quinta-feira, 2 de junho de 2016

Santos Marcelino e Pedro, mártires

 
Marcelino era um dos sacerdotes mais respeitados entre o clero romano. Por meio dele e de Pedro, outro sacerdote, exorcista, muitas conversões ocorreram na capital do império. Como os dois se tornaram conhecidos por todos daquela comunidade, inclusive dos pagãos, não demorou a serem denunciados como cristãos. No cárcere, conheceram Artêmio, o diretor da prisão. Diz a história que Artêmio tinha uma filha adoentada e contou isso a Marcelino e Pedro. Numa noite, misteriosamente liberto das cadeias, Pedro foi à casa de Artêmio e disse que a cura da filha Paulinha dependeria de suas sincera conversão. Começou a pregar a Palavra de Cristo e pouco depois o diretor da prisão e sua esposa se converteram. A filha Paulinha se curou e se converteu também. Dias depois, Artêmio libertou Marcelino e Pedro, provocando a ira de seus superiores. Os dois foram recapturados e condenados à decapitação. Foram levados para um bosque isolado onde lhe cortaram as cabeças. Também Artêmio morreu decapitado, enquanto sua esposa e filha foram colocadas vivas dentro de uma vala que foi sendo coberta por pedras até morrerem sufocadas. Era o ano de 304. 

Ó Deus todo-poderoso, dá-me a exemplo dos mártires São Marcelino e São Pedro, crer em Ti, abandonar-me a Ti, confiar em Ti. Que a Tua vontade seja feita em mim e em todas as tuas criaturas. Livra-me de todo mal e dá-me um espírito de revelação para que realmente possa conhecer e amar Teu filho Jesus, o Salvador. Amém.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

"Diante dos humildes, Deus abre seu coração", diz Papa




CATEQUESE Praça São Pedro – Vaticano Quarta-feira, 1º de junho de 2016

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Quarta-feira passada ouvimos a parábola do juiz e da viúva, sobre a necessidade de rezar com perseverança. Hoje, com outra parábola, Jesus quer nos ensinar qual é a atitude correta para rezar e invocar a misericórdia do Pai; como se deve rezar; a atitude correta para rezar. É a parábola do fariseu e do publicano (cfr Lc 18, 9-14).

Ambos os protagonistas vão ao templo para rezar, mas agem de modos muito diferentes, obtendo resultados opostos. O fariseu reza “estando de pé” (v.11), e usa muitas palavras. A sua é, sim, uma oração de agradecimento dirigida a Deus, mas na realidade é uma exposição dos próprios méritos, com sentido de superioridade para com os “outros homens”, qualificados como “ladrões, injustos, adúlteros”, como, por exemplo, – e aponta aquele outro que estava ali – “este publicano” (v. 11). Mas o problema está justamente aqui: aquele fariseu reza a Deus, mas na verdade olha para si mesmo. Reza para si mesmo! Em vez de ter diante dos olhos o Senhor, tem um espelho. Mesmo encontrando-se no templo, não sente a necessidade de se prostrar diante da majestade de Deus; está de pé, se sente seguro, como se fosse ele o patrão do templo! Ele elenca as boas obras realizadas: é irrepreensível, observador da lei além do devido, jejua “duas vezes na semana” e paga o dízimo de tudo aquilo que possui. Em suma, mais que rezar, o fariseu se congratula da própria observação dos preceitos. No entanto, a sua atitude e as suas palavras estão distantes do modo de agir do falar de Deus, que ama todos os homens e não despreza os pecadores. Ao contrário, aquele fariseu despreza os pecadores, também quando aponta o outro que está ali. Em resumo, o fariseu que se diz justo negligencia o mandamento mais importante: o amor por Deus e pelo próximo.

Palavra de Vida: “Vivei em paz uns com os outros” (Mc 9,50).




Como soa bem, no meio dos conflitos que ferem a humanidade em tantas partes do mundo, o convite de Jesus à paz. É algo que mantém viva a esperança, pois sabemos que Ele mesmo é a paz e prometeu que nos daria a sua paz.

O Evangelho de Marcos traz essa frase de Jesus no final de uma série de máximas dirigidas aos discípulos, reunidos na casa em Cafarnaum, com as quais Ele explica como deveria viver a sua comunidade. A conclusão é clara: tudo deve conduzir à paz, na qual se encerra todo bem.

Uma paz que somos chamados a experimentar na vida de cada dia: na família, no trabalho, com aqueles que pensam de modo diferente na política. Uma paz que não tem medo de confrontar-se com opiniões discordantes, sobre as quais precisamos falar abertamente, se quisermos uma unidade cada vez mais verdadeira e profunda. Uma paz que, ao mesmo tempo, exige a nossa atenção para que o relacionamento de amor nunca desapareça, porque a pessoa do outro vale mais do que as diversidades que possam existir entre nós.

“Onde quer que chegue a unidade e o amor mútuo”, afirmava Chiara Lubich, “chega a paz, ou melhor, a paz verdadeira. Porque onde existe o amor mútuo, existe uma certa presença de Jesus no nosso meio, e Ele é justamente a paz, a paz por excelência”1.

A falsa e a verdadeira misericórdia


A misericórdia exige um processo de educação. Ela é resultado do seguimento de Jesus Cristo, como um discípulo que, à medida que caminha com seu Mestre, aprende dele seu jeito de viver. Neste processo, é importante discernir a verdadeira misericórdia da falsa misericórdia. Isto porque a misericórdia pode ser compreendida e também utilizada de modo errado. Ela pode servir de “amaciador da ética cristã” (W. Kasper, A misericórdia, p.180), permitir um estilo de vida descompromissado e sem limites, afinal, Deus sempre será bom e compassivo.

A fé cristã nos mostra Deus que continua a nos amar sempre, mesmo quando erramos, pecamos. Isto não significa que Deus aprova o erro. “Não quero a morte do pecador, e sim, que ele se converta e viva.” (Ez 18,23). Porém, Deus não protege o pecador no seu erro ou se importa mais com o autor do que com a vítima em casos de injustiça. A proteção das vítimas é o primeiro dever da misericórdia. Pior ainda, quando em nome da misericórdia, os erros e até delitos não são tratados com o rigor devido. Neste sentido, como em tudo na educação, parte-se da verdade. 

Pedagogia Litúrgica para o mês de Junho de 2016: "A misericórdia e a busca de Deus".


Um mês para celebrar e refletir a misericórdia divina em nossas vidas, na vida social e na vida da Igreja. Um mês para iniciarmos o caminho e nos tornar buscadores da face divina. É assim que podemos definir a pedagogia litúrgica que o mês de junho, neste ano de 2016, propõe em suas celebrações, a começar da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus.

De fato, no contexto do Ano Santo da Misericórdia, nada mais oportuno que aprofundar o tema da misericórdia a partir da teologia e da espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus. A misericórdia, na celebração do Coração de Jesus, é proposta como fonte de alegria interior e inspiração contemplativa do Coração do Bom Pastor. Do ponto de vista pastoral, trata-se da valorização do acolhimento e da promoção da vida a partir da misericórdia. O Coração de Jesus é fonte e modelo da misericórdia de Deus para conosco.

Buscar a vida através da misericórdia divina

Fortemente inspirados pelo amor misericordioso de Jesus, as celebrações dominicais iniciam-se com uma certeza que vive nos corações dos que temem a Deus: nós buscamos a vida em ti, Senhor! As cenas de ressuscitamento de dois jovens, um da parte de Elias e outro da parte de Jesus, no 10DTC-C, demonstram que a fonte da vida está em Deus. Quanto a nós, buscadores de Deus e da vida plena que só em Deus se encontra, o convite para sermos promotores e defensores da vida em atitude de misericórdia. É deste modo que se celebra o triunfo da vida como a grande obra de misericórdia divina em favor do seu povo. Agir misericordiosamente, da parte humana, é se alinhar a favor da vida em todas as circunstâncias. Nós, cristãos, amamos viver e misericordiosamente cultivamos e promovemos a vida em todos os tempos e circunstâncias.

Quanto mais promovemos a vida, mais necessitados da misericórdia divina estamos e nos tornamos; mais precisamos aprender a ser acolhedores e perdoadores. O pecado existe e a necessidade do perdão também existe. Por isso, do ponto de vista da misericórdia divina, é admirável a coragem de Natã, denunciando o abuso de poder, da parte de Davi e, mais admirável, o acolhimento de Jesus, perdoando os pecados de uma mulher, que se reconhece pecadora, no 11DTC-C. No centro das cenas, a luz do acolhimento como condição para reconhecer o pecado e para perdoar misericordiosamente. Trata-se de uma condição indispensável para ser misericordioso como Deus é misericordioso. Eis, porque este Domingo se apresenta como uma celebração totalmente iluminada com a dinâmica da misericórdia e propõe aos celebrantes atitudes que favoreçam a prática da dinâmica da misericórdia para suas vidas, especialmente o acolhimento que afugenta a discriminação.

Buscar a Deus através da mística e da oração

Como na primeira celebração dominical deste mês de junho, a Liturgia volta a convidar os celebrantes a buscar a face do Senhor. É tua face, Senhor, que buscamos, rezarão os celebrantes do 12DTC-C. Buscar a face divina é procurar o caminho para se conhecer Deus e contemplar a sua face. Um caminho que passa pela mística, pela oração e pelo discipulado. Só quem é capaz de caminhar nos caminhos de Deus tem condições de conhecer e reconhecer em Jesus Cristo o rosto divino, vivendo entre nós. Eis, pois, uma celebração que nos interroga sobre quem é Jesus Cristo em nossas vidas. Uma celebração para levar os celebrantes a se questionarem sobre o conhecimento de Deus, não do ponto de vista teórico, mas através do seguimento concreto de Jesus, no discipulado, revestindo-se de Jesus Cristo em todos os momentos da vida.

Convidados, no 12DTC-C, a buscar a Deus através do discipulado, o 13DTC-C reforça o convite para o seguimento de Jesus no mesmo discipulado propondo cinco modelos de chamados e cinco propostas de dificuldades vocacionais, desde a vocação de Eliseu, passando pela vocação de Jesus e outros três chamados vocacionais, presente no Evangelho deste 13DTC-C. Uma celebração, portanto, tipicamente vocacional, na qual a Palavra propõe quatro condições para a resposta vocacional sincera e coerente da parte dos vocacionados. Quem não for capaz da radicalidade e exclusividade pelo projeto divino não terá condições de responder ao chamado e, de acordo com Jesus, não é nem mesmo digno de caminhar nos caminhos do discipulado.

Homilética: 10º Domingo do Tempo Comum - Ano C: "Jesus liberta das garras da morte".



Na época de Jesus, as mulheres eram sempre dependentes, primeiramente de seu pai e depois do marido. E quando uma mulher ficava viúva, todos os bens do marido eram herdados pelo filho mais velho, e ela passava a ser dependente deste filho. As viúvas eram uma parte desprotegida da sociedade e estavam expostas à ganância dos poderosos que, principalmente com a morte de um filho único, seus bens corriam o risco de passar para as mãos de juízes gananciosos.

No evangelho de hoje encontramos uma viúva levando para a sepultura o seu único filho, aliando o sofrimento da perda ao do desamparo.

Jesus sempre se mostrou sensível ao sofrimento humano, tendo compaixão dos que sofrem, demonstrando assim sua natureza humana e, ao contrário do que normalmente acontece, Ele não espera que a viúva ou outra pessoa interceda pela vida do jovem. Quando Ele se depara com tamanho sofrimento, se compadece e compartilha de seus sentimentos, o que O leva a trazer o jovem de volta à vida, mostrando agora Sua grande natureza divina. Jesus não invoca a Deus por várias vezes como Elias e os outros profetas para realizar o milagre, Ele apenas ordena que o jovem se levante: “Moço, eu ordeno a você: Levante-se!”.

A compaixão é feita de palavras e gesto, pois quem tocava num morto naquela cultura era contaminado pela impureza, mas Jesus quebra o tabu e cria as suas próprias leis, e o povo reage com medo diante do extraordinário e maravilhoso.

O povo de Deus esperava pela volta de um profeta e alguns achavam que seria Elias, outros que seria Moisés. Quando Jesus ressuscita o filho da viúva, a multidão que o acompanhava vê Nele o novo profeta que traz toda a graça e a misericórdia de Deus.

Abracei a verdadeira doutrina dos cristãos


Aqueles homens santos foram presos e conduzidos ao prefeito de Roma, chamado Rústico. Estando eles diante do tribunal, o prefeito Rústico disse a Justino: “Em primeiro lugar, manifesta tua fé nos deuses e obedece aos imperadores”. Justino respondeu: “Não podemos ser acusados nem presos, só pelo fato de obedecermos aos mandamentos de Jesus Cristo, nosso Salvador”.

Rústico indagou: “Que doutrinas professas?” E Justino: “Na verdade, procurei conhecer todas as doutrinas, mas acabei por abraçar a verdadeira doutrina dos cristãos, embora ela não seja aceita por aqueles que vivem no erro”.

O prefeito Rústico prosseguiu: “E tu aceitas esta doutrina, grande miserável?” Respondeu Justino: “Sim, pois a sigo como verdade absoluta”.

O prefeito indagou: “Que verdade é esta?” Justino explicou: “Adoramos o Deus dos cristãos, a quem consideramos como único criador, desde o princípio, artífice de toda a criação, das coisas visíveis e invisíveis: adoramos também o Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, que os profetas anunciaram vir para o gênero humano como mensageiro da salvação e mestre da boa doutrina. E eu, um simples homem, considero insignificante tudo o que estou dizendo para exprimir a sua infinita divindade, mas reconheço o valor das profecias que previamente anunciaram aquele que afirmei ser o Filho de Deus. Sei que eram inspirados por Deus os profetas que vaticinaram a sua vinda entre os homens”.

Rústico perguntou: “Então, tu és cristão?” Justino afirmou: “Sim, sou cristão”.

O prefeito disse a Justino: “Ouve,tu que és tido por sábio e julgas conhecer a verdadeira doutrina: se fores flagelado e decapitado, estás convencido de que subirás ao céu?” Disse Justino: “Espero entrar naquela morada, se tiver de sofrer o que dizes. Pois sei que para todos os que viverem santamente está reservada a recompensa de Deus até o fim do mundo inteiro”.

O prefeito Rústico continuou: “Então, tu supões que hás de subir ao céu para receber algum prêmio em retribuição”? Justino respondeu-lhe: “Não suponho, tenho a maior certeza”.

O prefeito Rústico declarou: “Basta, deixemos isso e vamos à questão que importa, da qual não podemos fugir e é urgente. Aproximai-vos e todos juntos sacrificai aos deuses”. Justino respondeu: “Ninguém de bom senso abandona a piedade para cair na impiedade”. O prefeito Rústico insistiu: “Se não fizerdes o que vos foi ordenado, sereis torturados sem compaixão”. Justino disse: “Desejamos e esperamos chegar à salvação através dos tormentos que sofrermos por amor de nosso Senhor Jesus Cristo. O sofrimento nos garante a salvação e nos dá confiança perante o tribunal de nosso Senhor e Salvador, que é universal e mais terrível que o teu”.

O mesmo também disseram os outros mártires: “Faze o que quiseres; nós somos cristãos e não sacrificaremos aos ídolos”.

O prefeito Rústico pronunciou então a sentença: “Os que não quiseram sacrificar aos deuses e obedecer ordem do imperador, depois de flagelados, sejam conduzidos para sofrer a pena capital, segundo a norma das leis”. Glorificando a Deus, os santos mártires saíram para o local determinado, onde foram decapitados e consumaram o martírio proclamando a fé no Salvador.



Das Atas do martírio dos santos Justino e seus companheiros
(Cap.1-5: cf.PG 6, 1566-1571)             (Séc. II)

O péssimo hábito de chamar o irmão de herege


Nesse segundo artigo nosso blog traz um assunto sério: como está fácil chamar o irmão de herege hoje em dia. Fácil e absurdamente incorreto. As pessoas têm uma ideia errada do que seja heresia e fazem uso dessa gravíssima acusação de forma habitual.

Nem toda asneira que se diz ou se pratica é um pecado contra a fé da Igreja. Para um fiel católico incorrer em pecado de heresia é preciso estar diante de duas Verdades de fé e negar uma em detrimento da outra. É relativamente fácil de se compreender: estamos diante de duas Verdades aparentemente contraditórias e, para dar cabo da confusão, elegemos uma e abandonamos a outra. Aí sim negamos a fé. O fiel católico precisa aceitar todo o conteúdo do credo.

O Código de Direito Canônico, no cânon 751, esclarece: “Diz-se heresia a negação pertinaz, depois de recebido o batismo, de alguma verdade que se deve crer com fé divina e católica”. Ou seja, a fé precisa ser explicada, a pessoa precisa ser persistente no pecado e deve ser advertida. Perseverando, incorre no pecado de heresia. Só há consumação do pecado mediante a obstinação da pessoa pelo erro.

Diante do que diz o cânon, extraímos que somente fiéis cristãos podem incorrer em heresia. Pessoas não batizadas, de outras religiões ou credo, não são hereges.