Um mês para celebrar e refletir a
misericórdia divina em nossas vidas, na vida social e na vida da Igreja. Um mês
para iniciarmos o caminho e nos tornar buscadores da face divina. É assim que
podemos definir a pedagogia litúrgica que o mês de junho, neste ano de 2016,
propõe em suas celebrações, a começar da Solenidade do Sagrado Coração de
Jesus.
De fato, no contexto do Ano Santo
da Misericórdia, nada mais oportuno que aprofundar o tema da misericórdia a
partir da teologia e da espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus. A
misericórdia, na celebração do Coração de Jesus, é proposta como fonte de
alegria interior e inspiração contemplativa do Coração do Bom Pastor. Do ponto
de vista pastoral, trata-se da valorização do acolhimento e da promoção da vida
a partir da misericórdia. O Coração de Jesus é fonte e modelo da misericórdia
de Deus para conosco.
Buscar a
vida através da misericórdia divina
Fortemente
inspirados pelo amor misericordioso de Jesus, as celebrações dominicais
iniciam-se com uma certeza que vive nos corações dos que temem a Deus: nós
buscamos a vida em ti, Senhor! As cenas de ressuscitamento de dois jovens, um
da parte de Elias e outro da parte de Jesus, no 10DTC-C, demonstram que a fonte
da vida está em Deus. Quanto a nós, buscadores de Deus e da vida plena que só
em Deus se encontra, o convite para sermos promotores e defensores da vida em
atitude de misericórdia. É deste modo que se celebra o triunfo da vida como a
grande obra de misericórdia divina em favor do seu povo. Agir
misericordiosamente, da parte humana, é se alinhar a favor da vida em
todas as circunstâncias. Nós, cristãos, amamos viver e misericordiosamente
cultivamos e promovemos a vida em todos os tempos e circunstâncias.
Quanto
mais promovemos a vida, mais necessitados da misericórdia divina estamos e nos
tornamos; mais precisamos aprender a ser acolhedores e perdoadores. O pecado
existe e a necessidade do perdão também existe. Por isso, do ponto de vista da
misericórdia divina, é admirável a coragem de Natã, denunciando o abuso de
poder, da parte de Davi e, mais admirável, o acolhimento de Jesus, perdoando os
pecados de uma mulher, que se reconhece pecadora, no 11DTC-C. No centro das
cenas, a luz do acolhimento como condição para reconhecer o pecado e para
perdoar misericordiosamente. Trata-se de uma condição indispensável para ser
misericordioso como Deus é misericordioso. Eis, porque este Domingo se
apresenta como uma celebração totalmente iluminada com a dinâmica da
misericórdia e propõe aos celebrantes atitudes que favoreçam a prática da
dinâmica da misericórdia para suas vidas, especialmente o acolhimento que
afugenta a discriminação.
Buscar a
Deus através da mística e da oração
Como na primeira
celebração dominical deste mês de junho, a Liturgia volta a convidar os
celebrantes a buscar a face do Senhor. É tua face, Senhor, que buscamos,
rezarão os celebrantes do 12DTC-C. Buscar a face divina é procurar o caminho
para se conhecer Deus e contemplar a sua face. Um caminho que passa pela
mística, pela oração e pelo discipulado. Só quem é capaz de caminhar nos
caminhos de Deus tem condições de conhecer e reconhecer em Jesus Cristo o rosto
divino, vivendo entre nós. Eis, pois, uma celebração que nos interroga sobre
quem é Jesus Cristo em nossas vidas. Uma celebração para levar os celebrantes a
se questionarem sobre o conhecimento de Deus, não do ponto de vista teórico,
mas através do seguimento concreto de Jesus, no discipulado, revestindo-se de Jesus
Cristo em todos os momentos da vida.
Convidados,
no 12DTC-C, a buscar a Deus através do discipulado, o 13DTC-C reforça o convite
para o seguimento de Jesus no mesmo discipulado propondo cinco modelos de
chamados e cinco propostas de dificuldades vocacionais, desde a vocação de
Eliseu, passando pela vocação de Jesus e outros três chamados vocacionais,
presente no Evangelho deste 13DTC-C. Uma celebração, portanto, tipicamente
vocacional, na qual a Palavra propõe quatro condições para a resposta
vocacional sincera e coerente da parte dos vocacionados. Quem não for capaz da
radicalidade e exclusividade pelo projeto divino não terá condições de
responder ao chamado e, de acordo com Jesus, não é nem mesmo digno de caminhar
nos caminhos do discipulado.