domingo, 7 de agosto de 2016

Os vínculos da caridade




Volvei benignamente, Senhor, o vosso olhar de misericórdia sobre este povo e sobre o corpo místico da Santa Igreja; porque será muito maior a glória do vosso santo nome se Vos compadeceis da imensa multidão das vossas criaturas, do que se Vos compadeceis só de mim, miserável pecadora, que tanto ofendi a vossa majestade. Que consolação poderia eu ter na vida, vendo o vosso povo na morte? Que consolação poderia ter, se, pelos meus pecados e os das outras criaturas, visse envolta nas trevas a Igreja, vossa amada Esposa?

Peço‑Vos instantemente esta graça singular da vossa misericórdia, por aquele amor incriado que Vos moveu a criar o homem à vossa imagem e semelhança. Qual foi a razão de terdes elevado o homem a tão alta dignidade? Foi certamente o incomparável amor com que Vos contemplastes a Vós mesmo na vossa criatura e Vos enamorastes dela. Mas reconheço claramente que pela culpa do seu pecado perdeu merecidamente a dignidade a que a tínheis elevado.

Movido pelo mesmo amor, quisestes oferecer gratuitamente ao género humano a reconciliação convosco; e por isso nos destes o Verbo, o vosso Filho Unigénito, para que Ele fosse o advogado e medianeiro entre Vós e os homens. Ele foi a nossa justiça, levando sobre Si e castigando em Si todas as nossas injustiças e iniquidades, pela obediência que Vós, eterno Pai, Lhe impusestes, ao decretar que Ele assumisse a nossa humanidade. Oh incomparável abismo de caridade! Haverá coração tão duro que fique insensível e não se comova, ao ver como a sublimidade divina desceu à profunda baixeza da nossa condição humana?

Nós somos vossa imagem e Vós imagem nossa, pela união que realizastes no homem, escondendo a eterna divindade sob a nuvem miserável da humanidade corrompida de Adão. E porquê? O único motivo é o vosso inefável amor. Por este amor incomparável, com todas as forças da minha alma Vos peço que olheis misericordiosamente para estas vossas miseráveis criaturas.


Do Diálogo de Santa Catarina de Sena, virgem, sobre a divina providência
(4, 13: ed. latina, Ingolstadt 1583, ff. 19v-20) (Sec. XIV)

O Farisaísmo e o Rubricismo de que nos acusam e a Verdade do Evangelho




“As palavras dessa gente destroem como a gangrena. Entre eles estão Himeneu e Fileto, que se desviaram da verdade dizendo que a ressurreição já aconteceu e transtornaram a fé em alguns. Contudo, o sólido fundamento de Deus se mantém firme, porque vem selado com estas palavras: O Senhor conhece os que são seus (Nm 16,5); e: Renuncie à iniqüidade todo aquele que pronuncia o nome do Senhor (Is 26,13).” - II Timóteo 2, 17-19

Por conta do post que publicamos recentemente acerca daquilo que A IGREJA DIZ sobre as Missas de “cura e libertação”, fomos publicamente chamados de imbecis (por mais que o próprio Cristo Jesus nos proíba diretamente de dizer tal coisa a nossos irmãos; cf. São Mateus 5, 22). Ainda aos que não sabem, este que vos escreve serve como escravo ao Altar de Cristo, e por ser definitivamente fiel à Roma e ao nosso Arcebispo, disseram-nos que deveríamos nos envergonhar e abandonar o ministério extraordinário do acolitato ao qual Jesus nos chamou.

Longe de ser de nosso interesse prolongar este tema, gostaríamos de usá-lo como ponto de partida para este post uma vez que tal posicionamento em tudo se relaciona com aquilo que o título deste post se propõe a descrever. Afinal estão errados aqueles que posicionam-se imutavelmente à favor do Sagrado Magistério, da Palavra de Deus e da Santa Tradição de sempre e os defendem como nos pede o Senhor?

“[…] Sê fiel até a morte e te darei a coroa da vida.”
Apocalipse 2, 10

De certo que muitas de nossas posturas podem parecer anacrônicas, velhas, carcomidas, mas é isto que Deus nos pede! Muitos dos que comparam estas nossas posturas àquelas dos fariseus – cujo fervor à rubrica tornavam a lei estéril – não reconhecem no Evangelho o vigor da Lei que Cristo tornou perfeita por ser ele mesmo o Grande Legislador. Jesus afirmou com toda a sua autoridade que não veio ao mundo para abolir a lei ou os profetas, mas veio para com a Sua Palavra edificante e o seu Preciosíssimo Sangue apagar a mácula do pecado original e imprimir em nossa alma, no lugar do pecado, a totalidade da lei (cf. São Mateus 5, 17).

Por tanto, é da natureza do catolicismo ser não só uma “Religião do Livro” (ou dos livros), mas um povo de leis e preceitos. Preceitos estes que recebemos pela inspiração do Paráclito que o Senhor enviou sobre nós:

“Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito.”
São João 14, 26

Uma vez que estas leis nos foram dadas pelo próprio Deus que nos ensinou todas as coisas enquanto seu povo e que também depositou em Pedro a autoridade máxima sobre a Igreja e seus fiéis, devemos respeitá-las como Vontade de Deus que são. Sem condições, vontades nossas ou caprichos.  A Palavra nos alerta que não devemos nos desviar do ensinamento dos Apóstolos e seus sucessores (nossos Bispos):

“Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa.”
II Tessalonicenses 2, 15

São Caetano de Thiene




Caetano nasceu na Itália, em outubro de 1480. Desde muito jovem mostrava grande preocupação e zelo pelos pobres, abrindo asilos para os idosos e muitos hospitais para os doentes, especialmente para os incuráveis. Estudou em Pádua, onde se formou em direito aos vinte e quatro anos de idade.

Em 1506 exerceu a função de secretário particular do Papa Júlio II. Neste serviço fez contato e conviveu com cardeais famosos, aprendendo muito com todos eles. Mas a principal virtude que Caetano cultivava era a humildade para observar muito bem antes de reprovar o mal alheio.

Participou do movimento laical Oratório do Divino Amor, que procurava estudar e praticar a Sagrada Escrituras. Depois de muita reflexão, decidiu pela ordenação sacerdotal. Tinha trinta e seis anos de idade quando celebrou sua primeira missa na Basílica de Santa Maria de Maior.

Em 1523 fundou a Ordem dos Teatinos Regulares, que tinha como objetivo a renovação do clero. A nova congregação começou somente com quatro pessoas, depois passou para doze e esse número aumentou em pouco tempo. São de vida ativa, vivendo em obediência, sob uma regra de vida comum.

Morreu aos sessenta e seis anos de idade em Nápoles, no ano de 1547.


Deus Pai de bondade, ajudai-nos a confiar mais na vossa providência e concedei-nos, pela intercessão de São Caetano, buscar o que é santo e promover a paz e a caridade entre as pessoas. Por Cristo nosso Senhor. Amém.

sábado, 6 de agosto de 2016

São Justo e São Pastor




Com alegria, toda a Igreja festeja neste dia, a Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo, a qual se encontra testemunhada nos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. Neste fato bíblico, nós nos deparamos com o segredo da santidade para todos os tempos: “Este é o meu Filho bem-amado, aquele que me aprove escolher. Ouvi-o!” (Mc 9,7).

Sem dúvida, os santos que estamos lembrando hoje, somente estão no Eterno Tabor, por terem vivido esta ordem do Pai. Conta-se que eram jovens cristãos e estavam na escola, quando souberam que o perseguidor e governador Daciano acabara de entrar na cidade. Sendo assim, os santos Justo e Pastor, fugiram, mas foram pegos e entregues por pagãos ao grande perseguidor dos cristãos.

Diante do governador que estava sobre o seu cavalo, os corajosos discípulos de Cristo não recuaram diante das ameaças, tanto assim que, frente à possibilidade do martírio, a resposta de São Justo e Pastor foi um canto de felicidade. O governador, ridicularizado pela fé que transfigurava aqueles jovens, mandou que lhes cortassem as cabeças, isto ocorreu em Alcalá de Henares, em Castela, no ano de 304.

Santos Justo e Pastor, rogai por nós!


Deus todo-poderoso, que destes aos santos Justo e Pastor a graça de sofrer pelo Cristo, ajudai também nossa fraqueza, para que possamos viver firmes em nossa fé, como eles não hesitaram em morrer por vosso amor. Amém.

É bom nós estarmos aqui


Jesus manifestou a seus discípulos este mistério no monte Tabor. Havia andado com eles, falando-lhes a respeito de seu reino e da segunda vinda na glória. Mas talvez não estivessem muito seguros daquilo que lhes anunciara sobre o reino. Para que tivessem firme convicção no íntimo do coração e, mediante as realidades presentes, cressem nas futuras, deu-lhes ver maravilhosamente a divina manifestação do monte Tabor, imagem prefigurada do reino dos céus. Foi como se dissesse: Para que a demora não faça nascer em vós a incredulidade, logo, agora mesmo, eu vos digo, alguns dos que aqui estão não provarão a morte antes de verem o Filho do homem vindo na glória de seu Pai(cf. Mt 16,28). Mostrando o Evangelista ser um só o poder de Cristo com sua vontade, acrescentou: E seis dias depois, tomou Jesus consigo Pedro, Tiago e João e levou-os a um monte alto e afastado. E transfigurou-se diante deles; seu rosto brilhou como o sol, as vestes se fizeram alvas como a neve. E eis que apareceram Moisés e Elias a falar com ele (cf. Mt 17,1-3). 

São estas as maravilhas da presente solenidade, é este o mistério de salvação para nós que agora se cumpriu no monte: ao mesmo tempo, congregam-nos agora a morte e a festa de Cristo. Para penetrarmos junto àqueles escolhidos dentre os discípulos, inspirados por Deus, na profundeza destes inefáveis e sagrados mistérios, escutemos a voz divina que do alto, do cume da montanha, nos chama instantemente.  

Para lá, cumpre nos apresarmos, ouso dizer, como Jesus, que agora nos céus é nosso chefe e precursor, com quem refulgiremos aos olhos espirituais – renovadas de certo modo as feições de nossa alma – conformados à sua imagem; e à semelhança dele, incessantemente transfigurados, feitos consortes da natureza divina e prontos para as alturas.  

Para lá corramos cheios de ardor e de alegria; entremos na nuvem misteriosa, semelhantes a Moisés e Elias ou Tiago e João. Sê tu também como Pedro, arrebatado pela divina visão e aparição, transfigurado por esta linda Transfiguração, erguido do mundo, separado da terra. Deixa a carne,abandona a criatura e converte-te para o Criador a quem Pedro, fora de si, diz: Senhor, é bom para nós estarmos aqui (Mt 17,4). 

Sim, Pedro, verdadeiramente é bom para nós estarmos aqui com Jesus e aqui permanecermos pelos séculos. Que pode haver de mais delicioso,de mais profundo, de melhor do que estar com Deus, conformar-se a ele, encontrar-se na luz? De fato, cada um de nós, tendo Deus em si, transfigurado em sua imagem divina, exclame jubiloso: É bom para nós estarmos aqui, onde tudo é luminoso, onde está o gáudio, a felicidade e a alegria. Onde no coração tudo é tranquilo, sereno e suave. Onde se vê a Cristo, Deus. Onde ele junto com o Pai tem sua morada e ao entrar, diz: Hoje chegou a salvação para esta casa (Lc 19,9). Onde com Cristo estão os tesouros e se acumulam os bens eternos. Onde as primícias e figuras dos séculos futuros se desenham como em espelho.



Do Sermão no dia da Transfiguração do Senhor, de Anastásio Sinaíta, bispo
(Nn.6-10: Mélanges d’archéologie ET d’histoire 67[1955],241-244)             (Séc.VII)

Em que circunstâncias podemos comungar a hóstia e também o vinho?


A Eucaristia é a celebração central da Igreja. O modo ordinário de administração da comunhão é sob a espécie de pão, seguindo uma disciplina multissecular fundada na afirmação dogmática de plena e perfeita presença de Jesus Cristo em cada uma das espécies sacramentais (Conc. de Trento,sess.XXI), e recomendada pelo perigo de derramamento do sanguis, assim como pela natural repugnância a que poderia dar lugar o comungar do mesmo cálice. Estes dois dados (perigo de derramamento e natural repugnância) serão tidos em conta nas normas litúrgicas que o Cânon manda observar.

A Instrução da Sagrada Congregação para o Culto Divino Sacramentali Communione, de 29 de junho de 1970, permitiu que as Conferências Episcopais ampliassem essa faculdade dos Ordinários locais. Em setembro do mesmo ano, a comissão Central da CNBB decidiu deixar nas mãos dos próprios Bispos diocesanos a determinação de novos casos de comunhão sob duas espécies, “ubi ratio pastoralis suadeat” (=onde o aconselhar uma razão pastoral). Recomendou, porém, que não se usasse essa forma quando os grupos forem muito numerosos ou heterogêneos.

Introdução Geral do Missal Romano - A Comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal sob as duas espécies. Sob esta forma se manifesta mais perfeitamente o sinal do banquete eucarístico e se exprime de modo mais claro a vontade divina de realizar a nova e eterna Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico no Reino do Pai (IGMR, 281).

O Número 283 da IGMR nos diz que a comunhão sob as duas espécies é permitida nos seguintes casos:

a)      Aos sacerdotes que não podem celebrar ou concelebrar o santo sacrifício;

b)      Ao diácono e a todos que exercem algum ofício na Missa;

c)      Aos membros “da comunidade”, aos alunos dos Seminários, a todos os que fazem exercícios espirituais ou que participam de alguma reunião espiritual ou pastoral.