terça-feira, 3 de maio de 2016

Carta à mulher chateada com meus filhos na missa


Bom dia:

Nós realmente não nos conhecemos, mas eu me sinto obrigado a escrever-lhe esta carta, tendo em vista nossa breve conversa depois da missa de domingo passado.

Sei que você se recordará de mim: sou aquele homem exausto, sem banho, que derramava o lanche, com alguns brinquedos pelo colo, sujo de vômito, equilibrista das chupetas daquele circo montado no banco da frente onde você estava na igreja.

Somos o motivo pelo qual as pessoas perdem a homilia. Somos o “amém” gritado aos quatro ventos no momento errado; o aperto de mãos com a cara feia na hora da paz…

Não tenho certeza de que você saiba disso, mas nós temos total consciência do modo como impactamos na experiência da missa dos demais.

Talvez não lhe pareça, mas cada vez que um de nossos filhos fala alto, deixa cair algo, brinca nos bancos ou enche a fralda, nós nos envergonhamos terrivelmente e suplicamos que isso não esteja distraindo os outros de sua oração íntima com Deus.

Percebo agora que provavelmente isso não fique evidente, porque no domingo passado você se sentiu inspirada pelo Espírito Santo (suponho) para vir me dizer que eu estava lidando mal com a situação.

“Você não sabe que há um lugar onde as crianças podem ficar? Será que você não poderia sair da próxima vez com a criança que fala alto? Por que você não diz aos seus filhos que eles não podem ficar dançando nos bancos durante o Evangelho? Acaso não sabe que as pessoas estão tentando rezar?”

Eu me sinto mal por não ter lhe respondido de forma mais ampla quando você veio com tais comentários. Para ser sincero, senti-me tão mal com seus comentários que não pude dizer mais do que “sinto muito”.

A caminho do carro, no entanto, minha cabeça começou a pulsar com todas as coisas que eu queria lhe dizer.

Oxalá lhe houvesse dito que os olhares tortos e os comentários críticos sobre as crianças fazem os pais refletir se deveriam mesmo trazer os filhos na missa.

Quisera lhe recordar Marcos 10, onde os discípulos repreendem os pais por terem levado os filhos até Jesus. Quem sabe você se recorda da reação de Jesus: “deixai vir a mim as crianças”.

Eu estava indignado.

Pudesse eu lhe recordar as palavras do Papa Paulo VI na Gaudium et Spes, em que nos recorda que “os filhos são realmente o maior presente do casamento”.

O motivo pelo qual todos temos de mudar nosso pensamento é que as crianças são maravilhosas justamente pelas razões que a aborrecem na missa.

Elas nos distraem, nos incomodam, nos dificultam a concentração em nossas prioridades, e por tudo isso fazem um trabalho duro para que sejamos santos.

Pudesse eu ter-lhe dito que os meus filhos, que tanto a aborrecem, podem ser exatamente o que Deus quer para você; uma forma de ajudá-la a superar o seu egoísmo e se santificar. Sei que isso é o que meus filhos fazem por mim.

Por fim, gostaria de lhe dizer que nossa fé católica é pró-vida. Talvez isso lhe seja inconveniente, mas as crianças barulhentas e os bebês exigentes são o resultado mais maravilhoso de uma vida “pró-vida”.

Quando penso em Jesus olhando para nossa paróquia, eu o imagino com um grande sorriso quando vê a homilia ser interrompida por algum ruído dos pequeninos.

Enquanto me preparo para ir este domingo à missa, me asseguro de ter em mente essas respostas para lhe dar quando a encontrar.

Mas eis que me dou conta de algo. 

São Filipe e São Tiago, apóstolos


Ambos nasceram na Galileia e foram discípulos e apóstolos de Jesus Cristo, e por Ele deram a vida.

Filipe nasceu em Betsaida, e o Evangelho de São João é que nos apresenta dados a respeito de seu santo testemunho. Jesus passou, chamou-o e ele disse ‘sim’ com a vida.

Ele foi ‘canal’ para que São Bartolomeu também se tornasse discípulo de Cristo. Durante o acontecimento da multiplicação dos pães, Filipe também participou deste milagre (foi para Filipe que Jesus perguntou como se faria para alimentar aquela multidão).

Na Santa Ceia, o apóstolo Filipe é quem pede a Jesus: ‘Mostra-nos o Pai e isso nos basta’ (Jo 14,8). Filipe estava em Pentecostes com a Virgem Maria e os outros apóstolos. São Clemente de Alexandria nos diz que ele foi crucificado. Que honra para os apóstolos morrerem como o seu Senhor!

São Tiago também foi martirizado, por volta do ano 62. Ele que nasceu em Caná, filho de Alfeu, familiar de Nosso Senhor Jesus Cristo. E foi um dos doze apóstolos. Nos Atos dos Apóstolos encontramos ele como o primeiro bispo de Jerusalém. Tiago recebeu mais de uma visita de São Paulo e foi reconhecido como uma das colunas principais da Igreja, ao lado de São Pedro e São João. Uma das cartas do Novo Testamento é atribuída a ele. E, nela, o apóstolo nos ensina que a fé sem obras é morta e que é preciso deixarmos que o Espírito Santo governe a nossa língua.

O martírio não está centrado no sofrimento, mas no amor a Jesus Cristo que supera essa vida.


São Filipe e São Tiago, rogai por nós!


Ó Senhor, por intercessão e méritos dos apóstolos Filipe e Tiago, eu Vos peço a Graça do desassombro no anúncio e testemunho do Santo Evangelho. Abençoai-me e concedei-me os dons que me são necessários para que eu possa cumprir com minha missão evangelizadora na minha família, no trabalho e na sociedade. Amém. São Filipe e São Tiago, rogai por nós. Maria, Rainha dos Apóstolos, rogai por nós.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

ChurchPOP: site de cultura cristã sucesso nas Américas agora em português

 
Depois de conquistar os Estados Unidos e a América espanhola, agora é a vez do ChurchPOP alcançar os falantes de língua portuguesa. E o país escolhido para sediar a nova empreitada é o Brasil. Aliando informação e descontração, a página trará um estilo de comunicação único.

“O site unirá formato e conteúdo para, de maneira divertida, alcançar seu objetivo que é ser um instrumento de evangelização”, explica o editor, Cleiton Ramos.

E qual a relação disso tudo com o nome? Cleiton lembra que “picolé em inglês é popsicle”. “Foi feito um jogo com as palavras POP e popsicle”, conta.

Segundo ele, “os leitores podem esperar um conteúdo de alta qualidade, de consistência doutrinária, em uma linguagem jovem e de fácil acesso”.

“O ChurchPOP Português – adianta Cleiton – trará conteúdos em vídeos, infográficos; jogos de perguntas e respostas, listas sobre curiosidades, entre muitas outras coisas”.

No site serão abordados temas sobre cultura cristã, religiosidade popular, cobertura dos grandes eventos católicos, abordagens sobre as mais diversas perspectivas da vida dos santos, história da Igreja, curiosidades, vídeos e entre outros.

O lançamento do site será em 08 de maio, dia em que a Igreja celebrará a festa da Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo e o 50° Dia Mundial das Comunicações Sociais.

México: 4 homens armados assaltam igreja católica

 
Na terça-feira, 26 de abril, 4 sujeitos armados ingressaram na Paróquia do Senhor da Clemência, em Irapuato, estado mexicano do Guanajuato, ataram o sacerdote que estava na sacristia e roubaram 7 mil pesos, 400 dólares aproximadamente.

A polícia, assinalam as mídias locais, deteve um jovem de 27 anos identificado como Iván Ochoa, que seria um dos autores do roubo.

Sobre o assalto, o Bispo do Irapuato, Dom José de Jesús Martínez Zepeda, afirmou que “é uma dolorosa ofensa a toda a comunidade”.

Em declarações recolhidas pelo jornal ‘O Sol do Irapuato’, o Prelado expressou sua dor pela forma como os assaltantes humilharam “um de nossos sacerdotes” e considerou que o assalto é resultado do “comércio de armas que segue florescente porque, segundo me disse (o sacerdote assaltado), todos estavam com pistolas”.

O Bispo também indicou que, devido a este incidente, emitirá uma série de recomendações de segurança para todos os templos, paróquias, reitorias e capelas da diocese do Irapuato.

“Alertas nós temos há muito tempo. A delinquência chegou cada vez em maiores ondas a nossa cidade e segue”, denunciou Dom Martínez.

Aos cidadãos, concluiu, assaltam-nos em suas casas, na rua e, neste caso, “o clesma já não é um sinal de respeito ou que detenha os delinquentes”.

O assalto ocorreu apenas alguns dias depois que o Bispo anunciou que enviará alguns sacerdotes à cidade de Baltimore, nos Estados Unidos, para que ali sirvam à comunidade hispânica.

“Nos Estados Unidos, pediram-nos o apoio para os hispânicos, porque há dioceses nas quais ninguém fala espanhol e os hispânicos têm necessidade de que alguém com sua sensibilidade os apoie”, disse então o Prelado.

Palavra de Vida: “Ele vai morar junto deles. Eles serão o seu povo, e o próprio Deus-com-eles será seu Deus.” (Ap 21,3)

 
Sempre foi este o desejo de Deus: morar conosco, o seu povo. Desde as primeiras páginas da Bíblia nós o vemos na atitude de descer do Céu, passear pelo jardim e entreter-se com Adão e Eva. Não foi para isso que nos criou? O que deseja aquele que ama, senão estar com a pessoa amada? O livro do Apocalipse, que sonda o projeto de Deus na história, nos dá a certeza de que esse desejo de Deus será realizado em sua plenitude.

Deus já começou a morar em nosso meio desde a chegada de Jesus, o Emanuel, o “Deus conosco”. E agora que Jesus ressuscitou, a sua presença não está mais limitada a um lugar ou a um tempo, mas se dilatou sobre o mundo inteiro. Com Jesus iniciou a construção de uma nova comunidade humana muito original: um povo composto por muitos povos. Deus quer morar não somente na minha alma, na minha família, no meu povo, mas entre todos os povos chamados a formarem um só povo. Além do mais, a atual mobilidade humana está mudando o próprio conceito de povo. Em muitos países o povo já é composto por muitos povos.

Somos bem diferentes pela cor da pele, pela cultura, pela religião. Olhamo-nos muitas vezes com desconfiança, suspeita, medo. Ficamos fazendo guerra uns contra os outros. E no entanto, Deus é Pai de todos, ama-nos a todos e a cada um. Não quer morar com um povo – “o nosso, naturalmente”, é o que se pensa logo – e abandonar os outros povos. Para Ele somos todos filhos e filhas Dele, somos uma única família.

Vamos então exercitar-nos, orientados pela Palavra de Vida deste mês, em valorizar a diversidade, em respeitar o outro, em olhá-lo como uma pessoa que me pertence: eu  me identifico com o outro, o outro se identifica comigo; o outro vive em mim, eu vivo no outro. Começando pelas pessoas com as quais vivo todo dia. Desse modo podemos abrir espaço para a presença de Deus entre nós. Será Ele que irá compor a unidade, que vai salvaguardar a identidade de cada povo, criar uma nova socialidade.

Pedagogia Litúrgica para o mês de Maio de 2016: "Vinde, Espírito Santo, e concedei-nos o dom da paz!".

 
Maio, mês carinhosamente dedicado a Nossa Senhora, inicia as celebrações do Tempo Pascal com um convite para que os celebrantes se empenhem em favor da construção da paz. Esta paz, diferente daquela oferecida pelo mundo, porque tem sua fonte na Ressurreição de Jesus e sua grande inspiração no amor divino, vivido na Trindade Santa.

Um mês para conduzir os celebrantes a refletirem a misericórdia a partir da partilha do pão (Corpus Christi) e da unidade de todos os homens e mulheres de boa vontade que sinceramente buscam o rosto divino.

O Dom da paz

Eu vos dou a paz! É com este presente, o grande dom da paz doado pelo próprio Jesus, que a Liturgia introduz seus celebrantes no mês de maio, na celebração do 6º Domingo da Páscoa. O dom da paz é o grande desejo de todos os homens e mulheres de boa vontade, porque somente a paz e convivendo na paz e com a paz podemos nos tornar uma humanidade fraterna, solidária e misericordiosa.

Pelo dom da paz, a Ressurreição de Jesus tem o poder de transformar a sociedade, iluminando-a com a luz da glória divina e congregando todos os povos e todas as nações na Jerusalém do alto, a Igreja. Uma Igreja que recebe de Jesus a missão de semear e cultivar a paz, permanecendo firme na Palavra do Senhor. Uma Igreja que invoca constantemente o dom do Paráclito, o consolador, o fortalecedor para que a violência não domine a terra e não destrua, pela morte, a humanidade.

O dom da paz, podemos dizer, é o fruto e o conteúdo da grande missão evangelizadora que a Igreja recebeu no dia da Ascensão, do próprio Jesus. Por isso, entendemos que a Ascensão não é um Mistério da Salvação que se remete unicamente a Jesus, mas a cada pessoa que se torna discípulo e discípula do Evangelho. Porque Jesus subiu aos céus, todos somos destinados a promover a vida cultivando o dom da paz. O destino final desta vivência fraterna na paz é viver no céu e fazer o mesmo caminho até a Pátria definitiva, testemunhando o Evangelho em todas as partes da terra. Um testemunho para levar a alegria de quem acredita e sente a presença de Jesus Cristo vivo entre nós.

Como conseguiremos isso? Não com nossa sabedoria e nem com nossas simples intuições, mas com a presença iluminada e iluminadora do Espírito Santo conduzindo a Igreja. Por isso, concluindo o Tempo Pascal, na celebração de Pentecostes, nós invocamos a vinda do Espírito Santo de Deus: Vinde, Espírito Santo e renovai a face da terra! Invocamos o Espírito Santo de Deus que é apresentado como o hermeneuta, aquele que ajuda a compreender as Escrituras em vista do projeto divino. A vinda do Espírito Santo não tem a finalidade de instrumentalizar Deus com milagres ou com dons especiais, para atrair pessoas para uma Igreja específica. A finalidade da vinda do Espírito Santo é aquela de conduzir a Igreja e seus membros a viver em Deus, testemunhando o Evangelho através de relacionamentos fraternos, misericordiosos e solidários, cujo fruto mais saboroso é a paz. 

Maria e o Rosário em maio



 
Ao iniciar o mês de Maio, a tradição católica nos remete a Maria, cujo mês é a ela dedicado. Aqui na Arquidiocese do Rio de Janeiro, no Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Penha, iniciaremos este mês com uma grande concentração do movimento “terço dos homens”, que congrega milhares de homens em quase todas as paróquias da cidade. A tradição do terço mariano deve ser retomada com mais entusiasmo e piedade tanto pessoalmente, como em família ou na comunidade. Aproveitemos o mês de maio, mês de Maria, para fazer do Rosário a oportunidade de contemplar os mistérios de nossa salvação junto com Maria, nossa mãe.

No Santo Rosário, temos a oração mariana mais recomendada pela Igreja ao longo dos séculos. A piedade mostra-nos um resumo das principais verdades da fé cristã; através da consideração de cada um dos mistérios, a Santíssima Virgem ensina-nos a contemplar a vida do seu Filho. Em alguns deles, Maria tem certo destaque; em outros fala-nos do Senhor, mas, mesmo sendo uma devoção de cunho mariano o Santo Rosário é completamente Cristológico. Maria fala-nos sempre do Senhor: da alegria do seu nascimento, da sua vida pública, da sua morte, da sua ressurreição e da ascensão gloriosa.

O nome Rosário vem do latim rosarius – relativo às rosas, e foi chamado assim devido à prática popular de coroar Maria com rosas no final do saltério. O valor espiritual do Rosário consiste na característica de ser uma oração simples e profunda. Uma oração contemplativa que educa o espírito humano à meditação dos mistérios da vida de Cristo, e sua intrínseca relação à compaixão de Maria nos momentos de alegria e de dor. Uma oração catequética, pois apresenta e ensina, com um método simples, o núcleo do conteúdo da fé católica. Uma oração que respeita os ritmos da vida, uma vez que harmoniza a disposição corporal com o movimento do espírito que, por sua vez, produz frutos de paz e serenidade diante das tribulações da vida. Uma oração criativa que ajuda comparar os nossos sentimentos com os de Cristo durante a meditação de cada passo, desde o mistério da Encarnação até o mistério da Ressurreição. E, por fim, uma oração que introduz a liturgia por sua natureza comunitária, cristocêntrica e bíblica. É nesse sentido que o Papa Paulo VI diz na sua Exortação Apostólica Marialis Cultus: “O rosário é, por isso mesmo, uma prece de orientação profundamente cristológica” (MC 61).

O Concílio Ecumênico Vaticano II pede “a todos os filhos da Igreja que promovam generosamente o culto à Bem-aventurada Virgem, que deem grande valor às práticas e aos exercícios de piedade recomendados pelo Magistério no curso dos séculos” (Lumen Gentium, 67). Sabemos bem com que insistência a Igreja sempre recomendou a oração do Santo Rosário. Concretamente, é “uma das mais excelentes e eficazes orações em comum que a família cristã é convidada a rezar” (Marialis Cultus, 54). 

A encarnação do Verbo


O Verbo de Deus, incorpóreo, incorruptível e imaterial, veio habitar no meio de nós, se bem que antes não estivesse ausente. De fato, nenhuma região do mundo jamais esteve privada de sua presença, porque, pela união com seu Pai, ele estava em todas as coisas e em todo lugar.

Por amor de nós, veio a este mundo, isto é, mostrou-se a nós de modo sensível. Compadecido da fraqueza do gênero humano, comovido pelo nosso estado de corrupção, não suportando ver-nos dominados pela morte, tomou um corpo semelhante ao nosso. Assim fez para que não perecesse o que fora criado nem se tornasse inútil a obra de seu Pai e sua ao criar o homem. Ele não quis apenas habitar num corpo ou somente tornar-se visível. Se quisesse apenas tornar-se visível, teria certamente assumido um corpo mais excelente; mas assumiu o nosso corpo.

Construiu no seio da Virgem um templo para si, isto é, um corpo; habitando nele, fê-lo instrumento mediante o qual se daria a conhecer. Assim, pois, assumindo um corpo semelhante ao nosso, e porque toda a humanidade estava sujeita à corrupção da morte, ele, no seu imenso amor por nós, ofereceu-o ao Pai, aceitando morrer por todos os homens. Deste modo, a lei da morte, promulgada contra a humanidade inteira, ficou anulada para aqueles que morrem em comunhão com ele. Tendo ferido o corpo do Senhor, a morte perdeu a possibilidade de fazer mal aos outros homens, seus semelhantes. Além disso, reconduziu o gênero humano da corrupção para a incorruptibilidade, da morte para a vida, fazendo desaparecer a morte – como a palha é consumida pelo fogo – por meio do corpo que assumira e pelo poder da ressurreição. Assumiu, portanto, um corpo mortal, para que esse corpo, unido ao Verbo que está acima de tudo, pudesse morrer por todos. E porque era habitação do Verbo, o corpo assumido tornou-se imortal e, pelo poder da ressurreição, remédio de imortalidade para toda a humanidade.

Entregando à morte o corpo que tinha assumido, ele o ofereceu como sacrifício e vítima puríssima, libertando assim da morte todos os seus semelhantes; pois o ofereceu em sacrifício por todos.

O Verbo de Deus, que é superior a todas as coisas, entregando e oferecendo em sacrifício o seu corpo, templo e instrumento da divindade, pagou com a sua morte a dívida que todos tínhamos contraído. Deste modo, o Filho incorruptível de Deus, tornando-se solidário com todos os homens por um corpo semelhante ao seu, tornou a todos participantes da sua imortalidade, a título de justiça com a promessa da imortalidade.

Por conseguinte, a corrupção da morte já não tem poder algum sobre os homens, por causa do Verbo que por meio do seu corpo habita neles.


Dos Sermões de Santo Atanásio, bispo
(Oratio de incarnatione Verbi, 8-9:PG 25,110-111)        (Séc. IV)