Chama a atenção de qualquer pessoa a aversão que
grande parte dos protestantes nutre pela Igreja Católica. Sabemos que bons e
maus tem seguidores ou simpatizantes por todos os lados. As ideias mais
inaceitáveis encontram adeptos e defensores em todo o canto. Por exemplo,
nota-se em tempos de eleições todo o tipo de ideia ou ideologia. As propostas
mais abomináveis são aceitas ao menos por pequena parte do eleitorado. Dependendo
do cargo que se pretende e da quantidade de votos necessários para eleição de
determinado candidato, pode-se colocar no poder alguém com ideias contestadas
as vezes por milhões de pessoas a partir de meros 50.000 votos ou até menos. No
entanto, contrariando a tendência natural do ser humano pela pluralidade,
quando o assunto é a Igreja Católica apenas com algumas raras exceções,
percebemos nitidamente a aversão e por vezes até ódio por parte dos irmãos
protestantes. Como explicar isto? Todos são maus no catolicismo? Não há e nunca
houve um sacerdote justo ou um papa honesto? Dizem até mesmo que nós católicos
não somos cristãos. Não há uma só doutrina ou dogma católicos que não estejam
certos?
Ora, se a máxima protestante estivesse correta de
que placa de igreja não salva ninguém, também estaria correta a afirmação de
que placa de igreja não condena ninguém. Então por que tão grande hostilidade
se é o protestante quem diz que placa de igreja nada garante e consequentemente
assume que esta mesma placa nada condena?
Por anos procuramos explicações para esta aversão.
No presente texto não desejamos dar explicações sobrenaturais, bíblicas ou
teológicas. Nos parece que seria muita pretensão. Procuramos observar os
aspectos racional e cotidiano. O protestante vive uma angústia infernal. E por
quê?
O protestante estabeleceu para si próprio o
princípio Sola Scriptura. Tudo tem ser explicado pela Bíblia. Entretanto, o
protestante admite e com razão que a Bíblia é a palavra infalível de DEUS.
Sendo assim, uma vez que a palavra de DEUS é infalível, não se pode admitir que
duas pessoas interpretem de modos diferentes o mesmo texto bíblico.
É exatamente este um dos telhados de vidro do
protestantismo. Não há protestante que concorde com outro protestante
integralmente em matéria de fé e doutrina. E todos se dizem certos. E todos
dizem que foram inspirados pelo Espírito Santo.
Sinceramente, acreditamos que muitos protestantes
abraçaram o protestantismo por boa-fé e estes mesmos agem com sinceridade
diante de DEUS. Para estes, é evidente que uma angústia perturbadora lhes
assalta a todo o momento.
No caso das seitas e de seus falsos pregadores não
se deve falar em angústia ou receios, já que para estes o evangelho e Jesus são
apenas meios de ganhar dinheiro. Eles mesmos não acreditam no que pregam. Estamos
falando para os protestantes sérios e comprometidos com o cristianismo e que
por questão de justiça me vejo forçado a dizer que repudiam e contestam as
inovações e modismos introduzidos pelos falsos mestres.
Um bom número de protestantes se posiciona de forma
firme contra as novidades e blasfêmias introduzidas no meio cristão pelos
inúmeros falsos profetas que andam por aí. Pois bem, se um e outro protestante
não concordam em matéria de fé e doutrina, é certo que pelo menos um deles está
errado. E quem está errado, portanto, fazendo diferente do que ensina a Bíblia
que é a Palavra de DEUS infalível, por certo estaria praticando heresia perante
o outro protestante.
Não por acaso, não há protestante que não tenha
sido acusado de heresia por outro protestante e não há protestante que não
acuse outros de heresias. Surge então a agonia infernal que assola cada
protestante: nem todos estão interpretando corretamente.
Como resolver o problema? Se é certo que Jesus só
tem uma opinião firme e verdadeira para cada tema e se é certo que ele não muda
jamais, como conciliar doutrinas tão divergentes entre si de modo que todos os
protestantes sintam-se seguros quanto a salvação? Duas situações dão ao
protestante a falsa segurança de que sua eventual heresia não lhe condenará ao
inferno.