quinta-feira, 17 de novembro de 2016

334 milhões de cristãos sofrem perseguição por sua fé


O relatório da Liberdade Religiosa no Mundo conclui que, no período em análise, a liberdade religiosa diminuiu em onze – quase metade – dos vinte e três países com as piores violações. Nos outros sete países desta categoria, os problemas já eram tão grandes que dificilmente poderiam ficar piores. A nossa análise também revela que, dos trinta e oito países com violações mais significativas da liberdade religiosa, 55% permaneceram estáveis em relação à liberdade religiosa e, em 8%, nomeadamente no Butão, no Egito e no Catar, a situação melhorou.

O relatório demonstra que é errada a visão popular de que os governos são sobretudo os culpados da perseguição religiosa. Os atores não estatais (ou seja, organizações fundamentalistas ou militantes) são responsáveis pela perseguição religiosa em doze dos vinte e três países com as piores violações. 

O período em análise viu surgir um novo fenômeno de violência com motivação religiosa, que pode ser descrita como hiperextremismo islamita, um processo de radicalização intensificada, sem precedentes na sua expressão violenta. As suas características são:

a) Crença extremista e um sistema radical de lei e governo;

b) Tentativas sistemáticas de aniquilar ou afastar todos os grupos que não concordem com a sua perspectiva, incluindo correligionários: moderados e aqueles com diferentes tradições; 

c) Tratamento cruel das vítimas;

d) Uso das redes sociais mais recentes, principalmente para recrutar seguidores e intimidar os opositores através da exibição de violência extrema;

e) Impacto global, tornado possível através de grupos extremistas filiados e de redes de apoio com bons recursos. 


Este novo fenômeno tem tido um impacto contaminante na liberdade religiosa em todo o mundo:

SP: Arquidiocese de Aparecida ganha novo bispo e Santuário Nacional torna-se Catedral.


O Papa Francisco aceitou nesta quarta-feira, dia 16 de novembro, a renúncia do Cardeal Arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis. E, nomeou como novo arcebispo Dom Orlando Brandes, transferindo-o da Arquidiocese de Londrina, no Paraná.

Dom Damasceno havia apresentado renúncia em fevereiro de 2012, quando completou 75 anos, conforme prevê o direito canônico. E, até a posse do novo arcebispo, marcada para o dia 21 de janeiro de 2017, ficará na Arquidiocese de Aparecida como Administrador Apostólico.

Dom Orlando Brandes

Dom Orlando Brandes nasceu em 13 de abril de 1946 em Urubici, SC. É filho de Gregório Brandt e Hilda Morais Brandt (falecidos). Tem seis irmãos. Após o curso primário ingressou no Seminário João Vianney, de Lages. Em 1968 concluiu Filosofia na UCP em Curitiba. Fez seus estudos teológicos na Universidade Gregoriana e na Academia Alfonsiana (Roma) especializando-se em Teologia Moral em 1973.

Recebeu a ordenação sacerdotal em Francisco Beltrão (PR) em 6 de julho de 1974. Foi professor de Teologia Moral e Dogmática no Instituto Teológico de Santa Catarina (Itesc) de 1974 a 1994.

Vice-diretor do Itesc (1974-1982) e seu diretor (1982-1984). Diretor do Seminário Teológico (1987-1987), orientador do Seminário Dom Honorato Piazera (1990-1994), presidente, vice-presidente e Juiz do Tribunal Eclesiástico Regional de Florianópolis. Assistente Espiritual do Seminário Nossa Senhora de Guadalupe da Diocese de Joinville, em Florianópolis. Pregador de retiros espirituais. Auxiliar na Catedral Metropolitana. Animador de diversos cursos de teologia e, por espírito missionário, passava suas férias escolares em diversas paróquias carentes no Estado e também na Bahia, Mato Grosso, Acre e Piauí.

Foi eleito pelo Papa João Paulo II no dia 9 de março de 1994 como 3° bispo diocesano de Joinville. Escolheu como lema: “Somos operários de Deus” (1 Cor 3,9).

A ordenação episcopal e posse ocorreu no dia 5 de junho de 1994 na Catedral São Francisco Xavier em Joinville, dia de São Bonifácio. No dia 10 de maio de 2006, o Papa Bento XVI nomeou Dom Orlando Brandes Arcebispo de Londrina. A tomada de posse como 4º Arcebispo da Arquidiocese de Londrina aconteceu no dia 23 de julho de 2006.
 

Homilética: Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo - Ano C: "Um Rei na Cruz: relativismo e verdade".



A festa de hoje foi especialmente instituída no Ano Jubilar de 1925 pelo Papa Pio XI com a Carta Encíclica “Quas Primas” (QP), para nos mostrar Jesus como único soberano de uma sociedade que parece querer viver de costas para Deus. A publicação desta encíclica coincidiu com o 16º centenário do Concílio de Nicéia, que proclamara a divindade do Filho de Deus; este Concílio inseriu também em sua fórmula de fé as palavras: “cujo reino não terá fim”, afirmando assim a dignidade real de Cristo (cf. QP 2).


Jesus Cristo, sendo a Verdade, é também o rei da verdade, isto é, verdade é o que ele diz. O ser humano sempre mantém essa sadia curiosidade por conhecer a verdade. No filme “A Paixão de Cristo” de M. Gibson há um momento em que Pilatos pergunta a Jesus: Quid est veritas? – O que é a verdade? Tanto no filme como na Escritura se pode ver que “falando isso, saiu de novo” (Jo 18,38). Dá a impressão de que no fundo ele não queria saber a resposta. E, no entanto, o ser humano sempre tem o desejo de conhecer a resposta para os seus interrogantes, ainda que seja verdade que às vezes tente abafar esse desejo.


No Evangelho de hoje, se percebe esse desejo a través da conjunção “se”: “se é o Cristo, o escolhido de Deus!” – manifestam os príncipes dos sacerdotes; “se és o rei dos judeus” – dizem os soldados; “se és o Cristo” – diz um dos malfeitores crucificados com Jesus. Parece existir uma dúvida que no fundo é um “grito silencioso” que poderia ser traduzido dessa maneira: “Por favor, Senhor, se manifesta; por favor, me diz quem é você. Não aconteça que pela minha ignorância, venha eu a perecer. Se você é o Cristo, me salva”. Frequentemente, diante da aparente indiferença em relação à escuta do Evangelho, devemos escutar esse apelo oculto, silencioso, um grito suplantado.

O chamado “bom ladrão” teve coragem de expressar nitidamente o desejo do seu coração: “Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino!” Não devemos temer as revoltas humanas contra Deus. Temos a esperança de que, um dia, essas pessoas possam dizer como esse pecador que, como era um bom ladrão, soube “roubar” o céu nos últimos minutos de vida. Tenhamos por certo: a verdade de Cristo é que o que todos os homens e mulheres desejam, sabendo ou não.

A verdade, na Sagrada Escritura, não é somente uma luz na inteligência evidente para o sujeito, mas principalmente um apoio para toda a vida. O símbolo da verdade na Escritura é a rocha, a solidez da pedra. Na verdade de Deus nós podemos apoiar-nos para levar uma vida justa e bela, humana e sobrenaturalmente.

Cristo é o rei da verdade, mas é custoso deixar que essa verdade penetre até o mais profundo do nosso ser para ser nosso apoio, guia e modelo. Queremos conhecer a verdade, mas temos medo de comprometer-nos com ela, tememos que a verdade conhecida nos arranque do nosso habitual comodismo e das nossas costumeiras tradições. Quando Cristo bate à porta do nosso coração nos sentimos alegres, mas também – à medida que ele vai pedindo um maior espaço – percebemos como nos incomoda. No entanto, graças a Deus, somos conscientes de que a felicidade desejada só se encontra nessa verdade abraçada.

Isabel conheceu e amou a Cristo nos pobres


Isabel começou muito cedo a distinguir-se na virtude. Em toda a sua vida foi consoladora dos pobres; a dada altura dedicou-se inteiramente aos famintos e, junto de um castelo seu, mandou construir um hospital onde recolhia muitos enfermos e estropiados. Distribuía largamente os dons da sua beneficência, não só a quantos ali acorriam a pedir esmola, mas em todos os territórios da jurisdição de seu marido, chegando ao ponto de gastar nessas obras de assistência todas as rendas provenientes dos quatro principados e vendendo por fim, para utilidade dos pobres, todos os objetos de valor e vestes preciosas.

Costumava visitar duas vezes por dia, de manhã e à tarde, todos os seus doentes, ocupando-se pessoalmente dos que apresentavam aspecto mais repugnante. Dava de comer a uns, deitava outros na cama, transportava outros aos ombros e dedicava-se a todo o gênero de serviço humanitário. Em todas estas coisas nunca ela encontrou má vontade em seu marido de grata memória. Finalmente, depois da morte deste, no desejo da suma perfeição, pediu-me com lágrimas que a autorizasse a pedir esmola de porta em porta.

Precisamente no dia de Sexta-Feira Santa, estando desnudados os altares, numa capela da sua cidade, onde acolhera os Frades Menores, na presença de testemunhas e postas as mãos sobre o altar, renunciou à sua própria vontade, a todas as pompas do mundo e ao que o Salvador no Evangelho aconselha a deixar. Feito isto e vendo que poderia ser absorvida pelo tumulto do século e pela glória mundana naquela terra, em que no tempo do marido vivera com tanta grandeza, veio para Marburgo contra minha vontade. Nesta cidade construiu um hospital para receber doentes e aleijados dos quais sentou à sua mesa os mais miseráveis e desprezados.

Além destas atividades caritativas, diante de Deus o afirmo, raras vezes encontrei mulher mais dada à contemplação. Algumas religiosas e religiosos viram muitas vezes que, quando voltava do recolhimento da oração, o seu rosto resplandecia maravilhosamente e os seus olhos brilhavam como raios de sol.

Antes de morrer ouvi-a de confissão. Perguntando-lhe o que se devia fazer dos seus haveres e mobiliário, respondeu-me que tudo quanto parecia possuir era já dos pobres desde há muito tempo e pediu-me que distribuísse tudo por eles, exceto a pobre túnica com que estava vestida e com a qual desejava ser sepultada. Depois recebeu o Corpo do Senhor e, seguidamente, até à hora de Vésperas, falou muitas vezes do que mais a tinha impressionado na pregação. Por fim, encomendou devotamente a Deus os que lhe assistiam e expirou como quem adormece suavemente.



Da Carta de Conrado de Marburgo,
diretor espiritual de Santa Isabel da Hungria
(Ao Sumo Pontífice, no ano 1232; A. Wyss, Hessisches urkundenbuch I, Leipzig 1879, 31-35)

Ao meu Santo Anjo da Guarda!


Meu bom Anjo da Guarda, não sei quando e de que modo irei morrer. É possível que eu seja levado de repente ou que antes do meu último suspiro, eu me veja privado das minha capacidades mentais. E há tantas coisas que eu quereria dizer a Deus no limiar da eternidade… Por isso hoje, com a plena liberdade de minha vontade, venho pedir, Anjo da minha guarda, que faleis por mim nesse temível momento. Direis, então, ao Senhor:

- Que quero morrer na Santa Igreja Católica Apostólica Romana, no seio da qual morreram todos os santos, depois de Jesus Cristo, e fora da qual não há salvação;

- Que peço a graça de participar nos méritos infinitos do meu Redentor e que desejo morrer pousando os meus lábios na Cruz que foi banhada com Seu sangue;

- Que aborreço e detesto os meus pecados que ofenderam a Jesus e que, por amor a Ele, perdoo os meus inimigos, como eu próprio desejo ser perdoado; 

Santa Isabel de Hungría


Isabel da Hungria era princesa, foi rainha e se fez santa. Nasceu no ano de 1207, e desde o nascimento já foi prometida em casamento para o princípe Luís, da Turíngia. Cresceu e foi educada junto com o marido. 

O jovem príncipe Luís amava verdadeiramente Isabel, que se tornava cada dia mais bonita, amável e modesta. Luís admirava a noiva, amável nas palavras e atitudes, que vivia em orações e era generosa em caridade com pobres e doentes. 

A mãe de Luís, não gostava da devoção da sua futura nora, assim tentou convencer o filho de desistir do casamento. Mas Luís foi categórico dizendo preferir abdicar do trono a desistir de Isabel. Isabel se tornou rainha aos catorze anos de idade. Ela foi a única soberana que se recusou a usar a coroa, símbolo da realeza, durante a cerimônia realizada na Igreja. Alegou que diante do nosso Rei coroado de espinhos, não poderia usar uma coroa tão preciosa. 

Foi um casamento feliz. Luís nunca colocou obstáculos à vida de oração, penitência e caridade da rainha. Depois de seis anos a rainha Isabel ficou viúva, com três filhos pequenos. O cunhado de Isabel, para assumir o poder, a expulsou do palácio junto com os três reais herdeiros ainda crianças. 

Isabel ingressou então na Ordem Terceira de São Francisco e se dedicou à vida de religião e à assistência aos leprosos no hospital ela própria havia construído. Mas graças a ajuda dos amigos de seu esposo Isabel voltou ao trono. 

Isabel da Hungria faleceu no dia 17 de novembro de 1231, com apenas vinte e quatro anos de idade, sendo canonizada quatro anos depois. 



Deus, nosso Pai, Santa Isabel foi um conforto para os pobres e defensora dos desesperados. A ninguém negava sua caridade e o apoio nas horas difíceis. Colocou a serviço dos necessitados todas as suas riquezas. Transformai também o nosso interior, para que sejamos luz para o mundo de hoje, como Santa Isabel o foi para o seu tempo. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

CNBB manifesta apreensão com tramitação de projetos sobre legalização dos jogos de azar no Brasil


NOTA DA CNBB SOBRE A LEGALIZAÇÃO 
DOS JOGOS DE AZAR NO BRASIL

Uma árvore má não pode dar frutos bons (cf. Mt 7,18)


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, através de sua Presidência, acompanha com apreensão a avançada tramitação na Câmara de Deputados e no Senado Federal do PL 442/91 e do PLS 186/14, que têm como objetivo regulamentar a exploração de jogos de azar no país. Reafirmamos o nosso histórico posicionamento acerca desta questão, rejeitando essas novas tentativas de legalização dos jogos de azar. 

Os argumentos de que a legalização do jogo de azar aumentará a arrecadação de impostos, favorecerá a criação de postos de trabalho e contribuirá para tirar o Brasil da atual crise econômica, seguem a nefasta tese de que “os fins justificam os meios”. Esses falsos argumentos não consideram a possibilidade de associação dos jogos de azar com a lavagem de dinheiro e o crime organizado. Os cassinos podem facilmente transformar-se em instrumentos para que recursos provenientes de atividades criminosas assumam o aspecto de lucros e receitas legítimas. Preocupa-nos a falta de uma discussão aprofundada da questão e a indiferença de muitos frente às graves consequências da legalização dos jogos de azar no Brasil. 

Papa: suportar com paciência as fraquezas do próximo


CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Dedicamos a catequese de hoje a uma obra de misericórdia que todos conhecemos muito bem, mas que talvez não colocamos em prática como deveríamos: suportar pacientemente as fraquezas do próximo. Somos todos muito bravos em identificar uma presença que pode incomodar: acontece quando encontramos alguém pelo caminho, ou quando recebemos um telefonema… Logo pensamos: “Por quanto tempo terei que ouvir as lamentações, as fofocas, os pedidos ou as vaidades dessa pessoa?”. Acontece também, às vezes, que as pessoas que incomodam são aquelas mais próximas a nós: entre os parentes sempre há alguém; no local de trabalho não falta; nem mesmo no tempo livre estamos livres. O que devemos fazer com essas pessoas? Mas também nós tantas vezes somos assim com os outros. Por que entre as obras de misericórdia está inserida esta? Suportar pacientemente as fraquezas das pessoas?

Na Bíblia vemos que o próprio Deus deve usar misericórdia para suportar as lamentações do seu povo. Como exemplo no livro do Êxodo o povo resulta realmente insuportável: primeiro chora porque é escravo no Egito, e Deus o liberta; depois, no deserto, se lamenta porque não tem o que comer (cfr 16, 3) e Deus manda codornizes e maná (cfr 16, 13-16), mas apesar disso as lamentações não param. Moisés se fazia de mediador entre Deus e o povo e também ele algumas vezes foi um pouco visto como um incômodo para o Senhor. Mas Deus teve paciência e assim ensinou a Moisés e ao povo também esta dimensão essencial da fé.