é também um apelo a demonstrarmos a mesma misericórdia àqueles que passam necessidade. Que todos os nossos irmãos e irmãs, neste continente, possam – à semelhança do Bom Samaritano – vir em vosso auxílio, animados por aquele espírito de fraternidade, solidariedade e respeito pela dignidade humana que caracterizou a sua longa história.

Queridos irmãos e irmãs, que Deus vos abençoe a todos, especialmente às vossas crianças, aos idosos e àqueles que sofrem no corpo e no espírito. A todos vos abraço com afeto. Sobre vós e quem vos acompanha, invoco os dons divinos da fortaleza e da paz.
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Santa Sé

Palavras do Papa Francisco no vôo para Lesbos




VISITA APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO A LESBOS (GRÉCIA)

Palavras do Papa no voo para Lesbos
Sábado, 16 de abril de 2016
 
Padre Lombardi:

Santo Padre, bem-vindo ao nosso meio. Felicidades para esta viagem tão desafiadora, em que esperamos acompanhá-lo fazendo bom serviço para que a sua mensagem, o seu gesto seja bem entendido por todo o mundo. Somos cerca de cinquenta jornalistas. Como habitualmente representamos até certo ponto os diferentes países, continentes, línguas e meios de comunicação. E conseguimos juntar este grupo em poucos dias. Isto significa que há sempre uma grande solicitude, desejo e disponibilidade para o acompanhar. Se nos quiser dizer algumas palavras no início desta viagem…

Santo Padre:

Papa emérito Bento XVI celebra 89º aniversário


O Papa emérito Bento XVI completa hoje 89 anos de idade, uma data que foi assinalada pelo seu sucessor, Francisco, durante o voo que o levou até à ilha grega de Lesbos, esta manhã.

Uma nota divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé refere que o Papa Francisco e todos os que o acompanham nesta visita “enviam ao Papa emérito Bento XVI os votos mais afetuosos e cordiais” de parabéns, rezando para que “o Senhor continue a abençoar o seu precioso serviço de proximidade e oração por toda a Igreja”.

O aniversário vai ser assinalado no Vaticano com um concerto da Orquestra Filarmónica de Frankfurt, que interpretará obras de Mozar, compositor predileto de Bento XVI.

O Papa alemão anunciou a sua renúncia ao pontificado a 11 de fevereiro de 2013 e está a manter desde então uma vida de recolhimento, no Vaticano, surgindo em público para acompanhar cerimónias presididas por Francisco ou receber homenagens.

Joseph Ratzinger nasceu em Marktl am Inn (Alemanha), no dia 16 de abril de 1927, e passou a sua infância e adolescência em Traunstein, uma pequena localidade perto da Áustria.

Nos últimos meses da II Guerra Mundial (1939-1945), foi arrolado nos serviços auxiliares antiaéreos pelo regime nazi.

Juntamente com o seu irmão Georg, foi ordenado padre a 29 de junho de 1951; dois anos depois, doutorou-se em teologia com a tese ‘Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho’.

De 1962 a 1965, participou no Concílio Vaticano II como ‘perito’, após ter chegado a Roma como consultor teológico do cardeal Joseph Frings, arcebispo de Colónia.

Em 25 de março de 1977, o Papa Paulo VI nomeou-o arcebispo de Munique e Frisinga; a 28 de maio seguinte, recebeu a sagração episcopal e escolheu como lema episcopal ‘Colaborador da verdade’.

O mesmo Paulo VI criou-o cardeal, no consistório de 27 de junho de 1977.

Cristo entregou seu corpo para a vida de todos


Eu morro por todos, diz o Senhor, a fim de que por mim todos tenham vida. Eu moro para resgatar todos pela minha carne! A morte morrerá em minha morte e, juntamente comigo, a natureza humana que caíra, ressuscitará.

Para tanto tornei-me semelhante a vós, um homem autêntico da descendência de Abraão, a fim de ser semelhante a meus irmãos. São Paulo compreendeu isto perfeitamente, ao dizer: Visto que os filhos têm em comum a carne e o sangue, também Jesus participou da mesma condição, para assim destruir, com a sua morte, aquele que tinha o poder da morte, isto é, o demônio (Hb 2,14).

Ora, aquele que tinha o poder da morte, e por conseguinte, a própria morte, não poderia ser destruído de nenhuma outra maneira, se Cristo não tivesse se oferecido em sacrifício por nós. Um só foi imolado pela redenção de todos, porque a morte dominava sobre todos.

Por isso diz-se nos salmos que Cristo se ofereceu a Deus Pai como sacrifício imaculado: Sacrifício e oblação não quisestes, mas formastes-me um corpo; não pedistes ofertas nem vítimas, holocaustos por nossos pecados. E então eu vos disse: “Eis que venho” (Sl 39,7-9).

O Senhor foi crucificado por todos e por causa de todos a fim de que, tendo um morrido por todos, vivamos todos nele. Não seria possível que a vida permanecesse sujeita à morte ou sucumbisse à corrupção natural. Sabemos pelas próprias palavras de Cristo que ele ofereceu sua carne pela vida do mundo: Eu me consagro por eles (Jo 17,19).

Com isso ele quer dizer que se consagra e se oferece como sacrifício puro de suave perfume. Com efeito, tudo o que era oferecido sobre o altar, era santificado ou chamado santo, conforme a Lei. Cristo, portanto, entregou seu corpo em sacrifício pela vida de todos e assim a vida nos foi dada de novo por meio dele. Como isso se realizou, procurarei dizer na medida do possível.

Depois que o Verbo de Deus, que tudo vivifica, assumiu a carne, restituiu à carne o seu próprio bem, isto é, a vida. Estabeleceu com ela uma comunhão inefável, e tornou-a fonte de vida, como ele mesmo o é por natureza.

Por conseguinte, o corpo de Cristo dá a vida a todos os que dele participam; repele a morte dos que a ele estão sujeitos e os libertará da corrupção, porque possui em si mesmo a força que a elimina plenamente.



Do Comentário sobre o Evangelho de São João, de São Cirilo de Alexandria, bispo
(Lib. 4,2: PG 73,563-566)     (Séc.V)

Bíblia, idolatria e hipocrisia


1.    IDOLATRIA

É comum vermos protestantes acusando católicos de idolatria, devido ao culto aos Santos. Isso ocorre por uma razão muito simples: os protestantes não adoram a Deus, mas O veneram. Os católicos adoram a Deus e veneram Seus Santos. Assim, ao ver um católico venerando um Santo, o protestante - que venera a Deus - acha que o católico está prestando a um Santo uma homenagem que só compete a Deus. A veneração é aquilo que os filhos têm para com seus pais: eles pedem ao pai e à mãe, eles agradecem e eles louvam seus pais. A adoração é aquilo que um macumbeiro faz com seus orixás (oferecendo-lhes sacrifícios de bichos) e um católico faz de maneira incruenta e infinitamente superior para Deus (no Sacrifício único e perfeito de Cristo, tornado novamente presente em cada Missa).

O protestante presta a Deus um culto de veneração, reunindo-se com outros protestantes para cantar louvores a Deus, pedir-Lhe graças e agradecer as graças concedidas por Sua Misericórdia. Ao ver assim um católico prestando culto de veneração a um Santo, reunindo-se com outros católicos para cantar louvores ao que um Santo fez pela graça de Deus, para pedir ao Santo que peça a Deus graças e para agradecer as graças concedidas por Deus em resposta ao pedido feito pelo Santo, o protestante acha imediatamente que o católico estaria dando a um Santo - uma criatura, que não é Deus - o que é devido a Deus. É um lamentável engano. O mais engraçado, porém, neste engano é ver que os protestantes fazem exatamente a mesma coisa que os católicos, mas em referência a pessoas que ainda estão aqui na terra, pessoas que ainda podem cair em pecado e afastar-se de Deus. O protestante pede aos amigos que orem por ele a Deus, como um católico pede a um Santo; o protestante agradece aos amigos que intercederam por ele junto a Deus quando suas orações são atendidas; o protestante louva o que é feito por outro protestante e que ele acha ser devido à graça de Deus.

Apesar de acusar injustamente os católicos de idolatria, porém, o protestante parece não perceber que quem aponta um dedo para alguém está apontando três para si mesmo: os protestantes vivem e pregam a idolatria do papel.


Como assim?

Ora, Nosso Senhor Jesus Cristo disse e fez muitíssimas coisas que não estão na Bíblia. São João afirma isto com todas as letras no fim de seu Evangelho (Jo 20,30-31). Do mesmo modo, vemos por exemplo Nosso Senhor explicando no caminho de Emaús (Lc 24,27) as profecias do Antigo Testamento referentes à Sua Paixão e Ressurreição; a explicação dada por Ele, porém, não está escrita na Bíblia, do mesmo modo como muitíssimas pregações e explicações que fez aos Apóstolos. Ora, Ele disse para os Apóstolos ensinarem *tudo* o que Ele ensinou a eles (Mt 28,20).

O protestante, porém, afirma que o que não está na Bíblia não interessa (sola scriptura), esquecendo-se de que não só não está escrito na Bíblia que só vale o que lá está, quanto que não está escrito na Bíblia que Nosso Senhor mandou escrever Bíblia alguma!

A Bíblia, esquece ele, é mera criatura de Deus. Criatura santa, inspirada e boa, mas criatura. Ao dar maior importância à criatura (a Bíblia) que ao Criador (os atos e palavras de Cristo que não estão contidos na Bíblia e que Ele mandou que fossem ensinados), o protestante está caindo em idolatria. Ele coloca a criatura (a Bíblia) como sendo mais importante que o Criador.

Essa idolatria torna-se ainda mais negra e teneborsa quando percebemos que os protestantes na verdade colocam acima da própria Bíblia a SUA idéia particular do significado da Bíblia, o seu entendimento do que está escrito. Assim, por exemplo, apesar das claríssimas palavras do próprio Senhor (Jo 6,32-59) - corroboradas por São Paulo, aliás (1Cor 11,23-29) -, os protestantes negam que Seu Corpo e Seu Sangue sejam verdadeira comida e bebida, sem a qual ninguém terá a vida eterna, assim como negam, contra as palavras de Cristo (Jo 20,23) que o pecado que não for perdoado por um homem que recebeu de Cristo este poder não será perdoado.

Temos, portanto, que: Idolatria é colocar criaturas acima do Criador.

Ora, quem coloca criaturas (a Bíblia e suas interpretações pessoais da Bíblia) acima do Criador o que é? Idólatra do próprio umbigo escondido atrás da capa de uma Bíblia.

Vamos deixar claro. INTERCESSÃO: orar um por outro ou juntos por uma MESMA causa ao MESMO Deus. O que tem isso a ver com idolatria? Nada. 

Santa Bernadete Soubirous


Bernardete nasceu no dia sete de janeiro de 1844, na cidade de Lourdes, uma região montanhosa da França. Sua família camponesa era numerosa, religiosa e muito pobre. Desde a infância, a pequena tinha problemas de saúde em conseqüência da asma. Era analfabeta mas tinha aprendido a rezar o terço, o que fazia diariamente enquanto cuidava dos afazeres da casa.

Numa tarde úmida e fria, enquanto recolhia gravetos para a fogueira, Bernardete foi atraída por uma luz radiante. Era Nossa Senhora que a chamava para rezar. Era o dia 11 de fevereiro de 1858.

Durante vários meses a Virgem Maria, Imaculada Conceição, apareceu para a menina, sempre pedindo que rezasse o terço em favor da humanidade. Apesar da honestidade da menina, a maioria das pessoas não acreditava na aparição, mas Bernardete ficava extasiada, rezando e conversando com Nossa Senhora.

Bernadete chamava a atenção pela sua modéstia, autenticidade e simplicidade. Compreendeu que tinha sido escolhida como instrumento para a mensagem que a Virgem queria transmitir ao mundo: a conversão, a necessidade de rezar o terço e o amor pela “Imaculada Conceição".

Bernardete sofreu muito, mas sempre confiou-se a amor de Maria. Da gruta onde a Virgem aparecia, brotou uma fonte de água que jorra até hoje. O lugar tornou-se conhecido e converteu-se num dos maiores santuários marianos do mundo.

Ingressou na congregação das Irmãs de Caridade. Sempre bem humorada, trabalhou silenciosamente como enfermeira no interior do convento, depois foi sacristã. Contudo, uma doença a obrigou viver nove anos numa cama, entre a vida e a morte.

Rezava não para se livrar do sofrimento mas para ter paciência e forças para tudo suportar, pois queria se purificar para poder rever Nossa Senhora. Em 16 de abril de 1879, estando muito mal de saúde e tendo apenas 35 anos, exclamou emocionada: “Eu vi a Virgem. Sim, a vi, a vi! Que formosa era!” E depois de alguns momentos de silêncio disse emocionada: “Rogai Senhora por esta pobre pecadora”, e apertando o crucifixo sobre seu coração faleceu. O Papa Pio XI a canonizou em 08 de dezembro de 1933, dia da Imaculada Conceição, designando sua festa para o dia de sua morte. 



Ó Deus, concedei-nos, pelas preces de Santa Bernadete, a quem destes perseverar na imitação de Cristo pobre e humilde, seguir a nossa vocação com fidelidade e chegar àquela perfeição que nos propusestes em vosso Filho. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.