sexta-feira, 30 de junho de 2017

Padre recebe testemunhas de jeová na casa paroquial. Veja o que acontece!


Acabo de receber mais uma visita dos Testemunhas de Jeová aqui na Casa Paroquial. Dessa vez, fui cordial e pedi que entrassem. Eram duas senhoras:

Começaram citando Lucas Lc 11,28. "Felizes os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática".

Eu perguntei: "Mas é pra colocar em prática a Bíblia toda, ou só a metade?"

Responderam: TODA.

Então, vamos lá. A Bíblia diz em Lucas 1,48 que todas as gerações irão proclamar a santidade de Maria. Porque vocês não fazem isso?

A Bíblia também diz em Mateus 16,18, que Jesus fundou uma só Igreja. Porque vocês preferem uma seita fundada no século XX?

A Bíblia afirma em Filipenses 2,6 que Jesus é Deus. Então porque vocês negam a Divindade do Cristo?

Nisso, as senhoras começaram a gaguejar e a tremer. Uma delas disse:

Olha, Gabriel...

Eu interrompi: "Gabriel, não. Padre Gabriel".

- Rsrs, me desculpe pra.. pradri grabiel. É que eu tenho um filho com esse nome... eu já acho bonito esse nome rsrs...

A outra falou:

- Mas veja, Padre... Jesus nunca chamou Maria de mãe...

Continuei: "Mas eu não estou falando de Maria. Estou falando de Jesus, o Senhor. Mas já que você tocou no assunto, vou explicar: Jesus chamou Maria de mulher, porque existe uma mulher profetizada em Gênesis 3,15 e no Apocalipse 12,1. Maria é a mulher por excelência"

- É mesmo, Padre. Eu tô vendo aqui... mas em Revelação 4, 11 Jesus chama o Pai de "Deus".

- Minha senhora, isso é porque você leu apenas o versículo 11. Leia a partir do 9, e você verá que não é Jesus quem diz, mas os vinte e quatro anciãos que estão ajoelhados diante do Trono. E quem está sentado no Trono? O Cordeiro. E quem é o Cordeiro que tira o pecado do mundo?

Responderam a uma só voz: "Jesus".

- Pois bem. Jesus diz: "Eu e o Pai somos um". Ele se enganou dizendo isso?

A mão de uma delas tremia tanto que a Bíblia quase caiu no chão.

- Mas, padre... não podemos adorar Maria. 

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Cardeal Pell retorna à Austrália para responder acusações de abusos


Com pesar, a Santa Sé recebeu a notícia da abertura do processo penal na Austrália contra o prefeito da Secretaria para a Economia, Cardeal George Pell, pelas imputações referentes a fatos ocorridos décadas atrás. É o que informa um comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé.

Ao tomar conhecimento, no pleno respeito das leis civis e reconhecendo a importância de sua participação a fim de que o processo possa realizar-se de modo justo e assim favorecer à busca da verdade, o Cardeal Pell decidiu retornar a seu país para enfrentar as acusações que lhe foram atribuídas.

Informado pelo próprio purpurado, o Santo Padre concedeu-lhe um período de dispensa para que o mesmo possa defender-se. Durante a ausência do prefeito, a Secretaria para a Economia continuará desempenhando suas tarefas institucionais. Os secretários continuarão em seus cargos para a prossecução das questões ordinárias, donec aliter provideatur (até novas disposições, ndr), lê-se no comunicado.

O Santo Padre, que pôde apreciar a honestidade do Cardeal Pell durante os três anos de trabalho na Cúria Romana, é-lhe grato pela colaboração e, em particular, pelo enérgico empenho em favor das reformas no setor econômico e administrativo e pela ativa participação no Conselho de Cardeais (C9), acrescenta ainda.

A Santa Sé expressa respeito pela justiça australiana que deverá decidir o mérito das questões levantadas.

Ao mesmo tempo – afirma –, “deve-se recordar que há décadas o Cardeal Pell condenou abertamente e repetidamente os abusos cometidos contra menores como atos imorais e intoleráveis, cooperou no passado com as Autoridades australianas”, apoiou a criação da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores e, por fim, “como Bispo diocesano na Austrália introduziu sistemas e procedimentos para a proteção de menores e para dar assistência às vítimas de abusos”, conclui o comunicado.

Papa elenca três palavras essenciais para a vida do apóstolo


HOMILIA
Praça São Pedro – Vaticano
Quinta-feira, 29 de junho de 2017

A liturgia de hoje oferece-nos três palavras que são essenciais para a vida do apóstolo: confissão, perseguição, oração.

A confissão é a que ouvimos dos lábios de Pedro no Evangelho, quando a pergunta do Senhor, de geral, passa a particular. Com efeito Jesus, primeiro, pergunta: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?» (Mt 16, 13). Desta «sondagem» resulta, de vários lados, que o povo considera Jesus um profeta. E então o Mestre coloca aos discípulos a pergunta verdadeiramente decisiva: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» (16, 15). Agora responde apenas Pedro: «Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo» (16, 16). Esta é a confissão: reconhecer em Jesus o Messias esperado, o Deus vivo, o Senhor da nossa própria vida.

Hoje, Jesus dirige esta pergunta vital a nós, a todos nós e, de modo particular, a nós Pastores. É a pergunta decisiva, face à qual não valem respostas de circunstância, porque está em jogo a vida: e a pergunta da vida pede uma resposta de vida. Pois, de pouco serve conhecer os artigos de fé, se não se confessa Jesus como Senhor da nossa própria vida. Hoje Ele fixa-nos nos olhos e pergunta: «Quem sou Eu para ti?» Como se dissesse: «Sou ainda Eu o Senhor da tua vida, a direção do teu coração, a razão da tua esperança, a tua confiança inabalável?» Com São Pedro, também nós renovamos hoje a nossa opção de vida como discípulos e apóstolos; passamos novamente da primeira à segunda pergunta de Jesus, para sermos «seus» não só por palavras, mas com os factos e a vida.

Perguntemo-nos se somos cristãos de parlatório, que conversamos sobre como andam as coisas na Igreja e no mundo, ou apóstolos em caminho, que confessam Jesus com a vida, porque O têm no coração. Quem confessa Jesus, sabe que está obrigado não apenas a dar conselhos, mas a dar a vida; sabe que não pode crer de maneira tíbia, mas é chamado a «abrasar» por amor; sabe que, na vida, não pode «flutuar» ou reclinar-se no bem-estar, mas deve arriscar fazendo-se ao largo, apostando dia-a-dia com o dom de si mesmo. Quem confessa Jesus, faz como Pedro e Paulo: segue-O até ao fim; não até um certo ponto, mas até ao fim, e segue-O pelo seu caminho, não pelos nossos caminhos. O seu caminho é o caminho da vida nova, da alegria e da ressurreição, o caminho que passa também através da cruz e das perseguições.

E aqui temos a segunda palavra: perseguições. Não foram só Pedro e Paulo que deram o sangue por Cristo, mas, nos primeiros tempos, toda a comunidade foi perseguida, como nos recordou o livro dos Atos dos Apóstolos (cf. 12, 1). Também hoje, em várias partes do mundo, por vezes num clima de silêncio – e, não raro, um silêncio cúmplice –, muitos cristãos são marginalizados, caluniados, discriminados, vítimas de violências mesmo mortais, e não raro sem o devido empenho de quem poderia fazer respeitar os seus direitos sagrados.

Entretanto queria salientar sobretudo aquilo que o apóstolo Paulo afirma antes: «estou pronto – escreve ele – para oferecer-me como sacrifício» (2 Tim 4, 6). Para ele, viver era Cristo (cf. Flp 1, 21), e Cristo crucificado (cf. 1 Cor 2, 2), que deu a vida por ele (cf. Gal 2, 20). E assim Paulo, como discípulo fiel, seguiu o Mestre, oferecendo também ele a vida. Sem a cruz, não há Cristo; mas, sem a cruz, não há sequer o cristão. De facto, «é próprio da virtude cristã não só fazer o bem, mas também saber suportar os males» (Agostinho, Sermão 46, 13), como Jesus. Suportar o mal não é só ter paciência e prosseguir com resignação; suportar é imitar Jesus: é carregar o peso, levá-lo aos ombros por amor d’Ele e dos outros. É aceitar a cruz, prosseguindo confiadamente porque não estamos sozinhos: o Senhor crucificado e ressuscitado está connosco. Deste modo podemos dizer, com Paulo, que «em tudo somos atribulados, mas não esmagados; confundidos, mas não desesperados; perseguidos, mas não abandonados» (2 Cor 4, 8-9).

Papa a novos cardeais: Jesus não os chamou para ser príncipes na Igreja.


Consistório Ordinário Público 
para a criação de cinco novos cardeais

Basílica Vaticana
Quarta-feira, 28 de junho de 2017


«Jesus seguia à frente deles». Esta é a imagem oferecida pelo Evangelho que escutamos (Mc 10, 32-45) e que serve de cenário também ao ato que estamos a realizar: um Consistório para a criação de alguns novos Cardeais.

Jesus caminha, decididamente, para Jerusalém. Sabe bem o que lá O espera, tendo-o referido várias vezes aos seus discípulos. Mas, entre o coração de Jesus e os corações dos discípulos, há uma distância, que só o Espírito Santo poderá preencher. E Jesus sabe-o; por isso é paciente com eles, conversa abertamente com eles e sobretudo precede-os, segue à frente deles.

Ao longo do caminho, os próprios discípulos estão distraídos por interesses não condizentes com a «direção» de Jesus, com a sua vontade que se identifica com a vontade do Pai. Por exemplo, como escutamos, os dois irmãos, Tiago e João, pensam como seria bom sentar-se à direita e à esquerda do rei de Israel (cf. 10, 37). Não olham para a realidade! Pensam que veem e não veem, que sabem e não sabem, que entendem melhor do que os outros e não entendem…

A realidade, porém, é muito diferente! É a realidade que Jesus tem presente e que guia os seus passos. A realidade é a cruz, é o pecado do mundo que veio tomar sobre Si e extirpar da terra dos homens e das mulheres. A realidade são os inocentes que sofrem e morrem por causa das guerras e do terrorismo; são as escravidões que não cessam de negar a dignidade, mesmo na era dos direitos humanos; a realidade é a dos campos de refugiados, que às vezes lembram mais um inferno do que um purgatório; a realidade é o descarte sistemático de tudo o que já não é útil, incluindo as pessoas.

É isto que Jesus vê, enquanto caminha para Jerusalém. Durante a sua vida pública, manifestou a ternura do Pai, curando todos os que eram oprimidos pelo maligno (cf. At 10, 38). Agora sabe que chegou o momento de Se empenhar a fundo, de arrancar a raiz do mal, e por isso segue resolutamente para a cruz.

É correto fazer o sinal da cruz ao passar em frente a uma Igreja Católica? Isso é bíblico ou apenas uma invenção?


Tarde dessas, passando diante da centenária igreja de São João Batista, no histórico bairro do Brás, em São Paulo (SP), terminava de traçar o Sinal da Cruz sobre minha fronte e peito quando ouvi um murmurar vindo de trás de mim: “O que é que você está fazendo, moço?” – Olhei e vi uma senhora dos seus cinquenta e poucos anos, ostentando um grande coque grisalho no alto da cabeça e óculos de aros plásticos. Ela falava num tom quase de súplica, como se eu estivesse cometendo um crime horrível.

"Estou fazendo o Sinal da Cruz", respondi, enquanto ela balançava a cabeça negativamente. “Não faça isso, meu filho...”. Perplexo, quis saber o porquê, e ela se saiu com esta: “Cada vez que você faz esse sinal, é como se estivesse crucificando Jesus novamente, é uma ofensa...”.

Até que ponto chega a criatividade das pessoas que odeiam a Igreja, pensei com meus botões (pensando não naquela pobre senhora, mas sim em quem incutiu tal bobagem em sua mente). Tomando cuidado para não parecer agressivo ou irônico, argumentei: "eu faço o sinal da cruz em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Como pode ser ruim algo que eu faço invocando a Deus conforme ensina a Bíblia?". Fiz questão de mencionar a Bíblia (conf. Mt 28,19), porque já tinha percebido, logo de cara, que se tratava de uma “evangélica”, e sei bem que eles acreditam que só podem aceitar aquilo que está escrito, literalmente, no Livro Sagrado.

Ela pareceu surpresa com a minha resposta. “Esta é a primeira vez que um católico me responde com uma citação da Bíblia! Só que está errado, viu? Jesus sofreu muito na cruz, a cruz é um símbolo de maldição, de sofrimento, de vergonha...”. E ela fez menção de ir embora, mas eu insisti: "com todo o respeito, quem foi que falou isso para a senhora?"; e ela me olhou, desconcertada: “Quem falou foi um homem de Deus, meu filho”...

"A senhora acredita que a Bíblia é a Palavra de Deus?", perguntei, e ela mais que depressa respondeu, com muita ênfase: “Mas é claro!"; e então eu prossegui: "nesse caso, acho que o homem que ensinou isso para a senhora está bem equivocado. O Apóstolo Paulo diz na Bíblia: 'Longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo' (Gl 6,14). Quer dizer, a Cruz é glória para o cristão. Na verdade, a cruz é o símbolo que nos identifica como cristãos, é como se fosse a nossa 'carteira de identidade'. Era um símbolo de vergonha antes de Jesus Cristo, mas depois dEle tornou-se símbolo de vitória, de salvação, de santidade. Quem pensa que a cruz é um símbolo de vergonha está vivendo ainda antes de Cristo! É como se essa pessoa nunca tivesse ouvido falar em Jesus! – Digo mais: em Efésios está escrito: 'Pela cruz, Jesus Cristo reconciliou os povos com Deus, em um Corpo, eliminando com a cruz as inimizades.' (Ef 2,16)".

Ao dizê-lo, fiz uma pausa e fitei aquela senhora bem nos olhos, com firmeza e seriedade. Ela esfregou as mãos no saiote comprido, baixou o olhar e retrucou, agora baixinho: “Mas o Senhor Jesus sofreu tanto na cruz”. – "E como sofreu!", Respondi, com firmeza. "Por isso mesmo é que devemos honrar e amar a Cruz, porque foi por meio dela que Nosso Senhor se entregou em Sacrifício pela nossa salvação. Como diz a Bíblia, a Cruz é o nosso maior orgulho enquanto cristãos! Nela, e somente nela, podemos e devemos nos gloriar!". 

Bispo americano: "Casais" do mesmo sexo não podem receber Comunhão nem ter ritos fúnebres.


O Bispo de Springfield (EUA), Mons. Thomas Paprocki, emitiu um decreto no qual explica que as pessoas envolvidas em relações com pessoas do mesmo sexo não podem receber a Sagrada Comunhão nem sequer têm direito aos ritos fúnebres católicos, a não ser que tenham dado sinais de arrependimento antes da morte.

Sendo um pecado grave e público, o Bispo limitou-se a explicar a doutrina da Igreja em relação a esta matéria e a esclarecer os seus sacerdotes e os seus fiéis de como devem agir nestes casos. O decreto explica ainda que as pessoas que se encontram nesse tipo de relações não podem ser padrinhos de Baptismo nem de Crisma, nem sequer ser leitores ou ministros na Liturgia.

As crianças que vivem com pessoas nessa situação poderão receber os sacramentos desde que existam garantias que estão preparadas e que serão sempre educadas na Fé católica.  

Papa considera "repugnante" chamar de mártires os terroristas suicidas.


CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 28 de junho de 2017

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje refletimos sobre esperança cristã como força dos mártires. Quando, no Evangelho, Jesus envia os discípulos em missão, não os ilude com miragens de fácil sucesso; pelo contrário, adverte-os claramente que o anúncio do Reino de Deus comporta sempre uma oposição. E usa também uma expressão extrema: “Sereis odiados – odiados – por todos por causa do meu nome” (Mt 10, 22). Os cristãos amam, mas nem sempre são amados. Desde o início Jesus nos coloca diante desta realidade: em uma medida mais ou menos forte, a confissão da fé ocorre em um clima de hostilidade.

Os cristãos são, portanto, homens e mulheres “contracorrente”. É normal: porque o mundo é marcado pelo pecado, que se manifesta em várias formas de egoísmo e de injustiça, quem segue Cristo caminha em direção contrária. Não por espírito polêmico, mas por fidelidade à lógica do Reino de Deus, que é uma lógica de esperança e se traduz no estilo de vida baseado nas indicações de Jesus.

E a primeira indicação é a pobreza. Quando Jesus envia os seus em missão, parece que coloca mais atenção no “despir-se” que no “vestir-se”! De fato, um cristão que não seja humilde e pobre, desapegado das riquezas e do poder e sobretudo desapegado de si, não se assemelha a Jesus. O cristão percorre o seu caminho neste mundo com o essencial para o caminho, porém com o coração cheio de amor. A verdadeira derrota para ele ou para ela é cair na tentação da vingança e da violência, respondendo ao mal com o mal. Jesus nos diz: “Eu vos envio como ovelhas em meio aos lobos” (Mt 10, 16). Portanto, sem facões, sem armas, sem garras. O cristão, ao contrário, deverá ser prudente, às vezes também astuto: estas são virtudes aceitas pela lógica evangélica. Mas a violência nunca. Para derrotar o mal, não se podem compartilhar os métodos do mal.

A única força do cristão é o Evangelho. Nos tempos de dificuldade, deve-se acreditar que Jesus está diante de nós, e não cessa de acompanhar os seus discípulos. A perseguição não é uma contradição ao Evangelho, mas faz parte: se perseguiram o nosso Mestre, como podemos esperar que nos seja poupada a luta? Porém, bem no meio do turbilhão, o cristão não deve perder a esperança, pensando ter sido abandonado. Jesus assegura os seus dizendo: “Até os cabelos da vossa cabeça foram contados” (Mt 10, 30). Como dizer que nenhum dos sofrimentos do homem, nem mesmo o menor e mais escondido, são invisíveis aos olhos de Deus. Deus vê e seguramente protege; e dará a sua força. Há de fato no meio de nós Alguém que é mais forte que o mal, mais forte que as máfias, que as tramas obscuras, de quem lucra na pele dos desesperados, de quem que esmaga os outros com prepotência…Alguém que escuta desde sempre a voz do sangue de Abel que grita na terra.

Os cristãos devem, portanto, estar “do outro lado” do mundo, aquele escolhido por Deus: não perseguidores, mas perseguidos; não arrogantes, mas mansos; não vendedores de fumo, mas submetidos à verdade; não impostores, mas honestos. 

quarta-feira, 28 de junho de 2017

A glória de Deus é o homem vivo; e a vida do homem é a visão de Deus


O esplendor de Deus dá a vida. Consequentemente, os que veem a Deus recebem a vida. Por isso, aquele que é inacessível, incompreensível e invisível, torna-se compreensível e acessível para os homens, a fim de dar a vida aos que o alcançam e veem. Assim como viver sem a vida é impossível, sem a participação de Deus não há vida. Participar de Deus consiste em vê-lo e gozar da sua bondade. Por conseguinte, os homens hão de ver a Deus para poderem viver. Por esta visão tornam-se imortais e se elevam até ele. Como já disse, estas coisas foram anunciadas pelos profetas de modo figurado: que Deus seria visto pelos homens que possuem seu Espírito e aguardam sem cessar sua vinda. Assim também diz Moisés no Deuteronômio: Nesse dia veremos que Deus pode falar ao homem, sem que este deixe de viver (cf. Dt 5,24).

Deus, que realiza tudo em todos, é inacessível e inefável, quanto ao seu poder e à sua grandeza, para os seres por ele criados. Mas não é de modo algum desconhecido, pois todos sabemos, por meio do seu Verbo, que há um só Deus Pai que contém todas as coisas e dá existência a todas elas, como está escrito no Evangelho: A Deus, ninguém jamais viu. Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele no-lo deu a conhecer (Jo 1,18).

Portanto, quem desde o princípio nos dá a conhecer o Pai é o Filho, que desde o princípio está com o Pai.As visões proféticas, a diversidade de carismas, os ministérios, a glorificação do Pai, tudo isto, como uma sinfonia bem composta e harmoniosa, ele manifestou aos homens, no tempo próprio, para seu proveito. Porque onde há composição, há harmonia; onde há harmonia, tudo acontece no tempo próprio; e quando tudo acontece no tempo próprio, há proveito.

Por esta razão, o Verbo se tornou o administrador da graça do Pai para proveito dos homens. Em favor deles, pôs em prática o seu plano: mostrar Deus ao homem e apresentar o homem a Deus. No entanto, conservou a invisibilidade do Pai: desta forma o homem não desprezaria a Deus e seria sempre estimulado a progredir. Ao mesmo tempo, mostrou também, por diversos modos, que Deus é visível aos homens, para não acontecer que, privado totalmente de Deus, o homem chegasse a perder a própria existência. Pois a glória de Deus é o homem vivo, e a vida do homem é a visão de Deus. Com efeito, se a manifestação de Deus, através da criação dá a vida a todos os seres da terra, muito mais a manifestação do Pai, por meio do Verbo, dá a vida a todos os que veem a Deus.



Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo (Lib. 4,20,5-7:Sch 100, 640-642.644-648) (Séc. II) (Carta de 1º de junho de 1560; cf. Serafim da Silva Leite SJ, Cartas dos primeiros jesuítas do Brasil, vol. 3 (1558- 1563),São Paulo 1954, p.253-255) (Séc.XVI)