domingo, 17 de abril de 2016

Cristo, o bom pastor


Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, isto é, eu as amo, e minhas ovelhas me conhecem (Jo 10,14). É como se quisesse dizer francamente: elas correspondem ao amor daquele que as ama. Quem não ama a verdade, é porque ainda não conhece perfeitamente.

Depois de terdes ouvido, irmãos caríssimos, qual é o perigo que corremos, considerai também, por estas palavras do Senhor, o perigo que vós também correis. Vede se sois suas ovelhas, vede se o conheceis, vede se conheceis a luz da verdade. Se o conheceis, quero dizer, não só pela fé, mas também pelo amor, se o conheceis não só pelo que credes, mas também pelas obras. O mesmo evangelista João, de quem são estas palavras, afirma ainda: Quem diz: “Eu conheço Deus”, mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso (1Jo 2,4).

Por isso, nesta passagem do evangelho, o Senhor acrescenta imediatamente: Assim como o Pai me conhece, eu também conheço o Pai e dou minha vida por minhas ovelhas (Jo 10,15). Como se dissesse explicitamente: a prova de que eu conheço o Pai e sou por ele conhecido, é que dou minha vida por minhas ovelhas; por outras palavras, este amor que me leva a morrer por minhas ovelhas, mostra o quanto eu amo o Pai.

Continuando a falar de suas ovelhas, diz ainda: Minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna (Jo 10,27-28). É a respeito delas que fala um pouco acima: Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem (Jo 10,9). Entrará, efetivamente, abrindo-se à fé; sairá passando da fé à visão e à contemplação, e encontrará pastagem no banquete eterno.

Suas ovelhas encontram pastagem, pois todo aquele que o segue na simplicidade de coração é nutrido por pastagens sempre verdes. Quais são afinal as pastagens dessas ovelhas, senão as profundas alegrias de um paraíso sempre verdejante? Sim, o alimento dos eleitos é o rosto de Deus, sempre presente. Ao contemplá-lo sem cessar, a alma sacia-se eternamente com o alimento da vida. 

Procuremos, portanto, irmãos caríssimos, alcançar essas pastagens, onde nos alegraremos na companhia dos cidadãos do céu. Que a própria alegria dos bem-aventurados nos estimule. Corações ao alto, meus irmãos! Que a nossa fé se afervore nas verdades em que acreditamos; inflame-se o nosso desejo pelas coisas do céu. Amar assim já é pôr-se a caminho. 

Nenhuma contrariedade nos afaste da alegria desta solenidade interior. Se alguém, com efeito, pretende chegar a um determinado lugar, não há obstáculo algum no caminho que o faça desistir de chegar aonde deseja.

Nenhuma prosperidade sedutora nos iluda. Insensato seria o viajante que, contemplando a beleza da paisagem, se esquece de continuar sua viagem até o fim.



Das Homilias sobre os Evangelhos, de São Gregório Magno, papa
(Hom. 14,3-6:PL76,1129-1130)     (Séc.VI)

O demônio não suporta que os esposos se amem, revela exorcista


“Não suporto que se amem!”, foi a resposta imediata e clara que o demônio deu ao exorcista italiano Pe. Sante Babolin durante um dos “combates”, quando o sacerdote lhe questionou por que estava causando problemas à esposa de um amigo.

“Por que este ódio?” Em declarações ao Semanário da Fé, o sacerdote explicou que Satanás detesta o Matrimônio porque é o sacramento mais próximo à Eucaristia.

“Explico-me: na Eucaristia, nós oferecemos o pão e o vinho ao Senhor, que pela ação do Espírito Santo, convertem-se no Corpo e Sangue de Jesus. No Sacramento do Matrimônio ocorre algo parecido: pela graça do Espírito Santo, o amor humano se converte no amor divino, assim, de maneira real e particular, os esposos, consagrados pelo Sacramento do Matrimônio, realizam o que diz a Sagrada Escritura: ‘Deus é amor: quem conserva o amor permanece em Deus e Deus com ele”.

Nesse sentido, o exorcista abordou o aumento no número de separações, cuja maioria se deve à degradação do amor entre homem e mulher. 

Santo Aniceto


Aniceto nasceu na Síria e foi sucessor do Papa São Pio I, em 155, no tempo em que Antônio era o imperador romano. Além da perseguição do Império, o Papa Aniceto teve que enfrentar também cismas internos da igreja. Todos eles formaram seitas paralelas dentro do catolicismo, dividindo e confundindo os fiéis e até colocando-os contra a autoridade do Papa. Seu maior desafio foi o herege Marcião, que pregava um espiritualismo vazio e histérico, e a questão da data para celebração da Páscoa.

Mas o Papa Aniceto tinha um auxiliar excepcional, o grande Policarpo, que o ajudou a enfrentar todas essas dificuldades. Policarpo exerceu também um papel fundamental para que pagãos se convertessem, por testemunhar que a Igreja de Roma era igual à de Jerusalém.

Outro auxiliar foi Hegesipo, que escreveu um livro defendendo o Papa Aniceto e provando que ele, sim, seguia a doutrina cristã correta, e não os integrantes das seitas paralelas.

O Papa Aniceto teve uma árdua missão durante os quase onze anos de seu pontificado, morrendo no ano 166, quase aniquilado pela luta diária em favor da Igreja. O seu corpo foi sepultado nas escavações que depois se transformaram nas catacumbas de São Calixto.  


Deus, nosso Pai, através da Igreja chegou até nós a vossa mensagem de salvação. É esta a razão de nossa alegria: fundados na fé recebida dos apóstolos e animados pelo testemunho de vossos santos, queremos tornar vivas em nós as palavras do apóstolo. Pelo exemplo de São Aniceto, revesti-nos de sentimentos de compaixão, de bondade, de humildade, mansidão. Por suas preces, guardai os pastores de vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

sábado, 16 de abril de 2016

Papa regressa de Lesbos com três famílias sírias no avião

 
Neste sábado, 16, o avião papal decolou do aeroporto de Mitilene, na Grécia, em direção a Roma. A bordo, também estavam três famílias de refugiados sírios, totalizando 12 pessoas muçulmanas, sendo seis menores.

“O Papa quis realizar um gesto de acolhimento em relação aos refugiados. São pessoas que já estavam em Lesbos antes do acordo entre a União Europeia e a Turquia”, afirmou o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi.

As negociações para o seu acolhimento em Roma, foram intermediadas pela Secretaria de Estado junto das autoridades gregas e italianas. Duas das famílias são originárias de Damasco e a outra de Deir Azzor – região ocupada pelos extremistas do Estado Islâmico: ambas as três famílias tiveram as suas casas destruídas pelos bombardeamentos.

“Construir paz onde a guerra levou destruição e morte”, diz Papa em Lesbos




VISITA APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO A LESBOS (GRÉCIA)

ENCONTRO COM AS AUTORIDADES E A POPULAÇÃO.
MEMÓRIA DAS VÍTIMAS DAS MIGRAÇÕES
DISCURSO DO SANTO PADRE

Presídio da Guarda Costeira
Sábado, 16 de abril de 2016



Senhor Chefe do Governo,
Distintas Autoridades,
Queridos irmãos e irmãs!

Desde que Lesbos se tornou uma meta para tantos migrantes à procura de paz e dignidade, senti o desejo de vir aqui. Agradeço a Deus que me concedeu fazê-lo hoje. E agradeço ao Senhor Presidente Paulopoulos por me ter convidado, juntamente com o Patriarca Bartolomeu e o Arcebispo Hieronymos.

Quero expressar a minha admiração ao povo grego, que, apesar das graves dificuldades que enfrenta, soube manter abertos os corações e as portas. Muitas pessoas simples puseram à disposição o pouco que tinham, partilhando-o com quem estava privado de tudo. Deus recompensará esta generosidade, tal como a doutras nações vizinhas que, desde os primeiros momentos, receberam com grande disponibilidade inúmeros migrantes forçados.

E abençoada é também a presença generosa de tantos voluntários e numerosas associações que, juntamente com as várias instituições públicas, prestaram a sua ajuda, e continuam a fazê-lo, expressando de modo concreto uma proximidade fraterna.

Quero hoje, perante uma situação tão dramática, lançar de novo um veemente apelo à responsabilidade e à solidariedade. Muitos refugiados, que se encontram nesta ilha e em várias partes da Grécia, estão a viver em condições críticas, num clima de ansiedade, medo e por vezes de desespero, devido às limitações materiais e à incerteza do futuro.

As preocupações das instituições e da população, aqui na Grécia como noutros países da Europa, são compreensíveis e legítimas. Mas nunca devemos esquecer que, antes de ser números, os migrantes são pessoas, são rostos, nomes, casos. A Europa é a pátria dos direitos humanos, e toda a pessoa que ponha pé em terra europeia deverá poder experimentá-lo; assim tornar-se-á mais consciente de dever, por sua vez, respeitá-los e defendê-los. Infelizmente alguns, incluindo muitas crianças, nem sequer conseguiram chegar: perderam a vida no mar, vítimas de viagens desumanas e sujeitos às tiranias de ignóbeis algozes.

Vós, habitantes de Lesbos, dais provas de que nestas terras, berço de civilização, ainda pulsa o coração duma humanidade que sabe reconhecer, antes de tudo, o irmão e a irmã, uma humanidade que quer construir pontes e evita a ilusão de levantar cercas para se sentir mais segura. Na verdade, em vez de ajudar o verdadeiro progresso dos povos, as barreiras criam divisões e, mais cedo ou mais tarde, as divisões provocam confrontos.

Para sermos verdadeiramente solidários com quem é forçado a fugir da sua própria terra, é preciso trabalhar para remover as causas desta dramática realidade: não basta limitar-se a resolver a emergência do momento, é preciso desenvolver políticas de amplo respiro, não unilaterais. Em primeiro lugar, é necessário construir a paz nos lugares aonde a guerra levou destruição e morte e impedir que este câncer se espalhe noutros lugares. Para isso, é preciso opor-se firmemente à proliferação e ao tráfico das armas e às suas teias muitas vezes ocultas; há que privar de todo e qualquer apoio quantos perseguem projetos de ódio e violência. Por outro lado, promova-se incansavelmente a colaboração entre os países, as Organizações Internacionais e as instituições humanitárias, não isolando mas sustentando quem enfrenta a emergência. Nesta perspetiva, renovo os meus votos de bom sucesso à I Cimeira Humanitária Mundial que terá lugar, em Istambul, no próximo mês.

Tudo isto só se pode fazer em conjunto: juntos, podemos e devemos procurar soluções dignas do homem para a complexa questão dos refugiados. E, nisto, é indispensável também a contribuição das Igrejas e das Comunidades Religiosas. A minha presença aqui, juntamente com o Patriarca Bartolomeu e o Arcebispo Hieronymos, é testemunho da nossa vontade de continuar a cooperar para que este desafio epocal se torne ocasião, não de confronto, mas de crescimento da civilização do amor.

Queridos irmãos e irmãs, perante as tragédias que se abatem sobre a humanidade, Deus não permanece indiferente, não está longe. É o nosso Pai, que nos sustenta na construção do bem e rejeição do mal. E não só nos sustenta, mas em Jesus mostrou-nos o caminho da paz: face ao mal do mundo, fez-Se nosso servo e, com o seu serviço de amor, salvou o mundo. Este é o verdadeiro poder que gera a paz, só quem serve com amor, constrói a paz. O serviço faz cada um sair de si mesmo para cuidar dos outros: não deixa que as pessoas e as coisas caiam em ruína, mas sabe guardá-las, superando o espesso manto da indiferença que ofusca as mentes e os corações.

A vós, eu digo obrigado, porque sois guardiões da humanidade, porque cuidais ternamente da carne de Cristo, que sofre no menor dos irmãos, faminto e forasteiro, que acolhestes (cf. Mt 25, 35).

Συχαριστώ! 

Declaração Conjunta manifesta a preocupação pela situação trágica dos numerosos refugiados




VISITA APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO A LESBOS (GRÉCIA)

DECLARAÇÃO CONJUNTA
DE SUA SANTIDADE BARTOLOMEU I,
PATRIARCA ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA,
DE SUA BEATITUDE HIERONYMOS, ARCEBISPO DE ATENAS E DE TODA A GRÉCIA
 E DO PAPA FRANCISCO

Sábado, 16 de abril de 2016


Nós, Papa Francisco, Patriarca Ecumênico Bartolomeu e Arcebispo Hieronymos de Atenas e de toda a Grécia, reunimo-nos na Ilha grega de Lesbos para manifestar a nossa profunda preocupação pela situação trágica de numerosos refugiados, migrantes e requerentes asilo que têm chegado à Europa fugindo de situações de conflito e, em muitos casos, ameaças diárias à sua sobrevivência. A opinião mundial não pode ignorar a crise humanitária colossal, criada pelo incremento de violência e conflitos armados, a perseguição e deslocamento de minorias religiosas e étnicas e o desenraizamento de famílias dos seus lares, violando a sua dignidade humana, os seus direitos humanos fundamentais e liberdades.

A tragédia da migração e deslocamento forçados afeta milhões de pessoas e é, fundamentalmente, uma crise da humanidade, clamando por uma resposta feita de solidariedade, compaixão, generosidade e um compromisso econômico imediato e prático. Daqui, de Lesbos, fazemos apelo à comunidade internacional para responder com coragem a esta maciça crise humanitária e às causas que lhe estão subjacentes, por meio de iniciativas diplomáticas, políticas e caritativas e através de esforços de cooperação simultaneamente no Médio Oriente e na Europa.

Como líderes das nossas respectivas Igrejas, estamos unidos no nosso desejo de paz e na nossa disponibilidade para promover a resolução de conflitos através do diálogo e da reconciliação. Enquanto reconhecemos os esforços que já se vão fazendo para fornecer ajuda e assistência aos refugiados, migrantes e requerentes asilo, apelamos a todos os líderes políticos para que usem todos os meios possíveis a fim de garantir que os indivíduos e as comunidades, incluindo os cristãos, permaneçam nos seus países de origem e gozem do direito fundamental de viver em paz e segurança. Há necessidade urgente de um consenso internacional mais amplo e um programa de assistência para sustentar o Estado de direito, defender os direitos humanos fundamentais nesta situação insustentável, proteger minorias, combater o tráfico humano e o contrabando, eliminar rotas inseguras como as do Egeu e de todo o Mediterrâneo, e desenvolver procedimentos seguros de reinstalação. Deste modo seremos capazes de ajudar os países diretamente envolvidos na resposta às necessidades de inúmeros irmãos e irmãs nossos que sofrem. De modo particular, afirmamos a nossa solidariedade ao povo da Grécia que, não obstante as suas próprias dificuldades econômicas, tem respondido generosamente a esta crise.

Juntos, solenemente, imploramos o fim da guerra e da violência no Médio Oriente, uma paz justa e duradoura e o regresso honroso daqueles que foram forçados a abandonar as suas casas. Pedimos às comunidades religiosas que aumentem os seus esforços para receber, assistir e proteger os refugiados de todas as crenças, e que os serviços religiosos e civis de assistência se empenhem por coordenar os seus esforços. Enquanto perdurar a necessidade, pedimos a todos os países que alarguem o asilo temporário, ofereçam o estatuto de refugiado a quantos se apresentarem idôneos, ampliem os seus esforços de socorro e colaborem com todos os homens e mulheres de boa vontade para um rápido fim dos conflitos em curso.

Papa pede aos refugiados que não percam a esperança




VISITA APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO A LESBOS (GRÉCIA)

VISITA AOS REFUGIADOS
DISCURSOS DE SUA BEATITUDE HIERONYMOS,
ARCEBISPO DE ATENAS E DE TODA A GRÉCIA,
DE SUA SANTIDADE BARTOLOMEU, 
PATRIARCA ECUMÉNICO DE CONSTANTINOPLA, 
E DO SANTO PADRE FRANCISCO

Campo de Refugiados de Moira, Lesbos
Sábado, 16 de abril de 2016

ARCEBISPO DE ATENAS E DE TODA A GRÉCIA

It is with unique joy that we welcome today to Lesvos the Head of the Roman-Catholic Church, Pope Francis.

We consider his presence in the territory of the Church of Greece to be pivotal. Pivotal because together we bring forward before the whole world, Christian and beyond, the current tragedy of the refugee crisis.

I warmly thank His All-Holiness, and my beloved brother in Christ, Ecumenical Patriarch Bartholemew; who blesses us with his presence as the First of Orthodoxy, uniting through his prayer, so that the voice of the Churches can be more vocal and heard at the all the ends of the civilized world.

Today we unite our voices in condemning their uprooting,  to decry any form of depreciation of the human person.

From this island, Lesvos, I hope to begin a worldwide movement of awareness in order for this current course to be changed by those who hold the fate of nations in their hands and bring back the peace and safety to every home, to every family, to every citizen.

Unfortunately it is not the first time we denounce the politics that have brought these people to this impasse. We will act however, until the aberration and depreciation of the human person has stopped.

We do not need to say many words. Only those who see the eyes of those small child that we met at the refugee camps will be able to immediately recognize, in its entirety, the “bankruptcy” of humanity and solidarity that Europe has shown these last few years to these, and not only these, people.

I take pride in the Greeks, who even though going through there own struggles, are helping the refugees make their own Calvary (Golgotha) a little less ponderous, their uphill road a little less rough.

The Church of Greece and myself, personally, mourn the so many souls lost in the Aegean. We have already done a great deal, and we will continue to do so, as much as our abilities allow for us to undertake in handling this refugee crisis. I would like to close this declaration by making one request, a single call, a single provocation: for the agencies of the United Nations to finally, using the great experience that they offer, address this tragic situation that we are living. I hope that we never see children washing up on the shores of the Aegean. I hope to soon see them there, untroubled, enjoying life.

PATRIARCA ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA

Dearest brothers and sisters,
Precious youth and children,

We have traveled here to look into your eyes, to hear your voices, and to hold your hands. We have traveled here to tell you that we care. We have traveled here because the world has not forgotten you.

With our brothers, Pope Francis and Archbishop Ieronymos, we are here today to express our solidarity and support for the Greek people, who have welcomed and cared for you. And we are here to remind you that – even when people turn away from us – nevertheless “God is our refuge and strength; God is our help in hardship. Therefore, we shall not be afraid” (Ps 45: 2-3).

We know that you have come from areas of war, hunger and suffering. We know that your hearts are full of anxiety about your families. We know that you are looking for a safer and brighter future.

We have wept as we watched the Mediterranean Sea becoming a burial ground for your loved ones. We have wept as we witnessed the sympathy and sensitivity of the people of Lesvos and other islands. But we also wept as we saw the hard-heartedness of our fellow brothers and sisters – your fellow brothers and sisters – close borders and turn away.

Those who are afraid of you have not looked at you in the eyes. Those who are afraid of you do not see your faces. Those who are afraid of you do not see your children.

They forget that dignity and freedom transcend fear and division. They forget that migration is not an issue for the Middle East and Northern Africa, for Europe and Greece. It is an issue for the world.

The world will be judged by the way it has treated you. And we will all be accountable for the way we respond to the crisis and conflict in the regions that you come from.

The Mediterranean Sea should not be a tomb. It is a place of life, a crossroad of cultures and civilizations, a place of exchange and dialogue. In order to rediscover its original vocation, the Mare Nostrum, and more specifically the Aegean Sea, where we gather today, must become a sea of peace. We pray that the conflicts in the Middle East, which lie at the root of the migrant crisis, will quickly cease and that peace will be restored. We pray for all the people of this region. We would particularly like to highlight the dramatic situation of Christians in the Middle East, as well as the other ethnic and religious minorities in the region, who need urgent action if we do not want to see them disappear.

We promise that we shall never forget you. We shall never stop speaking for you. And we assure you that we will do everything to open the eyes and hearts of the world.

Peace is not the end of History. Peace is the beginning of a History tied to the future. Europe should know that better than any other continent.

This beautiful island we stand right now is just a dot in the map.

To dominate the wind and the rough sea Jesus, according to Luke, called a halt to the blow outright when the ship He and His disciples embarked was in danger. Eventually calm succeeded the storm.

God bless you. God keep you. And God strengthen you.


Queridos irmãos e irmãs!

Desejei vir estar convosco hoje. Quero dizer-vos que não estais sozinhos. Ao longo destes meses e semanas, sofrestes inúmeras tribulações na vossa busca duma vida melhor. Muitos de vós sentiram-se obrigados a escapar de situações de conflito e perseguição, sobretudo por amor dos vossos filhos, dos vossos pequeninos. Suportastes grandes sacrifícios por amor das vossas famílias. Experimentastes a amargura de ter deixado para trás tudo o que vos era querido e – o que é talvez mais difícil – sem saber o que o futuro vos reservava. Há ainda muitos outros, como vós, que se encontram à espera, em campos de refúgio ou na cidade, ansiando construir uma nova vida neste continente.

Vim aqui com os meus irmãos, o Patriarca Bartolomeu e o Arcebispo Hieronymos, apenas para estar convosco e ouvir os vossos dramas. Viemos a fim de chamar a atenção do mundo para esta grave crise humanitária e implorar a sua resolução. Como pessoas de fé, desejamos unir as nossas vozes para falar abertamente em vosso nome. Esperamos que o mundo preste atenção a estas situações de trágica e verdadeiramente desesperada necessidade e responda de modo digno da nossa humanidade comum.

Deus criou o género humano para ser uma única família; quando sofre algum dos nossos irmãos ou irmãs, todos nos ressentimos. Todos sabemos por experiência como é fácil, para algumas pessoas, ignorar as tribulações dos outros e até aproveitar-se da sua vulnerabilidade; mas sabemos também que estas crises podem fazer despontar o melhor de nós mesmos. Viste-lo em vós próprios e no povo grego, que, apesar de imerso nas suas próprias dificuldades, respondeu generosamente às vossas necessidades. Viste-lo também em muitas pessoas, sobretudo jovens originários de toda a Europa e do mundo, que vieram ajudar-vos. É verdade que ainda há muitíssimo a fazer; mas damos graças a Deus porque, nos nossos sofrimentos, nunca nos deixou sozinhos. Há sempre alguém que pode dar uma mão para nos ajudar.

Esta é a mensagem que, hoje, vos quero deixar: não percais a esperança! O maior presente que podemos oferecer uns aos outros é o amor: um olhar misericordioso, a solicitude por nos ouvirmos e compreendermos, uma palavra de encorajamento, uma oração. Oxalá possais partilhar este presente uns com os outros. Nós, cristãos, gostamos de contar o episódio do Bom Samaritano, um estrangeiro que viu um homem necessitado e, imediatamente, se deteve para o socorrer. Para nós, é uma parábola alusiva à misericórdia de Deus, que se destina a todos (Ele é o Misericordioso); mas é também um apelo a demonstrarmos a mesma misericórdia àqueles que passam necessidade. Que todos os nossos irmãos e irmãs, neste continente, possam – à semelhança do Bom Samaritano – vir em vosso auxílio, animados por aquele espírito de fraternidade, solidariedade e respeito pela dignidade humana que caracterizou a sua longa história.

Queridos irmãos e irmãs, que Deus vos abençoe a todos, especialmente às vossas crianças, aos idosos e àqueles que sofrem no corpo e no espírito. A todos vos abraço com afeto. Sobre vós e quem vos acompanha, invoco os dons divinos da fortaleza e da paz.
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Santa Sé

Palavras do Papa Francisco no vôo para Lesbos




VISITA APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO A LESBOS (GRÉCIA)

Palavras do Papa no voo para Lesbos
Sábado, 16 de abril de 2016
 
Padre Lombardi:

Santo Padre, bem-vindo ao nosso meio. Felicidades para esta viagem tão desafiadora, em que esperamos acompanhá-lo fazendo bom serviço para que a sua mensagem, o seu gesto seja bem entendido por todo o mundo. Somos cerca de cinquenta jornalistas. Como habitualmente representamos até certo ponto os diferentes países, continentes, línguas e meios de comunicação. E conseguimos juntar este grupo em poucos dias. Isto significa que há sempre uma grande solicitude, desejo e disponibilidade para o acompanhar. Se nos quiser dizer algumas palavras no início desta viagem…

Santo Padre: