quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Donald Trump: "Eu serei o presidente de todos os americanos".


Trump ganhou em 290 delegados, ultrapassando o limite de 270 necessários para ser o vencedor no Colégio Eleitoral, em comparação com os 228 de sua rival democrata, Hillary Clinton. O magnata do New York obtido na maioria dos estados-chave como a Carolina do Norte, Ohio, Iowa e Flórida, assim como em alguns onde foi levado para a vitória certeza de Clinton, se Pensilvânia e Michigan. No número total de votos em todo o país a vantagem é de apenas dois décimos, pouco mais de cem mil votos.

Em seu primeiro discurso público após a noite da eleição, Donald Trump prometeu ser "presidente para todos os americanos".

Conciliador 


Consciente de que a nação está praticamente dividida em dois, depois de uma longa e nem sempre limpa campanha eleitoral, Trump lançou uma mensagem conciliadora: "Para todos os republicanos, democratas e independentes neste país eu lhes digo que agora é hora de se reconciliar como um povo unido". Também tem o compromisso de "reconstruir o país" e adicionar todas as pessoas sem diferenças de "raça, religião ou origem. Vamos trabalhar juntos na tarefa de renovar a nação e construir o nosso sonho".

Em relação à política externa, o presidente eleito disse que "temos boas relações com todos os países dispostos a se dar bem com a gente". 

Fiéis brasileiros se preparam para fechamento da Porta Santa


Os católicos de todo o mundo vivenciam os últimos dias do Jubileu da Misericórdia, que será concluído pelo Papa Francisco no dia 20 de novembro, no Vaticano.

Aqui no Brasil, a Porta Santa, aberta em cada diocese, será fechada em datas diferentes. Nas principais arquidioceses será no dia 13 de novembro, em comunhão com o fechamento nas Basílicas papais de Roma: São João de Latrão, Santa Maria Maior e São Paulo Fora dos Muros.

Veja data do fechamento da Porta santa em algumas dioceses:

Brasília

No dia 13 de novembro a Porta Santa será fechada na Catedral Metropolitana de Brasília, às 10h30, em Missa Solene presidida pelo Arcebispo local, Dom Sergio da Rocha.

No Santuário Menino Jesus de Praga, em Brazlândia, a Celebração de fechamento do Jubileu será no dia 20, às 10h.

Dom Sérgio será criado cardeal no dia 19 de novembro, na véspera da conclusão do Ano Santo no Vaticano.

São Paulo

No dia 13, será o encerramento do Ano da Misericórdia em todas as Regiões Episcopais da arquidiocese. O Cardeal Odilo Pedro Scherer preside a Missa do encerramento do Jubileu na Catedral da Sé às 15h.

Rio de Janeiro

O arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, irá fechar a Porta Santa na Catedral de São Sebastião no sábado, 12, às 8h.

Já no dia 13, o Jubileu da Misericórdia será encerrado no Corcovado (às 12h), na Paróquia Coração Eucarístico (às 19h), na Igreja da Divina Misericórdia (às 19h30), na Basílica Nossa Senhora da Penha (às 16h), e no Santuário de Schoenstatt (às 10h). Na paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Santa Cruz, o fechamento foi no último domingo, 6. 

Somos todos pelo Batismo templos de Deus


Pela graça de Cristo, irmãos caríssimos, celebramos hoje com alegria e júbilo o dia aniversário da consagração deste templo. Mas nós é que devemos ser o templo vivo e verdadeiro de Deus. Com razão, porém, as comunidades cristãs celebram fielmente a solenidade da Igreja Mãe, pois sabem que renasceram espiritualmente por meio dela. Pelo primeiro nascimento éramos vasos da ira de Deus, mas pelo segundo convertemo‑nos em vasos da sua misericórdia. O primeiro nascimento gerou‑nos para a morte; o segundo restituiu‑nos à vida. Todos nós fomos templo do diabo antes do Batismo, mas depois do Batismo merecemos ser templos de Cristo; e, se pensarmos com mais interesse na salvação da nossa alma, tomamos consciência de que somos realmente o templo verdadeiro e vivo de Deus. Deus não habita só em templos edificados pelos homens, nem em casas construídas de madeira ou de pedra, mas principalmente na alma feita à imagem de Deus e por sua própria mão. Assim diz, com efeito, o apóstolo São Paulo: O templo de Deus é santo, e vós sois esse templo. Se Cristo, com a sua vida, expulsou o diabo dos nossos corações, a fim de preparar em nós um templo para Si, trabalhemos com a sua ajuda quanto pudermos, para que Ele não seja ofendido em nós com as nossas obras más. Na verdade, todo aquele que pratica o mal ofende a Cristo. Como já disse, antes de Cristo nos resgatar fomos casa do diabo. Depois merecemos ser casa de Deus, porque Ele Se dignou fazer de nós a sua morada. Por isso, irmãos, se desejamos celebrar com alegria o aniversário deste templo, não devemos destruir em nós, com que todos possam compreender: sempre que vimos à igreja, devemos preparar bem a nossa alma, tal como gostamos de ver adornado o templo de Deus. Queres encontrar a basílica limpa? Então não queiras sujar a tua alma com a imundície do pecado. Se queres que a basílica esteja luminosa, também Deus deseja que a tua alma não esteja nas trevas, como diz o Senhor no Evangelho: brilhe em nós a luz das boas obras e seja glorificado Aquele que está nos Céus. Assim como tu entras nesta igreja, também Deus quer entrar na tua alma, como prometeu: Estabelecerei a minha morada no meio deles e viverei com eles.


Dos Sermões de São Cesário de Arles, bispo

(Sermo 229, 1-3: CCL 104, 905-908) (Sec. VI)

Santo Orestes


Orestes é um nome de origem rude, e significa “o homem da montanha”. No cristianismo tivemos um santo com este nome, que deixou suas marcas na história por meio do martírio. No livro dos santos da Igreja só encontramos um com este nome. Alguns mosteiros importantes foram dedicados à ele, como o da Capadócia, no século IV. 

A tradição relata sua vida começando pelo ponto culminante: a morte pelo testemunho da fé. A fé cristã sempre foi marcada ao longo dos séculos pelos sacrifícios de seus seguidores, iniciados com a Crucificação pela Paixão de Jesus Cristo. Orestes foi mais um desses mártires, provavelmente morreu na última perseguição aos cristãos, decretada pelos romanos. 

Temos uma narração milenar vinda da Capadócia que nos coloca Orestes como um médico, acusado de incitar o povo contra a idolatria. Um médico, de fato, pode exercer influência sobre o ânimo dos doentes, que estão necessitados de ajuda material, mas que também precisam de conforto espiritual. 

Durante o julgamento público, ele clamou que o céu lhe concedesse um prodígio capaz de cair sobre o povo, que queria trair a verdade do Cristianismo. Diz a tradição que as imagens dos templos pagãos e as colunas ruíram imediatamente. 



Santo Orestes, amigo dos pobres e defensor da fé, cumulai seus fiéis devotos com graças e esperança. Possamos encontrar em Vós a Imagem viva da Trindade, e que sejamos nós mesmos os grandes animadores da fé e da alegria entre os mais necessitados.

Eu vos explico o que é a Teologia da Libertação


O Cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa emérito Bento XVI, quando Prefeito da S. Congregação para a Doutrina da Fé, escreveu uma exposição sobre a Teologia da Libertação em sua forma extremada, em 18/03/84; partindo das respectivas premissas e realçando os conceitos característicos do sistema, o autor mostra que a Teologia da Libertação não trata apenas de desenvolver a ética social cristã em vista da situação sócio-econômica da América Latina, mas revolve todos as concepções do Cristianismo: doutrina da fé, constituição da igreja, Liturgia, catequese, opções morais, etc. É de crer que “a gravidade da Teologia da Libertação não seja avaliada de modo suficiente; não entra em nenhum esquema de heresia até hoje existente”; é a subversão radical do Cristianismo, que torna urgente “o problema do que se possa e se deva fazer frente a ela”.É importante que o público esteja consciente de que a Teologia da Libertação não é a extensão das promessas do Cristianismo aos problemas morais suscitados pelas condições sócio-econômicas da América Latina, mas é uma nova versão do racionalismo de Rudolf Bultmann e do marxismo, que utiliza a linguagem dogmática e ascética do patrimônio antigo da fé e se reveste de aspectos de mística cristã. Aos o Cardeal Joseph Ratzinger, fez uma explanação do que é a Teologia da Libertação. Tal documento é de notável importância, pois se deriva de um sábio teólogo encarregado, em Roma, precisamente da Congregação que acompanha a fé e os desvios da fé em nossos dias. (D. Estevão Bettencourt)(Fonte: Pergunte e Responderemos – Ano XXV – No 276 – 1984 ).

EU VOS EXPLICO O QUE É A 
TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO

Para esclarecer a minha tarefa e a alinha intenção, com relação ao tema, parecem-me necessárias algumas observações preliminares: 1) A teologia da libertação é fenômeno extraordinariamente Complexo. É possível formar-se um conceito da teologia da libertação segundo o qual ela vai das posições mais radicalmente marxistas até aquelas que propõem o lugar apropriado da necessária responsabilidade do cristão para com os pobres e os oprimidos no contexto de uma carreta teologia eclesial, como fizeram os documentos do CELAM, de Medellin a Puebla.

1) O presente número já estava impresso quando foi publicado o documento da Santa Sé sabre a Teologia da Libertação. Será objeto de estudos no próximo número. Neste nosso texto, usaremos o conceito “teologia da libertação” em sentido mais restrito: sentido que compreende apenas aqueles teólogos que, de algum modo, fizeram própria a opção fundamental marxista. Mesmo aqui existem, nos particulares, muitas diferenças que é impossível aprofundar nesta reflexão geral. Neste contexto posso apenas tentar pôr em evidência algumas linhas fundamentais que, sem desconhecer as diversas matrizes, são muito difundidas e exercem certa influência mesmo onde não existe teologia da libertação em sentido estrito. 

2) Com a análise do fenômeno da teologia da libertação torna-se manifesto um perigo fundamental paro a fé da Igreja. Sem dúvida, é preciso ter presente que um erro não pode existir se não contém um núcleo de verdade. De fato, um erro é tanto mais perigoso quanto maior for a proporção do núcleo de verdade assumida. Além disso, o erro não se poderia apropriar daquela parte de verdade, se essa verdade fosse suficientemente vivida e testemunhada ali onde é o seu lugar, isto é, na fé da Igreja. Por isso, ao lado da demonstração do erro e do perigo da teologia da libertação, é preciso sempre acrescentar a pergunta: que verdade se esconde no erro e como recupera-la plenamente?

3) A teologia da libertação é um fenômeno universal sob três pontos de vista:

a) Essa teologia não pretende constituir-se como um novo tratado teológico ao lado dos outros já existentes; não pretende, por exemplo, elaborar novos aspectos da ética social da Igreja. Ela se concebe, antes, como uma nova hermenêutica da fé cristã, quer dizer, como nova forma de compreensão e de realização do cristianismo na sua totalidade. Por isto mesmo muda todas as formas da vida eclesial: a constituição eclesiástica, a liturgia, a catequese, as opções morais;

b) A teologia da libertação tem certamente o seu centro de gravidade na América Latina, mas não é, de modo algum, fenômeno exclusivamente latino-americano. Não se pode pensá-la sem a influência determinante de teólogos europeus e também norte-americanos. Além do mais, existe também na Índia, no Sri Lanka, nas Filipinas, em Taiwan, na África – embora nesta última esteja em primeiro plano a busca de uma “teologia africana”. A união dos teólogos do Terceiro Mundo é fortemente caracterizada pela atenção prestada aos temas da teologia da libertação;

c) A teologia da libertação supera os limites confessionais. Um dos mais conhecidos representantes da teologia da libertação, Hugo Assman, era sacerdote católico e ensina hoje como professor em uma Faculdade protestante, mas continua a se apresentar com o pretensão de estar acima das fronteiras confessionais. A teologia da libertação procura criar, já desde as suas premissas, uma nova universalidade em virtude da qual as separações clássicas da Igreja devem perder a sua Importância.

São Teodoro Tiro (Tyro) de Amásia (Amaseia)


O Santo Mártir Teodoro, o recruta, foi um soldado na cidade de Amásia na região do Ponto (província a nordeste da Ásia Menor, ao longo da costa do Ponto Euxino, isto é, o Mar Negro), sob o comando de um certo Bringas. Eles ordenaram a ele que oferecesse sacrifício aos ídolos. São Teodoro firmemente e em alta voz confessou sua fé em Cristo, o Salvador. O comandante deu a ele muitos dias para que pensasse sobre isso, durante os quais São Teodoro orou intensivamente. Eles o acusaram de colocar fogo num templo pagão e atiraram-no numa prisão para que morresse de fome.

O Senhor Jesus Cristo apareceu para ele lá, confortando-o e encorajando-o. Trazido novamente ao governador, São Teodoro ainda uma vez mais corajosamente e destemidamente confessou sua fé, pelo qual ele foi submetido a novas torturas e condenado à fogueira. O mártir Teodoro sem hesitação subiu à fogueira e com orações e louvações entregou sua santa alma a Deus. Seu martírio ocorreu no ano de 306, sob o imperador Romano Galério .

POLÊMICAS


Teodoro de Amásia ou Teodoro de Amaseia é um dos dois santos de mesmo nome e que são venerados como santos guerreiros e grandes mártires pela Igreja Ortodoxa. No cristianismo ocidental, ele é geralmente chamado de "Teodoro de Amásia" (ou Amaseia), uma referência à cidade no Ponto onde ele sofreu o martírio. Já no cristianismo oriental, ele é conhecido como Teodoro Tiro — uma referência à palavra"tiro", do latim clássico, que significa "recentemente alistado" ou "recruta" — ou Teodoro, o Recruta. Outra versão, da Enciclopédia Católica, afirma que ele não era um recruta e era chamado de "Tyro" por ter servido na coorte dos Tiranos.

O outro é São Teodoro Estratelata, conhecido também como "Teodoro de Heracleia", mas é possível que os dois sejam o mesmo santo. Quando o epíteto é omitido, a referência é geralmente para Teodoro de Amásia.

São Teodoro Estratelata e São Teodoro de Amásia 

Nada confiável se sabe sobre São Teodoro, exceto que ele foi martirizado no início do século IV (em 306 para este Teodoro e 319 para Teodoro Estratelata). As histórias sobre sua vida e martírio são todas lendárias.

Segundo elas, Teodoro era um recruta servindo no exército romano em Amásia, na província de Amásia, na Turquia, a cerca de 50 quilômetros ao sul da costa do Mar Negro em Sinope. Quando ele se recusou a se juntar aos colegas nos ritos pagãos de adoração, foi preso, mas, talvez por causa de sua pouca idade, acabou sendo libertado com uma advertência. Porém, ele protestou novamente contra o paganismo ateando fogo ao templo de Cibele em Amásia. Desta vez acabou sendo condenado à morte e, depois de muita tortura, foi executado ao ser atirado vivo numa fornalha.

O martírio do grande mártir, São Teodoro de Tiro

Conta-se que seus restos foram obtidos por uma mulher de Eusébia e enterrados em Euceta, onde ele teria nascido. Uma antiga cidade bizantina que não existe mais, acredita-se que corresponda à moderna Avkhat, que fica a cerca de 50 quilômetros de Amásia. Um templo teria sido erguido no local, que passou a atrair peregrinos.

São Gregório de Nissa pregou em sua homenagem em seu santuário no final do século IV e esta é a mais antiga fonte de informações sobre Teodoro. São Gregório não disse nada sobre São Teodoro além da lenda básica já relatada, mas contou como ele influenciava a vida de seus fieis e menciona especificamente que ele ajudava nas batalhas, um dos atributos mais importantes de São Teodoro.

Adições posteriores à história, entre os séculos VIII e X, relatam que um dragão estava aterrorizando a região de Amásia e que foi derrotado por São Teodoro com a ajuda de uma cruz. Amásia ficava na época em uma região vulnerável a ataques de invasores em marcha, contra quem dizia-se que santo intervinha. O santuário continuou a ser visitado até cerca de 1100, quando a região toda foi ocupada pelos muçulmanos.

São Teodoro se tornou especialmente importante para a Igreja Ortodoxa, por onde seu culto se espalhou e se popularizou. A primeira igreja dedicada a ele em Constantinopla foi construída em 452 e ele chegou a ter quinze delas na cidade. Teodoro era famoso também na Síria, Palestina e Ásia Menor, com muitas igrejas dedicadas a ele.

Na Itália, São Teodoro aparece num mosaico na abside de Santi Cosma e Damiano, em Roma, de cerca de 530, e, no século seguinte, ele tinha sua própria igreja, em formato circular, no Palatino, que foi cedida aos cristãos ortodoxos pelo papa João Paulo II em 2000 e re-inaugurada em 2004.

Ele jamais foi popular no resto da Europa ocidental ao norte da Itália. Uma exceção é a Catedral de Chartres, na França, que ostenta um vitral com uma série de 38 painéis celebrando a vida de São Teodoro, do século XIII.

São Teodoro era o padroeiro de Veneza antes que as relíquias de São Marcos fossem, de acordo com a tradição, levadas para a cidade em 828. A capela do doge era dedicada a ele até o século IX, quando a cidade, desejando se livrar da influência do Império Bizantino, foi re-dedicada a São Marcos.

Há dúvidas sobre se este padroeiro era São Teodoro de Amaseia ou São Teodoro Estratelata, mas Otto Demus, em sua obra autoritativa "The Church of San Marco in Venice" (196), afirma positivamente que era São Teodoro Estratelata de Heracleia, uma conclusão apoiada por Fenlon. Porém, em seu livro "Mosaics of San Marco" (1984), Demus lembra que nenhum dos mosaicos do século XII de São Teodoro revelam mais do que seu nome e sugere que ele pode ter se tornado o padroeiro antes que as histórias dos santos se separassem e nenhum deles o mostra em uniformes militares.

A nova Basílica de São Marcos foi construída entre a antiga capela de São Teodoro e o Palácio do Doge. Quando este foi ampliado e reconstruído no final do século XI, a capela desapareceu. Atualmente há uma pequena capela dedicada a São Teodoro atrás de São Marcos, mas ela só foi construída em 1486 (e foi ocupada anos depois pela Inquisição em Veneza).

As duas colunas bizantinas na Piazzetta em Veneza foram erigidas depois de 1172. A oriental mostra um estranho animal representando o leão alado de São Marcos. A estátua de São Teodoro está na ocidental desde 1372, mas o que se vê hoje não é a estátua original e sim um compósito criado a partir de diversos fragmentos, alguns antigos, incluindo um crocodilo representando o dragão, colocado lá na segunda metade do século XV.

Supostas relíquias de São Teodoro foram levadas de Mesembria por um almirante veneziano em 1257 e, depois de ficarem numa igreja veneziana em Constantinopla, foram levadas para Veneza em 1267. Atualmente estão na igreja de San Salvatore.

Diversas lendas conflitivas entre si se desenvolveram sobre a vida e martírio de São Teodoro que, para tentar dar alguma consistência às histórias, passou-se a assumir que deve ter havido dois santos diferentes: São Teodoro Tiro de Amásia e São Teodoro Estratelata de Heracleia.

Há ainda muita confusão sobre os dois e os dois aparecem nas fontes como tendo tido um santuário em Euceta, no Ponto, que provavelmente existia na época que as duas histórias ainda não haviam se separado. Segundo alguns autores, o santuário de Estratelata era em Eucaneia, um lugar diferente e Walter demonstrou que Hippolyte Delehaye se enganou quando achou que eram o mesmo lugar. No século IX as histórias já haviam se separado, mas atualmente, pelo menos no ocidente, aceita-se que existiu de fato apenas um São Teodoro Delehaye escreveu em 1909 que a existência do segundo Teodoro não foi estabelecida historicamente e Walter, em 2003, afirma que"Estratelata é certamente uma ficção".


Em mosaicos e ícones, São Teodoro geralmente aparece em uniformes militares do século VI, mas também, às vezes, em roupas da corte. Quando a cavalo, está sempre de uniforme, possivelmente lanceando um dragão, e geralmente acompanhado por São Jorge. Tanto ele quanto Teodoro Estratelata aparecem com cabelos negros e barbas pontudas (geralmente um apontando para o outro).

Na Igreja Ortodoxa, São Teodoro é celebrado em 8 de fevereiro ou em 17 de fevereiro ou ainda no primeiro sábado da Grande Quaresma. Na igreja ocidental, sua data é 9 de novembro, mas, depois do Concílio Vaticano II, sua celebração é apenas local.

As relíquias de São Teodoro estão espalhadas pelo mundo todo. No século XII, seu corpo teria sido supostamente transferido para Brindisi e ele é celebrado como padroeiro da cidade; sua cabeça estaria em Gaeta.

São Teodoro com o dragão

Seu encontro com um dragão foi depois transferido para São Jorge, mais popular.

A Igreja Ortodoxa e as Igrejas Católicas Orientais de rito bizantino celebram um milagre atribuído a São Teodoro Tiro no primeiro sábado da Grande Quaresma. No final da liturgia pré-santificada na noite de sexta (pois, liturgicamente, o dia começa no pôr-do-sol), um cânone (hino) a São Teodoro, composto por São João Damasceno, é entoado. Os sacerdotes abençoam a kolyva (trigo fervido com mel e passas), que é depois distribuída aos fiéis em comemoração ao milagre.

São Teodoro o grande mártir e o Milagre do trigo cozido

Conta a lenda que, cinquenta anos depois da morte de São Teodoro, o imperador romano Juliano, o Apóstata (r. 361–363) ordenou que o governador de Constantinopla, na primeira semana da Quaresma, borrifasse todos os suprimentos de comida do mercado com o sangue oferecido aos ídolos pagãos, sabendo que os cristãos estariam famintos depois do penoso jejum da primeira semana. Ele queria forçar os cristãos a comer, sem saber, comida "poluída" (do ponto de vista cristão) por sangue oriundo de idolatria. São Teodoro então teria aparecido num sonho para o arcebispo Eudóxio e ordenou-lhe que informasse a todos os fieis que nada comprasse no mercado, mas que fervessem o trigo que tinham em casa e o comessem adoçado com mel.


Ó Deus, que nos escutais e defendeis com a gloriosa confissão do bem-aventurado mártir teodoro, fazei que aproveitemos com o seu exemplo e sejamos protegidos pela sua intercessão. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém. São Teodoro, rogai por nós.

Dedicação da Basílica de Latrão


Hoje, o calendário litúrgico propõe à Igreja universal a festa da Dedicação da Basílica de São João de Latrão. A igreja – que é a catedral da diocese de Roma e, portanto, sede do trono pontifício – é considerada “omnium urbis et orbis ecclesiarum mater et caput – mãe e cabeça de todas as igrejas de Roma e do mundo”.

Em 313, o imperador Constantino, além de publicar o Édito de Milão, pelo qual concedia liberdade de culto à religião cristã, introduziu uma série de mudanças nas leis romanas, tais como a proibição da morte por crucifixão, a proteção aos órfãos e às viúvas, o fim das punições aos celibatários e dos espetáculos com derramamento de sangue. Além desse enorme bem prestado à Igreja, Constantino mandou erigir uma construção para os fiéis católicos prestarem culto a Deus: a Basílica de Latrão, que foi dedicada, a 9 de novembro de 324, pelo Papa São Silvestre.

Mas, o que significa celebrar uma igreja, se Deus, como pregou o Apóstolo, “não habita em templos feitos por mão humana” [1]? A partir de Cristo, de fato, o grande templo de Deus não são mais as paredes, senão o próprio Jesus. No Evangelho deste Domingo, Nosso Senhor, em um ato de zelo pelo que Ele chama “casa de meu Pai”, expulsa os vendilhões do templo, espalha as moedas e derruba as mesas dos cambistas. Embora amasse realmente o Templo de Jerusalém e o considerasse como lugar da morada de Deus, Cristo, com este ato, realmente rompe com o Velho Testamento: lembra que os templos da Antiga Lei são apenas prefigurações. Agora, com Ele, “a Palavra se fez carne e veio morar entre nós” [2]. Deus armou a Sua tenda entre os homens, no Seu Filho; Ele é o templo da Nova Aliança, como Suas próprias palavras confirmam: “‘Destruí este Templo, e em três dias o levantarei’. (...) Mas Jesus estava falando do Templo do seu corpo”.

Ora, se é Cristo o templo da Nova Aliança, por que celebrar a dedicação de uma igreja em Roma? Porque as igrejas cristãs não pretendem reproduzir o Templo de Jerusalém, dos judeus, mas a “nova Jerusalém”, descrita no Apocalipse de São João [3]. Diferentemente dos templos judaicos, em que os únicos a entrarem na construção eram os sacerdotes e o resto do povo deveria ficar do lado de fora, as basílicas cristãs pretendiam ser uma réplica da cidade de Deus, um lugar para os cristãos se reunirem, tratarem de negócios e resolverem problemas jurídicos, como em uma praça pública. O templo passava a ser morada de Deus porque aí habitava o Seu povo, que, por sua vez, são membros do Corpo Místico de Cristo.

A presença divina nos templos cristãos também é notável nos sacrários, onde se encontra Nosso Senhor, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. No Santíssimo Sacramento, com efeito, está a presença de Cristo por excelência.

Quanto à Basílica de Latrão, há uma história muito bela, ocorrida dentro de suas paredes, que mostra a sua importância para a Igreja, de modo especial nos primeiros séculos da fé cristã. Trata-se da conversão de Vitorino, narrada por Santo Agostinho, em suas Confissões:

“Esse erudito ancião, profundo conhecedor de todas as ciências liberais, leitor e crítico de tantos livros de filosofia, fora mestres de muitos nobres senadores. O prestígio de seu magistério lhe valera uma estátua no foro romano, que ele aceitara (coisa que os cidadãos desse mundo têm em grande conta). Até aquela idade avançada, havia adorado os ídolos, participando de cultos sacrílegos, de que participava quase toda a nobreza romana da época que inspirava ao povo sua devoção por Osíris, por ‘toda sorte de monstros divinizados, pelo labrador Anúbis’, monstros que outrora ‘pegaram em armas contra Netuno, Vênus e Minerva’, e a quem, vencidos, a própria Roma dirigia súplicas, esse velho Vitorino, que durante tantos anos havia defendido esses deuses com sua terrível eloquência, não se envergonhou de se tornar servo de teu Cristo e criança de tuas águas, dobrando o pescoço ao jugo da humildade, e dobrando sua fronte ante o opróbrio da cruz.”

“Senhor, Senhor, que inclinaste os céus e o desceste, que tocaste os montes e estes fumegaram, de que modo te insinuaste naquele coração?”

“Segundo contou-me Simpliciano, Vitorino lia as Escrituras e investigava e esquadrinhava com grande curiosidade toda a literatura cristã, e confiava a Simpliciano, não em público, mas muito em segredo e familiarmente: ‘Sabes que já sou cristão?’ Ao que respondia aquele: ‘Não hei de acreditar, nem te contarei entre os cristãos enquanto não te vir na Igreja de Cristo’. Mas ele ria e dizia: ‘Serão pois as paredes que fazem os cristãos?’ E isto, de que já era cristão, o dizia muitas vezes, contestando-lhe Simpliciano outras tantas vezes com a mesma resposta, opondo-lhe sempre Vitorino o gracejo das paredes.”

“Vitorino receava desgostar a seus amigos, os soberbos adoradores dos demônios, julgando que estes, de alto de sua babilônica dignidade, como cedros do Líbano, ainda não abatidos pelo Senhor, fariam cair sobre ele suas pesadas inimizades.”

“Mas depois que hauriu forças nas leituras e orações, temeu ser renegado por Cristo diante de seus anjos, se tivesse medo de o confessar diante dos homens. Sentiu-se réu de um grande crime por se envergonhar dos mistérios de humildade de teu Verbo, não se envergonhando do culto sacrílego de demônios soberbos, que ele próprio aceitara como soberbo imitador; envergonhou-se da vaidade, e enrubesceu diante da verdade. De repente, disse a Simpliciano, segundo este mesmo contava: ‘Vamos à Igreja; quero me tornar cristão’. Simpliciano, não cabendo em si de alegria, foi com ele. Recebidos os primeiros sacramentos da religião, não muito depois, deu seu nome para receber o batismo que renegara, causando admiração em Roma e alegria na Igreja. Viram-no os soberbos, e se iraram; rangiam os dentes e se consumiam de raiva. Mas teu servo havia posto no Senhor Deus sua esperança, e não tinha mais olhos para as vaidades e as enganosas loucuras.”

“Enfim, chegou a hora da profissão de fé. Em Roma, os que se preparam para receber tua graça, pronunciam de um lugar elevado, diante dos fiéis, fórmulas consagradas aprendidas de cor. Os presbíteros, dizia-me Simpliciano, propuseram a Vitorino que recitasse a profissão de fé em segredo, como era costume fazer com os que poderiam se perturbar pela timidez. Mas ele preferiu confessar sua salvação na presença da plebe santa, uma vez que nenhuma salvação havia na retórica que ensinara publicamente. Quanto menos, pois, devia temer diante de tua mansa grei pronunciar tua palavra, ele que não havia temido as turbas insanas em seus discursos!”

“Assim, logo que subiu à tribuna para dar testemunho da sua fé, em uníssono, conforme o iam conhecendo, todos repetiram seu nome como num aplauso – e quem ali não o conhecia? – e um grito reprimido, saiu da boca de todos os que se alegravam: ‘Vitorino! Vitorino!’ Ao verem-no, se puseram a gritar de júbilo, mas logo emudeceram pelo desejo de ouvi-lo. Vitorino pronunciou sua profissão de verdadeira fé com grande firmeza, e todos queriam raptá-lo para dentro de seus corações. E realmente o fizeram: seu amor e alegria eram as mãos que o arrebatavam.” [4]

Enfim, não são as paredes de uma basílica que fazem a Igreja, mas a profissão de fé no Cristo, profissão de Vitorino e profissão de centenas de Papas ao longo dos séculos. É esse o testemunho que edifica a Igreja, desde São Pedro [5] até hoje.


Ó Deus, que chamastes Igreja o vosso povo, concedei aos que se reúnem em vosso nome temer-vos, amar-vos e seguir-vos até alcançar, guiados por vós, as promessas eternas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
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Referências:
1.       At 17, 24
2.       Jo 1, 14
3.       Cf. Ap 21; 22, 1-5
4.       Confissões, VIII, 2

5.       Cf. Mt 16, 17-18

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Os católicos e a intolerância religiosa


Neste ano de 2016, o Exame Nacional do Ensino Médio formulou como proposta de redação o tema "Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil". Embora ciente do viés notavelmente tendencioso com que o assunto foi apresentado, a pretensão de nossa equipe é contribuir sinceramente com esse debate, oferecendo uma reflexão genuinamente católica a esse respeito.

Para tanto, publicamos a seguir trecho de um precioso discurso de Dom Francisco de Aquino Corrêa. Para quem não o conhece, trata-se de um bispo brasileiro que governou a Arquidiocese de Cuiabá de 1921 a 1956 e que ocupou, no mesmo período, um honroso lugar de prestígio na Academia Brasileira de Letras.

Não obstante elevada a linguagem com que se pronuncia o purpurado, a mensagem que ele transmite não só é inteligível, como de grande utilidade para orientar a moderna discussão sobre "intolerância religiosa". Não deixem de apreciar: 

Senhores!

Aprendi com os velhos mestres escolásticos que um dos recursos mais frequentes nas justas cavalheirescas do espírito há de ser a distinção lógica dos termos: assim aconselhavam eles no final dum conhecido hexâmetro didático: distingue frequente. Onde quer que se insinue a confusão, aí se impõe ela. E, não raro, nos dá, deveras, a sensação dum raio de sol em plena treva. Ora, um dos vocábulos mais confusos da linguagem polêmica é precisamente a intolerância. Tanto assim que podemos distingui-la, não em duas, mas em três espécies, que, para maior clareza ou efeito gráfico e mnemônico, designarei por três pês: intolerância de pessoas, de palavras e de pensamentos.

Nada mais anticristão do que a intolerância de pessoas. Basta abrir os evangelhos: Jesus levou nesse terreno a tolerância a tal auge que escandalizou os fariseus, pois, afrontando-lhes embora a indignação e o desprezo, achegou-se aos publicanos e pecadores. E máxime em pritaneus acadêmicos, como o nosso, é que se ela impõe, como já fazia notar, com a costumada lepidez, o saudoso confrade Carlos de Laet: "Neste habitáculo das letras, escreveu ele, a tolerância de pessoas não é somente uma virtude, mas uma exigência impreterível, para a serenidade em nossos debates, mesmo naqueles que mais nos escandescem, isto é, os da questão ortográfica". 

Não é, portanto, essa, a intolerância, de que se possa acusar o catolicismo, porque ninguém menos católico, nem mais intolerável, do que um católico intolerante para com as pessoas.