quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Nota Pastoral sobre a interpretação da Exortação Apostólica “Amoris Laetitia” na Diocese de Frederico Westphalen


NOTA PASTORAL
A INTERPRETAÇÃO DA EXORTAÇÃO APOSTÓLICA “AMORIS LAETITIA”,
NA DIOCESE DE FREDERICO WESTPHALEN

A cada dia nós, Bispo e padres, pastores da Igreja, nos defrontamos com a realidade de católicos, nossos irmãos de fé, que vivem em situação matrimonial irregular, aqueles que contraindo validamente o Matrimônio, tendo-se divorciado, unem-se civilmente em um novo casamento, ou tão simplesmente convivem juntos. Tal realidade produz certamente, no caso de católicos conscientes, um grande sofrimento.

Já antes da celebração dos últimos Sínodos sobre a Família, não só falava-se sobre isto, mas em alguns lugares foi sendo introduzida a prática de se permitir o acesso destes irmãos católicos aos Sacramentos da Penitência e da Eucaristia, com a justificativa de se aplicar nestes casos, uma solução pastoral emergencial, desde que se verificassem algumas condições: um tempo longo de convivência, “arrependimento” das falhas pessoais em relação ao casamento frustrado, a existência de filhos na segunda união, a estabilidade econômica e afetiva, a vida fundamentada na fé, a indicação da própria consciência, a autorização dada por um sacerdote e outras. Assim sendo, muitas das proposições apresentadas por alguns padres sinodais, na verdade são já praticas aceitas em certas realidades eclesiais. Nós pastores da Igreja, sejamos sinceros, cansamos de ouvir nestes últimos anos aqueles que sempre preconizaram mudanças na prática sacramental da Igreja usando o princípio da mudança “de baixo para cima” ou o bem conhecido princípio do fato consumado: adota-se uma prática pastoral e com o tempo a Igreja seria obrigada a aceitá-la, incorporando-a à sua doutrina e à sua prática.

Tendo sido entregue à Igreja, pelo Santo Padre o Papa Francisco, a Exortação Apostólica “Amoris Laetitia”, com a responsabilidade pastoral de bispo da Santa Igreja, entendo que tal Documento pós Sinodal deva ser lido e interpretado no quadro da chamada “hermenêutica da continuidade e do aprofundamento”, o que significa dizer que uma melhor compreensão da doutrina moral da Igreja, fruto da ação do Espírito Santo, gradualmente nos conduz ao conhecimento da verdade inteira e completa, sem jamais contradizer ou negar o magistério precedente.

De nenhuma maneira a doutrina tradicional da Igreja em relação ao Sagrado Matrimônio, à absolvição Sacramental e à recepção da Sagrada Comunhão podem ser modificadas por alguém, já que a mesma é imutável e não pode submeter-se a opiniões pessoais, muito menos a uma questão de práticas impostas de baixo para cima, de princípios fundados em uma falsa misericórdia que aceita a Doutrina, mas que a nega posteriormente na prática pastoral.

Assim sendo, é preciso ler e compreender a Exortação Apostólica “Amoris Laetitia” à luz do Magistério precedente, já que, como o Santo Padre, o Papa Francisco sabiamente escreve, é neste quadro que ela deve ser lida e compreendida.

Frente às interpretações divergentes em relação a esta questão tão importante, que envolve a salvação eterna das pessoas, penso que seja fundamental expor com clareza o que a Igreja ensina a respeito, e não poderá ensinar outra doutrina diferente desta, sob o risco de trair a Verdade que lhe foi confiada por Nosso Senhor Jesus Cristo para ser anunciada por todo o sempre.

Além de obscurecer a sua Missão de anunciar o Evangelho do Matrimônio e da Família, a tão decantada “misericórdia”, que alguns pretendem impor no que diz respeito a uma flexibilidade doutrinal e pastoral pedida e já praticada em alguns lugares para estes casos, seria um verdadeiro acinte à plêiade de santos da Igreja que derramaram seu sangue na defesa da Doutrina tradicional do Matrimônio; um escândalo para tantos casais que vivem a fidelidade matrimonial, mas que carregam, em muitos casos, a cruz de uma união sacramental marcada por dificuldades e um desrespeito àqueles homens e mulheres que por razões diversas vivem nesta situação irregular, oferecendo por si e pelos seus a cruz de não poderem aproximar-se da Sagrada Eucaristia.

A Doutrina que a Igreja ensinou, ensina e ensinará, especialmente sobre a questão da recepção dos sacramentos da Penitência e da Eucaristia é clara: para se receber validamente o Sacramento da Penitência, além da confissão dos pecados e da satisfação, que é o cumprimento da penitência imposta pelo Confessor, é necessária a verdadeira contrição, que inclui em si o propósito de emenda. Sem essa condição, não é possível que alguém seja absolvido e possa receber a Sagrada Comunhão.

No caso de divorciados que voltaram a casar, e dos que simplesmente coabitam anteriormente validamente casados, enquanto os cônjuges são vivos, não é possível legitimar a segunda união civil através da celebração de um Matrimônio canônico.

Assim, a nova união marital constitui uma grave irregularidade, um verdadeiro pecado. Como consequência, para que um católico nessas circunstancias possa ser sacramentalmente absolvido, a condição indispensável é o propósito de não cometer mais este pecado, que neste caso, pressupõe o abandono da vida em comum ou então, seja pelo vínculo afetivo, seja pela idade avançada, seja pela presença de filhos que não podem ser deixados de lado, seja por qualquer outra razão, o continuarem a viver juntos, mas como irmãos ([1]). Só nestas condições é que alguém poderá receber a Sagrada Comunhão. 

O crime que o Papa Francisco considera “vergonhoso e intolerável”.


“Encorajo as pessoas que, de algum modo, ajudam os menores escravizados e abusados a se libertarem desta opressão. Auspicio aos que têm responsabilidade de governo que combatam com decisão esta chaga, dando voz aos nossos irmãos mais pequeninos, humilhados em sua dignidade. É preciso fazer todo esforço para debelar este crime vergonhoso e intolerável.”

Essa é a exortação do Papa no dia em que a Igreja reza e reflete sobre o tráfico de seres humanos, por ocasião da memória de Santa Josefina Bakhita, vítima do tráfico ainda quando criança.

“Esta jovem escravizada na África, explorada e humilhada não perdeu a esperança e levou adiante a fé e acabou por chegar como migrante na Europa. E ali sentiu o chamado do Senhor e se fez freira. Rezemos Santa Josefina por todos os migrantes, refugiados, explorados que sofrem tanto, tanto”, disse Francisco. 

“Samurai de Cristo” é beatificado no Japão


No dia 7 fevereiro foi beatificado em Osaka (Japão), Justo Takayama Ukon, um samurai do século XVI que preferiu renunciar os seus bens, viver a pobreza e morrer no exílio a renunciar a sua fé católica.

Takayama nasceu em 1552, três anos depois que o missionário jesuíta São Francisco Xavier introduziu o cristianismo no Japão. Sua família, que era nobre, ajudava nas atividades missionárias no Japão e protegia os cristãos e missionários jesuítas.

Em 1587, quando começou a perseguição contra a Igreja em seu país, Takayama e seu pai optaram por abandonar as suas terras e os seus títulos para permanecer firmas na fé.

Mais tarde, quando o shogun Tokugawa proibiu definitivamente o cristianismo em 1614, Takayama foi ao exílio e liderou um grupo de 300 católicos japoneses que partiram com ele para as Filipinas. O agora Beato faleceu em Manila, no dia 4 de fevereiro, debilitado por causa da perseguição.

A cerimônia de beatificação foi celebrada na terça-feira, no estádio de Osaka-jo Hall e foi transmitido pela televisão japonesa. Durou três horas e mais de 10.000 pessoas estiveram presentes.

Foi presidida pelo Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato, representando o Papa Francisco.

Durante a homilia, o Cardeal Amato disse que a Igreja do Japão foi abençoada com o grandioso testemunho de muitos mártires e que Justo Takayama Ukon era “um esplêndido testemunho de Cristo para toda a Igreja”.

“Estava fascinado por Jesus Cristo, pelo seu trabalho de caridade e seu sacrifício pela redenção. Esta convicção o converteu em um promotor da evangelização no Japão. Foi um autêntico testemunho e guerreiro de Cristo, não com armas, mas com o seu exemplo e a sua palavra. Perdeu todos os seus privilégios e preferiu uma vida pobre”, disse o Cardeal. 

Holanda: Médica e outros envolvidos são acusados de aplicar eutanásia a idosa com problemas mentais


A Procuradoria da Holanda abriu um inquérito contra os envolvidos em um caso de eutanásia forçada, no qual uma médica decidiu aplicar drogas em uma idosa de aproximadamente 70 anos, que sofria de demência e, portanto, não tinha a capacidade de se expressar claramente.

Segundo informações de ‘DutchNews’, há 4 anos esta idosa foi diagnosticada com demência e indicou que estava disposta a pôr fim à sua vida através da eutanásia, “mas não agora”.

Entretanto, a casa de repouso onde ela estava decidiu que já era hora de aplicar este procedimento, porque a sua condição estava piorando e havia começado a vagar à noite e se comportar de forma agressiva.

Este é o primeiro caso no qual uma médica é formalmente remetida ao Ministério Público por ir além do que a lei permite. Além disso, de acordo com a comissão de avaliação para aplicar a eutanásia, a doutora “ultrapassou uma linha” por não ter interrompido o processo, embora a paciente “reagisse negativamente” quando começaram aplicar a droga por via intravenosa.

Segundo o relatório, a médica colocou uma droga no café da idosa para ela dormir. Quando a mulher tentou impedir que lhe colocassem o soro, a doutora deveria ter interrompido o processo, expressou o comitê.

Entretanto, a doutora pediu à família para que segurasse a idosa, enquanto retomava o processo.

Além disso, o comitê advertiu que o desejo de morte expressado por esta senhora quando ela entrou nesse asilo não demonstra um desejo bem informado sobre a eutanásia.

A lei holandesa permite a administração da eutanásia desde 2002 apenas nos casos de sofrimento insuportável, porém, é cada vez mais aplicada em pessoas com demência e problemas mentais.

As últimas cifras mostram que a quantidade de pacientes com problemas mentais assassinados pela aplicação da eutanásia quadruplicou em apenas quatro anos na Holanda. 

Até que Cristo Se forme em vós


Diz o Apóstolo: Sede como eu, que, sendo judeu de nascimento, segui um critério espiritual e abandonei as considerações exclusivamente materiais. Porque também eu sou como vós, isto é, sou homem. Depois, com discrição e delicadeza, recorda-lhes a sua afeição por eles, para que não o considerem como inimigo. E adianta: Irmãos, em nada me ofendestes; como se dissesse: «Por isso, não penseis que eu vos queira ofender».

Acrescenta ainda: Meus filhos, para que o imitem como a um pai. Por quem sinto novamente as dores da maternidade até que Cristo Se forme em vós. Isto o dizia personificando a Igreja, nossa mãe; de facto, noutra passagem, afirma: Fiz-me generoso para convosco, como a mãe que alimenta os seus filhos.

Cristo forma-Se, pela fé, naquele que acredita, no homem interior, chamado à liberdade da graça, manso e humilde de coração, que não se envaidece com os méritos das suas ações, que nada valem, mas atribui todo o mérito à graça divina. A este pode chamar um dos seus pequenos irmãos e identificá-lo consigo mesmo Aquele que disse: Tudo o que fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes. Cristo é formado naquele que recebe a forma de Cristo; e recebe a forma de Cristo quem se une a Ele com amor espiritual.

O resultado deste amor espiritual é a imitação perfeita de Cristo, na medida em que isto lhe é possível. Quem diz que está em Cristo, afirma São João, deve viver como Ele viveu.

Como os seres humanos são concebidos por suas mães e nelas se vão formando e, uma vez formados, se dão à luz e nascem, pode surpreender-nos a afirmação citada: Por quem sinto novamente as dores da maternidade, até que Cristo Se forme em vós. A não ser que entendamos estas dores da maternidade como referência às angústias e cuidados com que o Apóstolo os formou até nascerem em Cristo; e novamente sente as dores da maternidade por causa dos perigos da sedução com que os vê perturbados. Esta solicitude que lhe causa tantos cuidados a respeito deles, e que ele compara com as dores da maternidade, pode durar até que eles cheguem à medida da estatura de Cristo na sua plenitude, de modo que já não se deixem arrastar por qualquer vento de doutrina.

Por conseguinte, quando diz: Por quem sinto novamente as dores da maternidade, até que Cristo Se forme em vós, não se refere ao início da fé, pela qual já tinham nascido, mas ao fortalecimento e aperfeiçoamento na fé. A estas dores da maternidade se refere também noutra passagem, com palavras diferentes, quando diz: E, além de tudo isto, a minha preocupação de cada dia, o cuidado solícito de todas as Igrejas. Quem é fraco, sem que eu também o seja? Quem se escandaliza, sem que eu não me consuma?



Do Comentário de Santo Agostinho, bispo, sobre a Epístola aos Gálatas (Nn. 37.38: PL 35, 2131-2132) (Sec. V)

Padre… eu matei!


Num confessionário cabe todo o mundo. O confessionário é um lugar de missão. É como ir a terras desconhecidas e evangelizar, anunciar a redenção de Cristo, a sua misericórdia pelo homem, anunciar o Amor de Deus a quem ainda não O conhece.

Num confessionário entra muita dor, muito sofrimento, muita necessidade de ser escutado, de compartilhar situações que não podem mais ser suportadas em solidão; num confessionário entra muito desejo de ser perdoado.

É grandiosa a obra que Deus realiza nos peregrinos que chegam ao Santuário de Pompeya, em Buenos Aires.

Já ouvi a confissão de adultos que mataram. E também de jovens.

Um me disse que não tinha matado em defesa própria, mas para roubar. Ele estava arrependido pelo ato terrível que tinha cometido. Aquilo o tinha transtornado. Quando ele veio até mim, tinha nas mãos uma Bíblia. Disse que queria sair daquela situação. Que queria mudar.

Já passei por vários casos de pessoas que tinham matado. Elas achavam que Deus não podia perdoá-las. Será mesmo que Ele pode? Eu lhes respondo que sim. Digo isso com toda a alma, com força, com toda a clareza. Deus se fez homem para estar conosco. Ele veio para perdoar, para amar, para abraçar. Ele se encarnou para caminhar conosco.

O perdão de Deus é uma força de amor que nos concede a dor pelo mal que cometemos; uma dor que vai muito além do sentimento natural de desgosto pelo mal que fizemos; e também a vontade de repará-lo, de corrigir a nossa vida.

Muitas mães vieram até o meu confessionário com a dor de ter abandonado os seus filhos. Mesmo depois de já terem passado muitos anos. Por diversas razões: porque tinham perdido o trabalho e não sabiam como fazer para lhes dar de comer, ou porque o marido as tinha abandonado, ou pelas duas razões.

Há mulheres que me procuram muitos anos depois, ainda com esse peso. Não conseguem apagar o que fizeram: abandonar seus filhos pequenos que tiveram de crescer com os avós ou com os tios. Ou com estranhos.

Pedem perdão, tentam se justificar com a necessidade, mas sempre com uma grande dor, da qual não conseguem se libertar. São mães que sabem que, em vários casos, cometeram um crime – e isso amargurou a sua vida, embora deem explicações e mais explicações sobre os motivos que tiveram. 

São Miguel Febres


Nascido no Equador, em 1854, São Miguel Febres recebeu como nome de batismo Francisco. Nasceu com uma grave deformação física nos pés, mas seus pais amaram, acima de tudo, aquele filho do Senhor. Sua deficiência não o impediu de dar passos concretos para a vontade de Deus.

O santo entrou para a Congregação dos Lassalistas depois de conhecer a vida religiosa e, ali, foi dando frutos para o Reino de Deus. Dotado de muitos dons para lecionar e escrever, pertenceu à Academia de Letras do Equador. Prestou um grande serviço em Quito, no colégio de La Salle coordenando 1200 crianças. Em tudo buscou a vontade de Deus.

Numa pobreza interior muito grande, a infância espiritual foi o seu segredo; colocou-se no lugar do ser humano, que é o coração de Deus. Totalmente dependente d’Ele e amando o próximo, seu nome de batismo era Francisco, mas seu nome religioso era Miguel. Mais do que uma mudança de nome, uma mudança constante de vida.

Como todos os santos, conseguiu corresponder ao belo chamado do Senhor. São Miguel Febres deu o seu testemunho até o último instante. Quando, no Equador, rompeu-se a perseguição aos cristãos e um grande levante anticlerical, por obediência este santo foi para a Europa. Lá, ele pôde lecionar línguas.

Em 1910, ele partiu para a glória. Suas últimas palavras foram: “Jesus, José e Maria, eu vos dou o meu coração e a minha alma”. Palavras essas que bem representam toda uma vida entregue nas mãos de Deus.

Rezemos, pedindo a intercessão desse santo para que a nossa vida seja assim também.


Santo Irmão Miguel, amigo de crianças e jovens, curado numa aparição da Virgem Maria das pernas entrevadas, que tantos favores já obtiveste de Deus para teus devotos, alcança-me, te peço com fervor, a graça, (pedido). Por Nosso Senhor Jesus Cristo.Amém.


São Miguel Febres, rogai por nós!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Cardeal Muller dá interpretação final da Amoris Lætitia


Na semana passada foi publicada uma entrevista com o Cardeal Gerhard Muller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Além do Papa, é ele que tem autoridade para interpretar os documentos da Igreja de acordo com o Magistério, como ele próprio diz na entrevista.

Nos últimos meses surgiram entre alguns bispos dúvidas sobre a interpretação correcta da exortação apostólica Amoris Lætitia. Nesta entrevista o Cardeal Muller não disse nenhuma novidade, mas voltou a esclarecer que a única interpretação possível da Amoris Lætitia é a que está de acordo com o Catecismo da Igreja Católica.

Aqui fica parte da entrevista:
  
Pode haver alguma contradição entre a Tradição e a própria consciência?

Não, é impossível. Por exemplo, não se pode dizer que haja circunstâncias em que um adultério não constitui um pecado mortal. Para a doutrina católica é impossível a coexistência entre o pecado mortal e a graça santificante. Para superar esta absurda contradição, Cristo instituiu para os fiéis o Sacramento da Penitência e Reconciliação com Deus e com a Igreja.

Esta é uma questão que se discute muito a propósito do debate em torno da exortação pós-sinodal Amoris Lætitia.

Amoris Lætitia deve ser interpretada claramente à luz de toda a doutrina da Igreja. (...) Eu não gosto disto, não está certo que tantos bispos estejam a interpretar a Amoris Lætitia de acordo com a sua maneira de entender o ensinamento do Papa. Isto não está de acordo com a doutrina Católica. O magistério do Papa é interpretado apenas por ele ou pela Congregação para a Doutrina da Fé. O Papa interpreta os bispos, não são os bispos que interpretam o Papa, isto é uma inversão da estrutura da Igreja Católica. Eu insisto com todos os que estão a falar demais para estudarem a doutrina sobre o papado e o episcopado. O bispo, como mestre da Palavra, tem que ser primeiro bem formado para não cair no risco do cego a guiar os cegos. (...)

A exortação Familiaris Consortio de São João Paulo II estipula que os casais divorciados e recasados que não se podem separar, para receberem os sacramentos, têm que decidir viver em continência. Este requisito ainda é válido?

Claro, não é dispensável. Porque isto não é apenas uma lei positiva de João Paulo II. Ele expressou um ensinamento essencial da teologia moral Cristã e da teologia dos sacramentos. A confusão neste ponto também tem a ver com a incapacidade de aceitar a encíclica Veritatis Splendor, com a doutrina clara sobre o "intrinsece malum." (...) Para nós o matrimónio é a expressão da participação na união entre o noivo, Cristo, e a Igreja, sua noiva. Isto não é, como alguns diziam durante o Sínodo, uma analogia simples e vaga. Não! É a substância do sacramento, e nenhuma autoridade no céu ou na terra, nem um anjo, nem o Papa, nem um concílio, nem a lei dos bispos, tem o poder para mudar isso.