Os
fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus.
Jesus respondeu: “O Reino de Deus não vem ostensivamente. Nem se poderá dizer:
‘Está aqui’ ou ‘Está ali’, porque o Reino de Deus está entre vós”.
E Jesus disse aos discípulos: “Dias virão em que desejareis ver um só dia do Filho do Homem e não podereis ver. As pessoas vos dirão: ‘Ele está ali’ ou ‘Ele está aqui’. Não deveis ir, nem correr atrás. Pois, como o relâmpago brilha de um lado até o outro do céu, assim também será o Filho do Homem, no seu dia. Antes, porém, Ele deverá sofrer muito e ser rejeitado por esta geração”. (Lc 17,20-25)
Os
fariseus não compreenderam Jesus – como muitos cristãos ainda hoje não o
compreendem. Perguntam pelo Reinado de Deus, sem compreender que este Reinado
já chegou com Jesus: Nele, nosso Salvador, Deus o Pai reina plenamente; e todo
aquele que adere a Jesus e segue Seus passos, todo aquele que sendo Nele
batizado e Dele se alimentando, forma com Ele um só Espírito, esse experimenta
em si o Reinado de Deus, pois vive não para si, mas em parceria com o Deus
santo de Jesus.
O Reinado de Deus não são estruturas sociais ou econômicas (deixemos esta ilusão para os pobres e ideologizados comentários da maioria dos jornaizinhos de missa e de livretos da missa diária de nossas editoras católicas... Comentários em sua maioria tortos, distorcidos, reducionistas e violentadores do sentido da Palavra de Deus); o Reinado de Deus acontece quando cada pessoa vai se abrindo para que Deus reine em sua vida, como reinou na vida e na missão de Jesus. “O Reino de Deus não vem ostensivamente. Nem se poderá dizer: ‘Está aqui’ ou ‘Está ali’, porque o Reino de Deus está entre vós”.
Isto: o Reino está entre nós, e somente estará entre nós se, primeiro, em nós! Reino de Deus tão forte e tão frágil, tão experimentado e tão escondido! Reino de Deus que eu posso acolher em cada vitória sobre o meu pecado, meu fechamento, minha autossuficiência e que eu posso repelir e até matar em mim, quando me entrego ao pecado, pensando que eu mesmo sou meu rei e senhor da minha vida!
Esse
Reino, não se pode dizer dele “está aqui” ou “está ali”, pois o Reinado é de
Deus: é obra Dele, iniciativa Dele e desenvolve-se pela divina potência Dele! O
Reino somente pode ser percebido pela medida do amor: ele é edificado somente
pelo coração que ama, que se abre para o Cristo de Deus e, através Dele e por
Ele, espraia-se no amor aos irmãos, sobretudo os mais frágeis, os mais pobres,
os machucados pela existência.
Cuidado,
meu caro Amigo: o Reinado é de Deus, não nosso! Não se pode dizer: “Ei-lo aqui!
Ei-lo ali!” Não se pode medir, calcular, controlar, esquadrinhar o Reino! Esse
Reino somente pode ser acolhido, num acolhimento ativo e operante!
A grande heresia hoje presente em tantos setores da Igreja é a ilusão, acalentada por muitos, de achar que nós construímos o Reino – nosso reinozinho, segundo nosso gosto ideológico! Vê: o Reino é de Deus! Não vás, não corras atrás desses que confundem o Reino soberano e misterioso do Senhor com suas construções e delírios ideológicos!
Esse Reino bendito desenvolve-se pela força do Espírito de Cristo ressuscitado, desenvolve-se ainda que durmamos, ainda que sejamos fracos...
Esse Reino somente se manifestará em plenitude quando Cristo nossa vida brilhar no fulgor de Sua glória no final dos tempos, e, tendo encabeçado todas as coisas, entregar tudo ao Pai, de modo que Deus, o Pai, seja tudo em todos. Aí sim, o Reinado que agora é de Cristo, será plenamente Reinado de Deus!
Mas, atenção! Até lá, o Reino será sempre marcado pela loucura, pela fraqueza amorosa e escandalosa da cruz...
Queres ver como Deus reina? Queres a medida da força e da fraqueza do Reino? Queres saber como ele se desenvolve e mostra a sua força? Queres compreender a dinâmica do Reino? Olha, contempla, crava os olhos e o coração na cruz de Nosso Senhor Jesus. É ela – a cruz – o caminho de entrada pelo qual o Reino nos vem e a passagem pela qual podemos passar para deixar que o Reino entre em nós e nós entremos nele.
Senhor,
neste final de Ano Litúrgico, às portas do Santo Advento, tempo que celebra a
espera certa da Tua Vinda gloriosa, nós Te pedimos ainda mais uma vez: Que
venha o Teu Reino! Amém.
Dom Henrique Soares da Costa
Bispo de Palmares, PE
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