A alma católica tem em seu cerne uma admirável ordem, em que
resplandece um sadio respeito, uma honesta reverência por quem representa uma
legítima autoridade. Destes presume sempre bondade e inocência, jamais julga,
jamais condena, a não ser de mal-grado e após incontestáveis e inescusáveis
evidências, e ainda discreta e respeitosamente.
É próprio da mente revolucionária a revolta e a protestação, a
celeuma e a acusação. E, isso, desde sempre! Satanás, o pai da revolução,
revoltou-se contra Deus em seu “non serviam”, tornando-se acusador (cf. Ap
12,10). O cristão, ao contrário, sabe respeitar e chegar ao entendimento em
particular (cf. Mt 18,15), ainda mais quando se tratam daqueles cuja Escritura
afirma: “não toqueis em meus ungidos” (Sl 104,15).
Alguns
néo-conversos, que ainda carregam em si o espírito protestador, incapazes de
viver a finura da caridade e da justiça, insensíveis para a
paternidade espiritual e obtusos de compreensão até para as mais
despretensiosas ironias humanas, precisam de nossa oração e nosso exemplo,
ainda mais quando se erigem em apóstolos, enquanto deveriam dar-se conta de que
nem começaram a engatinhar como discípulos. Estes, em seu ânimo afoito,
frequentemente confundem os pais com inimigos e, estes, com modelos aos quais,
sem notarem, emulam.
Apontam nos outros o que abunda em si, exigem respeito
desrespeitando, atacam se escondendo, crêem-se homens enquanto se escondem como
moleques, perplexos em sua puerilidade de pirralhos.
Insensatos, raivosos, intolerantes, saturam-se num não percebido
farisaísmo, que se escandaliza com Deus, o Qual brinca nas superfícies da terra
(cf. Pr 8,31).
Assim, encarnam em suas
existências o ranço de uma graça sem graça, sem a jovialidade do fruto do
Espírito, que “é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade,
fidelidade, brandura, temperança. Contra estas coisas não há lei” (Gl 5,22-23),
consumindo-se nas obras da carne, entre as quais estão brigas, rixas, divisões
e partidos (cf. Gl 5,20).