NOTA DA CNBB SOBRE A LEGALIZAÇÃO
DOS JOGOS DE AZAR NO BRASIL
Uma árvore
má não pode dar frutos bons (cf. Mt 7,18)
A Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil-CNBB, através de sua Presidência, acompanha com apreensão a
avançada tramitação na Câmara de Deputados e no Senado Federal do PL 442/91 e
do PLS 186/14, que têm como objetivo regulamentar a exploração de jogos de azar
no país. Reafirmamos o nosso histórico posicionamento acerca desta questão,
rejeitando essas novas tentativas de legalização dos jogos de azar.
Os argumentos de que a
legalização do jogo de azar aumentará a arrecadação de impostos, favorecerá a
criação de postos de trabalho e contribuirá para tirar o Brasil da atual crise
econômica, seguem a nefasta tese de que “os fins justificam os meios”. Esses
falsos argumentos não consideram a possibilidade de associação dos jogos de
azar com a lavagem de dinheiro e o crime organizado. Os cassinos podem
facilmente transformar-se em instrumentos para que recursos provenientes de
atividades criminosas assumam o aspecto de lucros e receitas legítimas.
Preocupa-nos a falta de uma discussão aprofundada da questão e a indiferença de
muitos frente às graves consequências da legalização dos jogos de azar no
Brasil.
Cabe-nos, por razões éticas e
evangélicas, alertar que o jogo de azar traz consigo irreparáveis prejuízos
morais, sociais e, particularmente, familiares. Além disso, o jogo compulsivo é
considerado uma patologia no Código Internacional de Doenças da Organização
Mundial de Saúde. O sistema altamente lucrativo dos jogos de azar tem sua face
mais perversa na pessoa que sofre dessa compulsão. Por motivos patológicos, ela
acaba por desprezar a própria vida, desperdiçar seus bens e de seus familiares,
destruindo assim sua família. Enquanto isso, as organizações que têm o jogo
como negócio prosperam e seus proprietários, os “senhores do jogo”, se tornam
cada vez mais ricos. Nosso país não precisa disso!
A autorização do jogo não o
tornará bom e honesto. Conclamamos aos representantes do povo brasileiro no
Congresso Nacional a votarem contra estes projetos e qualquer outro que
pretenda regularizar os jogos de azar no Brasil. Tenham certeza de que o voto
favorável será, na prática, um voto de desprezo por nossas famílias e seus
valores fundamentais.
Contando com a intercessão de Nossa Senhora Aparecida, possamos
construir um Brasil justo, honesto e honrado!
Brasília,
16 de novembro de 2016.
Dom
Sergio da Rocha
Arcebispo
de Brasília
Presidente
da CNBB
Dom
Murilo S. R. Krieger, SCJ
Arcebispo
de São Salvador da Bahia
Vice-Presidente
da CNBB
Dom
Leonardo Ulrich Steiner, OFM
Bispo
Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral
da CNBB
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CNBB
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