Boa tarde, a paz de Jesus!
Caro irmão, eu sou padre da igreja Católica
Apostólica Independente de Tradição Salomonia, a que foi funda por o Bispo Dom
Salomão Ferraz, que morreu como bispo auxiliar de São Paulo, como bispo da
Igreja Romana. Gostaria de saber o porquê que agora a Igreja não nos reconhece,
já que ele foi aceito como bispo romano sem ser consagrado novamente? Já que
temos sucessão apostólica valida, por que a Igreja não reconhece nossos
sagramentos (sic)? Gostaria muito que
os senhores irmãos, mim (sic)
explicassem isso. Obrigado pela atenção que Deus lhe abençoe muito.
Abraço, padre Gaspar.
Fraterno padre Gaspar, paz e bem!
Recebemos com muita alegria a sua
mensagem, e resolvemos respondê-lo com o máximo de cuidado e atenção possível
afim de que os fatos sejam esclarecidos para que não haja dúvida alguma acerca
das questões que envolvem a Igreja Católica Brasileira e suas dissidentes como
a Igreja Católica Apostólica
Independente de Tradição Salomoniana. Esperamos que leia com muita atenção e
tire suas dúvidas.:
“Eles saíram de entre nós, mas não eram dos nossos.
Se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco” (1Jo 2,19).
Primeiramente
convém levar em conta que “A única Igreja de Cristo,... é aquela que nosso
Salvador, depois da sua Ressurreição, entregou a Pedro para apascentar e
confiou a ele e aos demais Apóstolos para propagá-la e regê-la... Esta Igreja,
constituída e organizada neste mundo como uma sociedade, subiste (subsistit in)
na Igreja Católica governada pelo
sucessor de Pedro e pelos Bispos em
comunhão com ele” (CIC Nº 816).
Esta resposta
já seria suficiente para afirmar porque a Igreja
Católica Romana não reconhece a Igreja Católica Apostólica Independente
de Tradição Salomoniana (ICAI-TS), também
conhecida como Catolicismo Salomonita
ou Catolicismo Evangélico Salomonita.
Nosso Senhor Jesus Cristo fundou uma só Igreja, as denominações fundadas por
homens, são frutos de discórdias e desavenças dos homens. A ICAI-TS foi
fundada, como você mesmo disse, por Dom Salomão Ferraz, ex-pastor presbiteriano
que foi sagrado ao episcopado por Dom Carlos Duarte da Costa, um bispo desertor
da Igreja Católica Romana, que fundou sua própria denominação: a Igreja Católica Brasileira (ICAB).
Ora, uma vez
que o sacramento da ordem é indelével, se um bispo validamente sagrado na
Igreja Católica Romana, dela se separa e ordena outro como diácono, padre ou
bispo, não seria válida esta ordenação? Vejamos:
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D. Salomão, junto a bispos
brasileiros, na Praça de São Pedro, durante o Concílio Vaticano II.
D. Salomão é o terceiro a contar da
direita.
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História
Em 1925
Salomão, que era presbiteriano, elaborou e publicou um estudo chamado Princípios e Métodos, que discursava
sobre a validade dos batismos efetuados por padres católicos romanos, dizendo
que tais batismos eram válidos por ser feito sobre a palavra e o nome de Jesus
Cristo, independente de a Igreja Católica Romana ser vista como errada pelos
protestantes.
Ele acaba
entrando em conflito com as autoridades presbiterianas e se transfere para a Igreja Episcopal do Brasil, atual Igreja
Episcopal Anglicana do Brasil, onde é ordenado diácono e presbítero.
Em 1936 a Ordem de Santo André (OSA), fundada por ele,
se reúne em um congresso nacional onde é lançada e aprovada a obra “A Igreja e a Sinagoga”, aonde Salomão
Ferraz trata sobre o que a Igreja é, e o que a Igreja não é. Nesse congresso é
aprovada também a criação da Igreja Católica Livre, uma igreja autônoma e
nacional.
Salomão Ferraz
é eleito bispo para a Igreja Católica
Livre e busca a sagração na Europa, e é aceito para ser sagrado pelos Vétero-Católicos de Utrecht, porém
devido a II guerra mundial ficou impedido de ser sagrado na Europa.
Aqui é
importante destacar que a Igreja Católica
Romana não considera válidas as ordenações realizadas nas igrejas
presbiterianas, anglicanas e nem pelos vétero-católicos. No caso da Igreja Anglicana, o Santo Padre Leão
XIII declarou, depois do assunto ter sido seriamente debatido com os teólogos,
que, de acordo com fontes históricas e dogmáticas, categoricamente o
anglicanismo havia perdido a sucessão apostólica, pois quando a igreja da
Inglaterra caiu em heresia, comprovou-se que os sacramentos - incluindo aí o
sacramento da Ordem - passaram a ser pervertidos no que sempre foram, e
adotaram uma nova doutrina que os anulou. A
partir daquele momento, todo
candidato às Ordens Sacras foi sagrado de forma inválida, porque os
novos “sacramentos”, dentre eles a Eucaristia e a Ordem já não eram mais
os mesmos da Igreja Católica Romana.
A intenção não era mais sacrifical, mas protestante. Não se tratava somente de
um cisma, como no oriente, mas houve uma mudança doutrinária, e isso tornou
todos os sacramentos do anglicanismo inválidos, com exceção do batismo. Sendo assim,
todos os “padres” ordenados já não eram padres, e muito
menos os bispos. O anglicanismo é apenas uma seita protestante que pensa ou
pensava ter sucessão apostólica.
Dom Carlos Duarte da Costa, um bispo que se desligou da Igreja Católica Romana e fundou a Igreja Católica Brasileira foi suspenso de ordens em
1944, isto é, perdeu a autorização para exercer as funções do sagrado
ministério. Conheceu Salomão Ferraz, um homem casado e pai de sete filhos, e aceitou
sagrá-lo em 1945; um fato importante é que mesmo que Dom Carlos ainda não
tivesse recebido a excomunhão de Roma quando sagrou Salomão Ferraz, ordenando-o sem mandato
pontifício
(opondo-se diretamente ao papel espiritual do Sumo Pontífice danificando a
unidade da Igreja) e, portanto, de forma ilegítima, incorreu em violação
da norma do cânon 1382 do Código de Direito Canônico que prevê a excomunhão
automática: "o Bispo que confere a
alguém a consagração episcopal sem mandato pontifício, assim como o que recebe
dele a consagração, incorre em excomunhão latae sententiae (automática)
reservada à Sé Apostólica". Neste cânon se considera que algumas
circunstâncias como "o temor grave,
a injusta provocação, a ignorância
da pena canônica",
entre outras, são "atenuantes que
excluem a pena latae sententiae".
Vale lembrar que a excomunhão de um
membro do clero não lhe tira o sacramento da ordem, mas torna ilícitos
todos os seus atos; por isso, quando em 1959, Dom Salomão Ferraz manifestou seu desejo de entrar em comunhão com a Igreja Católica Apostólica Romana, seu
pleito não só foi atendido, como ele teve a sua excomunhão suspensa apesar de ordenado irregularmente e
foi recebido na Igreja pelas mãos do então
cardeal Arcebispo de São Paulo sem que fosse reordenado (nem mesmo sob
condição), apesar de continuar casado* e pai de sete filhos, pois dom
Carlos Duarte era verdadeiramente bispo, embora o Santo Ofício o tenha
declarado excomungado vitandus (= a ser evitado) aos 3 de julho de 1946.
No dia 8 de dezembro de 1959 Dom Salomão fez voto de profissão de fé
católica e assinou o respectivo termo de compromisso. Nessa mesma igreja
celebrou a primeira missa como bispo da Igreja
Católica Apostólica Romana e, posteriormente, foi recebido pelo Cardeal
Motta no palácio Pio XII. Sua recepção na condição de bispo e exercendo o
ministério episcopal deu-se por expressa permissão do Papa São João XXIII (que
o fez bispo titular de Eleuterna em 10 de maio de 1963), a quem teve a
oportunidade de encontrar uma vez em Roma, bem como tomou parte no Concílio do
Vaticano II como padre conciliar,
morrendo em plena comunhão com a Igreja Católica Apostólica Romana. Seu nome consta como bispo católico
romano regular nos principais repositórios de informações sobre bispos
católicos.