Caríssimos,
Estamos todos
vivenciando, com tristeza e espanto, a polêmica que tem sido levantada nas
redes sociais ao redor da CNBB.
Seja por
provocações, seja por acusações, há um grupo ansioso por me colocar dentro
desta controvérsia, publicando vídeos antigos e usando-os fora de contexto,
como se eu estivesse “dando recados” para a CNBB. Tudo isso é falso e esta nota
é a minha primeira manifestação a respeito deste tema.
No fundo,
teria preferido ficar calado, pois penso que, na qualidade de simples
presbítero, eu possa fazer pouco para resolver o problema. Poderia somente
tentar acalmar os ânimos acirrados e exortar ao devido respeito à Igreja e aos
seus legítimos pastores. Mas tentativas assim já foram feitas por outros
sacerdotes e têm surtido pouco efeito. Além disto, não creio que aí se encontre
verdadeiramente o remédio.
Sabe-se que,
numa discussão, para que se alcancem os frutos desejados, é necessário que
ambas as partes manifestem mútua benevolência e uma busca sincera do bem comum
e da verdade. Caso contrário, a coisa não passará de acusações mútuas que
desembocam num beco sem saída.
A meu ver, os
temas a serem abordados neste diálogo encontram-se de forma completa no artigo de Dom Fernando Arêas Rifan, Bispo da Administração
Apostólica Pessoal São João Maria Vianney.
Neste artigo,
Dom Rifan:
1. Discorre
de forma magistral a respeito da natureza e da necessidade das Conferências
Episcopais;
2. Aconselha
e exorta como um pai aos fiéis leigos;
3. E, como
um irmão, convida os Bispos à reflexão.
Penso que se
faltasse um destes três pontos a abordagem da questão estaria gravemente
incompleta.
Ignorar o
número 1 resultaria na posição desequilibrada de desprezo (ou pior, de
demonização!) das Conferências Episcopais por serem de direito “meramente”
eclesiástico, num extremo; ou de maximização de sua importância em detrimento
das estruturas de origem divina, no outro extremo.
Ignorar o
número 2 seria canonizar a atuação do laicato, esquecendo que os mecanismos
de lobby e pressão popular, que são adequados para as instituições
seculares, na Igreja, que é família, podem degenerar em anarquia e divisão.
Como de fato parece que estão degenerando.
Ignorar o
número 3 criaria a ilusão de que os Bispos estão fechados ao diálogo, sem
querer dar resposta ao mal-estar a respeito de alguns fatos recentes.
Como disse
acima, creio que as possibilidades de minha atuação como simples presbítero
sejam bastante limitadas. Aos leigos não sou capaz de dar respostas
satisfatórias, porque não posso falar e agir em nome dos Bispos. Já com relação
aos Bispos, é necessário que sejam eles, e não um presbítero, a agirem como
irmãos entre si para encontrarem uma rota de ação e aplicarem os necessários
remédios para esta penosa situação.
O que fazer,
então?
Se posso
sugerir alguma coisa, pediria aos irmãos leigos que deixem de alimentar toda
esta polêmica dolorosa, enquanto esperamos que os nossos legítimos pastores se
reúnam na próxima Assembleia Nacional, em Aparecida. A CNBB, por sua própria
natureza de instituição colegial, precisa de um tempo maior para reagir coletivamente
diante de crises como estas.
Enquanto
isso, seria muito oportuno um silêncio quaresmal, no qual cada um fizesse
penitência por seus excessos e faltas contra a caridade. E, além disto, rezasse
pedindo a Deus as luzes àqueles que são como o “administrador sábio e fiel” que
o Senhor deixou à frente de sua casa (cf. Lc 12, 42 e Mt 24,
42). Com a assistência divina, eles não deixarão de cumprir fielmente a sua
missão.
Que a Virgem
Aparecida interceda pela Santa Igreja de Deus que é peregrina nesta Terra de
Santa Cruz.
Padre Paulo
Ricardo de Azevedo Júnior
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