Recentemente,
fui convidada a falar durante um encontro de mulheres católicas. Fazia certo
tempo que eu não calçava mais os meus “sapatos de dar palestra” – e eu estava
realmente animada. Até que… me disseram qual seria o tema. “Companheirismo”.
Companheirismo?
Estremeci. Não podia ser o sofrimento? A oração? A discórdia familiar? Como
manter a fé durante a crise? Não. Companheirismo.
Pensei
imediatamente nos ex-católicos que se declaram hoje felizes na sua nova
comunidade protestante, onde estão engajados e são bem recebidos, ao contrário
da paróquia que antes frequentavam e na qual se sentiam indesejados, entre
pessoas frias, indiferentes, sem viver uma verdadeira experiência de
companheirismo.
Pensei na
formalidade tantas vezes desconfortável daqueles apertos de mão na hora da
saudação fraterna durante a Missa. Pensei na pressa com que grande parte dos
fiéis sai da igreja, quase sem olhar para mais ninguém.
Por que nós, católicos, somos tão ruins de companheirismo?
O
companheirismo é simplesmente uma relação amigável, um convívio amistoso de
pessoas com pontos de vista e ideais em comum. Como é que isso é tão difícil?
É
interessante, aliás, que o próprio conceito de “companheirismo” desperte o
desdém de alguns católicos: “Nós não precisamos de companheirismo.
Vamos à missa para receber a Eucaristia, não para saudar os outros”,
dizem alguns. Outros corroboram: “Os protestantes precisam de pessoas; nós
não: nós temos Jesus”.