segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Assunção de Nossa Senhora*




Hoje, solenemente, celebramos o fato ocorrido na vida de Maria de Nazaré, proclamado como dogma de fé, ou seja, uma verdade doutrinal, pois tem tudo a ver com o mistério da nossa salvação. Assim definiu pelo Papa Pio XII em 1950 através da Constituição Apostólica Munificentissimus Deus: “A Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre foi assunta em corpo e alma à glória celestial.”

Antes, esta celebração, tanto para a Igreja do Oriente como para o Ocidente, chamava-se “Dormição”, porque foi sonho de amor. Até que se chegou ao de “Assunção de Nossa Senhora ao Céu”, isto significa que o Senhor reconheceu e recompensou com antecipada glorificação todos os méritos da Mãe, principalmente alcançados em meio às aceitações e oferecimentos das dores.

Maria contava com 50 anos quando Jesus subiu ao Céu. Tinha sofrido muito: as dúvidas do seu esposo, o abandono e pobreza de Belém, o desterro do Egito, a perda prematura do Filho, a separação no princípio do ministério público de Jesus, o ódio e perseguição das autoridades, a Paixão, o Calvário, a morte do Filho e, embora tanto sofrimento, São Bernardo e São Francisco de Sales é quem nos aponta o amor pelo Filho que havia partido como motivo de sua morte.

É probabilíssima, e hoje bastante comum, a crença de a Santíssima Virgem ter morrido antes que se realizasse a dispersão dos Apóstolos e a perseguição de Herodes Agripa, no ano 42 ou 44. Teria então uns 60 anos de idade. A tradição antiga, tanto escrita como arqueológica, localiza a sua morte no Monte Sião, na mesma casa em que seu Filho celebrara os mistérios da Eucaristia e, em seguida, tinha descido o Espírito Santo sobre os Apóstolos.

Esta a fé universal na Igreja desde tempos remotíssimos. A Virgem Maria ressuscitou, como Jesus, pois sua alma imortal uniu-se ao corpo antes da corrupção tocar naquela carne virginal, que nunca tinha experimentado o pecado. Ressuscitou, mas não ficou na terra e sim imediatamente foi levantada ou tomada pelos anjos e colocada no palácio real da glória. Não subiu ao Céu, como fez Jesus, com a sua própria virtude e poder, mas foi erguida por graça e privilégio, que Deus lhe concedeu como a Virgem antes do parto, no parto e depois do parto, como a Mãe de Deus.

Nossa Senhora da Assunção, rogai por nós!


Ó Deus, considerando a humildade da Virgem Maria, vós lhe concedestes a graça e a honra de ser a mãe do vosso Filho unigênito, e a coroastes hoje de glória e esplendor; concedei, por suas preces , que, salvos pelo mistério da redenção, sejamos elevados à vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
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* No Brasil esta solenidade, caso não caia num domingo, é transferida para o domingo seguinte.

domingo, 14 de agosto de 2016

Bispos bolivianos advertem os fieis sobre a seita “Igreja Católica Apostólica Nacional Boliviana”.


A Conferência Episcopal Boliviana alertou os fieis do país sobre a chamada "Igreja Católica Apostólica Nacional Boliviana", uma organização religiosa que tem gerado confusão entre os fieis. Com o nome de "Ao povo de Deus na Bolívia: não se deixe enganar", o comunicado recomenda dirigir-se diretamente às paróquias e consultar as dioceses mediante qualquer dúvida sobre a identidade de um sacerdote.

Os bispos declararam que o líder dessa denominação, Richard Lipacho Zambrana, foi um padre católico "que a Santa Sé decidiu demitir do estado clerical em 24 de Setembro de 2012". Por esta razão, perante a Igreja é considerado “laico” e não pode administrar os sacramentos licitamente. "Porque esta pessoa se apresenta e atua como bispo católico sem ter sido escolhido pelo Santo Padre," denunciaram os bispos.

Além do líder acima mencionado, a organização religiosa admitiu sacerdotes suspensos pelos Bispos e ex-seminaristas "que foram ordenados diáconos ou sacerdotes invalidamente, em simulações de celebrações". Os bispos advertiram que a suspensão de um sacerdote pode ser devido a "graves irregularidades cometidas no exercício do seu ministério" e que simular os sacramentos é um delito grave e "uma instrumentalização da boa fé do povo, aspectos que estamos na obrigação moral de denunciar".

Sal da terra e luz do mundo




Vós sois o sal da terra (Mt 5,13). Estas palavras vos foram entregues não para vossa vida, mas para a de todo o mundo. Não vos envio a duas cidades, nem a dez ou vinte. Não vos envio a um só povo, como os profetas outrora, mas à terra, ao mar, ao universo inteiro. E tudo isto em péssimo estado. Pois ao dizer: Vós sois o sal da terra, mostra ter toda a natureza humana perdido seu sabor e estar corrompida pelos pecados. Por este motivo mais exige deles as virtudes necessárias e úteis para tratar de tantos com solicitude. Na verdade o manso, modesto, misericordioso e justo não apenas guarda para si as boas obras, mas cuida de que as excelentes fontes coram para proveito dos outros. Também o puro de coração, pacífico, amante de verdade orienta sua vida para o bem comum.

Não julgueis, assim diz, serdes compelidos a breves escaramuças nem que tenhais de vos haver com causas pequeninas: Vós sois o sal da terra. E então? Poderão eles restaurar a podridão? De modo algum. De nada serve deitar sal ao que já está podre. Não foi isto certamente o que fizeram. Mas aquilo que antes fora renovado e entregue a eles, livre de todo mau odor, a isto misturavam o sal e preservavam naquele estado novo que haviam recebido de Cristo. Porque libertar do mau odor dos pecados foi obra do poder de Cristo. Para que não se volte a este mau cheiro, tal é o escopo de sua diligência e esforço.

Vês como aos poucos vai mostrando serem eles melhores que os próprios profetas? Não os declara mestres da Palestina, mas da terra inteira. Não vos admireis, assim diz, se, deixando os outros, falo mais intimamente convosco e vos arrasto a tão grandes perigos. Pensai a quantas e a quão grandes cidades, povos e nações vou enviar-vos como administradores. Por isso não vos quero apenas prudentes, mas que torneis os outros semelhantes a vós. Se não fordes assim, nem mesmo sereis de vantagem para vós mesmos.

Pois os outros, perdido o sabor, podem por vosso ministério emendar-se. Vós, porém, se caírdes neste mal, arrastareis os outros convosco à ruína. Por conseguinte, quanto maiores encargos vos forem confiados, tanto mais necessidade tendes de grande zelo. É o motivo por que diz: Se o sal perder seu sabor, com que se salgará? Para nada mais vale e será lançado fora e pisado pelos homens (Mt 5,13).

Para que ao ouvirem: Quando vos acusarem e perseguirem e disserem todo mal contra vós (Mt 5,11), não temam ser citados em juízo, diz: “Se não estiverdes prontos para isto, em vão fostes escolhidos. As injúrias vos acompanharão necessariamente, porém, em nada vos prejudicarão, e porão à prova vossa firmeza. Se, porém, tiverdes medo delas e, diante da violência, desistirdes, sofrereis coisas muito mais graves e sereis desprezados por todos. É isto o que quer dizer ser pisado aos pés.”

Em seguida, passa para um modelo ainda mais elevado: Vós sois a luz do mundo(Mt 5,14).De novo, do mundo, não de uma nação só ou de vinte cidades, mas do orbe todo. Luz inteligente, mais bela que os raios do sol, espiritual à semelhança do sal. Primeiro o sal, depois a luz, para mostrar a grande eficácia que tem uma pregação vigorosa e uma doutrina exigente. Deste modo os obriga a seguir uma certa norma na pregação, sem divagações inconvenientes, para que ela possa iluminar a vista de quem os rodeia. Não pode esconder-se a cidade posta sobre o monte; nem se acende uma lâmpada para colocá-la debaixo do alqueire (Mt 5,15). Com estas palavras excita-os novamente a uma vida esforçada, ensina-os a terem cautela como pessoas postas aos olhos de todos, que lutam em pleno centro do teatro do mundo inteiro.



Das Homilias sobre Mateus, de São João Crisóstomo,  bispo
(Hom. 15,6.7:PG57,231-232)       (Séc.IV)

Do zelo apostólico que se deve ter ao procurar a salvação e santificação das almas




Muito me alegra, caro irmão, o zelo que te inflama na promoção da glória de Deus. Pois observamos com tristeza, em nossos tempos, não só entre os leigos mas também entre os religiosos, a doença quase epidêmica que se chama indiferentismo, que se propaga de várias formas. Ora, como Deus é digno de infinita glória, nosso primeiro e mais importante ideal deve ser, com nossas exíguas forças, lhe darmos o máximo de glória, embora nunca possamos dar quanto de nós, pobres peregrinos, ele merece. 

Como a glória de Deus resplandece principalmente na salvação das almas que Cristo remiu com seu próprio sangue, o desejo mais elevado da vida apostólica será procurar a salvação e santificação do maior número possível. E quero brevemente dizer-te qual o melhor caminho para este fim, isto é, para conseguir a glória divina e a santificação de muitas almas. Deus, ciência e sabedoria infinita, sabendo o que, de nossa parte, mais contribui para aumentar sua glória, manifesta-nos a sua vontade sobretudo pelos seus ministros na terra.  

É a obediência, e ela só, que nos indica a vontade de Deus com evidência. O superior pode errar, mas não é possível que nós, ao seguirmos a obediência, sejamos levados ao erro. Só poderia haver uma exceção se o superior mandasse algo que incluísse – mesmo em grau mínimo – uma violação da lei divina; pois, neste caso, o superior não seria fiel intérprete de Deus. 

Só Deus é infinito, sapientíssimo, santíssimo e clementíssimo, Senhor, Criador e Pai nosso, princípio e fim, sabedoria, poder e amor; tudo isso é Deus. Tudo que não seja Deus só vale enquanto se refere a ele, Criador de tudo e Redentor dos homens, último fim de toda a criação. É ele que nos manifesta a sua adorável vontade por meio daqueles que o representam, e nos atrai a si, querendo, deste modo, atrair por nós outras almas, unindo-as a si em amor cada vez mais perfeito. 

Vê, irmão, quão grande é, pela misericórdia divina, a dignidade de nossa condição! Pela obediência com que ultrapassamos os limites de nossa pequenez e conformamo-nos à vontade divina, que nos dirige com sua infinita sabedoria e prudência, a fim de agirmos com retidão. Pode-se até dizer que, seguindo assim a vontade de Deus à qual nenhuma criatura pode resistir, nos tornamos mais fortes que tudo. 
Esta é a vereda da sabedoria e da prudência, este é o único caminho pelo qual possamos dar a Deus maior glória. Pois, se existisse caminho diferente e mais alto, certamente Cristo no-lo teria manifestado com sua doutrina e exemplo. Ora, a divina Escritura resumiu a sua longa permanência em Nazaré com estas palavras: E era-lhes submisso (Lc 2,51), como nos indicou toda a sua vida ulterior sob o signo da obediência, mostrando que desceu à terra para fazer a vontade do Pai.  

Amemos por isso, irmão, amemos sumamente o amantíssimo Pai celeste, e deste amor seja prova a nossa obediência, exercida em grau supremo quando nos exige o sacrifício da própria vontade. Não conhecemos, para progredir no amor a Deus, livro mais sublime que Jesus Cristo crucificado. 

Tudo isso conseguiremos mais facilmente pela Virgem Imaculada, a quem a bondade de Deus confiou os tesouros da sua misericórdia. Pois não há dúvida que a vontade de Maria seja para nós a própria vontade de Deus. E, quando nos dedicamos a ela, tornamo-nos em suas mãos como instrumentos, como ela própria, nas mãos de Deus. Portanto, deixemo-nos dirigir por ela, ser conduzidos por ela, e sejamos calmos e seguros por ela guiados: pois cuidará de nós, tudo proverá e há de socorrer-nos prontamente nas necessidades do corpo e da alma, afastando nossas dificuldades e angústias.


Das Cartas de São Maximiliano Maria Kolbe
(O. Joachim Roman Bar, O.F.M. Conv., ed. Wybór Pism, Warszawa 1973, 41-42;226)             (Séc.XX)

Os cristãos e autoridade política

 
Imperador Carlos Magno

Nós estamos num período de definições de mulheres e homens que governarão os nossos municípios, assumindo cargos de prefeitas(os) e vereadoras(es). Elas e Eles serão chamados a coordenar as pessoas e estruturas com recursos do povo em geral  através de impostos. Desejamos boa missão superando os interesses pessoais e a corrupção. É importante perceber a autoridade em vista do bem comum que leve as pessoas até Deus. As autoridades nunca são fim, mas meios porque o fim é a glória de Deus através da autoridade. Os padres da Igreja, escritores da Igreja antiga, fizeram diversas admoestações a partir da Palavra de Cristo Jesus em relação à autoridade que mereciam sim, a consideração, a honra, a oração, mas jamais adoração, porque esta é dada só a Deus, o Criador da autoridade humana. 

1. Os cristãos honram o Imperador

Tertuliano, padre africano do terceiro século afirmou que os cristãos não são inimigos de ninguém, menos ainda do Imperador. Sabem que este foi constituído por Deus de modo que o honram, o amam e querem salvo com todo o Império romano até quando durará o mundo. Havia a idéia que o fim do Império era também o fim do mundo. Dessa forma rezava-se pelo Império romano, e pela Imperador. Essa veneração à autoridade por parte dos cristãos possui os seus limites: é um homem que vem depois de Deus, sendo a sua criatura, e que obteve de Deus tudo aquilo que é para ele estar naquele encargo. Esses pontos deveriam estar também na cabeça do imperador. Sendo superior a todos, no entanto é inferior somente a Deus; por isso nós rezamos por ele e para que ele respeite o Deus de toda a criação. O Padre africano dizia que os cristãos rezavam pela saúde do Imperador e a todos os súditos, suplicando-a Àquele que pode concedê-la. 

Tertuliano fala também do comportamento dos cristãos em relação á autoridade imperial. A honra é dada aos reis e aos imperadores na forma como eles merecem sendo criaturas, como fala o Apóstolo Paulo em relação aos magistrados, aos príncipes, às autoridades(cfr. Rm 13,1-2), distinguindo sempre que a adoração é dada só a Deus, porque Criador de todas as coisas e da própria autoridade humana que governa pessoas.

2. A pátria para os cristãos

Orígenes, padre alexandrino, do século terceiro, teve que contrariar Celso, autor pagão pois criticava a ação dos cristãos em relação ao Império, por esses não assumirem encargos no exército para defender a pátria. Saiba, diz o autor alexandrino que "a pátria é defendida pelos cristãos, não por serem vistos pelos homens e terem uma pequena glória. Nós elevamos orações a Deus para os nossos concidadãos, sejam eles das classes humildes, sejam eles governantes". Os cristãos se alegram pela pátria mais que as outras pessoas, porque eles admoestam a todos na piedade para com Deus em vista da fidelidade aos compromissos neste mundo tendo presente a palavra do Senhor: foste fiel na pequena cidade, venha participar da grande(cfr. Mt 25,21).

São Maximiliano Maria Kolbe


Raimundo nasceu no dia 8 de Janeiro de 1894 na Polônia. Mais tarde, no seminário, assumiu o nome de Maximiliano Maria Kolbe. Sua família era pobre, de humildes operários, mas muito rica de religiosidade. Com apenas 13 anos foi residir com os franciscanos.

No colégio, foi um estudante brilhante e atuante. Nesta época, manifestou seu zelo e amor a Maria, fundando o apostolado mariano "Milícia da Imaculada". Concluiu os estudos em Roma onde foi ordenado sacerdote.

O carisma do apostolado de Padre Kolbe foi marcado pelo amor infinito a Maria e pela imprensa escrita e falada. Editou uma revista mariana, um diário semanal, uma revista mariana infantil e uma revista em latim para sacerdotes; instalou uma emissora de rádio católica. O seu objetivo era conquistar o mundo inteiro para Cristo por meio de Maria Imaculada.

Voltou para a Polônia e cuidou da direção do seminário e da formação dos novos religiosos. Em 1939, as tropas nazistas tomaram a Polônia. Padre Kolbe foi preso e enviado para o campo de concentração de Auschwitz (Auchuitz).

Em agosto de 1941, por causa de um prisioneiro que fugiu do campo, foram condenados à morte outros dez prisioneiros. Um deles, Francisco, começou a chorar e, em alta voz, declarou que tinha mulher e filhos. Padre Kolbe solicitou ao comandante para ir em seu lugar e ele concordou. Todos os dez, despidos, ficaram numa pequena, úmida e escura cela dos subterrâneos, para morrer de fome e sede. Depois de duas semanas, sobreviviam ainda três com Padre Kolbe. Então, foram mortos com uma injeção venenosa, para desocupar o lugar. Era o dia 14 de agosto de 1941.  


Ó Deus de admirável providência, que, no mártir São Maximiliano Maria Kolbe destes ao vosso povo pastor corajoso e forte, concedei-nos, pela sua intercessão, ajuda nas tribulações e firme constância na fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.