Maio, mês
carinhosamente dedicado a Nossa Senhora, inicia as celebrações do Tempo Pascal
com um convite para que os celebrantes se empenhem em favor da construção da
paz. Esta paz, diferente daquela oferecida pelo mundo, porque tem sua fonte na
Ressurreição de Jesus e sua grande inspiração no amor divino, vivido na
Trindade Santa.
Um mês
para conduzir os celebrantes a refletirem a misericórdia a partir da partilha
do pão (Corpus Christi) e da unidade de todos os homens e mulheres de boa
vontade que sinceramente buscam o rosto divino.
O Dom da
paz
Eu vos
dou a paz! É com este presente, o grande dom da paz doado pelo próprio Jesus,
que a Liturgia introduz seus celebrantes no mês de maio, na celebração do 6º
Domingo da Páscoa. O dom da paz é o grande desejo de todos os homens e mulheres
de boa vontade, porque somente a paz e convivendo na paz e com a paz podemos
nos tornar uma humanidade fraterna, solidária e misericordiosa.
Pelo dom
da paz, a Ressurreição de Jesus tem o poder de transformar a sociedade,
iluminando-a com a luz da glória divina e congregando todos os povos e todas as
nações na Jerusalém do alto, a Igreja. Uma Igreja que recebe de Jesus a missão
de semear e cultivar a paz, permanecendo firme na Palavra do Senhor. Uma Igreja
que invoca constantemente o dom do Paráclito, o consolador, o fortalecedor para
que a violência não domine a terra e não destrua, pela morte, a humanidade.
O dom da
paz, podemos dizer, é o fruto e o conteúdo da grande missão evangelizadora que
a Igreja recebeu no dia da Ascensão, do próprio Jesus. Por isso, entendemos que
a Ascensão
não é um Mistério da Salvação que se remete unicamente a Jesus, mas a cada
pessoa que se torna discípulo e discípula do Evangelho. Porque Jesus subiu aos
céus, todos somos destinados a promover a vida cultivando o dom da paz. O
destino final desta vivência fraterna na paz é viver no céu e fazer o mesmo
caminho até a Pátria definitiva, testemunhando o Evangelho em todas as partes
da terra. Um testemunho para levar a alegria de quem acredita e sente a
presença de Jesus Cristo vivo entre nós.
Como
conseguiremos isso? Não com nossa sabedoria e nem com nossas simples intuições,
mas com a presença iluminada e iluminadora do Espírito Santo conduzindo a
Igreja. Por isso, concluindo o Tempo Pascal, na celebração de Pentecostes, nós
invocamos a vinda do Espírito Santo de Deus: Vinde, Espírito Santo e renovai a face da terra!
Invocamos o Espírito Santo de Deus que é apresentado como o hermeneuta, aquele
que ajuda a compreender as Escrituras em vista do projeto divino. A vinda do
Espírito Santo não tem a finalidade de instrumentalizar Deus com milagres ou
com dons especiais, para atrair pessoas para uma Igreja específica. A
finalidade da vinda do Espírito Santo é aquela de conduzir a Igreja e seus
membros a viver em Deus, testemunhando o Evangelho através de relacionamentos
fraternos, misericordiosos e solidários, cujo fruto mais saboroso é a paz.
Trindade
e Corpus Christi
Depois de
concluir o Tempo Pascal, retomamos a 2ª parte do Tempo Comum, a partir da 8ª
semana. Antes de celebrar os Domingos do Tempo Comum, no Domingo seguinte ao de
Pentecostes a Igreja celebra a Solenidade da Santíssima Trindade.
A
Liturgia da Solenidade da Santíssima Trindade, neste ano, convida-nos a
considerar a criação, não com dados científicos, mas com os olhos de um
contemplativo. Nas obras da criação encontra-se a sabedoria divina, ainda hoje,
brincando entre nós e desafiando nossa admiração. Além disso, em pleno curso do
Ano Santo da Misericórdia, nada mais justo que refletir, celebrar e dar graças
a Deus pela misericórdia divina, na solenidade da Santíssima Trindade deste ano
de 2016. Uma celebração para agradecer o infinito e misericordioso amor divino
para conosco, concedendo-nos a graça de sermos filhos e filhas do Pai eterno.
Também a
celebração de Corpus Christi, que acontece na quinta-feira seguinte ao Domingo
da Solenidade da Santíssima Trindade é especialmente contextualizada no Ano
Santo da Misericórdia, graças à Palavra que lhe é proposta neste Ano C.
A
celebração de Corpus Christi, neste Ano C, propõe o Evangelho da multiplicação
dos pães. Toda a Liturgia da Palavra ilumina-se no simbolismo do pão, fruto do
trabalho humano, símbolo da vida humana usado por Deus e por Jesus Cristo para
alimentar-nos com a vida divina. Diante de um povo carente de pão, Jesus pede que
seus discípulos tragam o que tem, pois ele multiplicará os pães para ensinar
como produzir o milagre da partilha. Milagre que também produz ação de graças
com o Pão e o Vinho, Corpo e Sangue do Senhor Jesus Cristo.
Domingos
do Tempo Comum
Os
Domingos do Tempo Comum, depois das grandes celebrações pascais, recomeçam com
a celebração do 9DTC-C, que faz memória especial aos celebrantes, em tempo do
Ano Santo da Misericórdia: acolher o outro é um gesto divino. Por isso, o
reinício do Tempo Comum, a partir do 9º Domingo, convida os celebrantes ao não
fechamento em grupinhos ou em particularismos religiosos. Deus é Senhor de
todos os povos e está acima de todas as religiões. Como cristãos, respeitamos
todos aqueles que buscam a Deus de modo sincero e com eles caminhamos para
construir uma humanidade mais fraterna e mais solidariamente
misericordiosa.
Conclusão
As
celebrações litúrgicas de Maio, especialmente as últimas celebrações,
inserem-se muito fortemente no contexto do Ano Santo da Misericórdia. A
misericórdia é celebrada neste mês como exercício da promoção da paz, através
da solidariedade, da partilha do pão e da convivência respeitosa com todas as
religiões.
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Serviço de Animação Litúrgica
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