segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Peru: Vaticano devolve títulos de Pontifícia e Católica para PUCP


A Secretaria de Estado do Vaticano emitiu um decreto através do qual devolve os títulos de “Pontifícia” e “Católica” para a Pontifícia Universidade Católica do Peru (PUCP).

O decreto, assinado pelo Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, recorda que a constituição apostólica Ex-Corde Ecclesiae rege as universidades católicas do mundo e que a não adequação dos estatutos da PUCP ao documento fez com que no dia 11 de julho de 2012 fossem retirados os títulos de “Pontifícia” e “Católica” da universidade.

O texto do Vaticano recorda que em 14 de outubro de 2016, a assembleia universitária da PUCP “adotou uma série de emendas ao estatuto” em conformidade com tal constituição apostólica e, por isso, a Congregação para a Educação Católica aprovou “ad experimentum por cinco anos o estatuto da universidade”. 

Orientações Litúrgicas para o Tempo do Advento


No início do ano litúrgico, ao longo de quatro semanas, a Igreja entoa um canto de vigilante, amorosa e alegre espera da vinda do Senhor, o Príncipe da Paz, o Emanuel, Deus conosco. Este canto, antes entoado pelos profetas, João Batista e Maria continua ressoando no seio da Igreja que clama: “Vem, Senhor, nos salvar. Vem, sem demora, nos dar a paz”.

“O tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa e alegre expectativa” (NALC, n. 39).

ANOTAÇÕES

1. O órgão e os outros instrumentos musicais devem usar-se, e o altar orna-se com flores, com aquela moderação que convém ao caráter próprio deste tempo, de modo a não antecipar a plena alegria do Natal do Senhor. No Domingo Gaudete (3º do Advento), pode se usar a cor rosada (CB, n. 236). Neste domingo é realizada a Coleta para a Evangelização, com a finalidade de ajudar no trabalho evangelizador da Igreja no Brasil. Entregar integralmente na cúria diocesana; 45% desta coleta permanecem na diocese e 20% devem ser remetidos à CNBB Regional e 35% à CNBB Nacional.

2. Na celebração do matrimônio, seja dentro ou fora da Missa, dá-se sempre a bênção nupcial; mas admoestem-se os esposos a se absterem de pompa demasiada. 

Acreditou pela fé e concebeu pela fé


Peço-vos que repareis no que diz o Senhor ao estender a mão para os seus discípulos: Estes são minha mãe e meus irmãos e Quem fizer a vontade de meu Pai, que Me enviou, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe. Porventura não fez a vontade do Pai a Virgem Maria, que acreditou pela fé e concebeu pela fé, que foi escolhida para que d’Ela nascesse a salvação entre os homens e que foi criada por Cristo antes de Cristo ter sido criado n’Ela? Maria cumpriu, e cumpriu perfeitamente, a vontade do Pai; e, por isso, Maria tem mais mérito por ter sido discípula de Cristo do que por ter sido mãe de Cristo; mais ditosa é Maria por ter sido discípula de Cristo do que por ter sido mãe de Cristo. Portanto, Maria era bem-aventurada, porque, antes de dar à luz o Mestre, trouxe-O no seio.

Vê se não é como digo. Passava o Senhor, acompanhado da multidão e fazendo milagres divinos. E uma mulher exclamou: Bem-aventurado o ventre que Te trouxe. Ditoso o ventre que Te trouxe. E o Senhor, para que se não buscasse a felicidade na natureza material da carne, que respondeu? Mais felizes os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática. Por isso também Maria era feliz porque ouviu a palavra de Deus e a pôs em prática; guardou mais a verdade de Cristo na sua mente do que o corpo de Cristo no seu seio. Cristo é verdade; Cristo é carne. Cristo é verdade no espírito de Maria, Cristo é carne no seio de Maria; é mais o que está no espírito do que o que se traz no seio.

Maria é santa, Maria é bem-aventurada. Mas é mais importante a Igreja do que a Virgem Maria. Porquê? Porque Maria é uma parte da Igreja, membro santo, membro excelente, membro supereminente, mas apesar disso membro do corpo total. Se é membro do corpo, é certamente mais o corpo do que o membro. A cabeça é o Senhor, e Cristo total é a cabeça e o corpo. Que mais direi? Temos no corpo da Igreja uma cabeça divina, temos a Deus por cabeça.

Reparai portanto em vós mesmos, irmãos caríssimos. Também vós sois membros de Cristo, também vós sois corpo de Cristo. Vede como o sois, quando Ele diz: Eis minha mãe e meus irmãos. Como sereis mãe de Cristo? Todo aquele que ouve e pratica a vontade de meu Pai que está nos Céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe. Quando diz «irmãos» e «irmãs», fala evidentemente da mesma e única herança.

É uma só, na verdade, a herança. Por isso, a misericórdia de Cristo, que sendo único não quis ficar só, fez de nós herdeiros do Pai e herdeiros consigo.



Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo

(Sermo 25, 7-8: PL 46, 937-938)

Multiforme Deformidade


"Assassinato sem culpa, amor sem sentido", filme Blow-Up, de Antonioni. Nos tornamos incapazes de culpabilizar o transgressor quando já não temos mais categorias para justificar o Amor. Se não há Mal, não há Bem. Se não há Certo, não há Errado. Se tudo é Bom e Certo, não há mais maldade e tropeço. Se tudo é Bom e Certo, nada é Bom e nada é Certo - o Bom é Mal e o Certo é Errado. Sem distintivos, sem qualificativos, Tudo é Um, Tudo é Nada. Enchemo-nos de nulidade.

O Amor, enquanto doação do eu, depende do reconhecimento das mazelas do outro - e se não há barreiras e ideais, não pode haver mazela ou transgressão; não pode haver Eu e não pode haver Outro. Sem Pecado não existe Compaixão. Sem Eu e sem Outro não há Compaixão e não há Pecado. Na medida em que relativizamos o Crime, relativizamos o Amor; na medida em que "terrorismo" pode ser Tudo e Nada, o Amor dilui-se no matagal de afetividades, perversidades e fluídos humanos e inumanos. Dizem que o Amor é "multiforme" para não dizer "disforme". Se não há "forma", só resta a indeterminação. Assassinar é Amar, e ambos são Qualquer Coisa, são Tudo, são Nada. 

São Gelásio I


Nascido em Roma, Gelásio era de origem africana, culto, inteligente e dotado de personalidade forte. Cristão fervoroso, era conselheiro papal. Em 492 ele foi eleito para assumir a cátedra de Pedro, mas seu pontificado foi muito conturbado por causas de problemas políticos. 

Papa Gelásio lutou para manutenção da doutrina, enfrentando heresias como o pelagianismo. Foi o primeiro pontífice a expressar a máxima autoridade do Bispo de Roma sobre toda a Igreja. Deixou isso claro em uma carta na qual se faz uma nítida distinção entre poder político e poder religioso. 

Organizou e presidiu o sínodo de 494, no qual saiu aprovada a grande renovação litúrgica da Igreja. Assim, ele instituiu o Sacramentário Gelasiano para uniformizar as funções e ritos das várias Igrejas. Trata-se do decreto que levou o seu nome, contendo cerca de cinqüenta prefácios litúrgicos, uma coletânea de orações para recitar durante a missa. 

Papa Gelásio I viveu em oração e insistia que seus clérigos fizessem o mesmo. Por sua caridade, foi chamado "Papa dos pobres". Morreu em 21 de novembro de 496, em Roma. 



Deus eterno e todo-poderoso, quiseste que São Gelásio Primeiro governasse todo o vosso povo, servindo-o pela palavra e pelo exemplo. Guardai, por suas preces, os pastores de vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Apresentação de Nossa Senhora no Templo


A memória que a Igreja celebra hoje, ao contrário da Apresentação do Senhor, não encontra fundamentos explícitos nos Evangelhos Canônicos, mas algumas pistas no chamado proto-evangelho de Tiago, livro de Tiago, ou ainda, História do nascimento de Maria. A validade do acontecimento que lembramos possui real alicerce na Tradição que a liga à Dedicação da Igreja de Santa Maria Nova, construída em 543, perto do templo de Jerusalém.

Os manuscritos não canônicos, contam que Joaquim e Ana, por muito tempo não tinham filhos, até que nasceu Maria, cuja infância se dedicou totalmente, e livremente a Deus, impelida pelo Espírito Santo desde sua concepção imaculada. Tanto no Oriente, quanto no Ocidente observamos esta celebração mariana nascendo do meio do povo e com muita sabedoria sendo acolhida pela Liturgia Católica, por isso esta festa aparece no Missal Romano a partir de 1505, onde busca exaltar a Jesus através daquela muito bem soube isto fazer com a vida, como partilha Santo Agostinho, em um dos seus Sermões:

“Acaso não fez a vontade do Pai a Virgem Maria, que creu pela fé, pela fé concebeu, foi escolhida dentre os homens para que dela nos nascesse a salvação; criada por Cristo antes que Cristo nela fosse criado? Fez Maria totalmente a vontade do Pai e por isto mais valeu para ela ser discípula de Cristo do que mãe de Cristo; maior felicidade gozou em ser discípula do que mãe de Cristo. E assim Maria era feliz porque já antes de dar à luz o Mestre, trazia-o na mente”.

Foi no dia 21 de novembro de 1964 que o Papa Paulo VI, na clausura da 3ª Sessão do Concílio Vaticano II, consagrou o mundo ao Coração de Maria e declarou Nossa Senhora Mãe da Igreja.



Ó Deus, Pai de Misericórdia, que te revelas aos puros de coração: ao venerar hoje a memória de Maria, consagrada desde sempre a ti no corpo e na alma, suplicamos-te que nos leves a alcançar a mesma disposição de Maria em aceitar tua santa vontade. Amém. Nossa Senhora da Apresentação, rogai por nós!

domingo, 20 de novembro de 2016

Continua escancarada porta da misericórdia que é o Coração de Cristo, diz Papa


HOMILIA
Santa Missa do encerramento do Ano da Misericórdia
Praça São Pedro
Domingo, 20 de novembro de 2016

A solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo coroa o ano litúrgico e este Ano Santo da Misericórdia. Na verdade, o Evangelho apresenta a realeza de Jesus no auge da sua obra salvadora e fá-lo duma maneira surpreendente. «O Messias de Deus, o Eleito, (…) o Rei» (Lc 23, 35.37) aparece sem poder nem glória: está na cruz, onde parece mais um vencido do que um vencedor. A sua realeza é paradoxal: o seu trono é a cruz; a sua coroa é de espinhos; não tem um cetro, mas põem-Lhe uma cana na mão; não usa vestidos sumptuosos, mas é privado da própria túnica; não tem anéis brilhantes nos dedos, mas as mãos trespassadas pelos pregos; não possui um tesouro, mas é vendido por trinta moedas.

Verdadeiramente não é deste mundo o reino de Jesus (cf. Jo 18, 36); mas precisamente nele – diz-nos o apóstolo Paulo na segunda leitura – é que encontramos a redenção e o perdão (cf. Col 1, 13-14). Porque a grandeza do seu reino não está na força segundo o mundo, mas no amor de Deus, um amor capaz de alcançar e restaurar todas as coisas. Por este amor, Cristo abaixou-Se até nós, viveu a nossa miséria humana, provou a nossa condição mais ignóbil: a injustiça, a traição, o abandono; experimentou a morte, o sepulcro, a morada dos mortos. Assim Se aventurou o nosso Rei até aos confins do universo, para abraçar e salvar todo o vivente. Não nos condenou, nem sequer nos conquistou, nunca violou a nossa liberdade, mas abriu caminho com o amor humilde, que tudo desculpa, tudo espera, tudo suporta (cf. 1 Cor 13, 7). Unicamente este amor venceu e continua a vencer os nossos grandes adversários: o pecado, a morte, o medo.

Hoje, amados irmãos e irmãs, proclamamos esta vitória singular, pela qual Jesus Se tornou o Rei dos séculos, o Senhor da história: apenas com a onipotência do amor, que é a natureza de Deus, a sua própria vida, e que nunca terá fim (cf. 1 Cor 13, 8). Jubilosamente compartilhamos a beleza de ter Jesus como nosso Rei: o seu domínio de amor transforma o pecado em graça, a morte em ressurreição, o medo em confiança.

Mas seria demasiado pouco crer que Jesus é Rei do universo e centro da história, sem fazê-Lo tornar-Se Senhor da nossa vida: tudo aquilo será vão, se não O acolhermos pessoalmente e se não acolhermos também o seu modo de reinar. Nisto, ajudam-nos os personagens presentes no Evangelho de hoje. Além de Jesus, aparecem três tipos de figuras: o povo que olha, o grupo que está aos pés da cruz e um malfeitor crucificado ao lado de Jesus. 

O Reino que já chegou e virá


Os fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. Jesus respondeu: “O Reino de Deus não vem ostensivamente. Nem se poderá dizer: ‘Está aqui’ ou ‘Está ali’, porque o Reino de Deus está entre vós”.

E Jesus disse aos discípulos: “Dias virão em que desejareis ver um só dia do Filho do Homem e não podereis ver. As pessoas vos dirão: ‘Ele está ali’ ou ‘Ele está aqui’. Não deveis ir, nem correr atrás. Pois, como o relâmpago brilha de um lado até o outro do céu, assim também será o Filho do Homem, no seu dia. Antes, porém, Ele deverá sofrer muito e ser rejeitado por esta geração”. (Lc 17,20-25)

Os fariseus não compreenderam Jesus – como muitos cristãos ainda hoje não o compreendem. Perguntam pelo Reinado de Deus, sem compreender que este Reinado já chegou com Jesus: Nele, nosso Salvador, Deus o Pai reina plenamente; e todo aquele que adere a Jesus e segue Seus passos, todo aquele que sendo Nele batizado e Dele se alimentando, forma com Ele um só Espírito, esse experimenta em si o Reinado de Deus, pois vive não para si, mas em parceria com o Deus santo de Jesus.

O Reinado de Deus não são estruturas sociais ou econômicas (deixemos esta ilusão para os pobres e ideologizados comentários da maioria dos jornaizinhos de missa e de livretos da missa diária de nossas editoras católicas... Comentários em sua maioria tortos, distorcidos, reducionistas e violentadores do sentido da Palavra de Deus); o Reinado de Deus acontece quando cada pessoa vai se abrindo para que Deus reine em sua vida, como reinou na vida e na missão de Jesus. “O Reino de Deus não vem ostensivamente. Nem se poderá dizer: ‘Está aqui’ ou ‘Está ali’, porque o Reino de Deus está entre vós”.

Isto: o Reino está entre nós, e somente estará entre nós se, primeiro, em nós! Reino de Deus tão forte e tão frágil, tão experimentado e tão escondido! Reino de Deus que eu posso acolher em cada vitória sobre o meu pecado, meu fechamento, minha autossuficiência e que eu posso repelir e até matar em mim, quando me entrego ao pecado, pensando que eu mesmo sou meu rei e senhor da minha vida!

Esse Reino, não se pode dizer dele “está aqui” ou “está ali”, pois o Reinado é de Deus: é obra Dele, iniciativa Dele e desenvolve-se pela divina potência Dele! O Reino somente pode ser percebido pela medida do amor: ele é edificado somente pelo coração que ama, que se abre para o Cristo de Deus e, através Dele e por Ele, espraia-se no amor aos irmãos, sobretudo os mais frágeis, os mais pobres, os machucados pela existência.