Depois de várias
aparições de Cristo ressuscitado às mulheres, aos apóstolos, aos discípulos,
hoje Jesus se apresenta como o BOM PASTOR! É um título de Cristo muito familiar
aos primeiros cristãos.
A liturgia deste domingo convida-nos a meditar na misericordiosa ternura
de nosso Salvador, para que reconheçamos os direitos que Ele adquiriu sobre
cada um de nós com a sua morte.
Na primeira leitura (At 2,14-41) ouvimos o discurso de Pedro, no dia de
Pentecostes. Ele se dirige à multidão dos judeus que não se tinham ainda se
convertido; explica-lhes o sentido da morte de Cristo, prepara-os para a fé e a
conversão. O pescador da Galiléia está fazendo sua primeira experiência como
pescador de homens: “Naquele dia se uniram a eles cerca de três mil pessoas…” (Cf.
At 2, 41).
No Evangelho ( Jo 10, 1-10) ouvimos a palavra do próprio Cristo que nos
fala em primeira pessoa: Eu sou o bom pastor: eu sou a porta. É uma catequese
sobre a missão de Jesus: conduzir o homem às pastagens verdejantes e às fontes
cristalinas, de onde brota a vida em plenitude.
O Bom Pastor aparece numa atitude de ternura com as ovelhas… Ele as
conhece,as chama pelo nome, caminha com elas e estas O seguem. Elas escutam a
Sua voz, porque sabem que as conduz com segurança.
Em contraste com o pastor, aparece a figura dos ladrões e dos bandidos.
São todos os que se apresentam como Pastor, ou até falam em nome de Cristo, mas
procuram somente vantagens pessoais. Além do título de Bom Pastor, Cristo
aplica-Se a Si mesmo a imagem da porta pela qual se entra no aprisco das
ovelhas que é a Igreja. Ensina o Concílio Vaticano II:” A Igreja é o redil, cuja
única porta e necessário pastor é Cristo (LG,6). No redil entram os pastores e
as ovelhas. Tanto uns como outras hão de entrar pela porta que é Cristo. “Eu,
pregava Santo Agostinho, querendo chegar até vós, isto é, ao vosso coração,
prego-vos Cristo: se pregasse outra coisa, quereria entrar por outro lado.
Cristo é para mim a porta para entrar em vós: por Cristo entro não nas vossas
casas, mas nos vossos corações. Por Cristo entro gozosamente e escutais-me ao
falar d Ele. Por quê? Porque sois ovelhas de Cristo e fostes compradas com o
Seu Sangue”.
“… e as ovelhas O seguem, porque conhecem a sua voz” (Jo 10,4). Ora, a
Igreja é Cristo continuado! Diz São Josemaria Escrivá: “Cristo deu à Sua Igreja
a segurança da doutrina, a corrente de graça dos sacramentos; e providenciou
para que haja pessoas que nos orientem, que nos conduzam, que nos recordem
constantemente o caminho. Dispomos de um tesouro infinito de ciência: a Palavra
de Deus guardada pela Igreja; a graça de Cristo, que se administra nos
Sacramentos; o testemunho e o exemplo dos que vivem com retidão ao nosso lado e
sabem fazer das suas vidas um caminho de fidelidade a Deus” (Cristo que passa,
nº 34). Jesus é a porta das ovelhas! Para as ovelhas significa que Jesus é o
único lugar de acesso para que as ovelhas possam encontrar as pastagens que dão
vida.
Para os cristãos, o Pastor por excelência é Cristo: Ele recebeu do Pai a
missão de conduzir o rebanho de Deus… Portanto, Cristo deve conduzir as nossas
escolhas.
No trecho do Evangelho de hoje, a palavra “porta” aparece quatro vezes.
Jesus é a porta! Ou seja, o acesso a Deus, à felicidade, a uma vida
verdadeiramente humana, é possível somente através de Cristo. Outras vozes,
outras portas, outros pastores não conduzem à vida em abundância que só Jesus tem
para dar-nos. Assim como Jesus é a porta das ovelhas, o sacerdote –agindo na
Pessoa de Cristo cabeça e em nome da Igreja– também é porta.
Esse é um critério importante para pastores e ovelhas. O sacerdote tem
que ser pastor no Pastor. Ele não pode pregar uma doutrina diferente da de
Jesus. Se o padre pregasse algo diferente do Evangelho, ele estaria fazendo
ressoar uma voz que as ovelhas não seguiriam porque elas não reconhecem nesse
tipo de pregação a voz de Cristo, Pastor das suas almas. Nós, os sacerdotes,
somos instrumentos do único Pastor. Chamam-nos pastores, e o somos, porque
participamos no pastoreio de Jesus. Quando anunciamos a Palavra e quando
celebramos os Sacramentos não somos nós, é Cristo em nós. Somos o mesmo Cristo,
estamos identificados com ele. Que absurdo, portanto, pregar algo diferente do
Evangelho! Que contrassenso pregar uma doutrina que não seja a doutrina
católica, tanto em questões de fé quanto em questões de moral.
Os fiéis de Cristo têm direito a escutar a voz de Cristo através dos
seus sacerdotes. Os ministros do Senhor foram ordenados para isso. Os fiéis
podem e devem exigir deles o Cristo. Os demais cristãos não podem tolerar uma
doutrina que não seja a do Divino Pastor e a da sua Esposa, a Igreja, vinda da
boca de um sacerdote. Se tal coisa se desse, os fiéis deveriam, justamente,
manifestar-se –mas com cuidado para não faltar à caridade– e pedir o que eles
desejam: Jesus Cristo, sua palavra santa, os seus sacramentos.
Quem nos conduz? Qual é a voz que escutamos? A voz da política, a voz da
opinião pública, a voz do comodismo e da instalação, a voz dos nossos
privilégios, a voz do êxito e do triunfo a qualquer custo, a voz da novela? A
voz da televisão?
Cristo é o nosso Pastor! Ele Conhece as ovelhas e as chama pelo nome,
mantendo com cada uma delas uma relação muito pessoal.
A existência humana é bem complexa para que se possa vivê-la com
segurança absoluta. Jesus, porém, oferece a quem O segue a direção exata e a
proteção eficaz para evitar os elementos que podem prejudicar. Afirma o Sl
22(23): “Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei;estais
comigo…”.
O Divino Pastor é quem pode, realmente, ajudar, salvar e conservar a
vida. Ele afirmou: “Eu vim para que todos tenham a vida e a tenham em abundância”
(Jo 10, 10).
Para distinguir a Voz do Pastor é preciso três coisas: – Uma vida de
oração intensa; um confronto permanente com a Palavra de Deus e uma
participação ativa nos sacramentos, onde recebemos a vida, que o Pastor nos
oferece.