O Concílio Vaticano II abriu um novo horizonte de valorização de
uma Teologia do Espírito Santo. Raniero Cantalamessa, nas pregações do Advento
último, comenta as três grandes afirmações do Credo sobre o Espírito Santo: 1.
“Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida”. 2. “... e procede do Pai (e do
Filho) e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado”. 3. "... e falou
pelos profetas".
Traduzo aqui, em linguagem coloquial, o aprofundamento de
Cantalamessa, começando com a primeira afirmação:
1.. “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida”.
O credo não diz que o Espírito Santo é "o" Senhor ( no
credo, se proclama, "e creio em um só Senhor Jesus Cristo"!). Senhor
indica aqui a natureza, não a pessoa; diz o que é, não quem é o Espírito Santo.
"Senhor" significa que o Espírito Santo compartilha o Senhorio de
Deus, que está do lado do Criador, e não das criaturas; em outras palavras, que
é de mesma natureza divina – mesmo ser.
A Igreja chegou a esta certeza baseando-se não somente na
Escritura, mas também na própria experiência de salvação. O Espírito, já
escrevia Santo Atanásio, não pode ser uma criatura, porque quando somos tocados
por ele (nos sacramentos, na Palavra, na oração) fazemos a experiência de
entrar em contato com Deus em pessoa, e não com o seu intermediário. Se nos
diviniza, isso significa que ele próprio é Deus¹.
A expressão segundo a qual o Espírito Santo "dá a
vida" é tomada de várias passagens do Novo Testamento: "É o Espírito
que dá a vida" (Jo 6, 63); "A lei do Espírito dá a vida em Cristo
Jesus" (Rm 8, 2); "O último Adão tornou-se espírito que dá a
vida" (1 Cor 15, 45); "A letra mata, o Espírito dá a vida" (2
Cor 3, 6).