quarta-feira, 25 de maio de 2016

Nossa Senhora, a Mãe da Eucaristia




Maria, de modo especial, é o templo de Deus por excelência, ela é a Arca da Aliança. Ela trouxe em seu seio imaculado, o próprio Filho de Deus. De tal forma amou o Pai e guardou as palavras do seu Filho que, o Filho e o Pai vieram a ela e nela fizeram sua morada. Ao concebermos Maria como habitação do Sagrado, compreendemos o quanto Deus nos ama, apesar de nossa condição frágil.

É impossível nos aproximarmos de Maria sem nos aproximarmos de Jesus. Maria nos leva a Cristo. Junto de Maria somos banhados pela luz do Espírito Santo que a cumulou de graça. Em toda a Sagrada Escritura não há mulher que tenha sido agraciada dessa maneira a ponto de ter sido convidada para ser a mãe do Filho de Deus. São Lucas nos relata: “O Altíssimo te cobrirá com sua sombra” (Lc 1, 34). Aqui, o evangelista nos apresenta Maria como uma nova tenda do encontro de Deus com a humanidade. Coberta pela sombra do Altíssimo, Maria se torna o santuário onde Jesus toma imagem visível.

Em Maria encontramos o primeiro tabernáculo que Jesus habitou por nove meses. Em Maria, Deus encarnado visita seu povo. Entre todos os santos, a santíssima Virgem Maria resplandece como modelo de santidade e de espiritualidade eucarística. Maria está de tal modo, ligada ao mistério eucarístico que mereceu que o Papa João Paulo II a chamasse de “Mulher Eucarística”. Ela viveu este espírito eucarístico antes que o Sacramento da Eucaristia fosse instituído por Jesus, isto pelo fato de ter oferecido seu seio virginal à encarnação do Verbo de Deus. Logo após o nascimento de Jesus, ela realizou um gesto puramente eucarístico e ao mesmo tempo, eclesial: apresentou o Menino Jesus aos pastores, aos magos e ao sumo-sacerdote no templo em Jerusalém; o fruto bendito de seu ventre  apresenta-o ao povo de Deus e aos gentios para que o adorassem e o reconhecessem como o Messias, o próprio Filho de Deus.

Para ser como Maria, Mulher Eucarística, devemos transformar a nossa vida que deve ser toda ela eucarística. O livro dos Atos dos Apóstolos nos refere que, após a ascensão do Senhor ao céu, os apóstolos voltaram de novo ao Cenáculo, onde costumavam se reunir (At 1, 12-13).  A Mãe de Jesus estava ali presente no seio da Igreja. Lucas, o autor dos Atos, não poderia deixar de anotar esse fato: Maria está presente no instante em que vai resplandecer a Igreja. A Mãe de Jesus, que estava com os apóstolos no desabrochar da Igreja no dia de Pentecostes, continuava no meio deles, participando da fração do pão. A Eucaristia, que por assim dizer, viera dela, que tem com ela relação e origem, era seu alimento de cristã, que caminhava com a Igreja.

Igreja e Eucaristia são inseparáveis. Não há Igreja sem Eucaristia, porque não há Igreja sem sacrifício de Jesus que se renova, como não há Igreja sem encarnação de Jesus que se prolonga no tempo. A peregrinação da Igreja se faz com a Eucaristia e pela Eucaristia, e com Maria, assunta ao céu,  isto é, inseparável da mediação de Maria no céu.

A ciência do discernimento dos espíritos vem da percepção da inteligência






A luz da verdadeira ciência está em discernir sem errar o bem e o mal. Feito isto, a via da justiça que leva a mente a Deus, sol da justiça, introduz então a inteligência naquele infinito fulgor do conhecimento, que lhe faz procurar daí em diante, com segurança, a caridade.

Os que combatem precisam manter sempre o espírito fora das agitações perturbadoras para discernir os pensamentos que surgem: guardar os bons, vindos de Deus, no tesouro da memória; expulsar os maus e demoníacos dos antros da natureza. O mar, quando tranquilo, deixa os pescadores verem até o fundo, de sorte que quase nenhum peixe lhes escape; mas, agitado pelos ventos, ele esconde na turva tempestade aquilo que se via tão facilmente no tempo sereno. Assim, toda a perícia dos pescadores se vê frustrada.

Somente, porém, o Espírito Santo tem o poder de purificar a mente. Se o forte não entrar para espoliar o ladrão, nunca se libertará a presa. É necessário, portanto, alegrar em tudo o Espírito Santo pela paz da alma, mantendo em nós sempre acesa a lâmpada da ciência. Quando ela não cessa de brilhar no íntimo da mente, conhecem-se os ataques cruéis e tenebrosos dos demônios, o que mais ainda os enfraquece sendo eles manifestados por aquela santa e gloriosa luz.

Por esta razão diz o Apóstolo: Não apagueis o Espírito, isto é, não causeis tristeza ao Espírito Santo por maldades e maus pensamentos, para que não aconteça que ele deixe de proteger-vos com seu esplendor. Não que o eterno e vivificante Espírito Santo possa extinguir-se, mas é a sua tristeza, quer dizer, seu afastamento que deixa a mente escura sem a luz do conhecimento e envolta em trevas.

O sentido da mente é o paladar perfeito que distingue as realidades. Pois como pelo paladar, sentido corporal, sabemos discernir sem erro o bom do ruim quando estamos com saúde e desejamos as coisas delicadas, assim nossa mente, começando a adquirir a saúde perfeita e a mover-se sem preocupações, poderá sentir abundantemente a consolação divina e conservar, pela ação da caridade, a lembrança do gosto bom para aprovar o que for ainda melhor, conforme ensina o Apóstolo: Isto peço: que vossa caridade cresça sempre mais na ciência e na compreensão, para discernirdes o que é ainda melhor.


Dos Capítulos sobre a Perfeição Espiritual, de Diádoco de Foticéia, bispo 
(Cap.6,26.27.30: PG65,1160.1175-1176)                 (Séc.V)

O Incenso e seu uso na Liturgia


O incenso é uma resina aromática distilada em lágrimas por árvores da família das terebintáceas (boswellia serrata e boswellia carteri), que crescem espontaneamente na Ásia e na África. Pode-se dizer que todo o mundo, pelo menos o mundo culto, conhecia o incenso para o uso doméstico e religioso, seja com sentido catártico (para purificação e relaxamento), seja apotropaico (para afastar ou destruir influências maléficas e negativas).

a)    O uso pagão. Na vida dos mártires se fala inúmeras vezes da tentativa dos pagãos de seduzir os cristãos para a apostasia, pelo incenso queimado aos ídolos.

b)   O uso pelo povo eleito. Os israelitas por preceito divino deviam oferecer o sacrifício de incenso sobre o altar de ouro no interior do templo. Há inúmeras passagens da Escrituras que mencionam o uso do incenso pelos judeus.

c) O uso cristão. Os cristãos, para evitar a suspeita de idolatria, no princípio não empregavam o incenso na Liturgia, mas sim na vida profana. Desde o século IV, com a quase total extinção do paganismo no mundo cristão, foi usado como perfume para os lugares litúrgicos. Do costume profano queimar incenso diante de pessoas de autoridade, deriva o rito de incensar pessoas (devido à sua função litúrgica), altares e objetos. Obviamente, o uso do incenso na Liturgia não tem mais a ver com o sentido profano, mas remete à comparação do salmista “suba até Vós a minha oração como o incenso” (Sl 140,2) e à metáfora do “suave odor de Cristo” que deve exalar do testemunho cristão (2Cor 2,15).

Embora haja atualmente diversos tipos de incenso, pela mistura de essências e perfumes, incluindo os incensos gregos de resina; é o chamado Olibanum que mais se aproxima do incenso mencionado nas Escrituras, embora não haja nenhuma determinação que limite a esse o uso litúrgico.

Nos ritos anteriores da Liturgia Latina, o incenso era reservado apenas às Missas mais solenes. Hoje, longe do perigo de confusão sobre a utilização do incenso, o seu uso é permitido em toda celebração do Santo Sacrifício, mesmo os nos dias mais simples.

O ato de incensar exprime para os cristãos católicos: a) adoração direta diante do Santíssimo Sacramento; b) adoração indireta diante do Altar, do Evangeliário, do Crucifixo, do Santo Lenho da Cruz, das Relíquias da Santa Cruz e das imagens do Senhor, por serem objetos especialmente relacionados com o Redentor, por sua natureza, ou pela consagração; c) veneração diante das imagens e relíquias dos santos; d) reverência, quando feito a pessoas (devido à dignidade civil ou eclesiástica) ou ao corpo inânime dos fiéis; e) comunicação de pureza, de santidade, de auxílio às almas como sinal de oração dirigida a Deus e de oferta em favor delas, e de proteção contra as influências do demônio; e, por fim, f) símbolo da oração que sobe como fumaça aromática ao trono do Altíssimo. 

São Gregório VII


Hildebrando, o futuro papa Gregório VII, nasceu numa família pobre na Itália, em 1020. Fez-se beneditino no mosteiro de Cluny. Nos estudos destacou-se pela inteligência e a firmeza na fé. Tornou-se o diácono auxiliar direto dos Papas Leão IX e Alexandre II, alcançando respeito e enorme prestígio no colégio cardinalício. Assim, quando faleceu o Papa Alexandre II, em 1073, foi aclamado Papa pelo povo e pelo clero. Assumiu o nome de Gregório VII e deu início à luta incansável para implantar a "reforma gregoriana". Há tempos que a decadência de costumes atingia o próprio cristianismo. A mistura do poder terreno com os cargos eclesiásticos fazia enorme estrago no clero. As investiduras, que consistiam no ato jurídico pelo qual o rei ou nobre confiava a uma autoridade eclesiástica um cargo da Igreja com jurisdição sobre um território, obrigava os eclesiásticos a prestar juramento de fidelidade ao rei ou aos nobres. Foi com Henrique VI, imperador germânico, que Gregório travou a maior luta. Diante da rudeza de Henrique VI, o Papa não teve dúvidas: excomungou o imperador. Tal foi a pressão sobre Henrique IV, que o tirano teve que se humilhar e pedir perdão, em 1077, para anular a excomunhão, num evento famoso que ficou conhecido como "o episódio de Canossa". Pouco tempo depois o imperador saboreou sua vingança, depondo o Papa Gregório VII e nomeando um antipapa, Clemente III. Mesmo assim Papa Gregório VII continuou com as reformas, enfrentando a ira do governante. Foi então exilado em Salerno, onde morreu mártir de suas reformas no dia 25 de maio de 1085, com sessenta e cinco anos.


Deus eterno e todo-poderoso, quisestes que São Gregório VII governasse todo o vosso povo, servindo-o pela palavra e pelo exemplo. Guardai, por suas preces, os pastores de vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

terça-feira, 24 de maio de 2016

Homilética: 9º Domingo do Tempo Comum - Ano C: “Nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé”.

  
A liturgia deste domingo dá-nos conta da expansão da fé, não mais confinada ao território histórico de Israel. Este tema está bem presente no convite do refrão do Salmo, a anunciar o Evangelho em todo o mundo.

Na primeira leitura, o rei Salomão constrói um grandioso templo em Jerusalém como habitação para Deus. Nesse lugar, Salomão invoca o Senhor, pedindo que escute as orações que os estrangeiros lhe dirigirem no Templo de Jerusalém, de modo que o Senhor seja conhecido para lá das fronteiras de Israel e todos os povos possam prestar culto ao Deus de Israel. Pelo que se percebe na oração de Salomão, todos os povos teriam oportunidade de conhecer o nome de Deus conforme revelado ao povo de Israel.

Na segunda leitura, Paulo apresenta-se como guardião do verdadeiro Evangelho de Cristo que é anunciado também aos pagãos, reclamando a falsidade de qualquer outra mensagem que negue que a salvação de Deus vem pela fé em Jesus Cristo, de quem ele recebeu o Evangelho que agora transmite. Na defesa dessa boa notícia da salvação gratuita, Paulo enfrenta toda espécie de conflitos.

O Evangelho mostra-nos a grande fé de um estrangeiro, um oficial romano, que coloca toda a sua confiança na misericórdia de Jesus e na sua Palavra, enquanto pede a cura de um seu servo.

O centurião romano, equivalente a um capitão na hierarquia militar atual, foi elogiado por Jesus pela sua grande fé: “Em verdade vos digo: nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé”. Depois de professar uma fé tão viva em Jesus e de ser assim elogiado por ele, é de pensar que a vida daquele homem não foi mais a mesma. Jesus cede à sua súplica e mostra admiração pela grande fé deste homem estrangeiro revelando o verdadeiro nome de Deus, que não se circunscreve num recinto sagrado, não faz acepção de pessoas, ultrapassa barreiras culturais e manifesta-se a todos os povos, oferecendo-lhes gratuitamente a salvação em Jesus Cristo.

Um livrinho titulado “Cartas dos amigos de Cristo” traz uma carta imaginária do centurião a Jesus. Gostaria que você também a conhecesse:

“Senhor: não pude agradecer-te; tive fé em ti, e vejo que a minha fé não foi confundida. O meu servo está são, mais forte do que antes. Que poder o da tua palavra! Queremos visitar-te, a minha mulher, o meu criado que curaste – que quer ir a todo custo – e eu. Mais do que nunca, sou indigno de que venhas a minha casa; também não preciso que o faças, e não o digo por desprezo nem por egoísmo, mas porque notamos a tua presença em nós e entre nós, invisível, mas palpável; não saberia explicá-lo, Tu me entenderás. (…) a tua presença nesta casa onde nunca estiveste é constante e viva, e enche-nos de paz e de serenidade interior. (…) Venho de um ambiente em que prevalecem o poder, o domínio, a política, e em ti não encontro nada disso. No entanto, parece que, misteriosamente, tens o segredo de exercer toda a autoridade ou todo o poder, mas de outra maneira, com outro estilo. (…) Embora não tenha neste momento grandes problemas de comando, receio que possam vir a aparecer quando eu tiver de obedecer e os meus superiores não exercerem devidamente a autoridade; penso que até poderão dar-se graves conflitos entre as exigências de algumas ordens e os imperativos da minha consciência. Há tantas injustiças e tantas extorsões… Mas também espero que a tua luz e a tua palavra, remota e presente, sempre eficaz, me iluminem e me levem a aceitar sacrifícios e renúncias a serviço da verdade. (…) Um abraço.”

A abertura a todos os povos completa-se com a vinda de Jesus. Ele (e não mais o templo) é a fonte e o caminho de salvação universal.


RS: crucifixos retornarão às paredes dos fóruns gaúchos




Em decisão recente, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) anulou um ato administrativo praticado em 2012 pelo Conselho Superior da Magistratura do Estado do Rio Grande do Sul. Através do referido ato administrativo, a cúpula do poder judiciário gaúcho havia determinado a retirada dos crucifixos das dependências dos fóruns.

Quem reclamou dos crucifixos? Constam do voto do relator do processo, conselheiro Emmanoel Campelo, as seguintes entidades reclamantes: Rede de Saúde Feminista, Comunicação Saúde e Sexualidade, Marcha Mundial de Mulheres, Grupo pela Livre Orientação Sexual e Liga Brasileira de Lésbicas.  

Quem lutou pela anulação do ato e, consequente recolocação dos crucifixos nos prédios forenses, que deverá ocorrer dentro em breve (assim esperamos)? A Arquidiocese de Passo Fundo. Portanto, cumprimentemos o povo de Deus dessa Igreja particular, na pessoa do administrador apostólico, dom Paulo de Conto!

Na decisão monocrática que anulou a ordem de recolhimento dos crucifixos, o conselheiro Campelo não se fundamentou em razões religiosas, mas em motivos culturais. Vejamos alguns excertos do brilhante voto:

“(…) entendo que os símbolos religiosos são também símbolos culturais, que corporificam as tradições e valores de uma cultura ou civilização, sintetizando-os. Nesse sentido, o crucifixo é um símbolo simultaneamente religioso e cultural, consubstanciando um dos pilares – o mais transcendente – de nossa civilização ocidental.”

“Evidencio, assim, que para acolher a pretensão de retirada de símbolos religiosos sob o argumento de ser o Estado laico, seria necessário, também, extinguir feriados nacionais religiosos, abolir símbolos nacionais, modificar nomes de cidades e até alterar o preâmbulo da constituição federal.” De fato, os constituintes erigiram um novo Estado sob a proteção de Deus, conforme está grafado no preâmbulo da constituição em vigor (cf. Edson Luiz Sampel in “Católico até debaixo d’água”, editora LTR, 2016, p. 77).

“(…) resta claro que a presença do crucifixo não significa uma mistura de religião e Estado, mas remete a uma questão histórico-cultural, sem ferir a liberdade religiosa ou privilegiar apenas uma crença.”

“O ato de retirar um crucifixo de espaço público, que tradicionalmente e historicamente o ostentava, é ato eivado de agressividade, intolerância religiosa e discriminatório, já que atende a uma minoria, que professa outras crenças, ignorando o caráter histórico do símbolo no judiciário brasileiro.”

Seja eu quem for, sou a ti manifesto, Senhor






Que eu te conheça, ó conhecedor meu! Que eu também te conheça como sou conhecido! Tu, ó força de minha alma, entra dentro dela, ajusta-a a ti, para a teres e possuíres sem mancha nem ruga. Esta é a minha esperança e por isso falo. Nesta esperança, alegro-me quando sensatamente me alegro. Tudo o mais nesta vida tanto menos merece ser chorado quanto mais é chorado, e tanto mais seria de chorar quanto menos é chorado. Eis que amas a verdade, pois quem a faz, chega-se à luz. Quero fazê-la no meu coração, diante de ti, em confissão, com minha pena, diante de muitas testemunhas.

A ti, Senhor, a cujos olhos está a nu o abismo da consciência humana, que haveria de oculto em mim, mesmo que não quisesse confessá-lo a ti? Eu te esconderia a mim mesmo, e nunca a mim diante de ti. Agora, porém, quando os meus gemidos testemunham que eu me desagrado de mim mesmo, enquanto tu refulges e agradas, és amado e desejado, que eu me envergonhe de mim mesmo, rejeite-me e te escolha! Nem a ti nem a mim seja eu agradável, anão ser por ti.

Seja eu quem for, sou a ti manifesto e declarei com que proveito o fiz. Não o faço por palavras e vozes corporais, mas com palavras da alma e clamor do pensamento. A tudo o teu ouvido escuta. Quando sou mau, confessá-lo a ti nada mais é do que não o atribuir a mim. Quando sou bom, confessá-lo a ti nada mais é do que não o atribuir a mim. Porque tu, Senhor, abençoas o justo, antes, porém, o justificas quando ímpio. Na verdade minha confissão, ó meu Deus, faz-se diante de ti em silêncio e não em silêncio porque cala-se o ruído, clama o afeto.

Tu me julgas, Senhor, porque nenhum dos homens conhece o que há no homem a não ser o espírito do homem que nele está. Há, contudo, no homem algo que nem o próprio espírito do homem, que nele está, conhece. Tu, porém, Senhor, conheces tudo dele, pois tu o fizeste. Eu, na verdade, embora diante de ti me despreze e me considere pó e cinza, conheço algo de ti que ignoro de mim.

É certo que agora vemos como em espelho e obscuramente, ainda não face a face. Por isto enquanto eu peregrino longe de ti, estou mais presente a mim do que a ti e, no entanto, sei que és totalmente impenetrável, ao passo que ignoro a que tentações posso ou não resistir. Mas aí está a esperança, porque és fiel e não permites sermos tentados acima de nossas forças e dás, com a tentação, a força para suportá-la.

Confessarei aquilo que de mim conheço, confessarei o que desconheço. Porque o que sei de mim, por tua luz o sei; e o que de mim não sei, continuarei a ignorá-lo até que minhas trevas se mudem em meio-dia diante de tua face.



Dos Livros das Confissões, de Santo Agostinho, bispo
(Lib. 10,1,1-2,2;5.7: CCL 27,155.158)            (Séc.V)

Indícios do apóstolo Pedro em Roma


Muitas são as tentativas dos teólogos evangélicos de provar que Pedro nunca esteve em Roma, porém como a verdade é sempre verdade, ela não pode ser mudada, portanto exporemos aqui as provas da estadia de Pedro em Roma refutando muitas objeções caluniadoras!

1ª Prova, bíblica.

1Pedro 5, 13. A igreja escolhida de Babilônia saúda-vos, assim como também Marcos, meu filho.

Está é a principal prova de que Pedro esteve em Roma, visto que Roma era tida como a Babilônia na época pela semelhança que tinha com a Babilônia (Ap 17,5; 18, 10). Assim, na mente de Pedro, a Roma dos seus dias lembrava a antiga Babilônia em riqueza, luxúria e licenciosidade.

Objeção:

Alguns dizem que esta Babilônia era a Babilônia do Egito ou ainda mais fortemente a Babilônia do Eufrates é considerada por muitos como o lugar aí designado, pois muitos Judeus, ainda moravam em Babilônia.

Refutação:

A babilônia do Egito, sendo provavelmente um posto militar do Império Romano, no local onde hoje é a cidade do Cairo, não existe nenhum registro das missões e da tradição que havia uma comunidade de cristãos ali naquela época muito menos que Pedro tenha estado ali, não encontramos nenhum indicio de cristianismo lá.

Já a Babilônia do Eufrates não existe notícia nem tradição de qualquer apóstolo ter estado na Mesopotâmia, salvo Tomé.

Ou seja, em nenhuma das outras babilônias literais há qualquer noticia de comunidade cristã por perto, somente Roma se encaixa na descrição de Pedro.