Discurso
do Papa Francisco na Divina Liturgia
Praça
São Tiridate de Etchmiadzin, Armênia
Santidade,
caríssimos Bispos,
Queridos irmãos
e irmãs!
No ponto
culminante desta visita tão desejada e, para mim, já inesquecível, desejo
elevar ao Senhor a minha gratidão, que uno ao grande hino de louvor e
agradecimento que sobe deste altar. Vossa Santidade, nestes dias, abriu-me as
portas da sua casa e experimentamos «como é bom e agradável que os irmãos vivam
unidos» (Sal 133, 1). Encontramo-nos, abraçamo-nos fraternalmente, rezamos
juntos, partilhamos os dons, as esperanças e as preocupações da Igreja de
Cristo, da qual notamos em uníssono as pulsações do coração, e que acreditamos
e sentimos ser una. «Há um só Corpo e um só Espírito, assim como (…) uma só
esperança; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos,
que reina sobre todos, age por todos e permanece em todos» (Ef 4, 4-6):
verdadeiramente podemos, com alegria, fazer nossas estas palavras do apóstolo
Paulo. Foi precisamente sob o signo dos Santos Apóstolos que nos encontramos.
Os Santos Bartolomeu e Tadeu, que proclamaram pela primeira vez o Evangelho
nestas terras, e os Santos Pedro e Paulo, que deram a vida pelo Senhor em Roma,
ao mesmo tempo que reinam com Cristo no céu, certamente se alegram ao ver o
nosso afeto e a nossa aspiração concreta à plena comunhão. Por tudo isto
agradeço ao Senhor, por vós e convosco: Park astutsò! [Glória a Deus!]
Nesta Divina
Liturgia, elevou-se ao céu o canto solene do triságio, louvando a santidade de
Deus; desça, abundante, a bênção do Altíssimo sobre a terra, pela intercessão
da Mãe de Deus, dos grandes Santos e Doutores, dos Mártires, especialmente da
multidão de mártires que aqui canonizastes no ano passado. «O Unigénito que
aqui desceu» abençoe o nosso caminho. O Espírito Santo faça dos crentes um só
coração e uma só alma: venha refundar-nos na unidade. Por isso, gostaria de
invocá-Lo novamente, fazendo minhas algumas palavras esplêndidas que entraram
na vossa Liturgia: Vinde, ó Espírito! Vós «que sois, com gemidos incessantes, o
nosso intercessor junto do Pai misericordioso, Vós que guardais os santos e
purificais os pecadores»; derramai sobre nós o vosso fogo de amor e unidade, e
«sejam desfeitos por este fogo os motivos do nosso escândalo» (GREGÓRIO DE
NAREK, Livro das Lamentações, 33, 5), a começar pela falta de unidade entre os
discípulos de Cristo.
Que a Igreja
arménia caminhe em paz, e a comunhão entre nós seja plena. Surja em todos um
forte anseio de unidade, uma unidade que não deve ser «submissão de um ao
outro, nem absorção, mas sim acolhimento de todos os dons que Deus deu a cada
um para manifestar ao mundo inteiro o grande mistério da salvação realizado por
Cristo Senhor através do Espírito Santo» (Palavras no fim da Divina Liturgia,
Igreja Patriarcal de São Jorge, Istambul, 30 de novembro de 2014).
Acolhamos o
apelo dos Santos, ouçamos a voz dos humildes e dos pobres, das inúmeras vítimas
do ódio que sofreram e sacrificaram a vida pela fé; prestemos ouvidos às
gerações mais jovens, que pedem um futuro livre das divisões do passado. Que,
deste lugar santo, se difunda novamente uma luz radiosa; e à luz da fé, que
desde São Gregório, vosso pai segundo o Evangelho, iluminou estas terras,
una-se a luz do amor que perdoa e reconcilia.
Tal como os
Apóstolos na manhã de Páscoa, apesar das dúvidas e incertezas, correram até ao
lugar da ressurreição, atraídos pela aurora feliz duma esperança nova (cf. Jo
20, 3-4) assim também nós, neste domingo santo, sigamos a chamada de Deus à
plena comunhão e aceleremos o passo rumo a ela.
E agora,
Santidade, em nome de Deus, peço-vos que me abençoeis, que abençoeis a mim e à
Igreja Católica, que abençoeis esta nossa corrida rumo à plena unidade.
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Canção Nova
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