quinta-feira, 8 de setembro de 2016

O que era antigo passou. Tudo se renova




Cristo é o fim da lei; Ele nos faz passar da escravidão da lei para a liberdade do espírito. N’Ele está a perfeição da lei, porque, sendo o supremo legislador, deu pleno cumprimento à sua missão, transformando em espírito a letra da lei e recapitulando em Si todas as coisas. A lei foi vivificada pela graça e foi posta ao seu serviço, formando com ela uma composição harmoniosa e perfeita. Cada uma delas conservou as suas características próprias, sem alteração nem confusão; mas o que na lei havia de penoso e servil tornou‑se, por uma transformação divina, fonte de suavidade e liberdade, e deste modo, como diz o Apóstolo, já não somos escravos dos elementos do mundo, nem oprimidos pelo jugo da letra da lei.
 
O mistério de Deus que Se faz homem e a consequente divinização do homem assumido pelo Verbo representam o compêndio perfeito dos benefícios de Cristo em nosso favor e o aniquilamento de toda a vã presunção da natureza humana. Mas convinha que a esplendorosa e surpreendente vinda de Deus aos homens fosse precedida por uma alegria especial que nos preparasse para o dom grandioso e admirável da salvação. Este é o significado da festa que hoje celebramos, porque o nascimento da Mãe de Deus é o princípio desses bens prometidos, princípio que terá o seu termo e conclusão na predestinada união do Verbo com a carne. Hoje nasce a Virgem Maria; será amamentada e crescerá, preparando‑se deste modo para ser a Mãe de Deus, Rei de todos os séculos.
 
Deste nascimento nos vem um duplo benefício: por um lado, eleva‑nos ao conhecimento da verdade; e por outro, liberta‑nos de uma vida escravizada à letra da lei. De que modo e em que condições? A luz dissipa as trevas e a graça liberta‑nos da escravidão da lei. Esta é uma solenidade de confins entre o Antigo e o Novo Testamento: a verdade substitui os símbolos e as figuras, e a nova aliança substitui a antiga.
 
Cantem e exultem todas as criaturas e participem condignamente na alegria deste dia. Juntem‑se nesta celebração festiva os céus e a terra, tudo o que há no mundo e acima do mundo. Porque hoje é o dia em que o Criador do universo edificou o seu templo; hoje é o dia em que a criatura prepara uma nova e digna morada para o seu Criador.



Dos Sermões de Santo André de Creta, bispo
(Sermão 1: PG 97, 806-810) (Sec. VIII)

Para não cair nos ardis do Anticristo



 

O Anticristo seduzirá aos que não tem caridade; por isso há que pedir à Deus que se digne chamar-nos e não permita que nos apartemos da verdade.


Por isso Deus lhes enviará ou permitirá que obre neles o artifício do erro, com que creiam na mentira, para que sejam condenados todos os que não creram na verdade, mas que se comprazeram na maldade. Mas nós devemos sempre dar graças à Deus por vós, irmãos amados de Deus, por Deus havê-los escolhido por primícias de salvação, mediante a santificação do espírito e a verdadeira fé que lhes foi dada; na qual os chamou assim mesmo por meio de nosso Evangelho, para fazê-los chegar a glória de Nosso Senhor Jesus Cristo. Que assim, meus irmãos, ficai firmes e mantenham as tradições que haveis recebido, ora por meio da pregação, ora por carta nossa. E Nosso Senhor Jesus Cristo, e Deus, nosso Pai, que nos amou, e deu eterno consolo, e boa esperança pela graça, alente vossos corações e os confirme em toda obra e palavra boa. - 2 Tessalonicenses 2,10-16


Ao dizer logo: “mas nós”, mostra porque os fiéis de Cristo se verão livres; da graças por eles e relembra a memória dos benefícios divinos, pelos quais se veem livres desses males.

Diz pois assim: eles serão enganados, mas “nós devemos dar graças” (Rm 1). E recorda dois benefícios divinos, à saber, a eleição de Deus, que é eterna, e a vocação, que é temporal.


Disse pois: “porque nos elegeu” a nós, os Apóstolos, “e a vós”, os fiéis (Ef 1; Jo 15). Toca em três pontos na matéria da eleição, à saber, na ordem dos eleitos, no fim da eleição e no meio de conseguir o fim.

 

Todos os santos tem sido eleitos desde o princípio do mundo (Deut. 33); mas as primícias de modo especial são os Apóstolos (Rm 8).


Por isso diz: “primícias da fé”. Assim mesmo o fim da eleição é a salvação eterna, como diz: “para a salvação” (1Tm 2).

Natividade de Nossa Senhora


Hoje é comemorado o dia em que Deus começa a pôr em prática o Seu plano eterno, pois era necessário que se construísse a casa, antes que o Rei descesse para habitá-la. Esta “casa”, que é Maria, foi construída com sete colunas, que são os dons do Espírito Santo.

Deus dá um passo à frente na atuação do Seu eterno desígnio de amor, por isso, a festa de hoje, foi celebrada com louvores magníficos por muitos Santos Padres. Segundo uma antiga tradição os pais de Maria, Joaquim e Ana, não podiam ter filhos, até que em meio às lágrimas, penitências e orações, alcançaram esta graça de Deus.

De fato, Maria nasce, é amamentada e cresce para ser a Mãe do Rei dos séculos, para ser a Mãe de Deus. E por isso comemoramos o dia de sua vinda para este mundo, e não somente o nascimento para o Céu, como é feito com os outros santos.

Sem dúvida, para nós como para todos os patriarcas do Antigo Testamento, o nascimento da Mãe, é razão de júbilo, pois Ela apareceu no mundo: a Aurora que precedeu o Sol da Justiça e Redentor da Humanidade.
Nossa Senhora, rogai por nós!



Oh! Maria santíssima! Eleita e destinada ao eterno pela augustíssima Trindade para Mãe do unigênito Filho do Pai, anunciada pelos profetas, esperada dos Patriarcas, e desejada de todas as gentes; Sacrário e templo vivo do Espírito Santo, sol sem mancha, porque fostes concebida sem pecado original, Senhora do céu e da terra, Rainha dos anjos; Nós humildemente prostrados vos veneramos, e nos alegramos da solene comemoração anual de vosso felicíssimo Nascimento; E do mas íntimo de nosso Coração vos suplicamos que vos digneis benigna vir a nascer espiritualmente em nossas almas, para que cativadas estas por vossa amabilidade e doçura, vivam sempre unidas a vosso dulcíssimo e amabilíssimo coração.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Papa Francisco adverte contra os obstáculos que impedem sentir a presença de Deus


AUDIÊNCIA GERAL

Praça São Pedro
Quarta-feira, 7 de setembro de 2016


A decisão de João Batista de enviar um grupo de discípulos para perguntar a Jesus se Ele era o Messias, mostra como a imagem que alguns tinham não correspondia ao modo de ser de Cristo. Para muitos, o Messias deveria ser um juiz implacável. Jesus, ao contrário, se manifestava manso e misericordioso; Ele não veio punir os pecadores, mas sim convidá-los à conversão. De fato, a justiça de Deus, em Jesus, se manifesta como misericórdia. Esta visão equivocada da figura do Messias era motivo de escândalo, ou seja, era um obstáculo para aquelas pessoas. Também hoje, há quem possua uma imagem errônea de Deus que se torna um obstáculo para experimentar a presença divina na própria vida: alguns criam um deus sob medida, um falso ídolo, para encontrar refúgio psicológico, saciar os seus desejos e interesses, ou até mesmo para justificar o ódio e a violência; outros ainda consideram Jesus um mero mestre de ensinamentos éticos. Diante desses perigos, somos chamados a eliminar os obstáculos para poder crescer na fé e nos transformarmos em instrumentos de misericórdia. 

Mensagem da CNBB por ocasião da comemoração do dia da Independência


MENSAGEM POR OCASIÃO DA COMEMORAÇÃO 
DO DIA DA INDEPENDÊNCIA

“A esperança não decepciona” (Rm 5,5)


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, por ocasião das comemorações de 7 de setembro, dia da Independência, reafirma que o Brasil é um país livre, soberano e religioso. É uma das dez maiores economias do mundo, território vasto e diverso, mais de 200 milhões de brasileiras e brasileiros. Testemunhas de uma história construída na diversidade, na tolerância e na convivência pacífica.

Contudo, vivemos um triste momento de nossa história. A ausência de valores éticos e morais provocou a profunda crise política, econômica e social que estamos atravessando. A histórica desigualdade social não foi superada. Corremos o risco de vê-la agravada pela desconstrução de políticas públicas, que resultam em perda de direitos. 

Constatamos as dificuldades do momento, mas acreditamos na capacidade do povo brasileiro de superar adversidades, sempre através de manifestações pacíficas. Cada instituição é chamada a cumprir seus respectivos deveres, no Estado Democrático de Direito, atuando no que lhe é específico, em favor do povo brasileiro, nunca por interesses particulares ou corporativos. A Carta Magna de 1988, fruto de um processo de participação popular, guardiã da democracia brasileira, deve ser arduamente defendida.

Os graus da contemplação


Coloquemo-nos sobre a muralha, permaneçamos firmemente unidos à rocha inabalável de que fala o salmo: Ele assentou os meus pés na rocha e firmou os meus passos. Assim consolidados e seguros, poderemos dedicar‑nos à contemplação, para vermos o que nos diz o Senhor e o que havemos de responder às suas advertências.
 
Ora o primeiro grau da contemplação, irmãos caríssimos, consiste em considerar atentamente qual é a vontade do Senhor, o que Lhe agrada, o que é bom a seus olhos. Mas todos cometemos muitas faltase o nosso esforço ofende muitas vezes a sua santíssima vontade, em vez de se conformar fielmente com o que o Senhor deseja. Humilhemo-nos, portanto, sob a poderosa mão do Deus altíssimo e procuremos reconhecer e apresentar sinceramente a nossa miséria ante os olhos da sua misericórdia, dizendo: Curai-me, Senhor, e ficarei curado; salvai‑me e serei salvo; e também: Senhor, tende piedade de mim; curai‑me porque pequei contra Vós.
 
Depois de termos purificado o olhar do nosso coração com estes pensamentos, já não viveremos na amargura do nosso espírito, mas na alegria do Espírito de Deus; já não consideraremos apenas qual é a vontade de Deus em nós, mas como ela é em si mesma.
 
E porque na vontade de Deus está a nossa vida, nada nos é mais útil e proveitoso do que aquilo que se conforma com a sua vontade. E por isso, quanto mais forte é o desejo de conservar a vida da nossa alma, tanto mais solícitos seremos em não nos desviarmos da vontade divina.
 
E quando já tivermos feito algum progresso na vida espiritual, guiados pelo Espírito Santo, que conhece os profundos mistérios de Deus, pensemos como é suave o Senhor, como é bom em Si mesmo; e oremos com o Profeta para conhecer a vontade do Senhor e visitar, não já o nosso coração, mas o seu templo, dizendo com o mesmo Profeta: A minha alma está desolada; por isso me lembro de Vós.
 
Na verdade, a vida espiritual resume‑se nestas duas coisas: na consideração de nós mesmos que nos causa uma tristeza salutar e na consolação divina que nos dá a alegria do Espírito Santo; o primeiro sentimento conserva‑nos no temor e na humildade, o segundo fortifica‑nos na esperança e na caridade.


Dos Sermões de São Bernardo, abade
(Sermo 5 de diversis, 4-5: Opera omnia, Ed. Cisterc. 6, 1 [1970] 103-104) (Sec. XII)

Como reconhecer o Anticristo, suas seduções e enganos

 

O Anticristo seduzirá aos que não tem caridade; por isso há que pedir à Deus que se digne chamar-nos e não permita que nos apartemos da verdade.


Por isso Deus lhes enviará ou permitirá que obre neles o artifício do erro, com que creiam na mentira, para que sejam condenados todos os que não creram na verdade, mas que se comprazeram na maldade. Mas nós devemos sempre dar graças à Deus por vós, irmãos amados de Deus, por Deus havê-los escolhido por primícias de salvação, mediante a santificação do espírito e a verdadeira fé que lhes foi dada; na qual os chamou assim mesmo por meio de nosso Evangelho, para fazê-los chegar a glória de Nosso Senhor Jesus Cristo. Que assim, meus irmãos, ficai firmes e mantenham as tradições que haveis recebido, ora por meio da pregação, ora por carta nossa. E Nosso Senhor Jesus Cristo, e Deus, nosso Pai, que nos amou, e deu eterno consolo, e boa esperança pela graça, alente vossos corações e os confirme em toda obra e palavra boa. - 2 Tessalonicenses 2,10-16


Depois de indicar a quem seduzirá o Anticristo, a saber, os destinados à condenação, aqui explica o porque do dito e como serão seduzidos; os fiéis, pelo contrário, como serão livrados.


Assim mesmo indica só sua culpa, a pena com a culpa, só a pena.


E este é o passo-a-passo com que procede o pecado: que
primeiro é um desamparado da graça pelo demérito do primeiro pecado, e cai em outro pecado (porque um abismo chama a outro abismo), e por último na condenação eterna.

Santa Regina


Regina viveu no século III na França. O seu nascimento foi marcado por uma tragédia familiar: sua mãe morreu durante o parto. Para criar a nenê foi encontrada uma ama-de -leite, que era cristã e educou a menina nos caminhos da fé. A cada dia se tornava mais piedosa e tinha a convicção de que queria ser esposa de Cristo. Nunca aceitava o cortejo dos rapazes que queriam desposá-la. Ela simplesmente se afastava de todos, preferindo passar a maior parte do seu tempo reclusa em seu quarto em oração e penitência. O seu pai de Regina, um servidor do Império Romano, passou a insistir para que ela aprendesse a reverenciar os deuses. Até que um dia recebeu a denuncia de que sua filha Regina era uma cristã. No início não acreditou, mas diante dos fatos acabou denunciando a própria filha. Regina sofreu todos os tipos de torturas e, depois foi decapitada.
  


Deus Pai de amor, concedei-nos acreditar na vossa presença entre nós e a dedicar tempo para fortalecer os laços de nossa fé. A exemplo de Santa Regina, fazei-nos dedicar todo nosso amor para vos louvar acima de todas as coisas. Por Cristo nosso Senhor. Amém.