quarta-feira, 7 de março de 2018

A dignidade da Mulher


8 de março é o dia internacional da mulher. Como todos os anos, prestamos aqui nossa homenagem a elas, pela sua excelente dignidade e valor diante de Deus e dos homens.

Na verdade, foi o cristianismo que salvou a dignidade da mulher! A história, nos testemunhos de Juvenal e Ovídio, nos conta que a moral sexual e a fidelidade conjugal, antes do cristianismo, estavam em extrema degradação. Constatamos isso, vendo atualmente a situação da mulher nos povos que não têm o cristianismo. No começo do século II, Tácito afirmava que uma mulher casta era um fenômeno raro. Galeno, médico grego do século II, ficava impressionado com a retidão do comportamento sexual dos cristãos. Os próprios historiadores são obrigados a confessar que foram os cristãos que restauraram a dignidade do matrimônio. 


As mulheres encontraram na Igreja, conforme a sua própria condição, seu lugar digno: foi-lhes permitido formar comunidades religiosas dotadas de governo próprio, dirigir suas próprias escolas, conventos, colégios, hospitais e orfanatos, coisa impensável no mundo antigo (cf. Thomas E. Woods Jr, “Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental”).


Isso confere com o que ensina Papa S. João Paulo II: “Cristo se constituiu, perante os seus contemporâneos, promotor da verdadeira dignidade da mulher e da vocação correspondente a tal dignidade. Às vezes, isso provocava estupor, surpresa, muitas vezes raiando o escândalo: ‘ficaram admirados por estar ele conversando com uma mulher’ (Jo 4, 27), porque este comportamento se distinguia daquele dos seus contemporâneos. Em todo o ensinamento de Jesus, como também no seu comportamento, não se encontra nada que denote a discriminação, própria do seu tempo, da mulher. Devemos nos colocar no contexto do ‘princípio’ bíblico, no qual a verdade revelada sobre o homem como ‘imagem e semelhança de Deus’ constitui abase imutável de toda a antropologia cristã. ‘Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou, criou-os homem e mulher’ (Gn 1, 27). Os dois são seres humanos, em grau igual, ambos criados à imagem de Deus” (Mulieris dignitatem, sobre a dignidade e a vocação da mulher).

Dom Rifan: “Está na hora de recuperarmos o bom nome da nossa Conferência Episcopal”



Eu não aguentava mais ver na minha timeline comentários – pró e contra – sobre o clipe Vai Malandra, da Anitta. Agora quem desbancou a popozuda e praticamente monopoliza as discussões acaloradas nas redes sociais são leigos denunciando o aparelhamento de certas alas da CNBB por grupos e partidos marxistas.

Essa treta está rolando há mais de duas semanas, mas Alexandre Varela e eu esperamos pacientemente que algum bispo de conduta exemplar viesse dar uma luz sobre o problema. Afinal, no ano do laicato ou em qualquer ano, um bispo é sempre um bispo.


Nossa espera não foi vã. Ontem, em sua página no Facebook, Dom Fernando Rifan publicou o texto mais lúcido e equilibrado que já vimos até agora sobre o assunto (veja aqui, na íntegra). Ele é Administrador Apostólico da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, membro do Regional Leste 1 da CNBB.

A Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney foi criada por São João Paulo II, em 2002. Reúne padres que conservam a liturgia, a disciplina e os costumes tradicionais (em especial, a Missa Tridentina).

Citando Bento XVI, Dom Rifan diz que as conferências episcopais:

· “não fazem parte da estrutura indispensável da Igreja”, e têm somente uma função prática, concreta”;

· “não podem agir validamente em nome de todos os bispos, a menos que todos e cada um dos bispos tenham dado o seu consentimento”.

Com isso, ele quer deixar claro que muitas iniciativas, eventos e publicações promovidos sob a marca da CNBB não contam com a aprovação da totalidade dos bispos do Brasil.Muitas vezes, representam somente o viés de alguma comissão isolada da CNBB, ou de um pequeno grupo de bispos. Há anos nós de O Catequista alertamos os nossos leitores sobre essa questão, como vocês podem nestes posts (antigos) abaixo:



Sobre as recentes denúncias contra a CNBB, Dom Rifan diz que “não se expõem os defeitos da mãe em público, sobretudo em redes sociais”. Mas já que tudo já está exposto, ele decidiu fazer algumas observações.

Dom Rifan lembra que Jesus Cristo comparou a Igreja “a uma rede cheia de peixes, bons e maus (Mt 13, 47-50)”, e que a separação desses peixes só se dará no fim dos tempos. Portanto não devemos cair na tentação e na presunção de achar que nós, agindo como cruzados de Facebook, vamos purificar e salvar a Igreja.

Não amigos, os leigos não vão salvar a Igreja (segundo o próprio Bernardo Pires Küster, um bispo teria dito isso a ele). Nem leigo, nem padre, nem mesmo o papa tem forças para passar por cima de uma profecia evangélica: o joio continuará crescendo em meio ao trigo, e assim será até o fim dos tempos.

Isso não quer dizer que devamos deixar os hereges agirem livremente e sermos omissos, mas devemos combater esses erros sem histeria, e, acima de tudo, sem atacar os bispos com pecaminosa insolência. Porque, muitas vezes, o joio somos nós mesmos, com nossos pecados. Ser anticomunistas não nos livrará de sermos arrastados para o mesmo Inferno onde estarão certos "católicos vermelhos".

A não ser que você seja tipo um São Vicente de Sales ou uma Madre Teresa de Calcutá, não se empolgue tanto com essa caça às bruxas da banda podre da Teologia da Libertação. O autêntico protagonismo leigo brota da santidade. Cuidado, especialmente nesta Quaresma, para não se distrair da sua própria necessidade de conversão, vendo o mal e o pecado somente nos outros.

Qual é o remédio para a violência e a nossa missão num mundo violento?


A violência é um dos maiores males da humanidade e que está presente em sua cotidianidade desde as suas origens. Ela foi tornada visível pela primeira vez com o fratricídio de Caim contra seu irmão Abel (Gn 4, 1-16), como nos narra a Escritura. 

Ela perpetrou o mundo pelo orgulho do homem que pecou contra Deus no Paraíso. E de tal modo, a desobediência ao Criador em si já foi uma forma de violência à criação e aos propósitos divinos quando a humanidade entrou em luta contra o seu Senhor. Por outro lado, Cristo pacifica a criação pelo seu Sangue reconciliando o mundo com o Pai. Mas não sem violência! Pois Ele mesmo o diz: “Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência, e os violentos se apoderam dele” (Mt 11, 12)! Que quer dizer, que não sem fazer força, oposição ao mal e combatê-lo é que chegaremos à salvação, que é a nossa paz. E, por assim dizer, nos encontramos num intenso combate entre a carne e o espírito desde aquele momento da queda de nossos primeiros pais, Adão e Eva. Daí entender que entre o céu e o inferno há uma dura guerra travada em favor de nossa salvação. E se resistirmos no Senhor, seremos vitoriosos. 

Ora, ao longo da história, a violência se estabeleceu de muitos modos na relação entre os homens demandando inclusive que as leis dos povos, nações e comunidades sujeitassem à punição aqueles que agridem, ferem, matam ou ameaçam outrem com o estigma da violência. A punição dada por certa convenção nesse sentido sempre foi inibidora dos instintos passionais dos homens. Não só as sociedades clamam às consciências para que se siga essa ordem impelida pela lei natural como fundamento da preservação da própria espécie: “não matarás”; mas também o próprio Deus põe isto em seu direito divino por meio de seus mandamentos. Este direito já se vê manifesto na punição severa imposta a Caim após o homicídio de seu irmão, e mais tarde também ele é posto no Decálogo nas tábuas da Lei dadas a Moisés. E de muitos outros modos, Deus pela Revelação procura encaminhar o homem ao caminho da “vida e da bênção”, rejeitando os caminhos da “morte e da maldição” (cf. Dt 30, 19). 

A repressão da violência 
e a legitimidade do uso da força 

O mecanismo da punição reprime e educa para a virtude propiciando um equilíbrio, racionalidade e proporcionalidade no uso da força em situações legítimas. A violência injusta é passional, irracional, impulsiva, viciosa, odiosa. Contudo, mesmo arriscando ser mal interpretado, podemos dizer que haja uma espécie de “violência justa”, que seria o emprego da força para o bem comum dotada de qualidades superiores e possuidora de um “éthos”, isto é, de princípios e valores. Por exemplo, um bombeiro que para salvar alguém do suicídio lhe imobiliza e o carrega à força a um isolamento que lhe proteja de tal loucura, ou um policial que para salvar civis emprega a força de uma arma de um modo hábil e ético mesmo que isto resulte na morte do criminoso não sendo essa a sua finalidade, e sim de preservar a vida de pessoas inocentes. A moral da Igreja tem ampla exposição magisterial sobre os princípios norteadores do uso da força, como se pode conferir no Catecismo nos números 2263 a 2267, dos quais destaco a seguinte citação: “Se, para nos defendermos, usarmos duma violência maior do que a necessária, isso será ilícito. Mas se repelirmos a violência com moderação, isso será lícito […]. E não é necessário à salvação que se deixe de praticar tal acto de defesa moderada para evitar a morte do outro: porque se está mais obrigado a velar pela própria vida do que pela alheia”. Santo Agostinho, grande padre e doutor da Igreja, foi quem melhor estabeleceu no período primitivo a compreensão moral de alguns conceitos como “guerra justa”, “o direito de defesa”, “o princípio de soberania”, etc. Tais aprofundamentos podemos encontrar em sua obra “De Civitate Dei” onde ele amplia a sua análise crítica sobre a vida do Império. 

Ora, então, o que constitui a inadmissibilidade da violência? O emprego injusto, passional, irracional, vicioso, imoral e pecaminoso da força. Pois se ela se fizer necessária para conter os violentos, ela deverá ser usada, tal como nos confirmou um dia em sua locução o Papa Francisco ao tratar sobre o Estado Islâmico, este que com sua violência cruenta matou milhares de civis, cristãos e inocentes: “É preciso travar o injusto agressor”. Por mais que as palavras do Papa sejam prudentíssimas, o princípio moral defendido é claro. Como se trava a violência do Estado Islâmico? Com flores? E ainda, como se travaria a violência nazista que estava para pisar com suas botas de assalto o mundo inteiro? Dialogando com um insano que mandava crianças, idosos, mulheres inocentes para a câmara de gás? Infelizmente, por mais doloroso que seja dizê-lo, algumas vezes realmente “não há paz sem guerra”. 

Mas isto significa que a violência pode ser desejável? Não! Ao contrário, é exatamente por causa dela que a força é praticada para cessá-la. Resta-nos saber quais são os limites do seu uso segundo critérios racionais que constituam um direito justo. 

terça-feira, 6 de março de 2018

Estarrecedor: Arquidiocese de Mariana fomenta militância comunista e eleitoral.



Não é preciso falar muita coisa, as imagens dizem tudo. Elas são referentes a um encarte do “Movimento Fé e Política”, um “parceiro” da Arquidiocese de Mariana, em Minas Gerais. O Movimento já causava espanto por conta dos seus trabalhos e dos seus articuladores – sobretudo a presença do deputado federal “padre João”, do PT, responsável por ministrar “aulas” na “Escola Fé e Política”.

No entanto, aqui tudo aparece de forma clara e direta. O encarte do “Movimento Fé e Política” esclarece, no tópico 1 – “O que é e os seus objetivos” – que um dos seus enfoques é: [...] “construir uma sociedade socialista” [...] – isto é, comunista.

No tópico II – “Projetos que desenvolve” -, item 1., “Escola de Fé e Política Dom Luciano”, está a “formação para agentes pastorais e militantes de movimentos populares” – movimentos que hoje toda pessoa minimamente informada sabe que servem a partidos comunistas, liderados sobretudo pelo PT.

E agora vem o compromisso eleitoral. No mesmo tópico II, item 2, “Projeto Desperta Cidadão”, aparecem os nomes dos “representantes” do “Movimento Fé e Política”: as candidaturas dos petistas Leleco – para deputado estadual – e do “padre” João – para que seja reeleito deputado federal. 

Padre Paulo Ricardo se pronuncia a respeito das recentes polêmicas envolvendo a CNBB.



Caríssimos,

Estamos todos vivenciando, com tristeza e espanto, a polêmica que tem sido levantada nas redes sociais ao redor da CNBB.

Seja por provocações, seja por acusações, há um grupo ansioso por me colocar dentro desta controvérsia, publicando vídeos antigos e usando-os fora de contexto, como se eu estivesse “dando recados” para a CNBB. Tudo isso é falso e esta nota é a minha primeira manifestação a respeito deste tema.

No fundo, teria preferido ficar calado, pois penso que, na qualidade de simples presbítero, eu possa fazer pouco para resolver o problema. Poderia somente tentar acalmar os ânimos acirrados e exortar ao devido respeito à Igreja e aos seus legítimos pastores. Mas tentativas assim já foram feitas por outros sacerdotes e têm surtido pouco efeito. Além disto, não creio que aí se encontre verdadeiramente o remédio.

Sabe-se que, numa discussão, para que se alcancem os frutos desejados, é necessário que ambas as partes manifestem mútua benevolência e uma busca sincera do bem comum e da verdade. Caso contrário, a coisa não passará de acusações mútuas que desembocam num beco sem saída.

A meu ver, os temas a serem abordados neste diálogo encontram-se de forma completa no artigo de Dom Fernando Arêas Rifan, Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney.

Neste artigo, Dom Rifan:

1. Discorre de forma magistral a respeito da natureza e da necessidade das Conferências Episcopais;

2. Aconselha e exorta como um pai aos fiéis leigos;

3. E, como um irmão, convida os Bispos à reflexão.

Penso que se faltasse um destes três pontos a abordagem da questão estaria gravemente incompleta. 

Em defesa da CNBB



Tem havido ultimamente muitas críticas e mesmo ofensas e insultos à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que requerem esclarecimentos, pois desorientam os católicos. 

Aos caríssimos irmãos leigos, em cujo ano estamos – ano do laicato -, lembro-lhes paternalmente que a Igreja como mãe os ama, quer o seu bem e deseja escutá-los também. 

Sinceramente lhes digo que esses insultos à Conferência Episcopal me atingem também de certa maneira, pois dela faço parte por ser Bispo católico, pela graça de Deus, em plena comunhão com a Santa Igreja. Aos que pensam que a CNBB é apenas um escritório central, uma agência ou “quase um sindicato dos Bispos”, ensino-lhes que a CNBB é o conjunto dos Bispos do Brasil que, exercem conjuntamente certas funções pastorais em favor dos fiéis do seu território (CIC cân. 447).  Conforme explicou São João Paulo II na Carta Apostólica Apostolos suos, é “muito conveniente que, em todo o mundo, os Bispos da mesma nação ou região se reúnam periodicamente em assembleia, para que, da comunicação de pareceres e experiências, e da troca de opiniões, resulte uma santa colaboração de esforços para bem comum das Igrejas”. Ensina ele que “a união colegial do Episcopado manifesta a natureza da Igreja... Assim como a Igreja é una e universal, assim também o Episcopado é uno e indiviso, sendo tão extenso como a comunidade visível da Igreja e constituindo a expressão da sua rica variedade. Princípio e fundamento visível dessa unidade é o Romano Pontífice, cabeça do corpo episcopal”. “O Espírito Santo vos constituiu Bispos para pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o seu próprio sangue” (At 20, 28).

 
Mas vale ressaltar que a Conferência Episcopal, instituição eclesiástica, não existe para anular o poder dos Bispos, instituição divina. O Papa emérito Bento XVI, quando Cardeal, falou sobre um dos “efeitos paradoxais do pós-concílio”: “A decidida retomada (no Concílio) do papel do Bispo, na realidade, enfraqueceu-se um pouco, ou corre até mesmo o risco de ser sufocada pela inserção dos prelados em conferências episcopais sempre mais organizadas, com estruturas burocráticas frequentemente pesadas. No entanto, não devemos esquecer que as conferências episcopais... não fazem parte da estrutura indispensável da Igreja, assim como querida por Cristo: têm somente uma função prática, concreta”. É, aliás, continua, o que confirma o Direito Canônico, que fixa os âmbitos de autoridade das Conferências, que “não podem agir validamente em nome de todos os bispos, a menos que todos e cada um dos bispos tenham dado o seu consentimento”, e quando não se trate de “matérias sobre as quais haja disposto o direito universal ou o estabeleça um especial mandato da Sé Apostólica”. E recorda o Código e o Concílio: “o Bispo é o autêntico doutor e mestre da Fé para os fiéis confiados aos seus cuidados”. “Nenhuma Conferência Episcopal tem, enquanto tal, uma missão de ensino: seus documentos não têm valor específico, mas o valor do consenso que lhes é atribuído pelos bispos individualmente” (Ratzinger, A Fé em crise, pag. 40 e 41). 


Isso posto, recordamos que o espírito de fé e o respeito que o católico deve à hierarquia da Igreja impedem-no de tratar a Igreja como uma sociedade qualquer. Se a chamamos “a santa Madre Igreja”, é porque a consideramos nossa mãe, merecedora de todo o nosso respeito e amor. E não se expõem os defeitos da mãe em público, sobretudo em redes sociais. Mas já que o fizeram, faço aqui alguns esclarecimentos. 


Na Igreja, divina na sua fundação, graça, sacramentos e doutrina, mas humana, nos membros que a compõem, tem, por isso mesmo, fraquezas e pecados nos seus membros. 


“Cremos na Igreja una, santa, católica e apostólica... Ela é santa, apesar de incluir pecadores no seu seio... É por isso que ela sofre e faz penitência por esses pecados, tendo o poder de livrar deles a seus filhos, pelo Sangue de Cristo e pelo dom do Espírito Santo” (Credo do Povo de Deus). “A Igreja, que reúne em seu seio os pecadores, é ao mesmo tempo santa, e sempre necessitada de purificação... continua o seu peregrinar entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus” (Lumen Gentium, 8). 


Nosso Senhor comparou o seu Reino a uma rede cheia de peixes, bons e maus (Mt 13, 47-50). A separação será no fim dos tempos. Quem quiser agora uma Igreja só de santos deveria morrer e ir para o céu, onde lá só estão os bons. Por isso, não percamos a fé, ao vermos os erros da parte humana da Igreja.


No conjunto do episcopado brasileiro, há muitos bispos sábios e santos. Mas há também bispos como eu. Nem por isso somos menos dignos de respeito. 


Ao combater os erros que existem na parte humana da Igreja, não podemos perder o respeito às pessoas, sobretudo às autoridades da Igreja, e muito menos desprestigiá-las, para alegria dos seus inimigos, com ofensas, exageros, meias verdades e até mentiras, caindo em outro erro. A meia verdade pode ser pior do que a mentira deslavada. 


Qualquer pessoa não católica que lesse certos sites e postagens de alguns católicos críticos, injuriando os Bispos e autoridades da Igreja, certamente iria raciocinar: “é impossível que tais pessoas sejam católicas, pois não se fala assim da própria família!”. 

segunda-feira, 5 de março de 2018

Palavra de Vida: «Mostra-me, Senhor, os teus caminhos e ensina-me as tuas veredas» (Sl 25, 4).


O rei e profeta David, autor deste salmo, estava oprimido pela angústia e pela pobreza, e sentia-se em perigo perante os seus inimigos. Gostaria de encontrar um caminho para sair daquela situação dolorosa, mas não tinha forças para tal.

Então, ergueu os olhos para o Deus de Israel que, desde sempre, protegeu o seu povo. Invocou-O com esperança, para que viesse em seu auxílio.

A Palavra de Vida deste mês sublinha, de uma forma especial, este pedido para conhecer os caminhos e as veredas do Senhor, qual luz para as decisões, sobretudo nos momentos difíceis.

«Mostra-me, Senhor, os teus caminhos 
e ensina-me as tuas veredas».

Também na nossa vida, acontece ter que se tomar decisões, que implicam a nossa consciência e a nossa pessoa. Por vezes, temos diante de nós muitas opções possíveis e ficamos indecisos sobre qual será a melhor. Outras vezes temos a sensação de não ver nenhuma saída…

Procurar um caminho para poder avançar, é algo de profundamente humano, e por vezes precisamos de pedir ajuda a quem consideramos nosso amigo.

A fé cristã faz-nos entrar na amizade com Deus. Ele é o Pai, que nos conhece profundamente e quer acompanhar-nos no nosso caminho.

Todos os dias Ele convida cada um de nós a entrar livremente numa aventura, tendo como bússola o amor desinteressado para com Ele e para com todos os seus filhos.

Os caminhos, as veredas, são também ocasiões de encontro com outros viajantes e de descoberta de novas metas a partilhar. O cristão nunca é uma pessoa isolada, mas faz parte de um povo em direção ao desígnio de Deus Pai sobre a humanidade. Desígnio que Jesus nos revelou com as suas palavras e com toda a sua vida: a fraternidade universal, a civilização do amor.

domingo, 4 de março de 2018

É dever também do leigo defender a Igreja Católica

A hora dos leigos assumirem protagonismo na Igreja é agora.

As preocupações sobre a pureza da fé, em última análise, são uma questão para todos os membros da Igreja, que são um, e um corpo vivo. Nos tempos antigos, antes de confiar alguém ao cargo sacerdotal ou episcopal, perguntava-se aos fiéis se eles poderiam garantir que o candidato tinha uma fé adequada e uma elevada conduta moral. O velho Pontificale Romanum diz: “O capitão de um navio e seus passageiros têm as mesmas razões para se sentirem seguros ou em perigo durante uma viagem, portanto, devem ser uma só mente em seus interesses comuns”.

Acredito que, em um momento em que uma grande parte dos titulares da oficina do Magistério são negligentes em seu dever sagrado, o Espírito Santo chama, nos dias de hoje, os fiéis, para que preencham esse vazio e para que, com um autêntico “sentire cum ecclesia”, defendam com valentia a fé Católica.