terça-feira, 26 de abril de 2016

Eu sou a videira, vós os ramos


Querendo mostrar a necessidade de estarmos unidos a ele pelo amor, e a grande vantagem que nos vem desta união, o Senhor afirma que é a videira. Os ramos são os que, já se tornaram participantes da sua natureza pela comunicação do Espírito Santo. De fato, é o Espírito de Cristo que nos une a ele.

A adesão a esta videira nasce da boa vontade; a união da videira conosco procede do seu afeto e natureza. Foi, de fato, pela boa vontade que nos aproximamos de Cristo, mediante a fé; mas participamos da sua natureza por termos recebido dele a dignidade da adoção filial. Pois, segundo São Paulo, quem adere ao Senhor torna-se com ele um só espírito (1Cor 6,17).

Do mesmo modo, o autor sagrado, noutro lugar da Escritura, dá ao Senhor o nome de alicerce e fundamento. Sobre ele somos edificados como pedras vivas e espirituais, para nos tornarmos, pelo Espírito Santo, habitação de Deus e formarmos um sacerdócio santo. Entretanto, isto só será possível se Cristo for nosso fundamento. A mesma coisa vem expressa na analogia da videira: Cristo afirma ser ele próprio a videira e, por assim dizer, a mãe e a educadora dos ramos que dela brotam.

Nele e por ele fomos regenerados no Espírito Santo, para produzirmos frutos de vida, não da vida antiga e envelhecida, mas daquela vida nova que procede do amor para com ele. Esta vida nova, porém, só poderemos conservá-la se nos mantivermos perfeitamente inseridos em Cristo, se aderirmos fielmente aos santos mandamentos que nos foram dados, se guardarmos com solicitude este título de nobreza adquirida e se não permitirmos que se entristeça o Espírito que habita em nós, quer dizer, Deus que por ele mora em nós.

O evangelista João nos ensina sabiamente de que modo estamos em Cristo e ele em nós, quando diz: A prova de que permanecemos com ele, e ele conosco, é que ele nos deu o seu Espírito(1Jo 4,13).

Assim como a raiz faz chegar aos ramos a sua seiva natural, também o Unigênito de Deus concede aos homens, sobretudo aos que lhe estão unidos pela fé, o seu Espírito. Ele os conduz à santidade perfeita, comunica-lhes a afinidade e parentesco com sua natureza e a do Pai, alimenta-os na piedade e dá-lhes a sabedoria de toda virtude e bondade.



Do Comentário sobre o Evangelho de São João, de São Cirilo de Alexandria, bispo (Lib. 10,2: PG 74,331-334)         (Séc.V)

Um pouco sobre os Anjos


CRIAÇÃO, NATUREZA E MISSÃO

O Catecismo da Igreja Católica constitui para nós: o que cremos, o que celebramos, o que vivemos e o que rezamos. A existência dos Anjos é para nós uma verdade de fé (CAT 238): isto é, somos chamados a acolher essa verdade tantas vezes afirmada pelo Magistério da Igreja e pela sã Teologia.

Portanto, nós católicos cremos na existência de Deus como também na existência dos Anjos; não porque sempre é possível através da nossa inteligência humana provar matematicamente o que cremos, uma vez que a lógica humana não é a lógica de Deus. Ter fé é aderir e acolher o pensamento de Deus que chega até nós mediante a Sagrada Escritura, o Magistério, a Tradição, a Teologia e a experiência dos místicos e dos santos.

Os Anjos foram criados à imagem e semelhança de Deus para servi-lo com a sua inteligência e vontade. Santo Agostinho nos ensina: O Anjo é espírito pelo que é, e Anjo pelo que faz.

O nome Anjo significa mensageiro e não identifica a natureza do ser espiritual que ele é, mas a sua função. Desse modo o seu ser é espírito e o seu ofício é Anjo. Mas então quem são essas criaturas amigas dos homens, mensageiros de Deus em nossa vida?

O Santo Anjo do Senhor serve a Deus, contempla a Sua glória, testemunha, guarda, anuncia e executa a Sua Palavra no governo e conservação do universo. Serve a Deus também servindo ao Homem.

Um Anjo fiel foi deixado para cada homem, do nascimento à morte, como guardião e núncio dos mistérios para a sua salvação (São Basílio).

“Eles aí estão, desde a criação, e ao longo de toda História da Salvação, anunciando de longe ou de perto essa salvação e servindo ao desígnio divino da sua realização: fecham o paraíso terrestre, protegem Lot, salvam Agar e seu filho, seguram a mão de Abraão, a lei é comunicada por ministério deles, conduzem o povo de Deus, anunciam nascimentos e vocações, assistem os profetas. Finalmente é o Anjo Gabriel que anuncia o nascimento do João Batista e do Próprio Jesus” (CIC, 332). “Desde a Encarnação até a Ascensão, a vida do Verbo Encarnado é cercada da adoração e do serviço dos anjos. (…) Protegem a infância de Jesus, servem Jesus no deserto, reconfortam-no na agonia, embora tivesse podido ser salvo por eles da mão dos inimigos, como outrora Israel. São ainda os anjos que evangelizam, anunciando a Boa Nova da Encarnação e da Ressurreição de Cristo. Estarão presentes no retorno de Cristo, que eles anunciam, a serviço do juízo que o próprio Cristo pronunciará” (CIC, 333).

Deus é, portanto, o centro da existência dos Anjos e dos Homens, porque por Ele e para Ele todas as coisas foram feitas, as visíveis e as invisíveis. 

Santo Anacleto (Cleto)


São Anacleto era grego. Seu nome significa “aquele que é chamado”.

Anacleto foi ordenado diácono por São Pedro. Discípulo fiel, Anacleto seguia Pedro por todo parte, desbravando a cidade de Roma e conhecendo a realidade das diversas igrejas cristãs.

Foi eleito papa em Roma e aproveitou um tempo de paz concedida aos cristãos sob o reinado do imperador Vespasiano para organizar a Igreja que crescia rapidamente. Chegou a ordenar vinte e cinco sacerdotes em Roma. Também foi dele a estranha ordem de que os homens cristãos não deveriam ter cabelos compridos.

Anacleto foi o segundo sucessor de São Pedro e foi o terceiro Papa da Igreja de Roma, governando-a entre os anos 76 e 88.

Ele mandou construir um pequeno templo na tumba de São Pedro. Morreu mártir no ano 88 e foi sepultado ao lado de São Pedro.

Com o passar dos anos, a vida de Santo Anacleto confundiu-se em duas: durante muito tempo a Igreja celebrou Santo Anacleto e santo Cleto como dois santos diferentes. No fim, os dois eram a mesma pessoa.  



Deus eterno e todo-poderoso, quiseste que Santo Anacleto governasse todo o vosso povo, servindo-o pela palavra e pelo exemplo. Guardai, por suas preces, os pastores de vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

A pregação da verdade


A Igreja, espalhada pelo mundo inteiro até os confins da terra, recebeu dos apóstolos e de seus discípulos a fé em um só Deus, Pai todo-poderoso, que criou o céu, a terra, o mar e tudo o que neles existe (cf. At 4,24); em um só Jesus Cristo Filho de Deus, que se fez homem para nossa salvação; e no Espírito Santo, que, pela boca dos profetas, anunciou antecipadamente os desígnios de Deus: a vinda de Jesus Cristo, nosso amado Senhor, o seu nascimento de uma Virgem, a sua paixão e ressurreição de entre os mortos, a ascensão corporal aos céus, a sua futura vinda do céu na glória do Pai. Então ele virá para recapitular o universo inteiro (cf. Ef 1,10) e ressuscitar todos os homens, a fim de que, segundo a vontade do Pai invisível, diante de Cristo Jesus nosso Senhor, Deus, Salvador e Rei, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua o proclame (cf. Fl 2,10-11), e ele julgue todos os homens com justiça.

A Igreja recebeu, como dissemos, e guarda com todo cuidado esta pregação e esta fé; apesar de espalhada pelo mundo inteiro, guarda-a como se morasse em uma só casa. Acredita nela como quem possui uma só alma e um só coração; e a proclama, ensina e transmite, como se tivesse uma só boca. Porque, embora através do mundo haja línguas muito diferentes, a força da Tradição é uma só e a mesma para todos.

As Igrejas fundadas na Germânia, as que se encontram na Ibéria e nas terras celtas, as do Oriente, do Egito e Líbia, ou as do centro do mundo, não creem nem ensinam de modo diferente. Assim como o sol, criatura de Deus, é um só e o mesmo para todo o universo, igualmente a pregação da verdade brilha em toda parte e ilumina todos os homens que querem chegar ao conhecimento da verdade.

E dos que presidem às Igrejas, nem mesmo o mais eloquente, dirá coisas diferentes das que afirmamos, pois ninguém está acima do divino Mestre; nem o orador menos hábil enfraquecerá a Tradição. Sendo uma só e mesma a fé, nem aquele que muito diz sobre ela a aumenta, nem aquele que diz menos a diminui.



Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo
(Lib. 1,10,1-3:PG 7,550-554)        (Séc.II)

A “mulher” de Jesus


O Evangelho da mulher de Jesus! Estranho, mas é esse o título dado pela pesquisadora Karen King, da Universidade de Harvard, a um minúsculo pedaço de papiro copta encontrado recentemente. Especialistas se dividem na opinião sobre a autenticidade do documento. Falta ainda o teste com carbono 14 para comprovar a sua datação, postulada no século IV. Trata-se de frases soltas: “Não [para mim]. Minha mãe me deu a vi[da] (1). Os discípulos disseram a Jesus: (2); negar; Maria é digna disso (3). Jesus disse a eles: Minha mulher (4). Ela conseguirá ser minha discípula (5). Que os perversos se encham (6). Quanto a mim habito com ela para que (7). Uma imagem (8).

O uso de termos gnósticos – corrente de pensamento (séculos de 1 a 7) que acreditava na salvação pelo conhecimento –, como: mãe, vida, Maria é digna disso, minha mulher e perverso, se encham sinaliza que pode se tratar de pedaço do evangelho apócrifo – texto usado de forma escondida pelos cristãos e que não foram considerados inspirados – gnóstico de Maria Madalena (ano 150), do qual faltam as páginas de 1 a 6. Assim, estamos diante de mais um texto gnóstico cristão. Os gnósticos consideravam Maria Madalena como a companheira de Jesus. O evangelho de Filipe afirma: “Eram três que acompanhavam sempre o Senhor: sua mãe Maria, a irmã dela, e Madalena, que é chamada de sua companheira, consorte” E ainda: “A companheira de Cristo é Maria Madalena. O Senhor amava Maria Madalena mais que todos os discípulos, e a beijava na boca repetida vezes. Os discípulos lhe disseram: Por que a amas mais que a nós? O Salvador respondeu dizendo: Como é possível que eu não vos ame tanto quanto a ela?” No evangelho de Maria Madalena, Pedro reconhece que Jesus amava Madalena diferentemente das outras mulheres e pergunta apavorado: “Será que Ele verdadeiramente a escolheu e a preferiu a nós?”. Levi defende Maria Madalena e chama a atenção de Pedro por agir de forma misógina com as mulheres, como os adversários. O apócrifo Perguntas de Maria também admite que Madalena era amante, parceira sexual ou esposa carnal de Jesus. Opinião considerada exagerada e contestada por Pistis Sophia. Assim sendo, o fragmento encontrado é mais um testemunho da crença nos primórdios do cristianismo e na relação matrimonial entre Jesus e Madalena. O que dizer de tudo isso? Com certeza, essa dúvida vai permanecer para sempre. Para os gnósticos, a união entre o masculino e o feminino era vista numa esfera espiritual de superação da divisão corpórea. Jesus e Madalena eram vistos como exemplo dessa integração. O beijo entre eles é a expressão desse desejo espiritual que comunicava o saber. 

São Marcos, evangelista


Marcos era judeu, da tribo de Levi, era filho de Maria de Jerusalém. Segundo os historiadores teria sido batizado pelo próprio São Pedro e fazia parte de uma das primeiras famílias cristãs de Jerusalém. Ainda menino viu sua casa se tornar um ponto de encontro e reunião dos apóstolos e cristãos primitivos. Segundo a tradição, foi na sua casa que Cristo celebrou a última ceia, onde instituiu a Eucaristia e foi nela, também, que os apóstolos receberam a visita do Espírito Santo, após Sua Ressurreição. 

Mais tarde, Marcos acompanhou São Pedro a Roma, quando o jovem começou então a preparar o Evangelho. Escreveu o Evangelho por volta dos anos sessenta, sendo esse o mais antigo dos quatro. Em Roma prestou serviço também a São Paulo, em sua primeira prisão.

São Marcos, depois da morte de São Pedro e São Paulo, viajou para pregar em Chipre, na Ásia Menor e no Egito, especialmente na Alexandria, onde fundou uma das igrejas que mais floresceram.

Ele foi martirizado no dia da Páscoa, enquanto celebrava a missa. Mais tarde, as suas relíquias foram trasladadas pelos mercadores italianos para Veneza, cidade que é sua guardiã e que tomou São Marcos como padroeiro.

O evangelista é representado com um leão aos seus pés.  


Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, que deu a seu discípulo Marcos a graça do apostolado cristão e a narração do seu Santo Evangelho. São Marcos, rogai por nós, para que sejamos iluminados pela força do Evangelho. Amém.

domingo, 24 de abril de 2016

“O amor é o bilhete de identidade do cristão”, diz Papa



JUBILEU EXTRAORDINÁRIO DA MISERICÓRDIA
 JUBILEU DOS ADOLESCENTES

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Praça São Pedro
Domingo, 24 de Abril de 2016
 
«Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos:
se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 35).

Queridos adolescentes, que grande responsabilidade nos confia hoje o Senhor! Diz-nos que as pessoas reconhecerão os discípulos de Jesus pelo modo como se amam entre si. Por outras palavras, o amor é o bilhete de identidade do cristão, é o único «documento» válido para sermos reconhecidos como discípulos de Jesus. O único documento válido. Se este documento perde a validade e não se volta a renová-lo, deixamos de ser testemunhas do Mestre. Por isso vos pergunto: Quereis acolher o convite de Jesus para ser seus discípulos? Quereis ser seus amigos fiéis? O verdadeiro amigo de Jesus distingue-se essencialmente pelo amor concreto; não um amor «nas nuvens», não; o amor concreto que brilha na sua vida. O amor é sempre concreto. Quem não é concreto e fala de amor, faz uma telenovela, um romance televisivo. Quereis viver este amor que Ele nos dá? Quereis ou não? Procuremos então frequentar a sua escola, que é uma escola de vida, para aprender a amar. E este é um trabalho de todos os dias: aprender a amar.

Antes de mais nada, amar é belo, é o caminho para sermos felizes. Mas não é fácil: é exigente, requer esforço. Pensemos, por exemplo, quando recebemos um presente: isto torna-nos felizes; mas, para preparar aquele presente, houve pessoas generosas que dedicaram tempo e esforço; e, assim, dando-nos algo de presente, deram-nos também um pouco de si mesmas, algo de que souberam privar-se. Pensemos também na prenda que vos deram os vossos pais e animadores, permitindo-vos vir a Roma para este Jubileu que vos é consagrado. Projetaram, organizaram, prepararam tudo para vós: e isto dava-lhes alegria, embora tenham talvez renunciado a uma viagem para eles. Esta é a dimensão concreta do amor. De facto, amar quer dizer dar... e não só coisas materiais, mas algo de nós mesmos: o próprio tempo, a própria amizade, as próprias capacidades.

Olhemos para o Senhor, que é imbatível em generosidade. D'Ele recebemos tantos dons, e todos os dias deveremos agradecer-Lhe... Gostava de vos perguntar: Agradeceis ao Senhor todos os dias? Mesmo que nos esqueçamos, Ele não Se esquece de nos oferecer cada dia um dom especial; não se trata de um presente que se possa ter materialmente nas mãos e usar, mas de um dom maior, um dom para a vida. Que nos oferece o Senhor? Oferece-nos uma amizade fiel, dom de que nunca nos privará. O Senhor é o amigo para sempre. Mesmo se O dececionas e te afastas d'Ele, Jesus continua a amar-te e a permanecer junto de ti, continua a crer em ti mais de quanto crês tu em ti próprio. Esta é a dimensão concreta do amor que Jesus nos ensina. E isto é muito importante! Pois a principal ameaça, que impede de crescer como se deve, é ninguém se importar de ti – e isto é triste -, é quando sentes que te deixam de lado. Ao contrário, o Senhor está sempre contigo e sente-Se contente em estar contigo. Como fez com os seus jovens discípulos, fixa-te nos olhos e chama-te para O seguir, «fazer-te ao largo» e «lançar as redes» confiado na sua palavra, ou seja, a pôr a render os teus talentos na vida, juntamente com Ele, sem medo. Jesus espera pacientemente por ti, aguarda uma resposta, espera o teu «sim».

Cristo é o dia


A ressurreição de Cristo abre a mansão dos mortos, os neófitos da Igreja renovam a terra e o Espírito Santo abre as portas do céu. A mansão dos mortos aberta devolve seus habitantes, a terra renovada germina os ressuscitados, o céu reaberto recebe os que para ele sobem.

O ladrão sobe ao paraíso, os corpos dos santos entram na cidade santa, os mortos retornam à região dos vivos. E de certo modo, pela ressurreição de Cristo, todos os elementos são elevados a uma dignidade mais alta.

A habitação dos mortos restitui ao paraíso os que nela estavam detidos,a terra envia ao céu os que foram nela sepultados, o céu apresenta ao Senhor os que recebe em suas moradas. E por um único e mesmo ato, a paixão do Salvador retira o ser humano das profundezas, eleva-o da terra e o coloca no alto dos céus.

A ressurreição de Cristo é vida para os mortos, perdão para os pecadores, glória para os santos. Por isso, o santo profeta convida todas as criaturas para a festa da ressurreição de Cristo, exultando e se alegrando neste dia que o Senhor fez.

A luz de Cristo é um dia sem noite, um dia sem fim. O Apóstolo nos ensina que este dia é o próprio Cristo, quando afirma: A noite já vai adiantada, o dia vem chegando (Rm 13,12). Ele diz que a noite já vai adiantada e não que ela ainda virá, a fim de compreendermos que a chegada da luz de Cristo afasta as trevas do demônio e dissipa a escuridão do pecado; com seu esplendor eterno ela vence as sombras tenebrosas do passado e impede toda a infiltração dos estímulos pecaminosos.

Este dia é o próprio Cristo. Sobre ele, o Pai, que é o dia sem princípio, faz resplandecer o sol da sua divindade. Ele mesmo é o dia que assim fala pela boca de Salomão: Fiz brilhar no céu uma luz que não se apaga (Eclo 24,6 Vulg.).

Assim como a noite não pode absolutamente suceder ao dia celeste, também as trevas dos pecados não podem suceder à justiça de Cristo. O dia celeste brilha eternamente, e nenhuma obscuridade pode ofuscar o fulgor da sua luz. Do mesmo modo, a luz de Cristo resplandece e irradia a sua claridade, e sombra alguma de pecado poderá ofuscá-la, como diz o evangelista João: E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la(Jo 1,5).

Portanto, irmãos, todos nós devemos alegrar-nos neste santo dia. Ninguém se exclua desta alegria universal, apesar da consciência de seus pecados; ninguém se afaste das orações comuns, embora sinta o peso de suas culpas. Por mais pecador que seja, ninguém deve neste dia desesperar do perdão. Temos a nosso favor um valioso testemunho: se o ladrão arrependido alcançou o paraíso, por que não alcançaria o cristão a graça de ser perdoado?



Dos Sermões de São Máximo de Turim, bispo 
(Sermo 53,1-2.4:CCL23,214-216)         (Séc.V)