sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Obediência Franciscana: Florescer na liberdade!


A obediência franciscana se faz inovadora no campo do Voto de Obediência ao longo da História do Cristianismo. São Francisco em suas Admoestações reserva um capítulo para tratar da perfeita obediência e o faz com toda humanidade, sem perder a dimensão do mistério:

(Adm III) – Da obediência perfeita

1 Diz o Senhor no Evangelho: “Quem não renuncia a todos os seus bens não pode ser meu discípulo” (Lc 14,33), 2 e: “Quem quiser salvar sua alma, perdê-la.” (Mt 16,25). 3 Abandona tudo quanto possui e perde sua vida aquele que a si mesmo abandona inteiramente a obediência nas mãos do seu prelado. 4 E tudo o que faz e diz, sabendo que não contraria a vontade dele, e sendo bom o que faz, é obediência verdadeira. 5 E se acaso o súdito vê algo melhor e mais útil à sua alma do que aquilo que o prelado lhe ordena, sacrifique a Deus o seu conhecimento, se aplique com firmeza a cumprir as ordens do prelado, 6 pois nisto é que consiste a verdadeira obediência feita com amor, que agrada a Deus e reverte a bem do próximo. 7 Entretanto, se o prelado der ao súdito alguma ordem contrária à alma, este todavia não se separe dele, embora não lhe seja lícito obedecer-lhe. 8 E se por esse motivo tiver de suportar perseguições da parte de alguém, que então o ame ainda mais por amor de Deus.9 Pois aquele que prefere aturar perseguições a querer ficar separado de seus Irmãos, permanece verdadeiramente na perfeita obediência, porque “da sua vida pelos seus Irmãos” (Jo 15,13).10 há efetivamente muitos religiosos que, sob o pretexto de verem coisas preferíveis às que os prelados ordenam, “olham para trás” (Lc 9,62) e “voltam ao vômito de sua vontade própria” (Pr 26,11). Esses tais São homicidas e, por seus exemplos funestos, causam a perdição de muitas almas.

Obedecer na fraternidade franciscana não exclui, mas compreende a dimensão antropológica do ser humano que é a liberdade. Essa realidade consiste em como cada pessoa empreende e conduz o dom da vida. Floresce na concretude das atitudes pessoais e na maturidade da plena disponibilidade diante da ação divina. Como nos exorta São Francisco:

Devemos também renunciar a nós mesmos e submeter os nossos corpos ao jugo da servidão e da santa obediência, como cada um prometeu ao Senhor (IICatFi, VII, 40).

A obediência Franciscana não é simplesmente uma atitude de renunciar a própria vontade, mas é uma atitude que pode ser poeticamente representada pela poesia de Adélia Prado:

O que morre, aduba! O que esta inerte, espera!”. Pois bem, renunciar à própria vontade, é morrer para si mesmo. No entanto, essa atitude constitui o húmus que fortifica e fertiliza a terra de nosso coração frente à ação divina. Portanto, aduba! Os anseios, nossas boas vontades e sonhos são salvaguardados por nossa individualidade, que não se esvai frente à dinâmica fraterna, mas se mantém sendo parte do projeto fraterno de vida e missão. Portanto, os desejos e sonhos do mais profundo do coração, estão inertes e envoltos na dinâmica divina. Estão inertes, portanto, esperam na Graça de Deus.

São Francisco nos ensina a verdadeira obediência feita com amor, que agrada a Deus e reverte ao bem do próximo.”(Admoestação III, 6). Nessa dinâmica coloca-se à disposição da fraternidade as próprias capacidades e escolhe-se, em liberdade, o melhor modo de servir a Deus e aos Irmãos.

O Capítulo VIII da  Segunda Carta aos Fiéis revela a profunda humanidade e sabedoria de Francisco quanto à obediência.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Os católicos ‘protestantes’


A carta que, com data de 16 de Julho passado, cerca de meia centena de católicos escreveram ao Papa Francisco, acusando-o de heresia, não é inédita, mas é insólita, injusta e muito infeliz.

Há precisamente cinco séculos, Martinho Lutero revoltou-se contra o papa e a Igreja católica, dando origem aos vulgarmente designados por ‘protestantes’. Também os signatários desta “correção filial”, embora não sejam, em sentido próprio, protestantes, são-no de facto, por este seu protesto contra o Santo Padre.

Não obstante o seu louvável zelo pela ortodoxia e suposta boa-fé, manifestam uma considerável presunção e arrogância, quando dizem que foram “obrigados a dirigir a Sua Santidade uma correção, devido à propagação de heresias produzidas pela Exortação apostólica Amoris laetitia e de outras palavras, atos e omissões de Sua Santidade”. É algo confusa a alusão a “heresias produzidas pela dita Exortação apostólica, porque nenhuma heresia é ‘produzida’ por um texto, nem por meras “palavras, atos e omissões”, mas por alguém que, neste caso, só pode ser o Papa Francisco.

Segundo o Código de Direito Canônico, “diz-se heresia a negação pertinaz, depois de recebido o batismo, de alguma verdade que se deve crer com fé divina e católica” (cânone 751). Portanto, só é herética a negação, por um fiel que o faça de forma consciente e pertinaz, de algum dogma. Não constando, como certamente não consta, essa intenção e vontade por parte do Sumo Pontífice, é moralmente temerária e juridicamente improcedente a acusação de heresia, também porque nada permite supor, no Papa Francisco, a consciência e intenção de contradizer a fé da Igreja.

Como é sabido, nenhum bispo, nem a totalidade dos cardeais pode, em caso algum, depor um Papa validamente eleito. Nem sequer o concílio ecumênico poderia fazê-lo. Não há nenhuma forma canônica pela qual se possa obrigar o bispo de Roma a renunciar ao seu ministério eclesial.

E se o Papa for herege?! Segundo o Código de Direito Canónico, qualquer clérigo que incorra em heresia, fica automaticamente excomungado e, em consequência, cessa no seu ofício eclesiástico (cân. 1364), mas não o romano pontífice, porque “a primeira Sé por ninguém pode ser julgada” (cân. 1404). “O Papa na Igreja é juiz supremo, a quem só Deus pode julgar. A esta prerrogativa, proveniente do direito divino, nem sequer o Papa pode renunciar. Ao dizer que a primeira Sé não pode ser submetida ao juízo de poder humano algum, deve entender-se acerca tanto das resoluções que o Papa pronuncie, como daquelas que ele faça com aprovação ou aceitação expressa e formal” (Communicationes, 10, 1978, p. 219).

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

PB: Cachorrinha que dormia na Capela de São Francisco na zona rural Cajazeiras é morta a pauladas.


Os moradores do Sítio Zé dias, zona rural de Cajazeiras, procuraram a Polícia Civil para investigar a morte de um cachorro da raça vira-lata no último domingo. Os responsáveis pelo crime ainda não foram identificados. O animal teria sido morto a pauladas e golpes de faca.

Há dois anos, a cachorrinha foi atropelada na BR 230, mas foi socorrida por um empresário cajazeirense que cuidou do animal e o levou para o sítio para ser cuidada pelos moradores.

A capela São Francisco era o local onde a vira-lata vivia e protegia durante o período do dia e noite. Um funcionário da capela encontrou o animal morto com perfurações pelo corpo e marcas de lesões na cabeça.

A população da referida comunidade está revoltada com o crime e comunicou o caso na delegacia de Polícia Civil.  

SP: Polícia recupera hóstias e objetos religiosos furtados de igreja em Aparecida


A polícia recuperou nesta terça-feira (3) hóstias e objetos religiosos que haviam sido furtados da Igreja de São Paulo Apóstolo, no Jardim São Paulo, em Aparecida, na última segunda (2). Um homem de 38 anos foi preso, suspeito deste furto e de outro, que teve como alvo o cartório eleitoral da cidade, nesta terça.

Na madrugada de segunda, a igreja foi invadida e objetos foram levados, entre eles o sacrário, local onde são guardadas as hóstias; três âmbulas, que são vasos utilizados para armazenar óleos e utilizados nas cerimônias religiosas; uma alfaia, que é uma capa utilizada junto com os vasos; e uma teca, vaso para guardar as hóstias. 

Cardeal Burke: Lefebvristas estão em cisma com a Igreja Católica


O Cardeal Raymond Leo Burke, reposto pelo Papa Francisco na “Suprema Corte” do Vaticano em 30 de setembro, afirmou que a Fraternidade Sacerdotal São Pio X (Lefebvristas) “está em cisma” com a Igreja Católica.

O Purpurado, um dos quatro signatários das ‘dubbia’ sobre a exortação apostólica Amoris Laetitia, na qual pedem ao Papa que esclareça alguns pontos sobre a comunhão aos divorciados em nova união, fez esta afirmação em julho deste ano, mas o áudio das mesmas foi recentemente divulgado por um blog católico.

O Cardeal participou do dia 12 a 15 de julho do evento Sacred Liturgy Conference (Conferência sobre a Sagrada Liturgia), realizada em Medford, estado de Oregon, nos Estados Unidos.

Perguntado se é lícito participar e receber a comunhão em uma Missa celebrada pelos sacerdotes lefebvristas, o Cardeal respondeu que, “apesar dos diferentes argumentos relativos a este tema, o fato em questão é que a Sociedade Sacerdotal São Pio X está em cisma desde que o falecido Arcebispo Marcel Lefebvre ordenou quatro bispos sem a autorização do Romano Pontífice”.

“E por isso não é legítimo participar da Missa ou receber os sacramentos em uma igreja que está sob a liderança da Sociedade Sacerdotal de São Pio X”, precisou o Purpurado.

Em seguida, o Cardeal Burke afirmou que, em sua opinião, as dúvidas de alguns fiéis são porque “o Santo Padre concedeu aos sacerdotes da Sociedade Sacerdotal de São Pio X as faculdades para celebrar matrimônios válidos, lícita e validamente; embora não exista nenhuma explicação canônica para isso, é simplesmente uma anomalia”.

Assim, o Purpurado norte-americano se referiu à autorização concedida pelo Papa Francisco para que, em determinadas situações, um sacerdote lefebvrista assista o sacramento do matrimônio.

Em seguida, comentou a decisão de Bento XVI de eliminar a excomunhão dos quatro bispos ordenados por Lefebvre sem mandato pontifício e afirmou que, embora “já não permaneçam excomungados, também não estão em total comunhão com a Igreja Católica”. 

Pedagogia Litúrgica para Outubro de 2017: “Liturgia e Reino de Deus”


O empenho em favor do Reino de Deus é uma constante na Liturgia. Muitas são as celebrações Dominicais e semanais da Eucaristia que convidam os celebrantes a se empenharem em favor do Reino de Deus. Neste mês de outubro, a proposta de se empenhar em favor do Reino aparece de modo bem claro nos dois primeiros Domingos do mês. Cada celebrante é convidado a trabalhar na vinha do Senhor. Vinha que simboliza o Reino de Deus enquanto atividade dinâmica de quem cultiva e produz frutos.  

O convite para trabalhar na vinha do Senhor jamais deixou de ecoar em todos os cantos da terra, como proposto no 26DTC-A. Um convite que nos faz compreender a fé como atitude e como atividade no meio do mundo. A vinha do Senhor não é a Igreja, mas toda a terra, toda a sociedade, o local onde o Reino — apresentado em forma de vinha — precisa ser cultivado. Os frutos da Vinha do Senhor são produzidos em nossas comunidades à medida que nos servimos da força da fé para produzir frutos do Reino de Deus, na sociedade onde vivemos.

O convite e a proposta para cultivar o Reino, simbolizado na Vinha do Senhor, aparece na celebração do 27DTC-A incentivando os celebrantes a abrir os olhos ao projeto divino de formar um povo novo, que produza os frutos da vinha em forma de justiça e bondade. Convite de quem está disposto a assumir o compromisso de participar ativamente do cultivo da vinha do Senhor ocupando-se daquilo que Paulo propõe na carta aos filipenses (2L do 27DTC-A): ser um povo novo que se ocupa "de tudo que é verdadeiro, respeitável, jutos, puro, amável, honroso, tudo que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor". É fazer parte de um povo novo, promotor e cultivador da paz de Deus em toda a terra. A paz, juntamente com a bondade e a justiça, além de outros, é um dos frutos da Vinha (Reino) do Senhor no meio da sociedade.  

Palavra de Vida: “Haja entre vós o mesmo sentir e pensar que no Cristo Jesus.” (Fl 2,5)


Estando preso, provavelmente em Éfeso, por causa de sua pregação, o apóstolo Paulo escreve uma carta à comunidade cristã da cidade de Filipos, na Macedônia. Foi justamente ele o primeiro a levar o Evangelho àquela cidade; e muitas pessoas creram, empenhando-se com generosidade na nova vida e testemunhando o amor cristão inclusive quando Paulo teve de partir dali. Essas notícias lhe dão uma grande alegria e por isso a sua carta manifesta grande afeto pelos filipenses.

Então ele os encoraja a seguir adiante, a crescer ainda mais, seja individualmente, seja enquanto comunidade, e por isso lhes recorda o seu modelo, do qual devem aprender o estilo de vida evangélico:

Haja entre vós o mesmo sentir e pensar que no Cristo Jesus.”

E qual é esse “sentir e pensar”? Como é possível conhecer os desejos profundos de Jesus, para poder imitá-lo?

Paulo o entendeu: Cristo Jesus, o Filho de Deus, esvaziou-se a si mesmo e desceu em meio a nós: se fez homem, totalmente a serviço do Pai, para dar-nos a possibilidade de nos tornarmos filhos de Deus.

Realizou a sua missão pela sua maneira de viver durante toda a sua existência terrena: rebaixou-se continuamente para ir ao encontro de quem era menor, fraco, inseguro, a fim de reerguê-lo e fazer com que, enfim, se sentisse amado e salvo: o leproso, a viúva, o estrangeiro, o pecador.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Igreja no Brasil dá início ao Mês Missionário 2017: “A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída”


A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída”, este é o tema escolhido pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM) para a Campanha Missionária de 2017 que será trabalhada durante todo o mês de outubro. A inspiração vem do convite do papa Francisco na Evangelii Gaudium para uma “nova etapa evangelizadora marcada pela alegria” (EG,1).

O Mês das Missões é um período de intensificação das iniciativas de animação e cooperação missionária em todo o mundo. O objetivo é sensibilizar, despertar vocações missionárias. A coleta no Dia Mundial das Missões – instituído pelo papa Pio XI em 1926, que ocorre sempre penúltimo final de semana de outubro, este ano será nos dias 21 e 22.

Todos os recursos arrecadados são utilizados para a animação e cooperação missionária em todo o mundo, pois e uma coleta universal.

Tudo está em sintonia como os ensinamentos do papa Francisco quando afirma: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontraram com Jesus” (EG 1). Essa alegria precisa ser anunciada pela Igreja que caminha unida, em todos os tempos e lugares, e em perspectiva ad gentes. Por isso, o lema: “Juntos na missão permanente”.