Após a acerba campanha ou desconfiança que o racionalismo do
séc. XIX ocasionou contra o simbolismo, diz-se que hoje em dia o mundo
ocidental (a cultura européia e americana) está de novo descobrindo o valor dos
símbolos.
Com efeito, os recentes estudiosos da história, da
psicologia, e até da psicanálise, afirmam cada vez mais categoricamente que o
recurso a imagens e figuras é espontâneo ao indivíduo que pensa e fala;
constitui uma exigência da natureza psicofísica do homem. Este adquire, sim,
todas as suas noções a partir dos sentidos ou de imagens materiais; e, embora
reflita sobre estas, abstraindo conceitos universais, metafísicos, jamais se
pode desvencilhar, nem ao raciocinar nem ao exprimir as suãs conclusões, das
figuras sensíveis donde parte o seu conhecimento. Mesmo no homem moderno, por
mais "racionalista" que pretenda ser, tem sido comprovada a
sobrevivência subconsciente de grande número de imagens, símbolos, que são o
suporte e veículo de sua ciência. Isto quer dizer também: mesmo o indivíduo
mais "realista" vive de imagens; e este simbolismo subconsciente é às
vezes mais forte do que a vida consciente do indivíduo. O que o homem pode
fazer, é apenas camuflar ou mutilar os símbolos; nunca, porém, os consegue
eliminar de sua mente. O simbolismo tem por fim exprimir as mais secretas
modalidades, os finos matizes dos objetos, ou ainda aquilo que a intuição
apreende, mas as fórmulas já não sabem traduzir adequadamente. A imaginação,
devidamente utilizada, mostra o que é refratário ao conceito, ao raciocínio. A
justo título se diz que o homem que não tem "imaginação" ou dela não
quer usar, se separa da realidade profunda da vida e do seu próprio psiquismo;
esteriliza a sua atividade e produtividade.