domingo, 11 de dezembro de 2016

São Dâmaso I


Foi natural, ou pelo menos originário, da antiga Hispânia. O certo é que era um homem culto e instruído e que ocupou a cadeira papal entre os anos de 366 até 384. Era um firme defensor da fé e sua postura deu credibilidade ao papado. 

Sua eleição não foi tranquila, mas quando assumiu o governo da Igreja possibilitou o florescimento de ritos, orações e pregações durante seu mandato. Devem-se a ele, por exemplo, os estudos para a revisão dos textos da bíblia e a nova versão em latim feita pelo depois Santo Jerônimo, seu secretário. 

Viveu num período de grande agitação para a Igreja. No tempo de seu Pontificado, era Bispo de Milão o grande Santo Ambrósio e São Jerônimo punha sua formidável inteligência ao serviço da Igreja. São Dâmaso teve que enfrentar um cisma causado por um antipapa, isto no início do seu Pontificado. Infelizmente este não consistiu no único problema para Dâmaso, já que teve de combater o Arianismo, que negava a consubstancialidade de Cristo com o Pai. Sendo ele Papa, chegou quase a extinguir-se a heresia ariana. O Imperador Teodósio, se não encontrou nele um indomável mestre de moral como Santo Ambrósio, encontrou um Papa que afirmou sempre, com serena firmeza, a “autoridade da Sé Apostólica”. Dâmaso fez de tudo pela unidade da Igreja, e para deixar claro o Primado do Papa, pois foi o próprio Cristo quem quis: “E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,18).

O Papa Dâmaso esteve no II Concílio Ecumênico onde aconteceu a definição dogmática sobre a Divindade do Espírito Santo. Foi ele quem encarregou São Jerônimo na tradução da Bíblia da língua original para o latim, língua oficial da Igreja. Conhecido como o “Papa das Catacumbas”, São Dâmaso foi responsável pela zelosa restauração das catacumbas dos mártires. Em Roma, conseguiu separar Estado e Paganismo. A sua obra foi paciente e oculta, mas não medíocre nem definhante. Soube ligar à Sé apostólica todas as Igrejas e obteve do poder civil o maior respeito.

Graças a ele as catacumbas foram recuperadas, com o próprio Papa percorrendo-as para identificar os túmulos dos mártires e dar-lhes as devidas honras. 

Dâmaso escolheu pessoalmente o túmulo no qual gostaria que fossem depositados seus restos mortais. Na Cripta dos Papas, localizada nas Catacumbas de São Calisto, ao término dos seus escritos em honra deles, deixou registrado: "Aqui, eu, Dâmaso, gostaria que fossem depositados meus espólios. Mas temo perturbar as piedosas cinzas dos mártires". 

Este Papa deu o melhor de si para manter viva a verdadeira religião católica, fazendo com que houvesse uma maior popularização dos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Restaurou catacumbas, organizou as relíquias dos mártires do cristianismo assim que o Império deixou de perseguir os cristãos. Grande foi o seu amor pela vossa Igreja, tudo fazendo para que ela se mantivesse unida em torno de uma mesma fé.

Morreu em 384 com quase oitenta anos de idade.



Deus, nosso Pai, celebramos hoje a memória do papa São Dâmaso. Fazei que nos descubramos como um povo comprometido convosco, com o vosso Reino e comprometidos com os nossos irmãos e com todo homem. Que o Vosso Espírito de Amor nos faça entender que somos chamados a viver em comunhão, ou seja, em união convosco em Jesus vosso Filho ressuscitado.

sábado, 10 de dezembro de 2016

Maria e a Igreja


O Filho de Deus é o primogénito entre muitos irmãos; sendo Filho único por natureza, associou a Si muitos pela graça, para que fossem um só com Ele; pois a quantos O recebem deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. 

Deste modo, constituído Filho do homem, a muitos constituiu filhos de Deus. Associou muitos a Si, Ele que é único na sua caridade e no seu poder. E todos esses, embora sejam muitos pela sua geração segundo a carne, são um só com Ele pela regeneração divina. 

Cristo é único, formando um todo a Cabeça e o Corpo: único como Filho do único Deus nos Céus e de uma única mãe na terra. Muitos filhos e um só Filho. Pois assim como a cabeça e os membros são um só Filho e ao mesmo tempo muitos filhos, assim também Maria e a Igreja são uma só Mãe e mais do que uma; uma só Virgem e mais do que uma. 

Ambas são mães e ambas são virgens; ambas concebem virginalmente do mesmo Espírito; ambas dão à luz, para Deus Pai, uma descendência sem pecado. Maria, imune de todo o pecado, deu à luz a Cabeça do corpo; a Igreja, para remissão de todos os pecados, deu à luz o corpo da Cabeça. Uma e outra é Mãe de Cristo, mas nenhuma delas, sem a outra, deu à luz o Cristo total. 

Por isso, nas Escrituras divinamente inspiradas, o que se atribui em geral à Igreja, Virgem e Mãe, aplica-se em especial à Virgem Maria; e o que se atribui em especial a Maria, Virgem e Mãe, aplica-se em geral à Igreja, Virgem e Mãe, e quando um texto fala de uma ou de outra, pode ser aplicado quase indistinta e indiferentemente a uma e à outra. Além disso, cada alma fiel é igualmente, a seu modo, esposa do Verbo de Deus, mãe de Cristo, filha e irmã, virgem e mãe fecunda. Tudo isso o refere a mesma Sabedoria de Deus, que é o Verbo do Pai, ora à Igreja em sentido universal, ora a Maria em sentido especial, ora a cada alma fiel em particular. 

Assim se lê na Escritura: E habitarei na herança do Senhor. A herança do Senhor é em termos universais a Igreja, em termos especiais Maria e em termos singulares cada alma fiel. No tabernáculo do ventre de Maria, Cristo habitou durante nove meses; no tabernáculo da fé da Igreja, permanecerá até ao fim do mundo; no conhecimento e amor da alma fiel habitará pelos séculos dos séculos.


Dos Sermões do bem-aventurado Isaac, abade do mosteiro da Estrela
(Sermo 51: PL 194, 1862-1863. 1865) (Sec. XII)

Catedrais góticas: façanha técnica maior que a das pirâmides do Egito

Nave central da catedral de Reims, França

A técnica é definida pela Escolástica, da mesma forma que as artes, como “recta ratio factibilium”. Quer dizer, a reta ordenação do trabalho, ou também, a ciência de trabalhar bem. 

Hoje, o mal uso da técnica, a empurra para produzir para além do que é bom, e espalhar instrumentos que afligem a vida dos homens.

Nos tempos em que o espírito do Evangelho penetrava todas as instituições, a técnica produziu frutos que vão além do tudo o que a Humanidade conheceu previamente.

E, dizem especialistas, criaram prédios portentosos que parecem um quebra-cabeça para a mais sofisticada tecnologia moderna. 

Um desses frutos inigualados foram as catedrais medievais.

A catedral de Colônia resistiu aos bombardeios que arrasaram a cidade na II Guerra Mundial.

Até hoje especialistas tentam decifrar como fizeram os arquitetos da Idade Média para, com tão pobres instrumentos, criar obras colossais que “humilham” as técnicas modernas mais avançadas.

Os técnicos das mais variadas especialidades da construção e também da física, da química e das matemáticas se debruçam para tentar descobrir como os medievais erigiram esses prodígios arquitetônicos.

Mergulham eles nos “mistérios das catedrais”.

Santa Joana de Chantal


Joana nasceu em uma família cristã com boas condições sociais. Ainda jovem enamorou-se do Barão de Chantal, de quem se fez esposa. Foi excelente mãe e zelava pela educação cristã dos filhos, do marido e dos empregados. 

Certo dia seu esposo foi caçar e morreu ferido, deixando-a ainda com 18 anos de idade e quatro filhos pequenos. Com muita oração, os filhos e ela foram aos poucos superando a ausência do pai. 

Quatro anos depois conheceu Francisco de Sales, bispo de Genebra, que se tornou seu diretor espiritual. Graças a ele, Joana e mais duas senhoras fundaram a Congregação da Visitação de Santa Maria. Transcorridos mais três anos, os filhos já criados, encaminhados na vida, entrou para o Convento que havia criado, abraçou os trabalhos da congregação e fundou muitos outros conventos na França. 

Morreu com fama de santidade em 1641. 



Concedei-nos, ó Deus, a sabedoria e o amor que inspirastes à vossa filha Santa Joana Francisca de Chantal, para que, seguindo seu exemplo de fidelidade, nos dediquemos ao vosso serviço, e vos agrademos pela fé e pelas obras. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

O que esperar de um país que promove as mortes de inocentes?


Não é de hoje que a infamante tentativa de legalização do aborto espreita de maneira detestável a ordem pública.  E se a sua horrenda prática é repugnante quando defendida por uma militância que não sabe como anda e respira ao mesmo tempo, o que dirá quando a tentativa de legitimá-la parte de autoridades que, por dever de ofício, deveriam garantir a estabilidade e segurança social, com três agravantes:  o fazem ao arrepio da lei, de forma sorrateira e num dia em que a nação inteira foi abatida pela notícia de um trágico acidente aéreo?

Afinal, o que esperar de um país que promove a morte de inocentes?  A resposta não é tão simples e por mais louvável que seja observar e concluir que a sociedade hoje, em muitos aspectos, se assemelha a determinados contextos da história do povo de Israel, é urgente compreender como a legalização do aborto ameaça, gravemente, o futuro de todos nós e, por isso, é tão necessário combatê-la. 

O discurso definitivamente não é religioso, mas antes de tudo político e jurídico. 

Aborto

Não é recente a realização de seminários que tratam de estratégias para a descriminalização do aborto no Brasil, importando destacar que as organizações não governamentais, que defendem a sua legitimação, são financiadas por indústrias interessadas que, cada vez mais, mulheres adiram à prática.

Por essa razão é comum que tais ONGs não empenhem esforços na defesa e promoção de políticas públicas que beneficiem, efetivamente, o sexo feminino, sua dignidade e singularidade sob o ponto de vista humano e social, limitando-se a colocar as mulheres sempre em dicotomia com o sexo masculino, como se por imposição social restasse a elas apenas duas opções: se rebelarem contra o “sistema”, negando a sua natureza feminina, que é geradora de vida em todos os sentidos ou submeterem-se às mais diversas sortes de violência.

A verdade nua e crua é que os argumentos pró-aborto, geralmente pautados em pesquisas falaciosas, desenvolvidas sem qualquer critério científico, e comprovadamente com muitos erros técnicos (e éticos), por entidades partidárias de um determinado segmento comercial, ignoram o perfil procriador do sexo feminino, mutilando, assim, a sua integridade, já que faz parte do negócio incentivar as mulheres a repudiar aquele ser que ela concebeu, na plenitude de si, espoliando por via indireta os direitos, de um e de outro, que devem ser acolhidos e protegidos pela sociedade.

Arcebispo do Rio de Janeiro repudia invasão de igreja durante manifestação


Após policiais invadirem a Igreja São José, no Centro do Rio de Janeiro, durante uma manifestação, a Arquidiocese emitiu uma nota afirmando que “o Senhor Cardeal Arcebispo Orani João Tempesta manifestou seu repúdio pelos lamentáveis fatos ocorridos”.

Na terça-feira, 6 de dezembro, houve uma manifestação em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) por conta da votação do pacote de ajuste fiscal do governo do estado. Foram desencadeados confrontos violentos entre os manifestantes e os policiais.

Conforme nota da Irmandade do Glorioso Patriarca São José, que cuida da Igreja, diante do tumulto, “por precaução e vigilância ao nosso patrimônio sacro-cultural”, “tomamos cuidado de fechar portas e janelas de nosso venerando templo mesmo a contra-gosto”, como costumam fazer quando há manifestações naquela região.

Entretanto, a “tropa da PM (polícia militar) invadiu a igreja pela porta dos fundos, de aceso dos empregados e, subindo às sacadas, no 2º andar, de lá de cima jogavam bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral e gás de pimenta”, relataram.

A Irmandade assinalou ainda que, em resposta, “os manifestantes se revoltaram e começaram a apedrejar o nosso santuário de 410 anos”.

Espanha: Milhares pedem ao tribunal máximo que reabra ação por exposição blasfema contra Eucaristia



A Associação ‘Enraizados’ apresentou mais de 12 mil assinaturas ante o Conselho Geral do Poder Judicial, na Espanha, em protesto pela decisão do juiz Fermín Otamendi, por ter fechado o julgamento contra Abel Azcona, que roubou mais de 240 hóstias consagradas e as apresentou em uma “exposição” blasfema em novembro de 2015.

O juiz considerou que ato de Azcona não era constitutivo de delito contra os sentimentos religiosos e, assim, o deixou livre, sem cargos nem sanções pela acusação de delitos contra os sentimentos religiosos e incitação ao ódio.

 
No último dia 7 de dezembro, o presidente e a vice-presidente de ‘Enraizados’, José Castro Velarde e Maria Isabel Moreno, apresentaram uma queixa ante o Conselho Geral do Poder Judicial, apoiada por 12.402 pessoas, em protesto pela ordem judicial do Juiz Otamendi do Tribunal de Instrução n° 2 de Pamplona.

Esta queixa conta com o maior apoio já apresentado ante o Conselho Geral do Poder Judicial.

Eva e Maria


O Senhor abraçou a condição humana e manifestou-Se no mundo que era seu; a natureza humana sustentava o Verbo de Deus, mas era o Verbo que sustentava a natureza humana. Cristo veio recapitular a desobediência cometida junto à árvore do paraíso terrestre, mediante a sua obediência na árvore da Cruz. As consequências da maldita sedução com que foi enganada Eva, a virgem destinada ao primeiro homem, foram anuladas por meio da mensagem bendita da verdade que o Anjo trouxe a Maria, também ela virgem desposada com um homem. 

E assim, enquanto Eva, seduzida pela mensagem de um anjo, desobedeceu à palavra divina e se afastou de Deus, Maria, ao contrário, guiada pela anunciação de outro anjo, obedeceu à palavra divina e mereceu trazer a Deus em seu seio. Aquela, portanto, deixou-se seduzir para não obedecer a Deus, e esta deixou-se persuadir a obedecer-Lhe. Deste modo, a Virgem Maria tornou-se advogada da virgem Eva. 

Recapitulando em Si mesmo todas as coisas, o Senhor declarou guerra contra o nosso inimigo e venceu aquele que ao princípio, por meio de Adão, havia feito de nós todos seus prisioneiros; e esmagou a sua cabeça, segundo estas palavras de Deus à serpente que se lêem no Génesis: Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela; esta esmagará a tua cabeça enquanto tu tentarás ferir o seu calcanhar. 

Com tais palavras, se proclama de antemão que Aquele que havia de nascer da Mulher Virgem, feito homem como Adão, esmagaria a cabeça da serpente. É deste descendente que fala o Apóstolo na Epístola aos Gálatas: Subsistiu a Lei até chegar o descendente para quem tinha sido feita a promessa. Exprime-se ainda com mais clareza o Apóstolo na mesma Epístola, ao dizer: Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher. O inimigo não teria sido derrotado com justiça, se o seu vencedor não tivesse sido um homem nascido de mulher, pois que desde o princípio ele se tinha oposto ao homem, dominando-o por meio da mulher. 

É por isso que o Senhor afirma ser o Filho do homem, recapitulando em Si aquele primeiro homem de que foi plasmada a primeira mulher e, por meio dela, a humanidade; deste modo, se o género humano tinha sido precipitado na morte por causa de um homem vencido, agora ascendemos à vida por um homem vencedor.


Do Tratado de Santo Ireneu, bispo, «Contra as heresias»
(Lib. 5, l9, 1; 20, 2; 21, 1: SC 153, 248-250. 260-264) (Sec. II)