domingo, 4 de setembro de 2016

A sabedoria cristã


Em seguida diz o Senhor: Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque serão saciados (Mt 5,6). Esta fome nada tem de corpóreo. Esta sede não busca nada de terreno. Mas deseja ser saciada com a justiça e, introduzida no segredo mais oculto, anseia por ser repleta do próprio Senhor.  

Feliz espírito, faminto do pão da justiça e que arde por tal bebida. Na verdade não teria disso nenhuma cobiça, se não lhe houvesse provado a doçura. Ouvindo o espírito profético que lhe diz: Provai e vede como é suave o Senhor (Sl 33,9), tomou uma porção da altíssima doçura e inflamou-se pelo amor das castíssimas delícias. Abandonando todo o criado, acendeu-se-lhe o desejo de comer e beber a justiça e experimentou a verdade do primeiro mandamento: Amarás o Senhor Deus de todo o teu coração, com toda a tua mente, com todas as tuas forças (Dt 6,5; cf. Mt 22,37). Porque não são coisas diferentes amar a Deus e amar a justiça.  

Por fim, como o interesse pelo próximo se une ao amor de Deus, também aqui o desejo da justiça é acompanhado pela virtude da misericórdia, e se diz:Bem-aventurados os misericordiosos porque deles terá Deus misericórdia (Mt 5,7).  

Reconhece, ó cristão, a dignidade de tua sabedoria e entende de que modo engenhoso foste chamado ao prêmio. A misericórdia te quer misericordioso, a justiça, justo, para que em sua criatura transpareça o Criador e no espelho do coração do homem refulja a imagem de Deus expressa pelas linhas da imitação. Firme é a fé dos que assim agem, teus desejos te acompanham e daquilo que amas gozarás sem fim.  

Já que pela esmola tudo se faz puro para ti, chegas à bem-aventurança que é prometida como consequência. Diz o Senhor: Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus (Mt 5,8). Imensa felicidade, caríssimos, para quem se prepara tão grande prêmio. Que é, então, ter o coração puro? Entregar-se às virtudes acima descritas. Que inteligência poderá conceber e que língua proclamar quão grande seja a felicidade de ver a Deus? E, no entanto, isto acontecerá quando a natureza humana for transformada, de sorte que não mais em espelho ou enigma, mas face a face (1Cor 13,12), verá aquela Divindade que homem algum pôde ver tal qual é. E obterá o que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem subiu ao coração do homem (1Cor 2,9), pelo gáudio indizível da eterna contemplação.


Do Sermão sobre as Bem-aventuranças, de São Leão Magno, papa

(Sermo 95,6-8: PL 54,464-465)     (Séc.V)

O Anticristo e a conjuração dos maus cristãos

O Anticristo instruído pelo diabo. Luca Signorelli (1445-1523), basílica de Orvieto, Itália 


Vós já sabeis a causa que agora o detém, até que seja manifestado a seu tempo. O fato é que já vai obrando o mistério da iniquidade; entretanto, o que está firme agora mantenha-se até que seja tirado o impedimento. E então se deixará ver aquele perverso, a quem o Senhor Jesus matará com o alento de sua boca e destruirá com o resplendor de sua presença aquele iníquo que virá com o poder de Satanás, com toda sorte de milagres, de sinais e falsos prodígios, e com todas as ilusões que podem conduzir à iniquidade àqueles que se perderam, por não haver recebido e amado a verdade a fim de salvarem-se. - 2 Tessalonicenses 2,6-9

 

Põe-se de manifesto a morte do Anticristo, e declara-se a demora de sua vinda.


Chega o Apóstolo, anunciando o futuro, contou a chegada e culpa do Anticristo; aqui nos mostra a causa que impede essa vinda; e primeiro descobre que eles já sabem a que causa se refere, e a propõe em termos obscuros.


Assim pois: digo que é necessário se dê a conhecer o homem do pecado. “Já sabeis vós a causa que agora o detém”, isto é, a causa de que se tarda, porque eu já lhes disse, de sorte que o que ao presente lhe detém, “a seu tempo”, isto é, oportunamente, “se dará a conhecer” (Ecle.8).


"O fato é que já vai obrando ou tomando forma o mistério da iniquidade”.


Explica por que se demora o Anticristo; e este texto tem muitas interpretações, porque mistério pode estar em nominativo ou acusativo.


No primeiro caso o sentido é este: digo que a seu tempo se dará a conhecer, porque ainda o mistério, isto é, – figuradamente ocultado (enigmaticamente proposto),
já está obrando nos fingidos (cristãos), que parecem bons, e na realidade são maus, e estão fazendo o ofício do Anticristo, “mostrando, sim, aparência de piedade, mas renunciando ao seu espírito” (2Tm 3,5).

 

No segundo caso, ou no acusativo, se interpreta assim: porque o diabo, em cujo poder permanecerá o Anticristo, já começou ocultamente, por meio dos tiranos e enganadores, a cometer suas iniquidades; porque as perseguições à Igreja deste tempo são figuras dessa última perseguição contra todos os bons e, em comparação com aquela, são como a cópia respectiva da original.

Santa Rosália


Rosália nasceu no ano 1125, filha de um rico senhor e vivia numa corte muito importante da época. Durante a adolescência foi ser dama da corte da rainha Margarida, esposa do rei Guilherme I da Sicília. Porém, nada disso a atraía ou estimulava. Sabia que sua vocação era servir a Deus e ansiava pela vida monástica. 

Aos catorze anos, levando consigo apenas um crucifixo, abandonou de vez a corte e se refugiou solitária numa caverna. Ficava próximo do convento dos beneditinos que possuía uma pequena igreja anexa. Assim mesmo vivendo isolada, podia participar as funções litúrgicas e receber orientação espiritual. 

Os beneditinos puderam acompanhar e testemunhar com seus registros a vida eremítica de Rosália, que viveu em oração, solidão e penitência. Muitos habitantes do povoado subiam o Monte, atraídos pela fama de santidade da ermitã. 

Vários milagres foram atribuídos a intercessão de Santa Rosália, como a extinção da peste que no século XII devastava a Sicília. No dia 04 de setembro de 1160, Rosália morreu, na sua gruta de Monte Pellegrino em Palermo. O seu culto se difundiu enormemente entre os fiéis que invocavam como padroeira de Palermo  



Senhor Pai de amor, pela intercessão de santa Rosália, que despojastes de todas as vaidades vãs deste mundo para vos dedicar inteiramente a uma vida de penitência e orações, dai-me o espírito da piedade, oração constante e que nos momentos de solidão e provações possa eu portar-me dignamente para poder um dia merecer os momentos felizes e eternos. Por Cristo Nosso Senhor. Amém

sábado, 3 de setembro de 2016

Religiosa de 81 anos foi sequestrada e violentada na Bolívia


A Secretaria Geral da Conferência Episcopal Boliviana e a Diocese de Coroico denunciaram na quinta-feira, 1º de setembro, “com vergonha e indignação ante a opinião pública”, o sequestro e violação de uma religiosa de 81 anos, perpetrado por 4 sujeitos na noite da última terça-feira, 30 de agosto.

Em um comunicado, os bispos denunciaram “o acontecimento violento, desumano e delitivo” no qual “uma mulher consagrada a Deus e à missão, uma religiosa de 81 anos de idade, voltava de uma reunião pastoral quando foi interceptada no veículo que estava dirigindo e sequestrada por 4 pessoas”.

Os sujeitos colocaram a religiosa em outro veículo, detiveram-na de forma violenta e abusaram dela na estrada de Caranaví, a 90 quilômetros de La Paz, para depois roubar a caminhonete que ela estava dirigindo.

O Bispo de Coroico, Dom Juan Vargas, disse aos meios de comunicação que dois agressores estavam vestidos de policiais e os outros estavam com uma roupa preta. Quando interceptaram a religiosa, ela foi obrigada a sair da caminhonete, pois lhe disseram que o veículo estava envolvido em um caso de tráfico de drogas.

O chefe da Força Policial de Luta contra a Violência, Coronel Mauricio Rocabado, informou que “três pessoas foram presas” depois deste acontecimento, eram estudantes da Universidade Camponesa em Coroico.

Os bispos expressaram sua solidariedade com a religiosa, cuja identidade foi reservada, que colaborava na Unidade Acadêmica Camponesa de Carmen Pampa, ajudava os jovens camponeses de Coroico e todo o norte da capital. Também manifestaram sua proximidade com a congregação da religiosa.

Segundo os prelados, este lamentável acontecimento “é um crime vil e brutal porque foi cometido contra uma mulher, idosa e religiosa e porque atentou contra a dignidade humana e espiritual da irmã”.

“Mas este não é um acontecimento isolado, tem antecedentes”, precisaram.

Talibãs atacam colônia cristã e tribunal no Paquistão: ao menos 18 mortos


O Paquistão sofreu dois ataques durante esta sexta-feira que matou ao menos 5 e 13 pessoas, respectivamente. Os atentados foram reivindicados pelo grupo Jamaat-ul-Ahrar, que faz parte dos chamados talibãs paquistaneses, cujos principais alvos são os cristãos e advogados, aos quais já atacaram neste ano.

O primeiro ataque ocorreu em uma colônia cristão em Warsak Dam, perto de Peshawar. De acordo com o oficial responsável da polícia local, quatro suicidas entraram na colônia e um deles se dirigiu a uma igreja que estava vazia no momento.

Além de levar bombas, os invasores também estavam equipados com armas e munições.

No controle do ataque pelas forças de segurança, houve um tiroteio no qual os quatro agressores foram mortos e ao menos um cristão também morreu, segundo informaram fontes da polícia e do exército. Não se descarta que o número de falecidos aumente.

Fontes do Exército declararam que o ataque à colônia cristã foi controlado rapidamente e estão procurando possíveis cúmplices.

A rápida resposta de guardas civis locais e forças de segurança impediram mais vítimas mortais, apontaram.

A segurança nos bairros, escolas e hospitais cristãos foi reforçada.

Catequese do Papa no Jubileu dos Operadores e Voluntários da Misericórdia


JUBILEU EXTRAORDINÁRIO DA MISERICÓRDIA

CATEQUESE DO PAPA FRANCISCO
 PARA OS OPERADORES DA MISERICÓRDIA

Praça São Pedro
Sábado, 3 de setembro de 2016

Escutamos o hino ao amor que o apóstolo Paulo escreveu para a comunidade de Corinto, e que se apresenta como uma das páginas mais belas e exigentes para o testemunho da nossa fé (cf. 1 Cor 13,1-13). Foram muitas as vezes em que São Paulo falou do amor e da fé em seus escritos; mesmo assim, neste texto, é-nos oferecido algo extraordinariamente grande e original. Ele afirma que, ao contrário da fé e da esperança, o amor «jamais acabará» (v. 8): é para sempre. Este ensinamento deve ser para nós uma certeza inabalável; o amor de Deus nunca diminuirá nas nossas vidas e na história do mundo. É um amor que permanece para sempre jovem, ativo, dinâmico capaz de atrair para si de modo incomparável. É um amor fiel que não trai, apesar das nossas contradições. É um amor fecundo que gera e conduz para além da nossa preguiça. É desse amor que todos nós somos testemunhas. O amor de Deus, de fato, vem ao nosso encontro. É como um rio na cheia que nos arrasta, mas sem nos anular; muito pelo contrário, é uma condição de vida: «se não tivesse amor, eu nada seria» - como diz São Paulo (v. 2). Quanto mais nos deixamos envolver por este amor, mais a nossa vida se regenera. Deveríamos verdadeiramente dizer com toda a nossa força: sou amado, por isso existo!

O amor de que o Apóstolo fala não é algo abstrato e vago; pelo contrário, é um amor que se vê, se toca e se experimenta em primeira pessoa. A maior e mais expressiva forma desse amor é Jesus. Toda a sua pessoa e a sua vida não são outra coisa senão a manifestação concreta do amor do Pai, chegando até o ponto culminante: «A prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores» (Rm 5,8). Isto é amor! Não são palavras, é amor. Desde o Calvário, onde o sofrimento do Filho de Deus atinge o seu ponto mais elevado, brota a fonte do amor que apaga todo o pecado e que recria tudo numa vida nova. Trazemos sempre conosco, de modo indelével, esta certeza da fé: Cristo «me amou e se entregou por mim» (Gl 2,20). Esta é a grande certeza: Cristo me amou e se entregou por mim, por ti, por todos, por cada um de nós! Nada e ninguém pode nos separar do amor de Deus (cf. Rm 8,35-39). O amor, portanto, é a expressão máxima de toda a vida e que nos permite existir!

Papa abençoa monumento a Nossa Senhora Aparecida e reza pelo Brasil


Neste sábado, 3, o Papa Francisco abençoou nos Jardins Vaticanos, um monumento em homenagem a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil. Em suas breves palavras espontâneas, o Pontífice disse:

“Estou contente de que a imagem de Nossa Senhora Aparecida esteja aqui nos Jardins. Em 2013, havia prometido retornar, no próximo ano, a Aparecida. Não sei se será possível. Mas, pelo menos, estou mais próximo dela aqui. Convido-lhes a rezar para que ela continue a proteger todo o Brasil, todo o povo brasileiro, neste momento triste. Que ela proteja os pobres, os descartados, os idosos abandonados, os meninos de rua. Que ela salve o seu povo, com a justiça social e o amor de seu Filho, Jesus Cristo”.

Francisco pediu que a Mãe Aparecida “proteja os mais pobres, os descartados, os idosos abandonados, os meninos de rua”, assim como “os descartados que estão nas mãos dos exploradores, de todos os gêneros”.

“Que salve o seu povo com a justiça social, com o amor de Jesus Cristo, seu Filho”, acrescentou.

Ao pedir que a Virgem abençoe o povo brasileiro, o Papa recordou que a imagem de Aparecida foi encontrada por pobres trabalhadores: Francisco concluiu pedindo a Padroeira do Brasil, com amor, por todo o povo brasileiro. “Ela foi encontrada por pobres trabalhadores, que hoje ela seja encontrada, de modo especial, por todos aqueles que precisam de trabalho, de educação e por aqueles que estão privados da dignidade”, recordou o Papa.

“Que hoje – continuou – possa ser encontrada por todos, de modo especial daqueles que precisam de emprego, de educação, por aqueles que estão provados de dignidade”.

Por fim, o Santo Padre convidou os presentes a rezar a Ave Maria. Depois, pediu que cantassem um canta dedicado a Nossa Senhora Aparecida.

O Papa se despediu dos presentes, entre os quais se encontravam autoridades civis e religiosas do Brasil, com destaque para Dom Raimundo Damasceno Assis, concedendo a todos a sua Bênção Apostólica.

Ao final, o Papa Francisco convidou todos a rezar a Ave Maria e, em seguida, entoar um cântico dedicado à Nossa Senhora Aparecida.

O Senhor fala ao seu povo!


Neste Ano Santo do Jubileu da Misericórdia, a Igreja Católica no Brasil nos propõe, no Mês da Bíblia, um estudo sobre o livro do profeta Miqueias. Ele era natural de Moréchet, um pequeno povoado de Judá, distante cerca de 35 km de Jerusalém. Viveu entre 740 e 700 a.C. Sabemos pouco da sua realidade social; devia ser alguém ligado à agricultura, pois as suas críticas contra os nobres da época fazem supor que ele era um pequeno proprietário ou um trabalhador da terra. O seu nome significa: “Quem é como o Senhor”.

O Mês da Bíblia deste ano traz como lema: “Praticar o direito, amar a misericórdia e caminhar humildemente com Deus”, baseado no texto do livro de Miqueias (Mq 6,8). Miqueias viveu em um momento difícil da história do povo de Deus e do próprio país. Foi um tempo marcado por invasões militares estrangeiras, por problemas de ordem militar, política e social. Esta realidade tão complexa que afetava diretamente a vida do povo é externada na voz profética de Miqueias. Ele nos dá uma visão pessimista de uma sociedade marcada pela situação de penúria das viúvas e dos órfãos desamparados e sem patrimônio, frente à ambição desmedida dos dirigentes. A corrupção, a injustiça e a falsidade assolavam o país e a desconfiança era geral, mesmo no interior da própria família.