sexta-feira, 9 de junho de 2017

A profissão de fé de São Pedro Canísio diante dos erros protestantes


São Pedro Canísio, declarado Doutor da Igreja em 1925 pelo Papa Pio XI, foi um sacerdote jesuíta holandês nascido em 1521. É reconhecido como forte combatente contra a reforma protestante, especialmente na Áustria, Suíça e Alemanha – neste último país, aliás, se diz que a fé católica foi conservada graças aos esforços deste santo.

A partir de 1571, em meio à desordem doutrinal provocada pelo protestantismo e suas interpretações da Bíblia, São Pedro Canísio passou a incluir esta profissão de fé em todos os seus livros:

Professo diante de Vós a minha fé, Pai e Senhor do Céu e da terra, meu Criador e Redentor, minha força e minha salvação, que desde os meus mais tenros anos não cessastes de nutrir-me com o pão sagrado da vossa Palavra e de confortar o meu coração.

A fim de que eu não vagasse, errando como as ovelhas transviadas que não têm pastor, Vós me congregastes no seio de vossa Igreja; colhido, me educastes; educado, continuastes a me ensinar com a voz daqueles pastores nos quais Vós quereis ser ouvido e obedecido como em pessoa pelos vossos fiéis.

Confesso em alta voz, para a minha salvação, tudo aquilo que os católicos sempre acreditaram de bom direito nos seus corações; não quero ter nada em comum com os que não falam nem ouvem retamente, nem possuem a única regra da verdadeira Fé proposta pela Igreja Una, Santa, Católica, Apostólica e Romana.

Uno-me, em vez disso, na comunhão, abraço a fé, sigo a religião e aprovo a doutrina daqueles que ouvem e seguem a Cristo, não apenas quando ensinada nas Escrituras, mas também quando julgada pela boca dos Concílios Ecumênicos e definida pela boca da Cátedra de Pedro, testemunhando-a com a autoridade dos Padres.

Professo-me também filho daquela Igreja Romana que os ímpios blasfemos desprezam, perseguem e abominam como se fosse anticristã; não me afasto de nenhum ponto da sua autoridade, nem me recuso a dar a vida e derramar o meu sangue em sua defesa, e creio que os méritos de Cristo podem obter a minha salvação e a de outros somente na unidade desta mesma Igreja.

Confesso essa Fé e doutrina que aprendi ainda criança, confirmei na juventude, ensinei como adulto, e que, agora, com a minha débil força, defendo. Professo francamente, com São Jerônimo, ser uno com quem é uno à Cátedra de Pedro, e protesto, com Santo Ambrósio, seguir em todas as coisas a Igreja Romana que reconheço respeitosamente, com São Cipriano, como raiz e mãe da Igreja universal.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

12 regras de ouro para portar-se bem durante a Missa


A fim de aproveitar ao máximo os grandes frutos espirituais que se recebe na Missa é necessário participar da celebração com reverência.

A seguir, confira 12 regras de ouro ou conselhos práticos que servem para aproveitar a Missa e participar, ativa e reverentemente, na Eucaristia.

1. Não use o celular: Você não precisa dele para falar com Deus

Os celulares nunca devem ser usados na Missa para fazer ligações ou enviar mensagens de texto. É possível atender um telefonema de emergência, mas do lado de fora do templo. Por outro lado, é possível usar o telefone para leituras espirituais ou orações, embora seja necessário ser discreto.

2. Fazer jejum antes da Celebração Eucarística

Consiste em deixar de comer qualquer alimento ou tomar algo, pelo menos uma hora antes da Sagrada Comunhão, com exceção da água e dos remédios.

Os doentes podem comungar embora tenham tomado algo neste período antes da Missa. O objetivo do jejum é ajudar na preparação para receber Jesus na Eucaristia.

3. Não comer nem beber na Igreja

As exceções seriam: uma bebida para crianças pequenas ou leite para os bebês, água para o sacerdote ou para as pessoas do coral (com discrição) e para os doentes.

Levar um aperitivo à igreja não é apropriado, porque o templo é um lugar de oração e de reflexão.

4. Não mascar chiclete

Ao fazer isso, rompe-se o jejum, ocorre uma distração, está sendo indelicado em um ambiente formal e não ajuda na oração.

5. Não usar chapéu

É falta de educação usar um chapéu dentro de uma Igreja. Embora esta seja uma norma cultural, deve ser cumprida. Assim como tiramos o chapéu quando se faz um juramento, assim se deve fazer na Igreja como um sinal de respeito.

6. Fazer o sinal da cruz com água benta ao entrar e sair do templo

Esta é uma forma de recordar o Batismo, sacramento pelo qual renascemos para a vida divina e nos tornamos filhos de Deus e membros da Igreja. É necessário estar plenamente consciente do que acontece ao fazer o sinal da cruz e se deve fazer pronunciando alguma oração.

São Medardo


Medardo nasceu no ano 457 em Salency, norte da França. Sua mãe era descendente de uma antiga e tradicional família romana, seu pai era um nobre da corte francesa e seu irmão Gildardo foi bispo de Rouen, mais tarde canonizado pela Igreja. Essa posição social garantiu-lhe uma educação de primeiro nível. Desde criança foi colocado sob a tutela do bispo de Vermand, para receber uma aprimorada formação intelectual e religiosa.

Piedoso e inteligente, logo se evidenciaram seus dons de caridade e humildade, com atitudes que depois eram comentadas por toda a cidade. Ele chegava a ficar sem comer para alimentar os famintos e, certa feita, tirou a roupa do corpo para dá-la a um velhinho cego e quase despido que lhe pediu uma esmola.

Medardo ordenou-se sacerdote aos trinta e três anos e imediatamente começou uma carreira de pregador que ficaria famosa pelos séculos seguintes. No ano 530, sucedeu o bispo de Noyon, sendo consagrado pelas mãos do bispo de Reims, Remígio, hoje santo, o qual era também conselheiro do rei Clotário, embora este ainda não tivesse se convertido, mas tolerava o cristianismo.

Foi pelas mãos do bispo Medardo que a rainha Radegunda tomou o hábito beneditino. Ela que abandonara o próprio rei Clotário, acusado de fratricídio. Aquela situação delicada não intimidou Medardo, que colocou sua vida em jogo para amparar a rainha cristã, que por motivos políticos fora obrigada a coabitar com um rei pagão. A história conta que Radegunda fundou um mosteiro beneditino, aliás o primeiro a cuidar de doentes, no caso os leprosos.

Mais tarde, quando Medardo já era conhecido como eficiente e contagiante pregador, recebeu do rei Clotário, então convertido, e do conselheiro, o bispo Remígio, o pedido de socorrer uma comunidade vizinha, ainda impregnada de paganismo, a diocese de Tournay.

Dirigiu as duas ao mesmo tempo, de forma perfeita, e converteu tanta gente de Tournay que, pelos quinhentos anos seguintes, elas seguiram sendo uma só diocese.

Mas não parou por aí. A província de Flandres, altamente influenciada pela filosofia dos gregos, tinha um índice de pagãos maior ainda. Novamente, Medardo foi solicitado. Quando morreu em Noyon, no dia 8 de junho em 545, toda aquela província também era católica.


A sua morte foi muito sentida e imediatamente seu culto foi difundido por toda a França, espalhando-se por todo o mundo católico. O rei Clotário mandou trasladar suas relíquias de Noyon para a capital, Soisson, onde, sobre sua sepultura, o sucessor mandou erguer uma abadia, que existe até hoje na França.
 


Ó Deus, concedei-nos, pelas preces de São Medardo, a quem destes perseverar na imitação do Cristo pobre e humilde, seguir a nossa vocação com fidelidade e chegar àquela perfeição que nos propusestes em vosso Filho. Que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo. Amém. 

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Filipinas: Cristãos e muçulmanos condenam profanação da Catedral


Os terroristas do grupo islamista Maute, que se declara ligado ao autoproclamado Estado Islâmico, atacaram a catedral católica de Marawi City, nas Filipinas, e sequestraram cerca de quinze pessoas, entre fiéis, um sacerdote e algumas religiosas que rezavam na igreja. A notícia divulgada pela Agência Fides tem como fonte o próprio dom Edwin de la Pena, bispo de Marawi City. A localidade fica na ilha de Mindanao, região sul do país.

Aproximadamente cem ativistas do grupo Maute ocuparam a cidade na semana passada. Em resposta, o presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, impôs a lei marcial na ilha de Mindanao.

Dom Edwin explicou à Fides:

“Os fiéis estavam na igreja para rezar a Nossa Senhora no último dia da novena [a Maria Auxiliadora]. Os terroristas invadiram a igreja e fizeram todos reféns. Não sabemos para onde os levaram. Entraram também na residência do bispo e sequestraram o vigário geral, o pe. Teresito Soganub. Depois tocaram fogo na catedral e na casa episcopal. Ficou tudo destruído. Estamos muito abalados”.

O bispo se salvou porque estava em visita pastoral a um povoado nos arredores de Marawi. Mencionando as ameaças que a Igreja vinha recebendo ao longo dos últimos meses, ele prossegue:

“Os terroristas ocuparam a cidade. As pessoas estão aterrorizadas e encerradas em casa. Agora estamos à espera da reação do exército. Por enquanto é questão de retomar a cidade com o menor derramamento de sangue possível. Não se fala dos reféns. Acionamos os nossos canais, a Igreja, os líderes islâmicos, e esperamos começar logo as negociações para que eles sejam libertados sãos e salvos.

Aconteceu precisamente na véspera da festa de Maria. É a ela que pedimos ajuda. A ela, que é o auxílio dos cristãos, pedimos pela salvação dos nossos fiéis. Só ela pode vir em nosso resgate. Também fazemos um apelo ao Papa Francisco para que reze por nós e peça aos terroristas para libertarem os reféns em nome da nossa humanidade comum. A violência e o ódio só trazem destruição. Pedimos também aos fiéis de todo o mundo que rezem conosco pela paz”.

Em resposta ao ataque, o presidente Duterte interrompeu sua visita a Moscou para regressar às Filipinas e enfrentar a crise. O grupo que invadiu Marawi incendiou até a prisão local e duas escolas.

Enquanto a maior parte dos filipinos é católica, o sul do país tem maioria muçulmana. A ilha de Mindanao sofre há décadas com a ação violenta de um movimento separatista islâmico. A cidade de Marawi, ali situada, tem cerca de 200 mil habitantes, na maioria seguidores do islã.

Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões 2017


MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA FRANCISCO 
PARA O DIA MUNDIAL DAS MISSÕES 2017

A missão no coração da fé cristã

Queridos irmãos e irmãs!

O Dia Mundial das Missões concentra-nos, também este ano, na pessoa de Jesus, «o primeiro e maior evangelizador» (Paulo VI, Exort. ap. Evangelii nuntiandi, 7), que incessantemente nos envia a anunciar o Evangelho do amor de Deus Pai, com a força do Espírito Santo. Este Dia convida-nos a refletir novamente sobre a missão no coração da fé cristã. De facto a Igreja é, por sua natureza, missionária; se assim não for, deixa de ser a Igreja de Cristo, não passando duma associação entre muitas outras, que rapidamente veria exaurir-se a sua finalidade e desapareceria. Por isso, somos convidados a interrogar-nos sobre algumas questões que tocam a própria identidade cristã e as nossas responsabilidades de crentes, num mundo baralhado com tantas quimeras, ferido por grandes frustrações e dilacerado por numerosas guerras fratricidas, que injustamente atingem sobretudo os inocentes. Qual é o fundamento da missão? Qual é o coração da missão? Quais são as atitudes vitais da missão?

A missão e o poder transformador do Evangelho de Cristo, Caminho, Verdade e Vida

1. A missão da Igreja, destinada a todos os homens de boa vontade, funda-se sobre o poder transformador do Evangelho. Este é uma Boa Nova portadora duma alegria contagiante, porque contém e oferece uma vida nova: a vida de Cristo ressuscitado, o qual, comunicando o seu Espírito vivificador, torna-Se para nós Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14, 6). É Caminho que nos convida a segui-Lo com confiança e coragem. E, seguindo Jesus como nosso Caminho, fazemos experiência da sua Verdade e recebemos a sua Vida, que é plena comunhão com Deus Pai na força do Espírito Santo, liberta-nos de toda a forma de egoísmo e torna-se fonte de criatividade no amor.

2. Deus Pai quer esta transformação existencial dos seus filhos e filhas; uma transformação que se expressa como culto em espírito e verdade (cf. Jo 4, 23-24), ou seja, numa vida animada pelo Espírito Santo à imitação do Filho Jesus para glória de Deus Pai. «A glória de Deus é o homem vivo» (Ireneu, Adversus haereses IV, 20, 7). Assim, o anúncio do Evangelho torna-se palavra viva e eficaz que realiza o que proclama (cf. Is 55, 10-11), isto é, Jesus Cristo, que incessantemente Se faz carne em cada situação humana (cf. Jo 1, 14).

A missão e o kairós de Cristo

3. Por conseguinte, a missão da Igreja não é a propagação duma ideologia religiosa, nem mesmo a proposta duma ética sublime. No mundo, há muitos movimentos capazes de apresentar ideais elevados ou expressões éticas notáveis. Diversamente, através da missão da Igreja, é Jesus Cristo que continua a evangelizar e agir; e, por isso, aquela representa o kairós, o tempo propício da salvação na história. Por meio da proclamação do Evangelho, Jesus torna-Se sem cessar nosso contemporâneo, consentindo à pessoa que O acolhe com fé e amor experimentar a força transformadora do seu Espírito de Ressuscitado que fecunda o ser humano e a criação, como faz a chuva com a terra. «A sua ressurreição não é algo do passado; contém uma força de vida que penetrou o mundo. Onde parecia que tudo morreu, voltam a aparecer por todo o lado os rebentos da ressurreição. É uma força sem igual» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 276).

4. Lembremo-nos sempre de que, «ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo» (Bento XVI, Carta. enc. Deus caritas est, 1). O Evangelho é uma Pessoa, que continuamente Se oferece e, a quem A acolhe com fé humilde e operosa, continuamente convida a partilhar a sua vida através duma participação efetiva no seu mistério pascal de morte e ressurreição. Assim, por meio do Batismo, o Evangelho torna-se fonte de vida nova, liberta do domínio do pecado, iluminada e transformada pelo Espírito Santo; através da Confirmação, torna-se unção fortalecedora que, graças ao mesmo Espírito, indica caminhos e estratégias novas de testemunho e proximidade; e, mediante a Eucaristia, torna-se alimento do homem novo, «remédio de imortalidade» (Inácio de Antioquia, Epistula ad Ephesios, 20, 2).

5. O mundo tem uma necessidade essencial do Evangelho de Jesus Cristo. Ele, através da Igreja, continua a sua missão de Bom Samaritano, curando as feridas sanguinolentas da humanidade, e a sua missão de Bom Pastor, buscando sem descanso quem se extraviou por veredas enviesadas e sem saída. E, graças a Deus, não faltam experiências significativas que testemunham a força transformadora do Evangelho. Penso no gesto daquele estudante «dinka» que, à custa da própria vida, protege um estudante da tribo «nuer» que ia ser assassinado. Penso naquela Celebração Eucarística em Kitgum, no norte do Uganda – então ensanguentado pelas atrocidades dum grupo de rebeldes –, quando um missionário levou as pessoas a repetirem as palavras de Jesus na cruz: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?» (Mc 15, 34), expressando o grito desesperado dos irmãos e irmãs do Senhor crucificado. Aquela Celebração foi fonte de grande consolação e de muita coragem para as pessoas. E podemos pensar em tantos testemunhos – testemunhos sem conta – de como o Evangelho ajuda a superar os fechamentos, os conflitos, o racismo, o tribalismo, promovendo por todo o lado a reconciliação, a fraternidade e a partilha entre todos.

Papa: "Deus não pode ser Deus sem o homem, um grande mistério!"


CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 7 de junho de 2017

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Havia algo de fascinante na oração de Jesus, de tão fascinante que um dia os seus discípulos pediram que fossem introduzidos nela. O episódio se encontra no Evangelho de Lucas, que entre os evangelistas é aquele que mais documentou o mistério de Cristo “orante”: o Senhor rezava. Os discípulos de Jesus ficam atingidos pelo fato de que Ele, especialmente de manhã e à noite, se retira em solidão e se “imerge” em oração. E por isso, um dia, lhe pedem para ensinar também a eles a rezar (cfr Lc 11, 1).

É então que Jesus transmite aquela que se tornou a oração cristã por excelência: o “Pai Nosso”. De fato, Lucas, em relação a Mateus, nos restitui a oração de Jesus de uma forma um pouco abreviada, que começa com a simples invocação “Pai” (v. 2).

Todo o mistério da oração cristã se ressume aqui nesta palavra: ter a coragem de chamar Deus com o nome de Pai. Afirma-o também a liturgia quando, convidando-nos à oração comunitária da oração de Jesus, utiliza a expressão “ousamos dizer”.

De fato, chamar Deus com o nome de “Pai” de forma alguma é um fato normal. Estaríamos inclinados a usar os títulos mais elevados, que nos parecem mais respeitosos à sua transcendência. Em vez disso, invocá-lo como “Pai” nos coloca em uma relação de confidência com Ele, como uma criança que se dirige ao seu pai, sabendo ser amada e cuidada por ele. Esta é a grande revolução que o cristianismo imprime na psicologia religiosa do homem. O mistério de Deus, que sempre nos fascina e nos faz sentir pequenos, porém não causa medo, não nos sufoca, não nos angustia. Esta é uma revolução difícil de acolher na nossa alma humana; tanto é verdade que nos relatos da Ressurreição se diz que as mulheres, depois de terem visto o túmulo vazio e o anjo “fugiram […] porque estavam cheias de espanto e estupor” (Mc 16, 8). Mas Jesus nos revela que Deus é Pai bom, e nos diz: “Não tenhais medo!”.

Pensemos na parábola do pai misericordioso (cfr Lc 15, 11-32). Jesus fala de um pai que sabe ser somente amor para seus filhos. Um pai que não pune o filho pela sua arrogância e que é capaz até mesmo de confiar-lhe a sua parte na herança e deixá-lo ir embora de casa. Deus é Pai, diz Jesus, mas não à maneira humana, porque não há pai algum nesse mundo que se comportaria como o protagonista desta parábola. Deus é Pai à sua maneira: bom, indefeso diante do livre arbítrio do homem, capaz somente de conjugar o verbo “amar”. Quando o filho rebelde, depois de ter esbanjado tudo, retorna finalmente à casa natal, aquele pai não aplica critérios de justiça humana, mas sente antes de tudo a necessidade de perdoar, e com o seu abraço faz o filho entender que em todo aquele longo tempo de ausência lhe fez falta, dolorosamente fez falta ao seu amor de pai.

Que mistério insondável é um Deus que alimenta esse tipo de amor em relação aos seus filhos!

Talvez é por esta razão que, evocando o centro do mistério cristão, o apóstolo Paulo não sente de traduzir em grego uma palavra que Jesus, em aramaico, pronunciava “abbà”. Por duas vezes São Paulo, em seu epistolário (cfr Rm 8, 15; Gal 4, 6), toca este tema, e por duas vezes deixa aquela palavra não traduzida, da mesma forma como brotou dos lábios de Jesus, “abbà”, um termo ainda mais íntimo em relação a “pai”, e que alguns traduzem como “papai, papaizinho”. 

Sacerdote é condenado a 15 anos de prisão por abuso de menor e está suspenso


Acusado de abusar sexualmente de um menino de 14 anos com deficiência mental, Padre Fabiano Santos Gonzaga foi condenado a 15 anos de prisão e “está com um Decreto de Suspensão de Ordem, não podendo exercer o Ministério Sacerdotal na Igreja”, segundo o Arcebispo de Uberaba (MG), Dom Paulo Mendes Peixoto.

O sacerdote da Arquidiocese de Uberaba (MG) foi preso em flagrante em junho do ano passado, em Caldas Novas (GO) e enquadrado no artigo 217 do Código Penal, por ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos.

O caso contou com o agravante de o menino possuir deficiência mental e, embora tenha 14 anos, sua idade mental é entre 7 e 9 anos. Assim, não teria discernimento para a prática do ato sexual e sequer poderia oferecer resistência.

De acordo com a investigação, o sacerdote abusou do menino em uma sauna de um clube em Caldas Novas.  Além de praticar o ato libidinoso, ele teria usado o próprio corpo para impedir que a vítima saísse do local.

Ao deixar o local, a criança contou à sua mãe sobre o ocorrido e a polícia foi acionada. Em decisão nesta segunda-feira, juíza Valeska da Silva Baruki determinou a pena máxima para o caso, de 15 anos de reclusão em regime fechado.

De acordo com Dom Paulo Mendes Peixoto, “desde o início a Arquidiocese vem acompanhando o Pe. Fabiano com visitas”. “Um dos padres é psicólogo e tem feito um acompanhamento psicológico para ajudá-lo a enfrentar esse momento de prisão. Eu mesmo fiz a ele duas visitas para ouvir um pouco seu desabafo”, afirmou.

No ano passado, quando ocorreu o caso, a Arquidiocese de Uberaba logo se pronunciou em um comunicado, informando que o sacerdote havia sido “privado do ‘uso de ordens’, pelo Senhor Arcebispo, Dom Paulo Mendes Peixoto, ou seja, não tem jurisprudência para presidir ou administrar qualquer sacramento”.

Papa: "O Espírito cria verdadeira unidade, a unidade na diferença".


SANTA MISSA NA SOLENIDADE DE PENTECOSTES

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Praça São Pedro
Domingo, 4 de junho de 2017

Chega hoje ao seu termo o tempo de Páscoa, desde a Ressurreição de Jesus até ao Pentecostes: cinquenta dias caraterizados de modo especial pela presença do Espírito Santo. De facto, o Dom pascal por excelência é Ele: o Espírito criador, que não cessa de realizar coisas novas. As Leituras de hoje mostram-nos duas novidades: na primeira, o Espírito faz dos discípulos um povo novo; no Evangelho, cria nos discípulos um coração novo.

Um povo novo. No dia de Pentecostes o Espírito desceu do céu em «línguas, à maneira de fogo, que se iam dividindo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas» (At 2, 3-4). Com estas palavras, é descrita a ação do Espírito: primeiro, pousa sobre cada um e, depois, põe a todos em comunicação. A cada um dá um dom e reúne a todos na unidade. Por outras palavras, o mesmo Espírito cria a diversidade e a unidade e, assim, molda um povo novo, diversificado e unido: a Igreja universal. Em primeiro lugar, com fantasia e imprevisibilidade, cria a diversidade; com efeito, em cada época, faz florescer carismas novos e variados. Depois, o mesmo Espírito realiza a unidade: liga, reúne, recompõe a harmonia. «Com a sua presença e ação, congrega na unidade espíritos que, entre si, são distintos e separados» (Cirilo de Alexandria, Comentário ao Evangelho de João, XI, 11). E desta forma temos a unidade verdadeira, a unidade segundo Deus, que não é uniformidade, mas unidade na diferença.

Para se conseguir isso, ajuda-nos o evitar duas tentações frequentes. A primeira é procurar a diversidade sem a unidade. Sucede quando se quer distinguir, quando se formam coligações e partidos, quando se obstina em posições excludentes, quando se fecha nos próprios particularismos, porventura considerando-se os melhores ou aqueles que têm sempre razão - são os chamados guardiões da verdade. Desta maneira escolhe-se a parte, não o todo, pertencer primeiro a isto ou àquilo e só depois à Igreja; tornam-se «adeptos» em vez de irmãos e irmãs no mesmo Espírito; cristãos «de direita ou de esquerda» antes de o ser de Jesus; inflexíveis guardiães do passado ou vanguardistas do futuro em vez de filhos humildes e agradecidos da Igreja. Assim, temos a diversidade sem a unidade. Por sua vez, a tentação oposta é procurar a unidade sem a diversidade. Mas, deste modo, a unidade torna-se uniformidade, obrigação de fazer tudo juntos e tudo igual, de pensar todos sempre do mesmo modo. Assim, a unidade acaba por ser homologação, e já não há liberdade. Ora, como diz São Paulo, «onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade» (2 Cor 3, 17).