Tendo em vista a
importância da celebração dos Sacramentos, a Santa Sé tem a Sagrada CONGREGAÇÃO
PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS, que regula como cada
sacramento deve ser celebrado publicou a importantíssima Instrução
“REDEMPTIONIS SACRAMENTUM”, aprovada pelo Papa João Paulo II, em 25 de março de
2004, sobre algumas coisas que se devem observar e evitar acerca da Santíssima
Eucaristia. Separei aqui alguns itens iniciais; mas o importante é ler toda a
Instrução:
[4.] Não há
dúvida de que a reforma litúrgica do Concílio tem tido grandes vantagens para
uma participação mais consciente, ativa e frutuosa dos fiéis no santo
Sacrifício do altar». [João Paulo II, Carta Encíclica, Ecclesia de Eucharistia
– EE n. 10]. Certamente, «não faltam sombras» [Sacrosanctum Concilium – SC, n.
48]. Assim, não se pode calar ante aos abusos, inclusive gravíssimos, contra a
natureza da Liturgia e dos sacramentos, também contra a tradição e autoridade
da Igreja, abusos que em nossos tempos, não raramente, prejudicam as
Celebrações litúrgicas em diversos âmbitos eclesiais. Em alguns lugares, os
abusos litúrgicos se têm convertido em um costume, no qual não se pode admitir
e se deve terminar.
[5.] A
observância das normas que têm sido promulgadas pela autoridade da Igreja,
exige que concordem entre si pensamento e a voz, ações externas e a intenção do
coração. A mera observância externa das normas, como resultado evidente,
contraria a essência da sagrada Liturgia, com a que Cristo quer congregar a sua
Igreja, e com ela formar «um só corpo e um só espírito». [1 Cor 12, 12-13; Ef
4, 4]. Por isto, a ação externa deve estar iluminada pela fé e a caridade, que
nos unem com Cristo e nos unem aos outros, e suscitam nos outros a caridade com
os pobres e necessitados. As palavras e os ritos litúrgicos são expressão fiel,
amadurecida ao longo dos séculos, dos sentimentos de Cristo, nos ensinando a
ter os mesmos sentimentos que Ele; [Fil 2,5] conformando nosso pensamento com
suas palavras, elevamos ao Senhor nosso coração. Quando se fala nesta
Instrução, intenciona-se conduzir a esta conformação de nossos sentimentos com
os sentimentos de Cristo, expressados nas palavras e ritos da Liturgia.
[6.] Os abusos,
sem dúvida, «contribuem para obscurecer a reta fé e a doutrina católica sobre
este admirável Sacramento» [EE,10]. De esta forma, também se impede que possam
«os fiéis reviver de algum modo a experiência dos discípulos de Emaús: Então se
lhes abriram os olhos e o reconheceram» [EE,6]. Convém que todos os fiéis
tenham e revivam aqueles sentimentos que receberam pela paixão salvadora do
Filho Unigênito, que manifesta a majestade de Deus, já que estão ante à força,
à divindade e ao esplendor da bondade de Deus [Cf. Rom 1, 20], especialmente
presente no sacramento da Eucaristia [Lc 24, 31].
[7.] Não é
estranho que os abusos tenham sua origem em um falso conceito de liberdade.
Posto que Deus nos tem concedido, em Cristo, não uma falsa liberdade para fazer
o que queremos, mas sim a liberdade para que possamos realizar o que é digno e
justo. [Cf. João Paulo II, Carta Encíclica, Veritatis splendor – VE, n. 35].
Isto é válido não só para os preceitos que provém diretamente de Deus, mas sim
também, de acordo com a valorização conveniente de cada norma, para as leis
promulgadas pela Igreja. Por isso, todos devem se ajustar às disposições
estabelecidas pela legítima autoridade eclesiástica.
[8.] Além disso,
constata-se, com grande tristeza, a existência de «iniciativas ecumênicas que,
ainda sendo generosas em seu intenção, transgridem com práticas eucarísticas
contrárias à disciplina com a qual a Igreja expressa sua fé». Sem dúvida, «a
Eucaristia é o um dom demasiado grande para admitir ambiguidades e reduções».
Por isso, convém corrigir algumas coisas e defini-las com precisão, para que
também com isto «a Eucaristia siga resplandecendo com todo o esplendor de seu
mistério» [EE,10].
[9.] Finalmente,
os abusos se fundamentam com frequência na ignorância, já que quase sempre se
rejeita aquilo que não se compreende seu sentido mais profundo e sua
Antiguidade. Por isso, enraizadas na Sagrada Escritura, «as preces, orações e
hinos litúrgicos estão penetrados em seu espírito e dela recebem seu
significado nas ações e sinais» [SC n. 24]. No que se refere aos sinais
visíveis, «usados na sagrada Liturgia e que foram eleitos por Cristo ou pela
Igreja para significar as realidades divinas invisíveis» [Idem 23]. Justamente,
a estrutura e a forma das Celebrações sagradas de acordo com cada um dos Ritos,
seja da tradição do Oriente seja da Ocidente, concordam com a Igreja Universal
e com os costumes universalmente aceitos pela constante tradição apostólica
[Instr., Varietates legitimae – VL, n. 26], que a Igreja entrega, com
solicitude e fidelidade, às gerações futuras. Tudo isto é sabiamente guardado e
protegido pelas normas litúrgicas.
[10.] A mesma
Igreja não tem nenhum poderio sobre aquilo que tem sido estabelecido por Cristo,
e que constitui a parte imutável da Liturgia [S C, n. 21]. Posto que, caso seja
rompido este vínculo que os sacramentos têm com o mesmo Cristo que os tem
instituído e com os acontecimentos que a Igreja tem sido fundada [Instr.,
Varietates legitimae, n. 25] nada seria vantajoso aos fiéis, mas sim poderia
ser gravemente danoso. De fato, a sagrada Liturgia está estreitamente ligada
com os princípios doutrinais [Cf. Pio XII, Carta Encíclica, Mediator Dei], por
que o uso de textos e ritos que não têm sido aprovados leva a uma diminuição ou
desaparecimento do nexo necessário entre a lex orandi e a lex credendi.[ID]