VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO AO CHILE E PERU
(15-22 DE JANEIRO DE 2018)
(15-22 DE JANEIRO DE 2018)
MISSA DA VIRGEM DO CARMO E ORAÇÃO PELO CHILE
Iquique - Campus Lobito
Quinta-feira, 18 de janeiro de 2018
Quinta-feira, 18 de janeiro de 2018
«Em Caná da Galileia, Jesus realizou o primeiro dos seus sinais miraculosos» (Jo 2, 11).
Assim, termina o Evangelho que ouvimos e que nos mostra a primeira aparição pública de Jesus: nada mais, nada menos que numa festa. Não poderia ser doutra forma, pois o Evangelho é um convite constante à alegria. Logo no início, o anjo diz a Maria: «Alegra-te» (Lc 1, 28). Anuncio-vos uma grande alegria: foi dito aos pastores (cf. Lc 2, 10). O menino saltou de alegria no seio de Isabel, mulher idosa e estéril (cf. Lc 1, 41). Alegra-te – fez Jesus sentir ao ladrão –, porque hoje estarás comigo no paraíso (cf. Lc 23, 43).
A mensagem do Evangelho é fonte de alegria: «Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa» (Jo 15, 11). Uma alegria que se propaga de geração em geração, e da qual somos herdeiros. Porque somos cristãos.
Disto, bem vos entendeis vós, queridos irmãos do norte chileno. Sabeis viver a fé e a vida em clima de festa! Venho, como peregrino, celebrar convosco esta maneira linda de viver a fé. As vossas festas patronais, as vossas danças religiosas (que chegam a durar uma semana), a vossa música, os vossos vestidos fazem desta região um santuário de piedade e de espiritualidade popular. De facto, não é uma festa que fica fechada dentro do templo, mas conseguis vestir de festa toda a aldeia. Sabeis celebrar cantando e dançando «a paternidade, a providência, a presença amorosa e constante de Deus; e deste modo gerais atitudes interiores que raramente se observam no mesmo grau em quem não possui esta religiosidade: paciência, sentido da cruz na vida quotidiana, desapego, aceitação dos outros, dedicação, devoção.[1] Ganham vida as palavras do profeta Isaías: «Então o deserto se converterá em pomar, e o pomar será como uma floresta» (32, 15). Esta terra, abraçada pelo deserto mais seco do mundo, sabe vestir-se de festa.
Neste clima de festa, o Evangelho apresenta-nos a ação de Maria, para que a alegria prevaleça. Está atenta a tudo o que acontece ao redor d’Ela e, como boa mãe, não fica parada e assim consegue dar-se conta de que na festa, na alegria geral, acontecera algo: algo que estava para arruinar a festa. E, aproximando-Se do seu Filho, as únicas palavras que Lhe ouvimos dizer são: «Não têm vinho» (Jo 2, 3).
E de igual modo vai Maria pelas nossas aldeias, ruas, praças, casas, hospitais. Maria é a Virgem da Tirana, a Virgem Ayquina em Calama, a Virgem das Penhas em Arica, que passa por todos os nossos problemas familiares, aqueles que parecem sufocar-nos o coração, para Se aproximar de Jesus e dizer-Lhe ao ouvido: «Olha! Não têm vinho».
E não Se fica calada, mas logo Se aproxima dos que serviam na festa e disse-lhes: «Fazei o que Ele vos disser» (Jo 2, 5). Maria, mulher de poucas palavras mas muito concreta, também Se aproxima de cada um de nós para nos dizer apenas isto: «Fazei o que Ele vos disser». E assim se abre o caminho ao primeiro milagre de Jesus: fazer sentir aos seus amigos que eles também participam do milagre. Porque Cristo «veio a este mundo, não para fazer a sua obra sozinho mas connosco; o milagre fá-lo connosco, com todos nós, por ser a cabeça dum grande corpo cujas células vivas somos nós, células livres e ativas».[2] É assim que Jesus faz o milagre: connosco.
O milagre começa quando os serventes aproximam as vasilhas de pedra com água que se destinavam à purificação. Do mesmo modo também cada um de nós pode começar o milagre; mais ainda, cada um de nós é convidado a participar do milagre para os outros.