segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Vivem em grande paz os que amam a vossa lei


Com toda a razão se promete aos puros de coração a bem‑aventurança da visão divina. Nunca os olhos impuros poderão contemplar o esplendor da luz verdadeira; e o que há‑de constituir a felicidade das almas puras será causa de tormento para as que estiverem manchadas de pecado. Ponhamos de parte, por conseguinte, a sombra tenebrosa das vaidades terrenas e purifiquemos de toda a mancha de pecado os olhos da nossa alma, para que possam saciar‑se tranquilamente na admirável visão de Deus.
 
Para merecermos esta visão, disse também o Senhor: Bem‑aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus. Esta bem‑aventurança, irmãos caríssimos, não se refere a qualquer espécie de concórdia ou harmonia humana, mas àquilo de que fala o Apóstolo: Tende paz com Deus, e de que diz o Profeta: Vivem em grande paz os que amam a vossa lei, e nada os pode perturbar.
 
Não bastam para garantir esta paz os mais estreitos laços de amizade nem as mais perfeitas semelhanças de carácter, se não estão em harmonia com a vontade de Deus. A amizade fundada em desejos pecaminosos, em pactos injustos e alianças criminosas, nada tem que ver com esta paz sublime. O amor do mundo não se harmoniza com o amor de Deus e não pode tomar parte na comunidade dos filhos de Deus quem não se afasta dos que vivem segundo a carne. Mas aqueles que têm sempre em Deus o seu pensamento, empenhando‑se em manter a unidade do espírito pelo vínculo da paz, esses nunca se apartam da lei eterna, dizendo na oração com fé sincera: Seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu.
 
Estes são os pacíficos, estes são os que vivem em santa harmonia e perfeita concórdia, estes são os que merecem ser chamados eternamente filhos de Deus e herdeiros com Cristo; porque o amor de Deus e o amor do próximo os tornam dignos do prémio eterno. Jamais temerão adversidade ou perturbação alguma; terminado o combate de todas as tentações, descansarão tranquilos na paz de Deus, por Nosso Senhor, que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo pelos séculos dos séculos. Amen.




Do Sermão de São Leão Magno, papa, sobre as Bem‑aventuranças
(Sermo 95, 8-9: PL 54, 465-466) (Sec. V)

Como morrerá o Anticristo




Vós já sabeis a causa que agora o detém, até que seja manifestado a seu tempo. O fato é que já vai obrando o mistério da iniquidade; entretanto, o que está firme agora mantenha-se até que seja tirado o impedimento. E então se deixará ver aquele perverso, a quem o Senhor Jesus matará com o alento de sua boca e destruirá com o resplendor de sua presença aquele iníquo que virá com o poder de Satanás, com toda sorte de milagres, de sinais e falsos prodígios, e com todas as ilusões que podem conduzir à iniquidade àqueles que se perderam, por não haver recebido e amado a verdade a fim de salvarem-se. - 2 Tessalonicenses 2,6-9

 

Ao dizer logo: “e então se deixará ver”, põe-se a chegada do iníquo e sua pena; primeiro sua manifestação, logo sua pena.


Quanto ao primeiro diz: aquele, o único, iníquo, perverso, se deixará ver, porque sua culpa se fará patente, “a quem o Senhor Jesus matará com o alento de sua boca”.

“O zelo do Senhor dos exércitos é o que fará estas coisas” (Is 9,7), isto é, o zelo da justiça, que é amor; porque o espírito de Cristo é o amor de Cristo, e este zelo é o que o Espírito Santo tem para com a Igreja.


Ou com o alento de sua boca, isto é, por ordem dela; porque São Miguel lhe dará morte no Monte das Oliveiras, de onde Cristo subiu aos céus.


De sorte parecida encontrou seu fim Juliano o Apóstata, executado por mão divina.

E esta é a pena presente, embora também será castigado com a eterna, porque “o destruirá com o resplendor de sua presença”, isto é, com sua chegada que tudo o porá como um sol (1Co 4).

São Lourenço Justiniano


Lourenço Justiniano nasceu em Veneza, no dia 01 de julho de 1380. Desde cedo já manifestava seu repúdio ao orgulho, à ganância e corrupção que havia em sua terra natal. Na adolescência decidiu-se dedicar à vida religiosa. 

Sua único desejo era amar e servir a Deus. Procurando o aprimoramento espiritual, tornou-se um mendigo em sua cidade, chegando a esmolar na porta da casa de seus próprios pais. Aos dezenove anos de idade ele era considerado um modelo de virtude, austeridade e humildade. 

Em 1404 ingressou no Mosteiro de São Jorge. Dois anos depois tornou-se sacerdote em 1407 e dois anos depois foi eleito superior da comunidade de São Jorge em Alga. 

Não era um bom orador, mas destacou-se como excelente confessor. Também chegou a escrever alguns livros, incluindo tratados teológicos e manuais de catequese. Os seus escritos trazem a matriz da idéia da "Sabedoria Eterna", eixo da sua mística, tanto para a perfeição interior como para a retidão da vida episcopal. 

Em 1433, foi consagrado Bispo de Castelo e depois o foi consagrado o primeiro Patriarca de Veneza. Nestas administrações deixou sua marca singular impressa com suas virtudes, sendo considerado um homem sábio, piedoso e caridoso, principalmente com os mais pecadores. Tornou-se um exemplo de pastor, amado por todos os fiéis, que obedeciam a sua pregação e exemplo no seguimento de Cristo. Faleceu em janeiro de 1456. 



Ó Deus, dai-nos pelo exemplo e intercessão de São Lourenço Justiniano a graça de Vos servir com alegria e humildade, de assistir os mais necessitados, de vivenciar a Vossa Palavra e buscar a santidade. Vós pedimos também por Jesus Cristo, Nosso Senhor, na unidade com o Espírito Santo. Amém!

domingo, 4 de setembro de 2016

Santa Teresa de Calcutá sempre defendeu toda a vida humana, diz Papa


HOMILIA
Santa Missa com o rito de canonização de Madre Teresa de Calcutá
Praça São Pedro – Vaticano
Domingo, 4 de setembro de 2016

«Qual o homem que conhece os desígnios de Deus?» (Sab 9,13). Esta interrogação do Livro da Sabedoria, que escutamos na primeira leitura, apresenta-nos a nossa vida como um mistério, cuja chave de interpretação não está em nossa posse. Os protagonistas da história são sempre dois: Deus de um lado e os homens do outro. A nossa missão é perceber a chamada de Deus e aceitar a sua vontade. Mas para aceitá-la sem hesitar, perguntemo-nos: qual é a vontade de Deus na minha vida?

No mesmo trecho do texto sapiencial encontramos a resposta: «Os homens foram instruídos no que é do Vosso agrado» (v 18). Para verificar a chamada de Deus, devemos perguntar-nos e entender o que Lhe agrada. Muitas vezes, os profetas anunciam o que é agradável ao Senhor. A sua mensagem encontra uma síntese maravilhosa na expressão: «Misericórdia quero, e não sacrifício» (Os 6,6; Mt 9,13). Para Deus todas as obras de misericórdia são agradáveis, porque no irmão que ajudamos, reconhecemos o rosto de Deus que ninguém pode ver (cf. Jo 1,18). E todas as vezes em que nos inclinamos às necessidades dos irmãos, dêmos de comer e beber a Jesus; vestimos, apoiamos e visitamos o Filho de Deus (cf. Mt 25,40). Em definitiva, tocamos a carne de Cristo.

Estamos chamados a por em prática o que pedimos na oração e professamos na fé. Não existe alternativa para a caridade: quem se põe ao serviço dos irmãos, embora não o saibamos, são aqueles que amam a Deus (cf. 1 Jo 3,16-18; Tg 2,14-18). A vida cristã, no entanto, não é uma simples ajuda oferecida nos momentos de necessidade. Se assim fosse, certamente seria um belo sentimento de solidariedade humana, que provoca um benefício imediato, mas seria estéril, porque careceria de raízes. O compromisso que o Senhor pede, pelo contrário, é o de uma vocação para a caridade com que cada discípulo de Cristo põe ao seu serviço a própria vida, para crescer no amor todos os dias.

Escutamos no Evangelho que «seguiam com Jesus grandes multidões» (Lc 14,25). Hoje, a “grande multidão” é representada pelo vasto mundo do voluntariado, aqui reunido por ocasião do Jubileu da Misericórdia. Sois aquela multidão que segue o Mestre, e que torna visível o seu amor concreto por cada pessoa. Repito-vos as palavras do apóstolo Paulo: «Tive grande alegria e consolação por causa do teu amor fraterno, pois reconfortaste os corações dos santos» (Flm 7). Quantos corações os voluntários confortam! Quantas mãos apoiam; quantas lágrimas enxugam; quanto amor é derramado no serviço escondido, humilde e desinteressado! Este serviço louvável dá voz à fé – dá voz a fé! – e manifesta a misericórdia do Pai que se faz próximo daqueles que passam por necessidade.

Campeã olímpica dedica medalha de ouro à Virgem do Rocio


A esportista Carolina Marín fez história ao se tornar a primeira mulher não asiática a conquistar uma medalha de ouro de badminton nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Uma de suas primeiras paradas ao retornar à Espanha foi o Santuário da Virgem do Rocio, em Almonte (Huelva), onde ofereceu à Virgem a sua vitória e a sua medalha.

Marín visitou na terça-feira passada a aldeia do Rocio, em Almonte (Huelva), junto com sua família para rezar diante da Virgem.

Com um tuíte nas redes sociais, Carolina Marín demonstrou sua devoção e agradecimento à Virgem do Rocio, depois de conquistar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos.

Congregações das 2 religiosas assassinadas nos EUA dizem não à pena de morte para homicida


As congregações às quais pertenciam as duas religiosas assassinadas recentemente nos Estados Unidos, expressaram sua oposição à pena de morte para o homicida de ambas.

Assim indicaram em uma recente declaração das congregações às quais pertenciam a Irmã Paula Merrill, enfermeira das Irmãs da Caridade de Nazaré em Kentucky, e a Irmã Margaret Held, também enfermeira, mas da Congregação de São Francisco em Milwaukee.

O texto conjunto do dia 28 de agosto assinala: “Queremos reiterar o que cremos como mulheres de fé: valorizamos a vida”.

“Durante anos as Irmãs da Caridade de Nazaré e as Irmãs das Escolas de São Francisco trabalhamos para abolir a pena de morte, inclusive quando buscamos justiça e verdade”, acrescentam.

Em declarações à mídia, o procurador do distrito Akillie Malone-Oliver afirmou: “Vamos considerar a terrível natureza do crime e os desejos” das famílias e das congregações das religiosas.

Rodney Earl Sanders, de 46 anos de idade, foi acusado pelo crime e poderia ser condenado à morte ou à prisão perpétua.

Madre Teresa de Calcutá: canonizada no Ano da Misericórdia


Graças a um milagre que foi beneficiado um cidadão brasileiro que residia em Santos, no Estado de São Paulo, e hoje reside no Estado do Rio de Janeiro, quis o Papa Francisco inscrever no livro dos santos, no próximo domingo, dia 04 de setembro, a grande religiosa que foi Madre Teresa de Calcutá. Ela esteve pessoalmente aqui no Rio de Janerio para fundar sua casa de missão e onde suas irmãs até hoje dão um belo testemunho de presença junto aos necessitados. A Madre Teresa, por sua vida, vocação e missão soube acolher o chamamento de Deus de uma forma muito concreta, saindo dos discursos eloquentes que tantas vezes têm o poder de comover, mas nada constroem quando se trata de observar o santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. O que constrói o Reino de Deus é a atitude e o exemplo de quem acolhe na vida o dom da misericórdia e a traduz nos acontecimentos da vida e da história. 

Misericórdia é compaixão e, noutras palavras, é amor acolhido vivido e partilhado, um amor-misericórdia que a madre fundadora das Irmãs da Caridade soube acolher de Deus, que a chamou à vida como vocação primeira e singular e naturalmente à vocação cristã. Assim ela foi aprendendo com o Mestre da misericórdia, e pelo encontro pessoal com Jesus Cristo percebeu que não bastava apenas se encontrar, conhecer e amar o Senhor Jesus de forma isolada, egoísta e individual; era necessário comunicar aos outros este dom gratuito de um amor também gratuito, um amor que não era amado; era preciso amar este amor no rosto e na vida dos homens e mulheres sedentos de misericórdia, de ternura e compaixão, noutras palavras, sedentos de vida em plenitude.

Foi tomada por este amor que nasceu deste encontro pessoal e verdadeiro com o seu Senhor, que levou Madre Teresa a uma profunda identificação, ou uma radicalidade literalmente evangélica, isto é sem interpretação, e sim com extrema doação de si mesma, da vida e do amor que do Senhor ela acolheu. É verdade que ninguém dá o que não tem; Madre Teresa, sentindo-se amada e acolhida pelo Senhor misericordioso, não hesitou em partilhar este amor com os moribundos de sua desprovida e pobre comunidade de Calcutá, a princípio os mais próximos, os primeiros que o Senhor lhe confiava. 

A sabedoria cristã


Em seguida diz o Senhor: Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque serão saciados (Mt 5,6). Esta fome nada tem de corpóreo. Esta sede não busca nada de terreno. Mas deseja ser saciada com a justiça e, introduzida no segredo mais oculto, anseia por ser repleta do próprio Senhor.  

Feliz espírito, faminto do pão da justiça e que arde por tal bebida. Na verdade não teria disso nenhuma cobiça, se não lhe houvesse provado a doçura. Ouvindo o espírito profético que lhe diz: Provai e vede como é suave o Senhor (Sl 33,9), tomou uma porção da altíssima doçura e inflamou-se pelo amor das castíssimas delícias. Abandonando todo o criado, acendeu-se-lhe o desejo de comer e beber a justiça e experimentou a verdade do primeiro mandamento: Amarás o Senhor Deus de todo o teu coração, com toda a tua mente, com todas as tuas forças (Dt 6,5; cf. Mt 22,37). Porque não são coisas diferentes amar a Deus e amar a justiça.  

Por fim, como o interesse pelo próximo se une ao amor de Deus, também aqui o desejo da justiça é acompanhado pela virtude da misericórdia, e se diz:Bem-aventurados os misericordiosos porque deles terá Deus misericórdia (Mt 5,7).  

Reconhece, ó cristão, a dignidade de tua sabedoria e entende de que modo engenhoso foste chamado ao prêmio. A misericórdia te quer misericordioso, a justiça, justo, para que em sua criatura transpareça o Criador e no espelho do coração do homem refulja a imagem de Deus expressa pelas linhas da imitação. Firme é a fé dos que assim agem, teus desejos te acompanham e daquilo que amas gozarás sem fim.  

Já que pela esmola tudo se faz puro para ti, chegas à bem-aventurança que é prometida como consequência. Diz o Senhor: Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus (Mt 5,8). Imensa felicidade, caríssimos, para quem se prepara tão grande prêmio. Que é, então, ter o coração puro? Entregar-se às virtudes acima descritas. Que inteligência poderá conceber e que língua proclamar quão grande seja a felicidade de ver a Deus? E, no entanto, isto acontecerá quando a natureza humana for transformada, de sorte que não mais em espelho ou enigma, mas face a face (1Cor 13,12), verá aquela Divindade que homem algum pôde ver tal qual é. E obterá o que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem subiu ao coração do homem (1Cor 2,9), pelo gáudio indizível da eterna contemplação.


Do Sermão sobre as Bem-aventuranças, de São Leão Magno, papa

(Sermo 95,6-8: PL 54,464-465)     (Séc.V)